Paraíso do além
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Paraíso do além - Salvador Araújo
SALVADOR ARAÚJO
PARAÍSO
DO
ALÉM
3 edição
SÃO PAULO-SP
2020
Copyright © 2020 por Salvador Araújo
Paraíso do além
Salvador Araújo
3ª Edição
Capa:
Editora Bookprint
Impressão e encadernação:
Renovagraf
Revisão geral:
Responsabilidade do autor
Foto da capa:
Paisagem existente na fazenda do Sr. Oswaldo Ferreira Soares (Tinô),
no Município de Ouro Verde de Minas-MG. Ao alto, imagem
fictícia de um planeta representando o Paraíso do além
.
ISBN – 978-65-902088-3-5
CIP – (Cataloguing-in-Publication) – Brasil – Catalogação na Publicação _________________________________________________
Araújo, Salvador
Paraíso do além / Salvador Araújo. 3 ed. São Paulo, Renovagraf, 2020.
192 pp.; 21cm (broch.);
ISBN 978-65-902088-3-5
A658d CDD B869.3
_________________________________________________
Índice para catálogo sistemático
1. Ficção Brasileira I. Título
Renovagraf
Rua do Orfanato, 1205 - Vila Prudente - São Paulo - S.P - CEP: 03131-010
São Paulo: (11) 2667-0011 / 2667- 6086
E-mail: contato@renovagraf.com.br
Editora Bookprint
www.ebookprint.com.br
E-mail: contato@ebookprint.com.br
Ao Deus Todo-Poderoso, o Deus que não sai do inferno onde
vivem os mortais.
Ao artista plástico
Edson Óliver
Ao Prof. Jairo Lisboa Rodrigues
e sua esposa
Márcia Cristina da Silva Faria
Ao advogado
Dr. José Bosco Moura Jardim
Ao Delegado de Polícia Civil Dr. Luciano Ramos Lauton
ImagemAo Sr. Theomar Sampaio Paraguassu
Imageme sua esposa
ImagemSra. Sônia Delafuente Paraguassu
Ao Promotor de Justiça
Dr. Hélio Pedro Soares
e sua esposa,
Dra. Cléia Soares Miranda.
COMENTÁRIO À OBRA
Professor Ronaldo Guimarães
Não gosto de vento, gosto de brisa. Não gosto de tempestade, gosto de chuva mansa. Não gosto de fogão a gás com seis bocas, gosto de fogão a lenha. Gosto de simplicidade e por isso mesmo gosto do jeito simples e direto do texto de Salvador Araújo.
E como é difícil escrever com simplicidade! Como disse um grande autor mundial: A coisa mais difícil do mundo é colocar no papel coisas simples. A mais fácil é inventar palavras ininteligíveis e arrogantes
.
Salvador Araújo também sabe disso e sabe muito bem. Sabe, como escritor de cinco livros e como catedrático em literatura, atingir com delicadeza o coração das pessoas.
Delicado como um matuto, por mais estranha que pareça a comparação. Seu texto nos remete ao tempo da delicadeza, tempo da inocência e da esperança dos anos 50. Ao mesmo tempo, é uma literatura didática e de denúncia; mas sem perder a ternura jamais
.
O autor consegue, com linhas retas e agudas, passear pelo passado e pelo presente, com grande harmonia e talento. Nos faz morrer de inveja do amor shakespeariano de Maurício e Dane. Ficção ou realidade? Ninguém sabe. Mineiridade ou mineirice? Só Oto Lara Resende saberia responder. Só sei que Salvador Araújo é um ser montanhoso. Montanhoso e sensível.
Dá vontade, depois de ler seu romance, de chamá- lo para uma prosa à beira de um fogão a lenha, bem quentinho. E, tomando uma caninha, Lagoinha
, ouvir suas travessas aventuras pelas montanhas de Minas.
Dá vontade de aprender a escrever com lirismo.
O professor Ronaldo Guimarães é autor de vários livros, dentre
eles, Retratos do Tempo.
SAUDADE DESCONHECIDA
O homem só vive a realidade,
Só no que traduz é que vê sentido.
Mas, olhando a vida, em totalidade, Nota-se o rastro de um elo perdido.
O ventre da Terra o faz protegido,
Porém lhe aguça a curiosidade,
E o céu, muitas vezes, é um conhecido Campo infinito, na eternidade.
Tudo se dissolve em doce lembrança, Superando um gozo de felicidade,
Como um alegre tempo de criança,
Que leva o real a ser um engano.
Porque, sobretudo, todo ser humano,
No inconsciente, sente essa saudade.
E, (ai!) se não fosse essa verdade incrível, A ideia de um Deus seria impossível!
