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O desaparecimento
O desaparecimento
O desaparecimento
E-book196 páginas2 horas

O desaparecimento

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Sobre este e-book

Tudo tem um começo e há de ter um fim.Ninguém discute, isso é insofismável.Porém, nem todos os começos são perceptíveis. Há os que surgem sem serem percebidos e, lá mais para adiante, é que vamos notá-los.Nessa avaliação é que surge, ou advém, outra expressão: “era melhor não ter começado”. Assim nasce O Desaparecimento, um romance de Rudolf Bickel, uma obra marcada por conflitos, sonhos, perdas, alegrias e decepções, momentos que transcendem a ficção, que vão revelar através da fantasia toda uma realidade que é capaz de estar muito próxima de nós.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de jun. de 2019
ISBN9788582210949
O desaparecimento
Autor

Rudolf Bickel

É filho de mãe alemã e pai austríaco. Nasceu em agosto de 1942, no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial.Formou-se em Contabilidade, pelo Instituto Brasileiro de Contabilidade. Trabalhou no laboratório farmacêutico Warner, no Rio de Janeiro. No laboratório The Sidney Ross, conseguiu ser aprovado em concurso para a Secretaria de Segurança Pública, no cargo de oficial de diligências, função que dava acesso ao quadro de escrivão. Foi como escrivão de polícia que as histórias começaram a surgir – e assim nasceu o escritor.Formou-se em Direito, pela Universidade Gama Filho, e, algum tempo depois, foi promovido a delegado, atuando em Rio Claro, Miguel Pereira e Valença, cidades do Estado do Rio de Janeiro. Aposentou-se em 1995. É casado e pai de três filhos. É autor das obras As Andanças de Um Viajante, O Homem que Vendia Ilusão e A Experiência.

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    O desaparecimento - Rudolf Bickel

    capa_interna.jpg

    Copyright desta edição © 2015 by Rudolf Bickel

    Direitos em Língua Portuguesa reservados a Quártica Premium. 

    ISBN - 978-85-8221-094-9 (2019) 

    ISBN - 978-85-8221-089-5 (versão impressa) 

    Conversão: Cevolela Editions 

    440

    Quártica ® Premium. 

    Av. Presidente Vargas, 962 - Sl. 1411 - Centro | 20071-002 Rio de Janeiro - RJ 

    tel (21) 2263-3141; (21) 2223-0030 

    litteris@litteris.com.br 

    www.litteris.com.br

    Sumário

    Capa

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capítulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capítulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capítulo 25

    Capítulo 26

    Capítulo 27

    Capítulo 28

    Capítulo 29

    Capítulo 30

    Capítulo 31

    Capítulo 32

    Sobre o Autor

    Aos meus falecidos pais

    Otto Bickel e Martha Emilie Bickel.

    1.

    Tudo tem um começo e há de ter um fim.

    Ninguém discute, é insofismável.

    Porém, nem todos os começos são perceptíveis. Há os que surgem sem serem percebidos e, lá mais para adiante, é que vamos notá-los; então ao fazermos um retrospecto e ao analisarmos, vemos a verdade que tudo começou já há muito tempo e sequer notamos.

    Nessa avaliação que acabamos de perceber é que surge, ou advém, outra expressão: era melhor não ter começado. Então surgiu? Talvez seja melhor em alguns casos usarmos o surgiu e não o começou.

    Mas não é bem surgir, ou começar, que vai interferir, intervir, influenciar, pois o que pretendemos evidenciar são os fatos que nos enredam, nos envolvem. Procurar as saídas, os desvios, as soluções; eis as questões.

    Então, vamos partir, vamos começar algo, vamos deixar surgir alguma coisa e que seja para entreter, distrair, mesmo que sob o prisma de ser só ficção.

    Na ficção, há, então, o tal começo; o desenrolar será o surgimento, na mente do escritor, as coisas surgem, brotam, nascem.

    Vamos lá!

