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A Serpente Adormecida
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A Serpente Adormecida
E-book83 páginas1 hora

A Serpente Adormecida

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Sobre este e-book

Na histórica Porto Calvo-AL, berço de Domingos Fernandes Cabalar, primeiro herói e idealista brasileiro dos anos seiscentistas, um grupo de adolescentes indignados com uma atitude do padre e professor, planejam se vingar. Numa sexta-feira-santa, invadem a sacristia para esconder do padre os vinhos e as hóstias. Só que, eles não contam que tal atitude os levam a cair misteriosamente numa passagem secreta num subterrâneo, que há mais de três séculos é inexplorado e servia para fugas estratégicas dos holandeses, contra os lusos-castelhanos. Lá dentro, dentre tantos mistérios, suspenses e surpresas, eles ficam cara-a-cara com a Serpente Adormecida. Será que nossos aventureiros vão sair dessa?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de set. de 2022
ISBN9781526022585
A Serpente Adormecida

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    A Serpente Adormecida - Marluce Maria da Costa

    cover.png

    CAPÍTULO I

    O bilhete passa de mão em mão. Risos baixinhos, Quando chega a vez de cada um, disfarçadamente, os alunos deitam a cabeça sobre um braço, em cima da carteira escolar, e com a outra mão por baixo da mesma, seguram o bilhetinho. No bilhete está escrito: Quando terá sido o último banho do padre? Ah! Ah! Ah!... – Quando Lucinha termina de ler, sente a presença de alguém ao seu lado. Assustada, ergue a cabeça e vê o padre em pé junto a ela.  

    Batina preta, ventre saliente, cabeça erguida dando-lhe postura de autoritarismo. Ele se posiciona à sua frente e fala:

    - Entregue-me! Também estou curioso para saber o que significa isso.

    Lucinha se levanta da carteira e encara o padre com ar de desafio. Ruborizada, morde o lábio inferior e responde-lhe:

    – Desculpe-me padre, mas não devo mostrar-lhe. Com certeza, o senhor vai ficar chateado quando ler.

    Num gesto impensado, Lucinha coloca o bilhete dentro da blusa, entre os seios.

    Irritado por essa atitude, ele esbraveja:

    – Você está me desafiando? Pegue suas coisas e, por favor, retire-se da minha aula.

    Fitando-o nos olhos, Lucinha pega seu material, mencionando sair.

    – Espere um momento, ainda não terminei. Aguarde-me na coordenação. 

    – Mais alguma coisa? – Ela pergunta batendo o pé.  

    – Sim. Você só voltará às minhas aulas quando eu falar com seus pais. Hoje à noite, sentirei prazer em visitá-los.

    – Estou liberada? - Ela pergunta com a voz embargada.

    – Ainda não. Antes quero ver o bilhete.

    – Recuso-me a entregar.

    – Desafiando-me assim será pior para você. Pense nas consequências menina!

    – Pouco me importa.

    – Sendo assim, fora! Vamos, fora! – Aos gritos, gesticula com o braço em direção à porta da sala de aula.

    Com a cabeça erguida, Lucinha se retira da sala.

    O padre e professor, fundador do colégio, sentindo-se impotente diante de tal situação, fecha os olhos refletindo. Por frações de minutos, lembra-se de que já estivera com a maioria daqueles alunos na pia batismal. Participara dos seus crescimentos, tanto na vida religiosa, quanto na educacional. Inspira e expira profundamente, e, um pouco mais calmo, segue em direção à sua mesa, abre a caderneta e pausadamente fala:

    – Como não estou aqui para servir de chacota, tenho meus direitos de tomar uma decisão cabível e irrevogável.

    Apreensivos alguns alunos perguntam:

    – Que tipo de decisão?

    – Menos um ponto. E a prova será segunda-feira.

    – Mas não era no final do mês?

    – Sim. Mas resolvi que será após o fim de semana.

    Pega a pasta e menciona sair da sala. Vinícius o aborda na porta encarando-o diz:

    – Um momento professor! Sou o representante da sala e, em nome da turma, peço desculpas.

    – Minha decisão é irrevogável. E a mocinha receberá a lição de acordo com seu comportamento. 

    – Mas não sabemos quem é o autor do bilhete. Como pode alguém pagar por algo que não praticou?

    – Isso servirá de lição pela falta de respeito para com o professor.

    – Respeito seu ponto de vista. Mas analise melhor!

    – Não! Está decidido. Não voltarei atrás.

    Alguns segundos depois, o padre olha em volta da sala e fala:

    – Tudo bem. Retiro a diminuição do ponto, mas a antecipação da prova não.

    – Menos mal. - Todos respondem em coro.

    – E quanto à minha conversa com os pais da aluna, permanecerei. Ainda hoje à noite irei a casa dela.

    Nesse momento a campainha anuncia o término das aulas.

    Ao saírem do colégio, Vinícius, chamado pela turma de Viny, Sabrina, Eric, Luana e Lucas ficam aguardando Lucinha que, em pouco tempo, chega da coordenação. Emudecida, aproxima-se dos colegas. Vinícius coloca o braço no ombro dela e, em seguida, todos os outros a abraçam e seguem em direção à igreja que fica próximo a suas casas.

    O colégio é no estilo barroco. Construído numa pequena elevação, com a fachada para o leste. A entrada principal fica ao sul onde o acesso é por meio de uma escadaria em forma semicircular. Um engradado circunda toda a fachada e suas laterais, dando-lhe fineza e bom gosto.

    Na fachada, uma porta de madeira e vidraças entre quatro janelas altas. Nas laterais e no fundo, várias janelões do mesmo estilo. As paredes pintadas na cor rosa-suave e o engradado na cor branco-gelo. O piso é conservado com as mesmas pedras da época.

    A partir da entrada do colégio, há uma bifurcação em y, em cujo lado esquerdo se inicia uma rua estreita, ligeiramente elevada, que dá acesso à igreja. Numa outra elevação mais acentuada, acompanhando essa rua, encontra-se um belo jardim.

    Essa subida é separada da rua principal por um muro, terminando numa grande escadaria, com uma plataforma seguida de outra escadaria, dando acesso à calçada da igreja.

    Abaixo e à frente da igreja e dessas escadarias, fica a praça principal. Segundo historiadores, foi nessa plataforma que Domingos Fernandes Calabar foi enforcado.

    A igreja caracteriza-se em estilo barroco e foi construída pelos portugueses. O inicio de sua construção se deu no ano de 1597 e terminou em 1610.

    Os alunos seguem esse percurso diariamente. Nesse dia, decidem sentar nos degraus em frente à igreja, antes de irem para suas casas.

    Nesse momento, as primeiras estrelas estão surgindo, começando uma noite de abril.

    Lucinha é a primeira a falar:

    – Se o Padre for à minha casa, sei que vou receber um belo castigo. E, caso isso aconteça, se vocês concordarem comigo, tenho um plano para me vingar dele.

    – Qual é o plano? Todos perguntam ao mesmo tempo.

    – Já que estamos próximos da páscoa, entraremos na igreja na manhã da sexta-feira-santa e roubaremos o vinho e as hóstias.

    – Mas qual o objetivo dessa façanha?

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