Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Estudos de paisagem: Literatura, viagens e turismo cultural
Estudos de paisagem: Literatura, viagens e turismo cultural
Estudos de paisagem: Literatura, viagens e turismo cultural
E-book628 páginas7 horas

Estudos de paisagem: Literatura, viagens e turismo cultural

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Os estudos de paisagem têm recebido, na atualidade, uma atenção renovada. Questão que atravessa o tempo, as culturas, as sensibilidades, é sem dúvida o motivo ideal para unir diferentes áreas de conhecimento, diversos especialistas, para pensar como nossa contemporaneidade vem relacionando temas de sempre: natureza, vida urbana, viagens e cultura.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de mar. de 2022
ISBN9788565505505
Estudos de paisagem: Literatura, viagens e turismo cultural

Leia mais títulos de Ida Alves

Relacionado a Estudos de paisagem

Ebooks relacionados

Crítica Literária para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Estudos de paisagem

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Estudos de paisagem - Ida Alves

    À guisa de prefácio

    Os estudos de paisagem têm recebido, na atualidade, uma atenção renovada. Questão que atravessa o tempo, as culturas, as sensibilidades, é sem dúvida o motivo ideal para unir diferentes áreas de conhecimento, diversos especialistas, para pensar como nossa contemporaneidade vem relacionando temas de sempre: natureza, vida urbana, viagens e cultura.

    Foi com essa ideia inicial que, em 29, 30 de novembro e 1º de dezembro de 2012, ocorreu, na Université Sorbonne Nouvelle-Paris 3, França, o primeiro colóquio "Literatura, viagens e turismo cultural no Brasil, na França e em Portugal – Littérature, voyages et tourisme culturel – au Brésil, en France et au Portugal" – sob organização de Claudia Poncioni, Maria Cristina Pais Simon (USN-P3) e Ida Alves (UFF). O colóquio na Universidade francesa foi o primeiro de uma série de três. O segundo, realizado no Brasil, com parceria entre a Universidade Federal Fluminense – UFF, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO e a Universidade Federal do Maranhão – UFMA, decorreu de 16 a 18 de outubro de 2013, em Niterói e Rio de Janeiro, com organização de Ida Alves (UFF), Carmem Negreiros (UERJ), Masé Lemos (UNIRIO) e Marcia Manir Feitosa (UFMA). O terceiro, fechando o ciclo de reflexões, ocorrerá em janeiro de 2015, na Universidade de Lisboa, sob coordenação de Maria Alexandre Lousada (UL), Vânia Chaves (UL), Claudia Poncioni (USN-P3) e Ida Alves (UFF)¹.

    Tem-se buscado, com essa série de colóquios, demonstrar, a partir das relações possíveis entre diferentes domínios do saber – como a Literatura, a Geografia, a História e o Turismo – a importância de abordagens interdisciplinares para maior compreensão de um tema comum: viagens e representações de paisagens. Mas, também, unir um tema muito presente hoje: o turismo cultural e, assim, contribuir para a reflexão sobre as origens, as manifestações e o impacto do desenvolvimento do turismo cultural no Brasil, em França e em Portugal, ou ainda noutros países de expressão portuguesa.

    Inventado na Europa há perto de dois séculos, o turismo é, atualmente, um fenómeno global que movimenta milhões de pessoas, orienta as políticas públicas, influencia as atividades de lazer e as sociabilidades, transforma os territórios e as percepções sobre os mesmos, modela as identidades coletivas. As suas origens remontam ao século XVIII e estão relacionadas com o nascimento da modernidade, em particular com uma nova relação com o corpo e a transformação das práticas de lazer e de consumo das elites.

    Mais tarde, as mobilidades introduzidas pelos novos transportes coletivos, a invenção das viagens organizadas, a conquista das férias pagas, democratizaram o turismo, difundindo-o social e espacialmente. As necessidades de ordem vária, exigidas pela prática turística – viagens, alojamento, alimentação, distrações, guias –, transformaram o turismo numa atividade económica que atualmente produz cerca de 10% da riqueza do mundo. Dentro desse contexto, o turismo cultural chegaria a representar de 8% a 20 % do mercado turístico.

    No entanto, a expressão turismo cultural representou, durante um longo período, um pleonasmo. O próprio termo turismo nasceu no século XIX, dentro de um contexto cultural, tendo a sua origem no termo tour. Assim, os aristocratas britânicos empreendiam o Grand Tour da Europa continental e visitavam os locais mais importantes das civilizações antigas, quer na Itália, quer na Grécia, para completar a educação e enriquecer as suas experiências. O turismo, pela própria origem do termo, está pois muito longe de ser contraditório com a cultura.

    O turismo pode, inclusive, ser uma formidável ferramenta para o desenvolvimento local, desde que a questão das populações e do meio ambiente sejam levadas em conta. É preciso saber considerar atentamente o património natural e o património cultural. Por isso, o programa europeu sobre o impacto do turismo cultural (PICTURE – Pro-active management of the impact of cultural tourism upon urban resources and economies) define o turismo cultural como

    uma forma de turismo centrado na cultura, no meio ambiente cultural (inclusive as paisagens de destino), nos valores e estilos de vida, património local, artes plásticas e artes cénicas, indústrias, tradições e recursos de lazer da comunidade de acolhimento. Pode também incluir a participação em eventos culturais, visitas de museus e de monumentos e o encontro com a população local. Não deve contudo ser considerado como uma atividade económica identificável mas sim como uma atividade que englobe todas as experiências vividas pelos visitantes de um destino turístico que se diferencie do seu universo de vida habitual. Devendo a estada ser de pelo menos uma noite e de menos de um ano […].