Salvador Araújo
jun/2018
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CAPÍTULO I
A moto roncava devorando a estrada, qual viajante apressado para chegar à sua casa. O turvo da noite quase vencia a luz do farol; mas, não obstante a isso, o veículo continuava em alta velocidade. De vez em quando, vinham à mente daquele rapaz pensamentos inexplicáveis, era como se um estranho acontecimento o esperasse dali a poucos metros.
A estrada era nova; e, talvez, levado por uma alucinação indizível, o moço pouco a enxergava. Mas a viagem prosseguia, como se o veículo tivesse direção própria e conhecesse bem o lugar por onde passava. O pó removido pelas máquinas estava ainda novo naquela estrada de pedras e torrões.
O moço tinha estatura mediana, cabelos curtos e castanhos. Seu rosto quase imberbe não denunciava idade, seu físico jovem e pouco robusto mostrava uns vinte e poucos anos. Sua pele clara avermelhava-se ante os esforços que ele fazia, proporcionando-lhe uma cor quase indissimulável.
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Um viajante da noite! Já não sabia de onde vinha, nem para onde ia. Talvez, do tempo, fizesse seu caminho e seguisse do presente para o futuro ou se dirigisse rumo ao passado. Quem sabe!
Qual nada, aquele moço estava extasiado no tempo! Era como se seguisse a Lei da Inércia: estava em movimento e nele continuava.
A turva luz que iluminava a estrada não permitia ver mais que cinco metros adiante. Seguia a moto naquela estrada misteriosa. Da carga que levava às costas, o que mais pesava eram as dúvidas.
Também nada podia prever, desconhecia o que a esperava. Mas parecia desconfiar que um acontecimento repentino fosse ocorrer logo ali à frente. Alguma coisa estava para acontecer: a moto pensava em silêncio. O tempo diminuía à sua velocidade. E ela se aproximava, a pouco e pouco. À medida que ia andando, percebia estar mais perto de uma outra dimensão, de um outro tempo.
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CAPÍTULO II
Banhava a região um rio caudaloso que já havia levado muitas vidas humanas. Seu leito pedregoso e cheio de remansos obsessos construía profundos ataúdes. Aqui e ali, rochas estranhas formavam grutas escuras, por onde a água não tinha o direito de passar.
No ponto da travessia do rio, essa bruta natureza exigiu dos construtores da estrada muita perícia. E eles precisaram vencer um enorme precipício, construindo uma ponte de madeira, que foi pintada de preto.
Quem passasse sobre aquela ponte e olhasse para baixo viria pilões gigantescos que, cheios de águas frenéticas, pareciam ter a mesma profundidade do céu. Mas a corrente líquida não era vista ali. Apenas um pouco abaixo, em um dos lados da ponte, o rio reaparecia, onde era reunido num imenso açude natural. Dava para perceber, pelo barulho, que a correnteza rasgava o subsolo pedregoso, deixando seca a passagem que ficava debaixo do negro pontilhão.
Naquele sítio, chamado Porta do Paraíso
, a natureza ainda virgem esnobava todo o seu fulgor. É
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difícil, hoje, paisagem como aquela. O lugar possuía uma beleza tão pujante, que, a um só tempo, causava arrepios e embevecimento. Incutia no observador certo tipo de êxtase, um misto de temor e respeito àquela obra estupenda, revestida de encantos e mistérios.
Havia tempo que o moço buscava alguém que nem tinha certeza se existia mais. Talvez temesse encontrar, mas uma força estranha o fazia percorrer a estrada naquele início de noite. Nunca havia passado de moto por aquela estrada.
A descarga ia resmungando numa cantilena agourenta, até que, de repente, algo hipnotizou o rapaz. E o veículo, impelido por uma força indomável, depois de um forte solavanco, não encontrou mais o chão, descontrolando-se. Seu condutor também não teve tempo de se defender. Naquele momento, a moto era uma amiga indefesa. Tantas vezes pôde conduzir seu dono a lugares impossíveis de trafegar! Agora, faltava- lhe terreno. E, sem saber voar, a pobre máquina se viu vencida.
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CAPÍTULO III
Parecia uma manhã de sol e, numa pequena cascata, uma turma de jovens brincava alegre. Uma mocinha encantadora conservava-se num canto, afastada do grupo; sentara-se numa pedra, de onde assistia a tudo. Era diferente dos outros jovens e estava completamente só.
Maurício se viu como se saísse de debaixo de um pontilhão antigo; e, ao ver a linda jovem, pareceu reconhecê-la. Dane também percebeu sua aproximação, mas não lhe fez cumprimento algum, apenas baixou a cabeça naturalmente.
Entrementes, lá na cachoeira, a turma continuava na mesma algazarra, indiferente à chegada do moço; assim, ele pôde observar, com mais liberdade, que todos ali estavam nus. A menina também se encontrava despida, mas não se ocultava ante sua presença. Tanta espontaneidade fez com que o rapaz descobrisse uma cicatriz no alto de sua coxa esquerda, a perna que se
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cruzava por sobre a outra, na posição em que a formosa jovem se encontrava.
