O Livro da fisiognomia
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Fakhr Ad-Dīn ar-Rāzī
Faḫru-ddīn ar-Rāzī (transliterado, também, dessa forma: “Fakhr ad-Dīn ar-Rāzī”) ou “al-Imām” (homem insigne, douto) ar-Rāzī é um sábio do século VI do calendário islâmico, XII do cristão. Nasceu na cidade Ray, na Pérsia,em 544 H. ⁄ 1149 d.C. - 606 H. ⁄ 1210 d.C. Contudo, alguns estudiosos acreditam que Al-imām ar-Rāzī nasceu um ano depois do ano mencionado, ou seja, em 544 H. / 1149 d.C. Acredita-se que sua árvore genealógica remonta à grande tribo árabe de Tamīm, que habitava na Península Arábica, passando para a Síria e o Egito. Quando as conquistas árabes de outros territórios se estenderam, alguns dos seus grupos imigraram para a Pérsia. A contribuição intelectual de ar-Rāzī é imensa e alcança as diversas ciências da época, tais como teologia, filosofia, lógica, medicina, matemática, astronomia, gramática árabe e estudos sobre essa língua.
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O Livro da fisiognomia - Fakhr Ad-Dīn ar-Rāzī
Introdução ao
Livro da Fisiognomia
O objeto dessa tradução é um livro de ar-Rāzī, escrito no século
XII
da era cristã, correspondente ao século
VI
do calendário islâmico. Nele, o autor dedicou-se a falar sobre a arte da Fisiognomia (ou fisiognomonia) e sua origem na cultura árabe pré-islâmica. Faḫru-ddīn ar-Rāzī dividiu a obra em três discursos, cada um subdividido em capítulos. Entretanto, o segundo discurso foi subdividido, também, em seções.
No primeiro discurso, ar-Rāzī trata os princípios gerais que regem a arte da Fisiognomia, as virtudes nela contidas, sua definição, suas divisões e as diferenças existentes entre essa arte e outras consideradas mais próximas a ela. Nesse mesmo discurso, ar-Rāzī apresentou alguns métodos que o fisiognomonista (usa-se, também os termos: fisionomista ou fisiognomista) dever aplicar para identificar e conhecer o caráter de um determinado homem. Na tentativa de fornecer instrumentos práticos e apresentar ideias teóricas que permitam identificar os caracteres humanos, o autor sugere que sejam levadas em conta algumas considerações para tornar tais métodos válidos e eficientes.
No segundo discurso, ar-Rāzī analisa os sinais do temperamento contidos nos órgãos humanos, além dos temperamentos e caracteres próprios a cada faixa etária, assim como as diversas regiões com condições climáticas diferentes. Ele cita características concernentes às classes sociais e às diversas categorias de temperamento humano: quente, frio, úmido, seco, quente-seco, quente-úmido, moderado e temperamento excessivo.
No terceiro e último discurso, o autor discorre sobre as diferentes formas e situações relacionadas aos órgãos e aos membros humanos, e as significações a que se chegaria a partir delas. Tal tarefa só se tornou possível quando o autor comparou o homem ao animal, tanto no aspecto externo como no caráter interno. Para isso, ar-Rāzī citou os membros do corpo humano, comparando-os com os membros dos animais, e designou o caráter de cada um destes para justificar seu julgamento fisiognomônico.
Kitāb Al-firāsa não é a única obra na qual o nosso autor ocupou-se da Fisiognomia, pois há outros trabalhos por ele escritos em persa. Entre eles, há estes dois tratados, textos considerados curtos em comparação com o Livro da Fisiognomia
objeto dessa tradução. Os dois livros são: hadāʾiq al-anwār fī haqā’iq al-asrār e risāla fī cilmi al-mizāj, também conhecido por arrisāla al-mawsūma bil-qiyāfa.¹
Considera-se o Livro da Fisiognomia
do Faḫru-ddīn ar-Rāzī como referência nesse tema, de tal forma que se tornou conhecido, não apenas entre árabes e muçulmanos, mas também em outras culturas. A obra objeto dessa tradução é conhecida tanto entre autores árabes antigos bem como os da modernidade. Entre os últimos, citam-se quatro, são eles: Youssef Mourad, Mustafa Aachour, Kanᶜān, Al-Ḥakīm e Ahmad Farīd Al-Mazīdī. Este último, contudo, não citou o manuscrito que utilizou em seu trabalho sobre o tratado do Faḫru-ddīn ar-Rāzī que recebeu o nome de O Livro da Fisiognomia
.