    Em França, em 2007, a pesquisa de opinião pública IPSOS/ Maison de la France² sobre a Análise do impacto turístico da França e seu posicionamento no estrangeiro ressalta o fato de que as viagens nas quais o fator cultural é preponderante fazem com que o principal polo de atração da França seja o seu património turístico.

    A experiência francesa nesse campo merece ser compartilhada com outras experiências, como a de Portugal, onde o setor turístico é essencial para a economia do país, ou ainda com a experiência brasileira. Lembremos que, no Brasil, os grandes eventos desportivos (Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016) devem permitir que o movimento turístico decorrente possa fidelizar os turistas que visitarem o país durante esses períodos. Apenas uma oferta de atividades turísticas criativas, nomeadamente ligadas ao turismo cultural, será suscetível de implementar um desenvolvimento turístico que persista após esses grandes acontecimentos desportivos.

    Já no plano académico, e dada a sua natureza interdisciplinar, o turismo tem sido estudado por diversas disciplinas, com particular destaque para a Sociologia, a Geografia e a Economia e, mais recentemente, a Antropologia e a História. As relações entre a Literatura e turismo são igualmente relevantes, levando em conta a relação íntima existente entre os modernos guias turísticos e os tradicionais relatos de viagem. Não foi por acaso que muitos escritores escreveram guias turísticos. Assim, na sua obra, La roue et le stylo, Catherine Bertho-Lavenir lembra que

    les guides touristiques partagent beaucoup de traits d’écriture avec les récits de voyage. Là où le récit de voyage racontait une expérience singulière avec assez de détails pour qu’elle puisse être répétée, le guide touristique offre les éléments d’un voyage virtuel, destiné à être construit avec les éléments proposés, à la fois unique et reproductible à l’infini.³

    Quanto ao interesse da História pelo turismo como objeto de estudo, este é relativamente recente. Teve início sobretudo a partir da década de 1990, quando o tema passou a merecer a atenção dos historiadores: estes começaram a demonstrar a importância da contribuição da História para o conhecimento e a compreensão do turismo. A constituição, em 2002, da International Commission for the History of Travel and Tourism (como secção da Comission for Historical Sciences), e o aparecimento de revistas de História do Turismo como, por exemplo, os Annali di Storia del Turismo (2002) e o Journal of Tourism History (2009) foram, simultaneamente, uma consequência da produção historiográfica nesta área multidisciplinar e um sinal do seu reconhecimento académico.

    Vê-se, portanto, como o turismo é uma área fortemente articuladora, unindo especialmente o tema da paisagem a abordagens da geografia, história, arquitetura, cultura e das artes, para só citar as áreas privilegiadas nos estudos que se seguem. Muitas trilhas se abrem a partir daí e, por isso, este livro buscou reunir diferentes pontos de vista, propor diversas questões e oferecer ao leitor interessado caminhos de análise e de reflexão. Para maior comodidade de leitura, as organizadoras estabeleceram três grandes reuniões temáticas: a primeira, Paisagem, viagens, literatura; a segunda, Paisagem, arte, literatura e a terceira, Paisagem, geografia, subjetividades. Como denominador comum a paisagem, grafias do olhar, percepções de mundo. Parabéns ao grupo de pesquisa Estudos de Paisagem nas Literaturas de Língua Portuguesa – UFF/ UFMA, de que fazem parte as organizadoras, por mais este trabalho partilhado e sua contribuição séria para a reflexão humanista em torno desses tema, porque cada vez mais a paisagem é considerada um construto cultural de subjetividades e identidades.

    Estudar a paisagem é pensar nossa maneira de estar no mundo, de compreendê-lo, mantendo memórias, estabelecendo laços e criando horizontes perceptivos e afetivos. Pluridisciplinar e pluricultural, indagar sobre a paisagem, na literatura, nas viagens e no turismo cultural, é provocar o diálogo e o intercâmbio de pesquisas e de experiências tanto em áreas geográficas determinadas, como entre diversas formas de dizer e fazer ver o mundo em que nos cabe viver.

    Paris, Lisboa, abril de 2014

    Claudia Poncioni

    Maria Cristina Simon

    Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3

    Maria Alexandre Lousada

    Universidade de Lisboa

    Parte I

    PAISAGEM, VIAGENS, LITERATURA


    1 É de assinalar a importância dos apoios recebidos para a realização dos dois primeiros colóquios já realizados. Por isso, vale registrar aqui o agradecimento à Fundação Calouste Gulbenkian – delegação de Paris; ao Instituto Camões; ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Brasil; à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, Brasil; ao Instituto de Letras da UFF, com seu Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura; à Faculdade de Turismo e Hotelaria – UFF; à Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação – PROPPI UFF; ao Instituto de Letras da UERJ e sua Pós-Graduação em Letras; à Escola de Letras e à Escola de Turismo da UNIRIO e a sua Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PROEXC; ao Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Linguagem, Cultura e Identidade – NEPLICI da Universidade Federal do Maranhão – UFMA e ainda ao Centre de Recherche sur les Pays Lusophones – CREPAL e o Conseil Scientifique da Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Por fim, adiantamos os agradecimentos à Universidade de Lisboa, que sediará o terceiro Colóquio em 2015.

