O Peregrino: Uma viagem espiritual pelo caminho da graça
De John Bunyan
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Sobre este e-book
John Bunyan
A jornada da vida cristã é muitas vezes comparada a uma peregrinação — uma viagem através de terras desconhecidas, enfrentando desafios e buscando uma terra prometida. É esse percurso atemporal que John Bunyan magistralmente retrata neste clássico considerado uma das joias mais cintilantes da literatura evangélica. Cada página de O peregrino é um convite a refletir sobre a essência de nossa fé e a força da perseverança diante das adversidades.
O peregrino nos transporta para o mundo de Cristão, o protagonista, que abandona a Cidade da Destruição em busca da Cidade Celestial. Cada obstáculo superado por ele é um convite para crescermos espiritualmente e nos comprometermos com as verdades bíblicas. Bunyan nos desafia a mergulhar nas Escrituras, fazendo de cada passo da jornada um ato de descoberta e reflexão.
Desfrute desta preciosidade clássica da literatura evangélica e deixe que a história de Cristão o inspire a buscar um entendimento mais profundo da fé e a viver de maneira que honre o chamado eterno para a verdade e a graça de Deus. Que sua leitura não seja apenas um passatempo, mas um instrumento de transformação, guiando-nos em nossa própria peregrinação rumo à Cidade Celestial.
John Bunyan
John Bunyan (1628-1688) was an English writer and Puritan preacher best known for his Christian allegory The Pilgrim's Progress. After serving three years in the Parliamentary army during the English Civil War, he returned home, married and became interested in religion. He joined the Bedford Meeting, a nonconformist Puritan group in Bedford, and became a preacher. After the restoration of the monarchy, Bunyan spent twelve years in jail for refusing to give up preaching. During this time he began work on The Pilgrim's Progress. The Pilgrim's Progress has been translated into over 200 languages, has never gone out of print, and is considered by many to be the first English Novel.
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O Peregrino - John Bunyan
SUMÁRIO
Prefácio do editor
Prefácio do autor
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
PREFÁCIO DO EDITOR
É com grande alegria e reverência que apresentamos a série Clássicos da Literatura Evangélica. Este é um projeto literário que visa resgatar e celebrar obras que moldaram a fé e o pensamento cristão ao longo dos séculos, oferecendo aos leitores contemporâneos uma oportunidade única de se conectar com os princípios atemporais do evangelho.
No âmago desta série está o compromisso de publicar obras que vêm influenciando gerações de crentes, estimulando a reflexão profunda e a transformação espiritual. Cada livro selecionado é uma joia da literatura cristã, cujo impacto transcende fronteiras geográficas e temporais.
Brindamos nossos leitores com esta primorosa edição da obra-prima atemporal de John Bunyan, O Peregrino, uma das obras literárias cristãs mais ilustres da História. Sua importância atravessa séculos, cativando corações e mentes em todo o mundo, deixando um legado duradouro. Sua influência se estende por continentes com traduções em centenas de idiomas, testemunho de sua ressonância universal.
O título original do livro é The Pilgrim’s Progress [O progresso do peregrino], e foi publicado inicialmente em 1678. Optamos, no entanto, por usar a forma reduzida pelo qual essa obra é mais conhecida atualmente: O peregrino. Em síntese, a obra narra o progresso espiritual do personagem principal, chamado Cristão
, que foge da Cidade da Destruição, representando o mundo corrompido pelo pecado, em direção à Cidade Celestial, uma representação simbólica do céu. A história retrata os desafios, as tentações e as experiências que Cristão enfrenta em sua jornada rumo à salvação e à redenção.
John Bunyan escreveu sua obra-prima na prisão, em sua terra natal, Bedford, Inglaterra. Nessa época, apenas clérigos licenciados pela Igreja da Inglaterra poderiam exercer a atividade de pregador. Bunyan era um pastor batista considerado não conformista
, isto é, não licenciado pela igreja estatal, o que tornava sua atividade de pregador ilegal, razão pela qual ele passou doze anos encarcerado. Ele se tornou um testemunho de resiliência em meio à adversidade. O peregrino testemunha o espírito perseverante e a destreza literária de Bunyan, transcendendo suas origens humildes para se tornar um clássico literário.
As descrições vívidas de Bunyan transportam os leitores para reinos tanto reais quanto fantásticos, enquanto suas caracterizações habilidosas dão vida a um panteão de figuras inesquecíveis, tornando a jornada uma aventura emocionante para todos os que embarcam nela. A trama de O peregrino oferece um tecido narrativo multifacetado, entrelaçando elementos de viagem, busca e aventura em um todo coeso. A obra convida os leitores a desvendar suas profundezas espirituais e a extrair verdades atemporais.