Não houve festa nem surpresa por parte dos dois. Maurício chegou queixando algumas dores e deitou-se de bruços perto da pequena. Foi aí que descobriu que também não usava roupa alguma. Mas, no pensamento, não havia vergonha nem defesa.
Dane era a mesma de antes. Seus cabelos, como a brincar, desciam lindamente por suas espáduas: longos e castanhos. Seu rostinho gracioso agora tinha melancolia. Em sua boca, não havia o sorriso de sempre, mas lá estavam seus dentinhos alvos que apareciam, singelos e faceiros, num tom de resignação.
A menina não era toda alegria; mas, apesar do silêncio, surgiram em seu olhar alguns sinais de felicidade com a chegada de Maurício. Seu corpo pequeno e meigo exprimia pureza e castidade, seus seios se mexiam lindamente com os movimentos de uma respiração quase imperceptível. Suas pernas, no tempo, possuíam a elegância de uma pele macia, onde pelos dourados imprimiam encantamento. Com exceção do sinal, como que de uma queimadura na perna esquerda, todo seu corpo estava perfeito. Mas seu jeito simples era, agora, afetado por um quê de agonia, embora notado apenas por meio de um estudo minucioso.
Após alguns instantes, de forma inexplicável, viram-se num campo florido, de fragrâncias inimagináveis. Perto deles, serpenteava uma corrente de água límpida e fria que mal dava para cobrir os pés.
A região era predominantemente plana: lá, ao longe, dava para ver o céu se encontrando com a
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superfície daquele paraíso misterioso. Naquele campo verde, que se perdia de vista, também havia muitas espécies de árvores frutíferas, onde passarinhos de infinitas cores voavam festivos.
As flores se espalhavam por todo canto, formando ramalhetes alegres que brincavam de subir e descer em troncos seculares. Ao alto, descobria-se um céu azul, sem nem mesmo um ponto negro em suas nuvens. O sol aí não se esquentava muito: era ameno e vitalizador.
O tempo não passava. Quem vivesse naquele lugar não envelhecia. Ali também não existiam doenças, era um mundo que não oferecia qualquer tipo de empecilho àquele tipo de vida. E tudo girava na mais perfeita ordem.
Nesse clima, a existência parecia eterna, ninguém sabia quando tinha nascido nem para que nascera. E o sossego que possuía quem lá chegasse fazia esquecer todo o passado, que também parecia não existir. Vivia- se, assim, o mais indescritível e duradouro presente.
A água do ribeirinho tinha uma doçura incrível e se esfriava à sombra da baunilha. Esta acompanhava o pequeno leito, acasalada ao guaraná. A areia que calçava a corrente líquida era feita de cristais reluzentes, formava-se um conjunto simbiótico, em um quê de supremo, um dístico enigmático que exprimia só felicidade. Dir-se-ia a fonte da vida eterna.
Aí, às margens do riozinho, Maurício e Dane pararam. Lá longe, viam pessoas livres por entre as flores, como se estivessem ali apenas para admirar a beleza do lugar. Em nenhum rosto existia sinal de cansaço ou de algum outro sofrimento físico, vivia-se a alegria constante, um eterno bem-estar. Mais curioso
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ainda era ver aquele jardim infinito, tão bem cuidado, e nunca encontrar alguém com ferramentas nas mãos. É que ali também não existia trabalho, até mesmo as flores pareciam cuidar delas próprias, tinham uma outra forma de viver.
No entanto, embora os dois vissem, por ali, tantas pessoas, não conseguiam estabelecer contato com ninguém, nem mesmo podiam ouvir o que falavam. Ainda que conhecessem algumas daquelas fisionomias, percebiam-nas muito distantes, como se essas não fizessem parte da realidade deles.
Desde o encontro na pequena cascata, não haviam trocado uma só palavra. Mas, de repente, entreolharam-se perplexos e indecisos, ao veem uma senhora à frente, diante de imensas flores vermelhas. Ainda não disseram nada, mas caminharam ao encontro dela. Entretanto, por mais que andassem, continuavam a vê-la no mesmo lugar e à mesma distância. Será que andavam mesmo?!
Aparentava uns quarenta e cinco anos; cabelos longos e loiros, esses já deviam ter alguns fios brancos. Seu corpo era um pouco robusto e tinha altura média, sua pele era alva. No rosto, algumas rugas apresentavam uma provável luta e seu olhar tinha um profundo inexplicável. Em sua boca havia um sorriso afável, um gesto amoroso e simpático.
Porém a mulher não tinha uma forma constante: às vezes, tornava-se apenas um vulto; outras vezes,