Em contrapartida, Mourad mencionou em sua fixação textual os três manuscritos de que se serviu, fazendo comparações e anotações em suas margens. Nessa linha, salienta-se que algumas observações desta tradução, feitas a esse respeito, baseiam-se no trabalho de Youssef Mourad. Estes são os três manuscritos que o orientaram:
O manuscrito da Biblioteca de Cambridge, sob o número 468, 23 folhas.
O manuscrito do Museu Britânico, número 9510 – obras orientais, com 34 folhas.
O manuscrito da Biblioteca de Aya Sofia, em Istambul, número 2457, com 34 folhas.
Percebe-se que, tanto Mustafa Aachour (pronuncia-se: ᶜAšūr) como Kanᶜān al-Ḥakīm pautaram-se em relação aos seus trabalhos de fixação textual da obra, no manuscrito da Biblioteca Nacional Egípcia (Dār Al-Kutub Al-Misriyya), composto por 55 páginas, de numeração 2460.
A arte da fisiognomia na cultura árabe
e em outras culturas
Os povos da Antiguidade compartilhavam seus conhecimentos a respeito da arte da Fisiognomia, que, de uma forma ou outra, foi investigada e praticada por eles. Pode-se dizer, ainda, que numerosas análises antigas, medievais e modernas, abordando esse tema, foram e são produzidas, o que demonstra a sua importância por despertar a curiosidade de muitos e atrair vários estudiosos ao longo da história humana. Nesse contexto, o historiador libanês Jorge Zaydan², no seu livro A ciência da Fisiognomia moderna, afirma que há registro de cartas que atestam que os egípcios antigos, já no século
XX
a.C., possuíam conhecimento sobre esse saber³.
Acrescente-se a isso que relatos antigos e modernos confirmam que os indianos, os persas e os turcos refletiram sobre esse tema. Essa hipótese foi atestada pelo próprio ar-Rāzī no seu livro, objeto desta tradução. No que se refere aos persas, o letrado árabe Aljāhiẓ⁴, do século
IX
d.C., escreveu um livro que tratou a adivinhação e a Fisiognomia na visão desse povo⁵.
Entretanto, é notável a contribuição dos filósofos e médicos gregos e romanos, pois constituiu a pedra fundamental sobre a qual os letrados árabes da Idade Média produziram muitos estudos focados na arte da Fisiognomia. Podem-se citar, entre eles, filósofos gregos como Aristóteles, pois, mesmo não se levando em consideração a obra apócrifa atribuída a ele, Segredo dos Segredos (Kitāb sirr al-asrār), há registro de que o pensador ofereceu seus conselhos ao rei Alexandre sobre como identificar o próprio caráter e o caráter das demais pessoas ao seu redor para evitar os eventuais transtornos e efetuar uma boa escolha de ministros e amigos⁶.
Todavia, foi o sofista grego Polemon de Laodiceia, do século
II
a.C., quem redigiu um imenso tratado constituído de 70 capítulos focalizados na Fisiognomia, conforme relata Youssef Mourad em ensaio anexo à sua tradução. Youssef conclui que Polemon já era conhecido pelos árabes no século nono da era cristã⁷. De acordo com Mourad, o filósofo grego Hipócrates, por sua vez, produziu poucos textos sobre a Fisiognomia⁸. O historiador libanês Jorge Zaydan afirma que o filósofo grego Galileu Euclides, do século
II
da era cristã, escreveu capítulos longos sobre a ciência
da Fisiognomia⁹. Pode-se acrescer, aos autores gregos que versaram sobre o tema, o adivinho Melampo, do século
III
a.C., como esclarece Youssef Mourad¹⁰.
É consenso entre muitos intelectuais árabes, tanto os antigos como os contemporâneos, que a arte da Fisiognomia foi conhecida, de alguma forma, pelos árabes antes do seu contato com a filosofia grega, ou seja, já no período pré-islâmico. Contudo, essa arte, naquela época, era primitiva e fazia parte do conjunto das atividades normalmente praticadas, tendo sido considerada um saber herdado e reservado a algumas pessoas habilidosas, e em determinadas tribos. Essa ideia foi defendida por alguns escritores árabes modernos, tais como Jorge Zaydan, que considera a arte da fiosiognomonia uma inspiração