Para esta tradução, usamos uma edição ilustrada de 1899, publicada por G. H. McKibbin. Mantivemos as ilustrações, pois elas estimulam a imaginação, e a estrutura original. A primeira edição de The Pilgrim’s Progress, publicada em 1678, não tinha uma divisão formal em capítulos como é comum nas edições modernas. Em vez disso, o texto era mais fluido, dividido em seções frequentemente marcadas por mudanças na narrativa ou transições temáticas. O objetivo era que o leitor lesse o livro de uma tacada só. Optamos, no entanto, por seguir a tradição posterior e dividimos o romance em capítulos, mas sem nomeá-los.
O peregrino repousa em profundas raízes bíblicas, entrelaçando a narrativa com a própria Palavra de Deus, embora o endereço das passagens não conste na obra original. Cabe ao leitor realizar esse exercício fundamental de ir ao texto bíblico e encontrar suas referências, o que é um excelente exercício de progresso ou avanço no conhecimento das Escrituras. Enraizado nas verdades bíblicas, o livro convida os leitores a embarcar em uma jornada de fé, ecoando os sentimentos de Charles Spurgeon, que saudou Bunyan como uma Bíblia viva
(sermão nº 2.644, As últimas palavras de Cristo na cruz
).
Ao embarcarmos na leitura desta fascinante obra literária cristã, vamos percorrer suas páginas com reverência e curiosidade, pois dentro deste romance baseado na Palavra reside uma riqueza de sabedoria esperando ser redescoberta.
Esta série abre portas para a exploração de grandes clássicos da literatura evangélica e proporciona uma oportunidade única para aprofundar nossa compreensão da fé cristã e do chamado para viver de acordo com os princípios do evangelho do Senhor Jesus.
Convidamos você, caro(a) leitor(a), a embarcar nesta jornada conosco, conforme revisitamos e celebramos os Clássicos da Literatura Evangélica. Que essas obras continuem a iluminar nosso coração e nossa mente, desafiando-nos a viver de maneira que honre o nome de Jesus e proporcione esperança a um mundo em busca de respostas para os grandes dilemas da vida.
Que a leitura desta série seja uma fonte de inspiração e transformação para todos aqueles que desejam seguir os passos do Mestre e trilhar o caminho da verdade, do amor e da graça rumo à Cidade Celestial.
Aldo Menezes
Editor
PREFÁCIO DO AUTOR
Quando eu peguei a pena pela primeira vez
Para escrever desta forma, eu não tinha a certeza
De que eu deveria fazer um livro pequeno
Nesse estilo; não, eu tinha me empenhado
Em fazer outro tipo; que, quase terminado,
Sem que eu percebesse, este eu comecei.
E foi assim: eu escreveria acerca do caminho
A respeito dos santos nestes dias do evangelho;
Cai de repente numa alegoria
Sobre a viagem deles e o caminho para a glória
Em mais de vinte coisas que pensei e anotei;
Feito isso, vinte mais na mente eu coloquei;
E as ideias, de novo, começaram a se multiplicar,
Como faíscas que das brasas de um fogo saem a voar.
Então, pensei, se vocês nascem tão depressa,
Eu vou separá-las, para que não aconteça
De provarem ad infinitum, e ficarem a comer
O livro que eu já estou a escrever.
Bem, foi o que eu fiz; mas não sem pesar
Para ao mundo todo minha pena e tinta mostrar
Nesse modo; eu só pensei em fazer
Eu nem sabia o que; nem a quem me propus agradar
O meu próximo; não, não eu;
Eu o fiz apenas para me afagar.
Eu não gastei senão tempos vagos
Neste meu rabisco; nem eu quis nos meus afagos
Fazer isto, mas apenas para me desligar,
De piores pensamentos, que me fazem errar.
Assim, eu pus a pena no papel com prazer,
E logo tive os meus pensamentos em preto e branco.
Por ter agora o meu método final,
Ainda que os puxava, eles vinham;
E assim eu pus a escrever
Até que enfim chegou a ser,
Em comprimento e largura,
O tamanho que aqui você pode ver.
Bem, quando eu assim meus propósitos pude juntar,
Mostrei-os a outros, para que eu pudesse constatar
Se eles os condenariam,
Ou talvez os justificariam;
Alguns disseram: que esses escritos possam viver;
Outros censuraram: não, faça-os morrer.
Alguns incentivaram: John, imprima-os também;
Outros aconselharam: não faça isso, devem perecer!
Alguns ainda opinaram: eles podem algum bem trazer;
Outros ainda indicaram: não, de nenhum modo podem ser.
Agora eu estava em um aperto, e não via
Qual era a melhor coisa a que eu decidiria;
Por fim pensei: já que vocês estão assim divididos,
Eu vou imprimir; e dessa forma tenho os casos resolvidos.
Pois, pensei, alguns querem que seja feito,
Embora outros não caminhem nesse conceito;
Para provar, então, quem aconselhou para o melhor,
Assim, eu achei por bem pô-lo à prova.
Eu refleti melhor, se agora eu tiver de negar
Para aqueles que queriam com ele se deliciar,
Eu não sabia, mas talvez os conseguisse impedir
De desfrutar daquilo que para eles seria grande prazer;
Para os que não eram a favor da publicação,
Eu lhes disse, ofender vocês eu não quero, não;
Mas, já que seus irmãos estão contentes com ele,
Não julguem, até que vejam mais dele.