    2 Ver http://www.franceguide.com/bd_doc/475_200704123051.pdf, consultado em 03 de abril de 2012.

    3 Catherine Bertho-Lavenir, La roue et le stylo. Comment nous sommes devenus touristes, Paris, Odile Jacob, 1999, p. 61. Os guias turísticos têm relações de escrita comuns com os relatos de viagem. Onde o relato de viagem relatava uma experiência singular com bastantes detalhes para que pudesse ser repetida o guia turístico oferece elementos para uma viagem virtual, destinada a ser construída com os elementos propostos, ao mesmo tempo única e podendo ser infinitamente repetida (Tradução nossa).

    Paisagem, viagens, literatura

    Ida Alves

    Os estudos de paisagem, nas últimas décadas, ganharam novo tratamento teórico-crítico em diferentes áreas de conhecimento, possibilitando fortemente a multidisciplinaridade e ampliando o debate para temas convergentes como ecologia, urbanismo, cultura contemporânea e estética, frente às demandas existenciais, sociais, econômicas e culturais da atualidade.

    Com a experiência cada vez mais próxima de ambientes naturais destruídos ou desfigurados, com sérias consequências para a vida cotidiana, a questão paisagística tornou-se um núcleo de discussão cada vez mais recorrente sobre a ação do homem no espaço natural, como se vê nos estudos fundamentais do geógrafo brasileiro Milton Santos e do francês Augustin Berque. Ainda que sejam diferentes abordagens com diferentes pressupostos, há um ponto comum nessa retomada: a paisagem é compreendida como um dado construído, envolvendo percepção, concepção e ação, vindo a constituir uma estrutura de sentidos, uma formulação cultural, como discutem em suas diferentes obras Alain Corbin, Simon Schama, Alain Roger, John Berger e Yi-Fu Tuan, entre mais nomes⁵ importantes nos estudos geográficos e filosóficos da paisagem. No âmbito da literatura, trata-se de discutir a percepção da paisagem como percepção sobre o estar no mundo e o estar na escrita, lugares de habitação e reflexão cultural, social e estética, a partir de experiências de sujeitos individuais ou coletivos, retomando-se a discussão sobre a subjetividade lírica e alteridade, referência e metáfora, sobre novas bases conceituais e a partir de diferentes experiências culturais contemporâneas, como defende, especialmente, o ensaísta e professor de literatura francesa Michel Collot, participante deste livro.

    É certo que a paisagem, como tema, foi fortemente trabalhada no Romantismo, constituindo-se como resultado do encontro entre sujeito e natureza, com implicações identitárias determinadas, hoje desconsideradas. Os estudos que historicizam a temática da paisagem na literatura mostram a sua forte presença ao longo dos séculos XIX e XX, como também indicam a crise que pôs em debate elementos relacionados: a perspectiva, a representação, a figuração da subjetividade. Após as vanguardas que teriam declarado de forma enfática a recusa da paisagem como figuração de mundo, a paisagem retorna como questão e fundamentalmente como estrutura significativa, e os diferentes artistas modernos e contemporâneos dela trataram (e tratam) com diversas estratégias e com a produção de diferentes efeitos os quais, seguindo abordagem teórico-crítica de Michel Collot, poderiam ser nomeados como transfigurações, desfigurações, abstrações e refigurações. Trata-se da problematização contínua da paisagem como um processo cultural, como efeito de um modo de ver, fixar ou deslocar identidades e confrontar subjetividades, na tensão contínua entre dentro e fora, ipseidade e alteridade, visível e invisível. Mas não apenas na narrativa. Também no tecido poético contemporâneo, a visualidade revela leituras críticas do mundo, da linguagem e do sujeito. Num tempo caleidoscópico como o nosso, em que predominam as noções de fragmentação, quebra, desordem, multiplicidade, os estudos de paisagem dão a ver a problematização da relação sujeito e mundo, revelando experiências de perda, deslocamento ou, por outro, reconhecimento de singularidades culturais num tempo de massificação e indiferenciação identitárias.

    Já com Paul Ricoeur, as noções de figuração, configuração e refiguração, defendidas em seu Tempo e narrativa, comprovaram a relevância do texto literário como lugar de interação entre escrita e leitura, entre referência e metáfora, entre obra e mundo. E é pensando em interação que cruzamos, na primeira parte deste livro, os estudos de paisagem com as experiências de viagem e a escrita literária. O texto literário foi sempre espaço a percorrer, constituindo, pelo imaginário, geografias diversas do mundo. Houve também escritores-geógrafos como Julien Gracq, por exemplo, e muitos outros autores/viajantes que, contando suas aventuras, abriram um horizonte de possibilidades de conhecimento. Seja na prosa, seja na poesia, a palavra permite que o olhar percorra o mundo e edifique paisagens diversas em que penetra o leitor, partilhando vivências espaciais e paisagísticas, imaginárias e reais, caminhos de descobertas e de emoções diversas.