    Alguns anos são passados, não muitos, mas o suficiente para que um casal possa criar o filho e esperar dele o sucesso na vida.

    O senhor Ralf Sting é filho de imigrantes, seus pais, chegando ao Brasil, não tinham muitas opções. Eles, como estrangeiros, quando chegavam à nossa maravilhosa terra, o Brasil, tinham de optar: ir para o sul ou para o norte.

    Os Europeus, talvez por influência gerada pelo clima frio, e sugerido por algum deles que os aconselhavam irem para o sul, porque ao sul, sendo mais frio que ao norte, era a opção óbvia. Se fossem perguntados pela razão de terem escolhido o sul, diziam logo: alguém nos aconselhou dizendo que o clima é o mais parecido com o europeu, então viemos.

    O senhor Ralf Sting, casado com a senhora Helga Sting, foram então se acomodar e viver na Cidade de Erechim. Lá, como eram jovens e apaixonados, não demorou muito, e Helga deu à luz o garboso filho, Robert.

    Ambos o criaram ao estilo Europeu, com muito carinho, mas com muita seriedade. Falavam para Robert que queriam fazer dele um homem e recomendavam sempre, nos momentos que julgavam necessários, que trabalhasse. E deveria economizar os proventos de seu próprio trabalho para tornar-se, mais tarde, uma pessoa independente.

    Aquela família, obviamente, teve dificuldades no início, é comum aos estrangeiros sofrerem, exatamente, por estarem em terras desconhecidas.

    Em Erechim, aqueles que os conheciam, são unânimes em dizer que a cidade ganhou um casal de valor. Eles assim dizem pela razão de que o senhor Ralf veio lá de longe, com profissão definida. Era um exímio torneiro mecânico. Aos poucos, foi conseguindo boa clientela, e as grandes indústrias, quando precisavam refazer peças de precisão, procuravam-no.

    Com este afinco, foi amealhando posses e adquiriu imóveis. Nesse ínterim, Robert era educado, formou-se em Engenharia Mecânica, não que houvesse necessidade, era mais a vontade de ajudar seu pai.

    Tudo fluía maravilhosamente, e o senhor Ralf, ainda nesses tempos, sem desvincular-se propriamente de sua arte, que são as peças de precisão, com muito tato e sem que percebessem, montou o que dissera seu sonho: construiu uma empresa de utensílios domésticos, começando pelos ferros elétricos.

    Quem perguntasse ao senhor Ralf sobre a razão da mudança de ramo, ele simplesmente dizia: — Se eu faço peças, eu posso também fazer o principal — então iniciou a nova tarefa.

    Falar de precisão com Ralf era brincadeira: ele conseguiu idealizar um ferro elétrico que, caso a pessoa o esquecesse ligado, automaticamente desligava.

    O Robert o auxiliava nessa nova empreitada, mas falava, para quem quisesse ouvir, que estava ajudando seu pai, porém, a sua meta mesmo era tornar-se um piloto de Fórmula 1.

    O pai não dava opinião e caso perguntassem ele dizia que como ele próprio fazia muitas peças para veículos, ter um filho com vontade de correr, e emendava de maneira precisa, dizendo que quando ele se tornasse um piloto, por certo seus rendimentos iriam aumentar, porque a cada carro que ele destruísse, seriam mais peças que teriam de ser feitas. Não falava com tom jocoso, referia-se assim com orgulho.

    Robert, lá pelo seu lado também, brincava e dizia: — Papai vai acabar vendendo tudo para ter tempo de me acompanhar e, quem sabe, tornar-se um industrial de âmbito mundial. É só ele esperar que vou devolver-lhe todo esforço que fez e faz por mim.