Se você não o quer ler, deixe-o de lado;
Alguns amam a carne macia,
Outros fazem do osso um bom bocado;
Sim, para que eu os moderasse melhor,
Eu também a eles assim resolvi expor:
Não posso eu escrever num estilo desse teor?
Em um método de tal modo,
Que ainda não trazer afinal o teu bem?
Por que não pode ser feito?
Nuvens escuras trazem águas, quando as claras não as têm.
Sim, escuras ou claras, se elas fazem descer à terra
Suas gotas de prata; e por produzirem seus frutos,
Louva-se a ambas, de forma grata,
E não se reclama de nenhuma,
Mas guarda-se o resultado, o produto
Que as gotas juntas dão, uma a uma;
Sim, dessa forma misturam-se ambas,
Das quais o seu fruto
Ninguém pode distinguir uma da outra;
Elas caem bem quando à porta bater a fome;
Mas se alguém estiver satisfeito, delas não come,
Rejeita a ambas, e como bênção nula as torna.
Pode você ver os meios que o pescador usa
Para pegar o peixe; que invenções ele busca.
Veja! Como ele emprega todo o seu engenho;
Também suas armadilhas, linhas, anzóis,
Ganchos e redes em que põe todo o seu empenho
Mas há peixes que nem anzol, nem linha, nem armadilha,
Nem rede, nem astúcia podem torná-los seus
Eles devem ser apalpados e também ser alisados,
Faça o que fizer, do contrário eles não serão seus troféus.
Como faz o caçador para caçar?
Por tantos meios, que ninguém pode nomear;
Suas armas, suas redes, seus galhos com cal, luz e sino;
Ele rasteja, ele anda ou tem de imóvel ficar;
Sim, quem pode contar todas as suas posturas?
Mas nenhuma delas o tornará
Senhor das aves que conseguir apanhar.
Ele pode assobiar e apitar para pegar esta ou aquela,
Mas, se ele fizer isso, outro pássaro deixará passar.
Se uma pérola pode numa cabeça de sapo morar,
E pode ser achada em uma concha de ostra também,
Se coisas que nada prometem contêm
O que é melhor do que o ouro, quem vai desprezar?
Aquele que tem uma ideia para ali olhar,
Para que a possa encontrar?
Agora, este meu livrinho (embora sem essas pinturas
Que podem fazer com que ele agrade a este ou àquele homem)
Não está sem essas coisas que se sobressaem
Ao que há em bravas, mas vazias noções.
Bem, ainda não estou plenamente convencido
De que este livro, mesmo quando bem provado, terá resistido.
Por quê? Qual é o problema encontrado?
Ele é obscuro! E daí? Esse é o enigma, mas ele é fingido.
O que isso tem, pergunto eu aturdido?
Alguns homens, por palavras dissimuladas,
Tão escuras quanto as minhas apresentadas,
Fazem a verdade resplandecer e seus raios brilhar!
Mas lhes falta uma boa solidez que se possa comprovar.
Fala, homem, de uma vez o que estás a pensar!
Eles afogam o fraco; metáforas que nos fazem cegar.
Solidez, de fato, pode a pena valer
Daquele que sobre coisas divinas, aos homens pode escrever
Mas será que eu preciso tal solidez desejar,
Por que por meio dessas metáforas eu queira falar?
Não foram as ordenanças de Deus,
Suas leis do evangelho, na época antiga expostas
Por sombras, tipos e metáforas interpostas?
Mas ninguém que seja sóbrio ousará achar defeito nelas,
Para não ser achado a atacar a Sabedoria Suprema.
Não; ele se curva diante dela
E busca descobrir o que, por pingentes e argolas,
Por bezerros e ovelhas, por novilhas e carneiros,
Por aves e ervas, e pelo sangue dos cordeiros
Deus lhe fala; e feliz é aquele que encontra a luz
E a graça que por meio delas seduz.
Não seja tão precipitado, portanto, em concluir
Que me falta solidez, que sou rude ao proferir
Todas as coisas sólidas na aparência, que não são de fato;
As narrativas em parábolas não devemos no ato as desprezar.
Para que não recebamos levianamente coisas mais nocivas,
E daquelas que são boas para nossa alma nos privar.
Minhas palavras escuras e nubladas
Têm apenas grandes verdades guardadas,
Como o ouro e a prata em armários são colocados.
Os profetas usaram as metáforas para expor sua verdade;
Sim, quem considera a Cristo, e
Seus apóstolos também, verá claramente isto:
As verdades em tais mantos até hoje estão.
Tenho eu medo de dizer que a Escritura Santa,
Que por seu estilo e palavras supera todo o engenho,
Está em toda parte tão cheia de todo esse estilo —
Figuras obscuras, alegorias, mas ainda brota
Desse mesmo livro tal galante brilho,
E esses raios de luz que transformam imediatamente
Nossa noite mais escura em dia de sol luzente?
Bem, meu crítico,