    Nos estudos que se seguem, acompanhamos reflexões diversas e provocativas sobre a noção de paisagem, sobre relatos de viajantes de tempos diversos, constituindo-se pontes para pensar criticamente o turismo literário, a sociabilidade de lugares, a partilha de afetos poéticos e de experiências geográficas, tanto reais como ficcionais. São abordados aqui, portanto, tópicos fundamentais em torno das palavras-chave natureza, paisagem, cidade e cruzam-se territórios analíticos diferentes, constituindo-se, pela leitura também crítica e atenta, uma geografia de territórios que a palavra convoca e delimita.


    4 Professora associada de graduação e pós-graduação do Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói, RJ, desde 1993. Coordena o Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana – NEPA/ UFF (www.uff.br/nepa) e o Grupo de Pesquisa Estudos de Paisagem nas Literaturas de Língua Portuguesa (http://www.gtestudosdepaisagem.uff.br/). É pesquisadora-bolsista do Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq e coordena projeto de pesquisa internacional sobre estudos poéticos com apoio CAPES (Brasil) e FCT (Portugal). Contato: idalves@vm.uff.br.

    5 Ao leitor interessado, sugerimos a verificação de ampla bibliografia a respeito em nosso site: http://www.gtestudosdepaisagem.uff.br.

    Tendances actuelles de la géographie littéraire

    Michel Collot

    Je remercie les organisateurs de ce colloque et en particulier Ida Alves de m’avoir invité à ouvrir vos travaux; c’est un honneur pour moi et je suis très curieux d’en savoir plus grâce à vous tous sur l’état présent des recherches sur le paysage au Brésil. En échange j’essaierai de vous donner quelques éléments d’information et de réflexion sur une tendance actuelle de la recherche littéraire française, que j’ai découverte en travaillant moi-même sur le paysage.

    Depuis une vingtaine d’années, un nombre important de travaux y ont été consacrés à l’étude de l’inscription de la littérature dans l’espace et/ ou à la représentation des lieux dans les textes littéraires. Lorsque nous avons dépouillé il y a une dizaine d’années, dans le cadre d’un colloque, les sujets des thèses soutenues ou déposées en France depuis 1990 sur la littérature française ou francophone du XXe siècle, j’avais été frappé par le nombre important d’entre elles qui portaient sur ces questions⁸. J’avais alors émis l’hypothèse qu’on assistait à l’émergence d’une géographie littéraire qui viendrait compléter ou concurrencer l’histoire littéraire qui reste largement dominante dans l’université française.

    Cette approche n’est pas entièrement nouvelle: l’histoire littéraire elle-même a toujours comporté une dimension géographique, qui est incontournable en littérature comparée.

    En France, le terme même de géographie littéraire est apparu au début du XXe siècle, en rapport avec la mode du provincialisme littéraire: il désignait une démarche centrée sur l’étude des liens unissant les œuvres au(x) terroir(s) et aux territoire(s) où elles étaient produites ou qui les avait inspirées⁹.

    Une des rares tentatives pour systématiser cette démarche et lui donner une méthode, fondée notamment sur l’usage de cartes, a été celle d’André Ferré, auteur d’une thèse sur la Géographie de Marcel Proust et d’un ouvrage de synthèse intitulé précisément Géographie littéraire paru en 1947 mais resté sans lendemain¹⁰.

    Elle a été depuis longtemps délaissée en France par une critique et une théorie littéraires qui privilégiaient une approche immanente des textes et qui, sous l’influence du linguistic turn, négligeait leur dimension référentielle. Ces questions sont revenues sur le devant de la scène critique depuis les années 1980.

    Il m’a semblé intéressant de vous présenter quelques hypothèses sur les raisons de ce regain d’intérêt croissant pour l’inscription des faits littéraires dans l’espace et pour l’inscription de l’espace dans les œuvres littéraires qui s’accompagne aujourd’hui d’un renouvellement des théories et des méthodes dont je voudrais dégager les principales orientations. Je ne pourrai qu’évoquer rapidement certains ouvrages que vous trouverez réunis dans une bibliographie à laquelle je vous renverrai.

    Contexte

    Je voudrais d’abord esquisser rapidement le contexte intellectuel et littéraire dans lequel se situe ce renouveau de la géographie littéraire.

    Depuis quelque temps on assiste à une réévaluation de la dimension spatiale dans les Sciences de l’Homme et de la Société, en philosophie, mais aussi dans la littérature et les arts. Certains ont pu même sutenir que la postmodernité se caractérisait par un renversement de la hiérarchie entre espace et temps (Foucault).

    Ce qui est sûr c’est que les Sciences de l’Homme et de la Société se montrent depuis au moins un demi siècle de plus en plus attentives à l’inscription des faits humains et sociaux dans l’espace. On a pu parler à ce propos d’un tournant spatial ou d’un tournant géographique. Selon Marcel Gauchet, Nous assistons à un tournant géographique diffus des sciences sociales. Entendons non pas un tournant inspiré du dehors par la géographie existante, mais un tournant né du dedans, sous l’effet de la prise en compte croissante de la dimension spatiale des phénomènes sociaux¹¹.