    A senhora Helga deixava escapar que tinha se casado com um sábio, referindo-se a Ralf, e dizia também que, infelizmente, tinha concedido vida a um louco. Não gostava da ideia do filho querer ser um piloto. Mas não interferia de acintosamente, pois, como sempre falava, queria que ele fosse um homem e essa certeza ela tinha, até agora, ele honrou tudo o que recebeu. É ótimo filho, atencioso, carinhoso e corajoso, querer ser um piloto de corrida exige coragem e, por que não, destemor.

    Em alguns momentos, deixava escapar que Deus foi muito bom em ter lhe dado apenas um filho, e completava, imaginem se tivesse tido outro que quisesse ser um aviador ou até astronauta. Eu sofreria na terra e no ar. Deixava claro que tinha orgulho do que preferia.

    2.

    Nas férias, Robert sempre viajava para a Europa, e era mais que sabido que, todo o tempo que ficava lá, procurava sempre aproximar-se de Escuderias de Fórmula 1.

    Usava um ardil que parecia ser brincadeira, ele, nas viagens, levava cartazes da empresa do pai, com propaganda dos produtos, além do ferro de passar roupas. Agora eles já fabricavam, também, ferros de solda, tão aprimorados, que almejava colocá-los como indispensáveis nas montadoras europeias e adjacentes.

    Num regresso dessas suas férias, houve um dirigente que se interessou pelo tal ferro de soldagem. Chegou esfuziante e induziu o pai a que, acaso fosse aceito o ferro, ele teria de acabar transferindo-se para aquelas paragens.

    — Meu filho — senhor Ralf respondeu — estou velho, não tenho mais a disposição que você ainda tem. — Você é engraçado – disse brincando", quer destruir o meu patrimônio, eu indo para lá, vou levar é ferro, meu filho, na acepção da palavra.

    — Pelo contrário — Robert disse entusiasmado —, o senhor vai é me ajudar, o senhor vai soldar o meu contrato com eles, e vamos levar a mamãe que poderá também auxiliar-nos.

    — Como ela vai auxiliar? – o pai perguntou curioso.

    — É simples, papai, lá o senhor abre uma lavanderia, e a mamãe, além de lavar os uniformes de todos os pilotos, também irá passá-los com o seu ferro elétrico. Isso será o máximo.

    — Você, meu filho, pensa alto, mas nem tudo são flores, ainda mais agora que você está noivo de Ilca. O que ela vai achar disso tudo?

    — Papai, olhe só e pense bem: se Ilca entender pelo lado profissional, ela irá gostar, e, se entender pelo lado sentimental, não sei qual vai ser a sua reação. Acho-a meio que fria. É aguardar para ver.

    — Olhe, meu filho, tudo o que estamos falando são apenas hipóteses, nada mais que isso.

    — Eu sei, mas dizem que sonhar é bom e necessário.

    — Acorda, meu filho – disse Helga lá da cozinha ", você não sabe sequer se o tal cidadão vai querer fazer contrato com o seu pai e você já se acha pilotando um carro de corrida.

    — Se for tudo como você pensa – continuou a mãe ", a Ilca já é mãe de três filhos, um será o pole position, o outro o segundo, e o terceiro, se você me permitir, eu que vou educá-lo, para ver se consigo fazer dele uma pessoa equilibrada.

    — Vamos mudar de assunto, pois não sei se a Ilca teria vontade de nos acompanhar, quiçá ter filhos com você.

    Ralf estava na varanda, encostou-se na janela do quarto e disse: — Se o Robert tiver na direção do tal carro de corrida, mas se continuar com os pensamentos que tem hoje, ele não vai completar corrida alguma, aqui em casa parece mais uma tartaruga. É mole em tudo o que faz.

    — O que é isso pai? Se não fossem minhas férias no exterior, o senhor nem se lembraria de que a Europa existe, ou melhor, que o mundo é imenso.

    — Meu filho, eu almejo é que você esteja com a razão, pois se isso se concretizar, nós seremos uma família bafejada pela sorte.

    — Sorte não, pai, é merecimento pelo que o senhor fez até esses dias e sua dedicação, e a mamãe por te aturar.

