Entradas E Bandeiras Expediçâo De Alberto E Lincon
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Entradas E Bandeiras Expediçâo De Alberto E Lincon - Ronaldo Sarmento Pinto
CAPÍTULO I
E correndo através da fronteira pairava uma sobra abrupta sobre um cristalino céu de brigadeiro. As aves pairavam no céu ao som daquelas correntes de ventos suaves e sublimes. Eu e Lincon estavamos sempre juntos como grandes amigos sempre a ponto de nos aventurarmos em qualquer odisseia que pudesse nos levar para sonhos distantes. O sonho de todo português explorador era de fazer fortuna nas terras tupiniquins, juntar todo o ouro possivel e cruzar o oceano para gastar nas tabernas do velho mundo. Na cidadezinha de Vento Agreste interior de Sergipe, os exploradores fundaram várias companhias para explorar a região. Nada mais brilhava o olho da coroa portuguesa pelo ouro visto nos colares e cocares dos indios locais que apontavam para o interior do sertão. Agora quem se arriscava a ir lá? Cerrado denso cheio de feras e florestas inabitáveis e indios carrancudos dispostos a tudo para defender suas terras. Nascemos nesta terra inóspita com calor escaldante descendente de exploradores que fundaram nossa cidadezinha nessa imensidão de Sertão. No auge de nossa juventude queríamos era desbravar o horizonte, ganhar dinheiro e casar com a menima mais linda da cidade. Mas como fazer isso morando numa casa de barro cheia de barbeiros saltando na cama de palha e pouca comida para comer? A companhia das Indias Ocidentais era o lugar certo para nós tentarmos a sorte e conseguir sair daquele lugar sem rumo e sem esperança. Nos reuniamos todas as noites eu e Lincon para conversar sobre essa decisão. Lincon morava com sua mãe e era o mais velho de uma família de 7 filhos todos escadinhas, a sua mãe era uma mulher guerreira do sertão que luta dia e noite para trazer o pão de cada dia, seu pai a abandonou, depois de ela dar a luz a seu sétimo filho, dois dias depois com a desculpa que iria para a cidade grande arranjar um trabalho. Faz 2 anos, depois da ultima vez que Lincon o viu, nunca mais voltou e sequer deu alguma notícia. sua mãe lava roupa para os fazendeiros e comerciantes locais. A vida é dura por aqui no Sertão, falta água, falta comida mas não falta esperança. Perguntei ao Lincon sobre o seu pai numa daquelas oportunidades que ele estava tranquilo e estavamos conversando sobre todos os assuntos:
__ Hei Lincon, você já teve alguma notícia do seu pai ? Ou para onde ele foi ? Olhei para ele e vi aquele olhar distante, triste sem saber responder, ou pelo menos o que pensar sobre o assunto.
_ Não. Respondeu ele, até agora não.
__ Ok amigo então não vamos nos preocurar sobre isso ele deve estar bem e com certeza deve estar procurando o melhor para trazer para sua mãe. Mas o que você acha de nós sermos voluntários para essa entrada que os portugueses querem fazer, para explorar o interior do Sertão? Pode ser a chance que nós precisamos, para conseguir dinheiro e melhorar nossas vidas. Estão recrutando o pessoal local para isso, ouvi dizer que o Capitão do mato que vai, é um sujeito chamado Dom Arcino experiente em entradas e bandeiras por todo o litoral. O que você acha?
___ Hum pode ser a nossa chance, respondeu Lincon, com a mão no queixo, pensativo sobre a questão. Estão divulgando em toda a cidade e prometeram até 10 mil contos de réis por cada quilo de ouro encontrado. Mas, vai ser difícil encontrar gente para essa Entrada, o pessoal daqui não confia muito em português, além do mais, é arriscado e perigoso se findar neste mato seco a dentro, com um calor de matar, a procura não sei do quê, nesse mundão de terras do agreste.
_ Mas é a nossa chance meu amigo! Imagina conseguirmos encontrar ouro e poder dar um futuro melhor para nossas famílias! Temos que ir sim, você não vai me deixar ir sozinho nessa certo? Bora camarada, não tem o que fazer aqui, não tem nada, se ficarmos aqui vamos é morrer de fome. __ Tem razão Alberto. Retrucou Lincon. Não temos mais nada para fazer neste lugar. A entrada que se estabeleceu no Vento Agreste, fazia parte dos planos da Coroa Portuguesa, de explorar sua colonia na época o Brasil Colônia, partindo pelo planalto central até o interior do nordeste brasileiro, logo após rumores de Veios de ouro e prata, no interior das florestas de mata virgem no coração do Brasil. Dom Arcino, o capitão do mato já estava na cidade há 3 dias e se estabeleceu na prefeitura, veio com uma tropa de muitos homens trazendo muitos cavalos de carga armas e facões disposto a satisfazer o desejo da Coroa Portuguesa por ouro. Acreditava que pelos seus estudos o ouro estava lá, bastava alguém com coragem, para ir buscar e se tornar um homem bem sucedido. A cidade estava num rebuliço, as moças nas janelas todas ouriçadas com toda aquela gente, os velhos sentados nas calçadas e as fofoqueiras de janela já davam o seu plantão dia e noite,um burburinho de tudo aquilo que estava acontecendo. A companhia precisava de gente, Dom Arcino o capitão do mato prometia mundos e fundos para o homem maduro ou jovem se alistar na entrada, o que deixava qualquer miserável no sertão do agreste de água na boca. Não precisa saber manusear uma arma ou facão, o novato aprende com a gente no mato, basta ter vontade diz o capitão. Lá ele tinha uma carga de farinha e carne seca para 12 dias no mato e 6 barris de água e um de cachaça de alambique para abastecer a tropa. No dia seguinte um capataz colocou uma mesinha com uma cadeira em frente a prefeitura para receber quem tinha o interesse de ingressar na campanhia, as sete da manhã a fila já dobrava o quarteirão de gente de todo o tipo. Até uma senhora de seus sessentas anos queria ir junto fazer parte da entrada, dizia ela: Prefiro morrer no mato tentando, do que de sede e fome neste sertão desavisado! Desculpe senhora! Nos não aceitamos mulheres na companhia! Próximo! Lá se foi a velha emburrada resmungando que não tinha chance para nada. O capataz olhava de cima em baixo cada um que se apresentava, fazia algumas perguntas, mandava fazer algumas voltas, parecia bem superficial a a sua análise, mas ele sabia o que estava fazendo. Lincon e eu dobramos a esquina que dava para a prefeitura e se deparamos com aquela fila quilometria de gente para se alistar.
__Iiii! Lincon! Pensamos que chegamos cedo, mas olha aí, a fila já está do outro lado da rua! Aos passos largos avistamos uma velha com a cara fechada parecendo cuspir marimbondo em qualquer um que a avistasse, saindo da fila da prefeitura, ela passou por nós, nos encarando, parecendo querer brigar