    Cette évolution concerne au premier chef l’Histoire elle-même, qui tend à se spatialiser au moins depuis que l’École des Annales a proposé d’élargir l’échelle de l’enquête historique à de longues périodes et à de vastes aires géographiques. Fernand Braudel en est ainsi venu à proposer le terme de géohistoire pour baptiser l’étude des relations qu’une société entretient avec son environnement spatial dans la longue durée¹².

    Réciproquement la nouvelle histoire resitue les paysages dans l’évolution des mentalités collectives, comme le fait exemplairement Alain Corbin lorsqu’il nous raconte la naissance du désir de rivage au XVIIIe siècle¹³.

    De son côté, la géographie intègre de plus en plus la dimension historique, en devenant géographie humaine, économique, sociale et culturelle, plus que géographie physique.

    À la faveur du perfectionnement des moyens techniques, mathématiques et informatiques mis à sa disposition, la géographie moderne avait tendance à privilégier une analyse objective et abstraite de l’espace; en réaction contre cette évolution, s’est développée depuis les années 1970 un courant en faveur d’une géographie humaniste, attentive à la dimension humaine et sensible de l’espace vécu.

    Cette géographie s’intéresse moins à l’espace qu’à la spatialité, qu’ à la manière dont l’espace est vécu, perçu, habité, représenté voire imaginé.

    C’est pourquoi plusieurs représentants de la géographie humaniste se sont intéressés de près à la littérature, où ils trouvent la meilleure expression de la relation concrète, affective et symbolique qui unit l’homme aux lieux. En témoigne par exemple l’ouvrage collectif consacré par des géographes à La littérature dans tous ses espaces¹⁴ et la thèse de Marc Brosseau, pour qui les romans contemporains ne fournissent pas seulement à la géographie des documents précieux, ils sont eux-mêmes, à leur manière, géographes¹⁵.

    Cet intérêt des sciences humaines et sociales pour l’espace trouve un écho dans la philosophie contemporaine, qui remet en cause la distinction cartésienne entre la chose pensante et la chose étendue non seulement dans la tradition phénoménologique, qui redéfinit la conscience comme être au monde¹⁶ mais chez des penseurs d’orientations très diverses comme Michel Foucault¹⁷, Gilles Deleuze¹⁸ et Jean-Luc Nancy¹⁹, qui ont chacun à leur manière insisté sur le lien qui unit la pensée à l’espace. C’est dans le cadre de cette mutation épistémologique générale qu’il faut situer l’intérêt croissant qui se fait jour pour l’étude des relations entre littérature et spatialité.

    J’en citerai simplement pour commencer quelques manifestations ou symptômes, qui ont retenu mon attention ces dernières années. Outre la multiplication des thèses, déjà évoquée, de nombreux colloques ont été consacrés à cette question, notamment L’inspiration géographique (Angers, 2003)²⁰ et Balzac géographe (Tours, 2004), qui ont donné lieu à deux publications²¹. Dans leur présentation de l’ouvrage consacré à Balzac, Philippe Dufour et Nicole Mozet écrivaient : Dans le roman balzacien […] le geste narratif commence le plus souvent par la délimitation et l’appropriation d’un espace. […] Le présent volume met bien en évidence l’importance de la spatialisation dans la pensée et l’écriture balzaciennes²².

    Plusieurs formations de recherche s’attachent à l’étude de l’espace en littérature: citons, entre autres, les centres de recherche sur la littérature de voyage (CRLV, Paris 4 et Clermont), et sur les nouveaux espaces littéraires (Paris 13), l’équipe d’accueil Espaces humains et interactions culturelles (Limoges), et le programme que je dirige à Paris 3 avec Julien Knebusch Vers une géographie littéraire²³.

    De nombreux ouvrages et numéros de revue ont accordé une attention particulière au paysage littéraire²⁴: je ne saurai tous les citer et beaucoup d’entre vous les connaissent.

    L’attention privilégiée prêtée à un genre comme le récit de voyage et à un thème comme celui du paysage implique une réévaluation des rapports entre littérature et géographie.

    On assiste à une convergence remarquable entre les deux disciplines, les géographes s’intéressant de plus en plus à la littérature et les littéraires se montrant de leur côté de plus en plus attentifs à l’espace où se déploie l’écriture²⁵. Il n’en reste pas moins nécessaire de bien marquer la spécificité littéraire des œuvres et de leur approche, si l’on ne veut pas transformer la géographie littéraire en une simple annexe de la géographie culturelle.

    C’est pour marquer cette spécificité qu’ont été inventés les termes de géocritique et de géopoétique, qui correspondent à des conceptions et à des pratiques sur lesquelles je reviendrai plus tard.

    Je rappelle que le terme de géopoétique a été inventé en français par deux poètes pour souligner que, comme toujours, la critique littéraire ne fait que répondre à un certain état de la pratique littéraire elle-même qui fait aujourd’hui une large place à l’espace et à l’inspiration géographique.