    — Vamos, Robert, veja se vai fazer alguma coisa, veja o teu site no computador, pois alguém pode ter feito algum contato.

    — Tens razão, senhora Helga, futura dona de lavanderias tão sofisticadas quanto as suas habilidades. Vou ligar o computador.

    — Vai logo — disse Ralf — e só volte se tiver notícia promissora.

    Quando liguei o computador, algo no meu coração dizia que eu uma teria surpresa. Porém, não acredito muito nessas histórias.

    3.

    Quando, sozinho no meu quarto, olhei-o da porta para dentro, meus olhos foram direto para a janela, daquelas de alumínio, janela corrediça, de duas metades. Uma das partes dela, a do lado direito, tem o seu vidro rachado desde lá de cima até a parte inferior, imaginei o desenho dessa rachadura como se fosse um raio. O vidro quebrado não é retinho, ele é perpendicular, só que por não ser reto, ele começa lá na borda do alto, uns quatro dedos e quando olhamos na parte de baixo, a rachadura vai quase ao meio.

    A cortina é interessante, dupla, tem a primeira e, como fundo, um tecido mais escuro, o que arrefece os raios solares e escurece o ambiente.

    A soleira da janela é de mármore branco, mas parece amarelo de tão velha que a pedra é, ela está assim pelo pouco que a limpamos. Quase passa despercebida, uma vez que o vento faz mantermos a janela mais fechada do que aberta.

    O armário, ou seja, o guarda-roupa é de madeira maciça, se não me engano, paraju. Esta madeira, segundo já ouvi falar, é tão dura que não se consegue enfiar nela um prego que não entorte. Alguém teria me falado que ela resiste até debaixo d’água, perto de cem anos.

    A minha cama é daquelas um pouco mais modernas que as clássicas, ela tem gavetas. Nessas gavetas é onde eu procuro guardar tudo o que acho interessante. Esse interessante não é só para mim não, as baratas também gostam de ali se acomodar. Falo assim com convicção, pois, às vezes, escuto a mamãe, com aquele chinelo na mão, correr atrás de alguma, que sem perceber resolveu dar uma voltinha fora da hora.

    E tome chinelada.

    Na mesa do computador, que é um máscara negra, tem alguns dos meus carrinhos de corrida, os quais, sempre que vejo um em alguma vitrine, eu compro. Ou peço que me deem.

    Começo a olhá-los e começo a imaginar-me nas pistas de autódromos. Me vejo no podium, comemorando a minha vitória.

    Ao lado deles, tenho uma caixinha de madeira que me foi oferecida pela filha do meu chefe e, ali dentro, não sei por qual carga do destino, ou se isso tem algo a ver, eu tenho os meus volantes de loteria, e resultados que guardo, na sensação de que algum dia serei eu o premiado.

    Nesse momento, estou ligando o computador, penso também se sou egocêntrico, ou se não sou, sou um maluco, ou, quem sabe, só um idiota.

    Um idiota não me cheira bem, aparvalhado eu não me considero, acho que sou um otimista exagerado, mas maluco não sou, quem sabe um sonhador.

    Computador ligado. Como hoje é dia de sorteio de loteria, vou primeiro ver os resultados, compará-los aos meus jogos e, quem sabe, não preciso nem olhar no meu site quais são as novidades. Sou, além de sonhador, um pretensioso em grande potencial. Penso todos os momentos que não vou morrer duro, sem um níquel e sem realizar meus sonhos.

    Pronto, estão na tela os resultados, anotei-os em um papel, para conferi-los. E vou é conferir logo, de uma vez, pois como penso que ganhei, não penso e nem quero ver o que consta no meu site.

    Anotados os números, uma coisa interessante é que eu, já antes, quando entrei no quarto e comecei a observá-lo, tinha no pensamento que seja lá onde eu estiver, ou como ganhador de uma loteria, ou como piloto de um carro automobilístico, não me sai da cabeça que

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