    Cela NE concerne pas seulement la littérature de voyage, qui a désormais son festival annuel (organisé depuis 1991 à Saint Malo par Michel Le Bris) mais l’ensemble des genres littéraires, dont les frontières sont brouillées par cette spatialisation. On peut mettre en rapport la promotion d’une thématique spatiale ou d’une inspiration géographique avec l’évolution des genres et des formes littéraires à l’époque moderne et contemporaine.

    Je prendrai simplement deux exemples. Dans le domaine de la poésie, on assiste depuis Mallarmé, à une spatialisation du texte qui, sortant du cadre imposé par le versification régulière, explore l’espace de la page dans tous les sens et dans toutes ses dimensions. Induisant un nouveau type de lecture, qui ne suit plus nécessairement le cours linéaire de la phrase ou du vers, mais permet des rapprochements entre des termes typographiquement et syntaxiquement distants, le lecteur perçoit les mots indépendamment de la suite ordinaire, projetés en paroi de grotte.

    Cette conquête de l’espace typographique est inséparable d’une ouverture à l’espace du monde: c’était déjà le cas chez Mallarmé, qui a voulu, selon Valéry, porter une page à la hauteur du ciel étoilé dans son célèbre Coup de dés dont les derniers mots inscrits en capitales sont Rien n’aura eu lieu que le lieu/ Excepté peut-être une constellation mais c’est encore plus évident chez les futuristes et dans certains calligrammes d’Apollinaire comme le fameux Lettre Océan, où le déploiement des lignes sur la page répond au développement des communications intercontinentales.

    Cette spatialisation du discours poétique aboutit à la création d’une forme nouvelle qui n’est ni prose ni vers mais ce que certains appellent une écriture du dispositif et que je préfère appeler écriture dans l’espace ou écriture espacée. Par ailleurs, on constate l’importance croissante de la thématique spatiale dans la poésie moderne et contemporaine. Notamment la place prise par le thème du paysage, qu’on peut mettre en rapport avec l’évolution de la poésie lyrique depuis le romantisme: je renvoie à l’ouvrage²⁶ que j’ai consacré à cette question ou par la question du lieu, qui traverse tout un courant de la poésie contemporaine qui a fait sienne la célèbre formule de Hölderlin, commentée par Heidegger: habiter en poète²⁷.

    Cette spatialisation de la poésie concourt à son divorce avec le récit, analysé par D. Combe. Or cette crise du récit se retrouve aussi dans la prose, et la promotion d’une thématique spatiale y joue également un rôle important. C’est le cas notamment dans l’émergence de ce que Jean-Yves Tadié a appelé le récit poétique²⁸, qui rompt avec le schéma linéaire de la narration, et parfois avec la narration elle-même pour accorder une place importante et parfois dominante à la description et où les personnages tendent à perdre leur autonomie au profit d’une présence envahissante du paysage, devenu acteur et non plus simple décor.

    Un des cas les plus célèbres et les plus emblématiques est celui de Julien Gracq, écrivain-géographe dans les romans duquel l’expansion de la description ne cesse de retarder voire d’enliser le récit et aboutira à le tuer.

    Après quatre romans, Gracq à partir des années 1970 ne publiera plus que des nouvelles dont le récit tourne court, réunies sous le titre La Presqu’île et des recueils de fragments dans lesquels l’inspiration géographique occupe une place prédominante notamment: Les Eaux étroites, La Forme d’une ville, Cahiers du grand chemin²⁹.

    Une évolution comparable peut être constatée chez d’autres romanciers contemporains. En particulier chez Butor qui abandonne le roman à peu près au même moment que Gracq, au profit d’ouvrages qui explorent de plus en plus largement l’espace de la planète et celui de la page et du livre, placés sous le signe du Génie du Lieu³⁰ (PWPT 5 Boomerang, p. 140-141).

    Ou plus récemment chez Pierre Bergounioux qui après quelques romans-romans n’écrit plus guère que des évocations des lieux de son enfance, qui construisent une sorte d’auto-bio-géographie³¹.

    Les récits de ces auteurs sont assez divers mais beaucoup d’entre eux pourraient être qualifiés de récits d’espace, pour reprendre l’expression de Michel de Certeau. C’est notamment le cas pour ceux que Georges Perec projetait de réunir sous le titre: Lieux. Voir Espèces d’espaces³².

    Dans certains d’entre eux, la trame narrative se réduit à un parcours de l’espace: Paysage fer de François Bon³³ évoque les paysages que l’auteur découvrait au cours du trajet hebdomadaire qu’il effectuait en chemin de fer pour se rendre en Lorraine, marquée par la crise de la sidérurgie.

    C’est vrai même d’œuvres qui se présentent encore comme des romans, par exemple ceux de Le Clézio, dont Le Livre des fuites est, selon son auteur, une tentative pour découvrir l’espace³⁴.

    Ou ceux de Jean Echenoz, qui dit essayer de faire des romans géographiques³⁵.

    Il semble que l’espace ait ainsi profité de la crise du récit et de la psychologie initiée par Le Nouveau roman pour occuper une place croissante dans la fiction contemporaine.³⁶

    Cette évolution des pratiques et des formes a favorisé la recherche d’une meilleure intégration de la dimension spatiale dans les études littéraires.

    Je voudrais maintenant vous présenter les principales tendances qui animent aujourd’hui cette recherche et que je propose de regrouper sous le terme de géographie littéraire.

    Cette expression recouvre des orientations diverses, qu’il importe de distinguer pour dissiper une certaine confusion suscitée par leur multiplication et leur diversification, tout en essayant de les articuler:

    – des approches de type géographique, qui étudient le contexte spatial dans lequel sont produites les œuvres (la géographie de la littérature) ou qui repèrent les référents géographiques auxquels elles renvoient (la géographie dans la littérature);

    – des approches de type géocritique, qui analysent les représentations et les significations de l’espace dans les textes eux-mêmes;

    – des approches de type géopoétique, qui se concentrent sur les rapports entre la création littéraire et l’espace mais aussi sur la façon dont ils sont mis en forme dans les textes.

    À ces trois niveaux d’analyse, qui recoupent les trois faces du signe linguistique (référent, signifié, signifiant), correspondent trois dimensions différentes de l’espace littéraire:

    – ses attaches avec des lieux réels;

    – la construction d’un univers imaginaire ou d’un paysage;

    – la spatialité propre au texte.

    Je présenterai successivement ces trois orientations, en me limitant à quelques exemples représentatifs mais en insistant sur les diverses voies que chacune d’elle ouvre à la recherche, sans m’interdire d’en montrer parfois les limites.

    Approches géographiques

    Un exemple récent et marquant du renouveau de l’approche géographique des faits et des textes littéraires a été l’Atlas du roman européen (1800-1900) de Franco Moretti, d’abord paru en italien (1994) puis traduit très vite en anglais et en français (2000)³⁷. L’introduction de l’ouvrage est un véritable manifeste en faveur d’une géographie de la littérature:

    la géographie est un aspect essentiel du développement et de l’invention littéraires; c’est une force active, concrète, qui imprime sa marque sur les textes, sur les intrigues, sur les systèmes d’attente. Mettre en rapport la géographie et la littérature (autrement dit dresser une carte géographique de la littérature […]) signifie donc révéler des aspects du champ littéraire qui nous étaient restés jusqu’à présent cachês (p. 9).

    Mais cette géographie de la littérature peut désigner deux choses très différentes: l’étude de l’espace dans la littérature et celle de la littérature dans l’espace" (id.).

    Moretti souligne leurs différences: "Dans le premier cas, l’objet est dans une large mesure imaginaire: c’est Paris dans La Comédie humaine", par ex. "Dans le second, c’est un espace historique réel: les bibliothèques de la province victorienne ou la diffusion européenne de Don Quichotte" par ex.

    Il consacre deux parties distinctes à ces deux objets différents: la 1ère partie (chapitres 1 et 2) a pour objet la représentation des lieux dans le roman européen du XIXe. siècle; la seconde (chapitre 3), l’étude des lieux de diffusion, de traduction et de réception des grands romans européens dans la même période.

    Malgré leurs différences, toutes deux montrent que la littérature est liée au lieu (p.11) et bien que portant sur des objets distincts, elles reposent sur la même méthode: l’emploi systématique des cartes géographiques (p. 9-10).

    Le recours à cet instrument analytique suppose une adéquation entre la géographie de la littérature et celle du monde réel. Cela ne pose pas de problème lorsqu’il s’agit de reporter sur une carte les lieux d’édition, de traduction ou de lecture des grands romans européens du XIXe siècle, comme le fait Moretti dans le troisième chapitre de son ouvrage. Cette géographie de la littérature touche d’ailleurs à l’histoire du livre, de la traduction et de l’édition et s’appuie sur une enquête statistique. Son corpus est composé de livres, qu’il n’est à la limite pas nécessaire de lire ou de relire, et non de textes. C’est pourquoi je ne m’y attarderai pas.

    En revanche, dès lors qu’on s’intéresse non plus à la répartition géographique des faits littéraires mais aux représentations de l’espace dans la fiction romanesque, peut-on appliquer strictement la même méthode? La cartographie peut-elle suffire à rendre compte d’une géographie qui comporte toujours, comme le reconnaît Moretti, une dimension imaginaire?

    Dans les deux premiers chapitres de son Atlas du roman européen, Moretti propose une série d’analyses et d’hypothèses sur les rapports entre les représentations littéraires de l’espace et leur contexte à la fois géographique et historique: par exemple l’urbanisation en France et notamment à Paris. Son corpus, constitué majoritairement de romans réalistes et naturalistes, le conduit à prêter une attention privilégiée à la sociologie de l’espace urbain.

    Il s’appuie par exemple sur la répartition spatiale des groupes sociaux dans Paris à l’époque de Balzac, pour montrer comment l’écrivain s’en sert comme d’un puissant ressort romanesque. La polarisation entre la rive gauche pauvre, où échouent les héros balzaciens fraîchement arrivés de province et les riches quartiers de l’Ouest et du Nord-ouest de Paris sur lesquels ils projettent leurs rêves de réussite est l’axe majeur de la tension narrative dans les romans parisiens de la Comédie humaine. Cette structuration à la fois spatiale et sociale de la capitale est une véritable matrice des récits balzaciens, illustrant l’influence que le cadre géographique peut exercer sur la diégèse:

    Des espaces différents produisent des histoires différentes […]. Sans un certain type d’espace, un certain type d’histoire devient tout bonnement impossible. Sans le Quartier Latin et la tension qui existe entre ce quartier et la ville de Paris, nous n’aurions pas le miracle du roman de formation français, ni cette idée de la jeunesse — affamée, rêveuse, ambitieuse — qu’il a inventée pour la culture moderne (ARE 113).

    Il est donc possible de rendre visible sur des plans du Paris de l’époque la circulation des personnages balzaciens entre divers lieux qui correspondent à autant de milieux sociaux et à autant d’étapes dans leur tentative d’ascension sociale³⁸. Moretti peut ainsi reporter sur une carte l’étonnante trajectoire qui permet à Lucien de Rubempré de passer en un seul jour d’une zone urbaine et d’une condition à une autre: il se réveille encore au Quartier Latin; mais il en sort de bon matin pour ne plus y revenir. En quelques heures, il retraverse tous les espaces sociaux qui l’avaient repoussé, en y faisant étalage de son succès récent (ARE 105, fig. 43, p. 104).

    Cette³⁹ mobilité spatiale et sociale du héros balzacien contraste avec la fatalité qui condamne le plus souvent les personnages du roman naturaliste à rester confinés dans un quartier dont ils ne franchissent les limites que momentanément et dans des circonstances exceptionnelles. Une autre carte fait apparaître la remarquable concentration géographique de l’intrigue dans cinq romans parisiens de Zola (fig. 42, ARE 103):

    La valeur démonstrative⁴⁰ et la fonction heuristique des cartes qui illustrent les analyses de Moretti est certaine, mais leur pertinence tient pour une part à la nature du corpus étudié: le roman réaliste et naturaliste, qui ancre ses fictions dans un cadre géographique très précisément référentiel.

    Mais elles laissent fatalement échapper certains aspects de la spatialité qui s’y déploie et qui ne peut être totalement objectivée et localisée sur un plan de Paris. La carte ne saurait faire place au point de vue d’un personnage; si ses déplacements peuvent y être reportés, il n’en va pas de même pour sa perception de l’espace qu’il parcourt, habite ou contemple.

    Comment cartographier par exemple une description, qui, même en régime réaliste, métamorphose les lieux décrits? Moretti remarque très judicieusement le rôle joué par la rêverie et le désir dans le rapport des personnages de son corpus à la géographie urbaine; il repère sur un plan les lieux où elle s’exerce de préférence, par exemple le Pont-Neuf d’où Frédéric Moreau contemple Paris. À partir de ce point de repère une flèche intègre à la carte un encadré où est reproduit un extrait de L’Éducation sentimentale (fig. 46c, ARE 111):

    On⁴¹ ne peut qu’être frappé par l’écart entre l’information offerte par la carte et la richesse du texte qui s’y trouve inséré. Malgré les symboles adoptés pour localiser les objets de désir et les rêveries du personnage, aucun artifice cartographique ne peut montrer le paysage urbain qu’évoque ici Flaubert, pour la bonne raison qu’il n’est pas seulement regardé par son personnage, mais respiré, écouté, ressenti. Ce n’est pas un espace objectif mais un espace subjectif, à la fois perçu, vécu et imaginé.

    Sans même évoquer le cas des géographies purement imaginaires, toute une part de la représentation littéraire des lieux les transforme en une image, c’est à dire en un paysage, dont l’analyse appelle d’autres instruments que ceux d’une géographie objective.

    Les progrès récents des techniques de cartographie, tels qu’ils sont mis en œuvre par exemple dans le vaste projet d’un Atlas littéraire de l’Europe⁴² en cours de construction, ne me semblent pas permettre de réduire l’écart entre la carte et l’image que la littérature propose du territoire.

    Je me borne ici à vous renvoyer à la présentation du projet sur internet à l’adresse http://www.literaturatlas.eu/en (versions anglaise): et à vous montrer une carte produite dans ce cadre PWPT.

    La carte peut être utile pour visualiser une géographie de la littérature (ses lieux de production ou de réception) ou les référents géographiques d’un texte littéraire, mais elle ne permet pas de rendre compte de la façon dont il les représente et leur donne forme et sens.

    Elle objective et rationalise un espace irréductiblement subjectif. Elle le réduit au visible, alors qu’il est aussi perçu par d’autres sens, ressenti et imaginé. Elle en fournit une vision aérienne et panoramique, alors qu’il est construit à partir d’un point de vue nécessairement partiel. Elle reconstitue une étendue continue et homogène à partir d’indications le plus souvent fragmentaires, dispersées et lacunaires qui laissent au lecteur la liberté de les compléter et de les combiner à sa manière. En somme, elle prive l’espace littéraire de son horizon.

    Il n’en est pas de même bien sûr quand elle est intégrée au travail de l’écrivain et à l’œuvre littéraire elle-même, où elle peut revêtir de multiples fonctions: elle peut aussi bien servir à attester l’ancrage de la fiction dans une géographie réelle ou à rendre vraisemblable une géographie inventée de toutes pièces. Une telle carte peut être une source d’inspiration pour l’écrivain et stimuler l’imagination du lecteur.

    Il existe un imaginaire cartographique qui, au lieu de réduire l’espace littéraire à ses coordonnées géographiques, ouvre en lui des horizons indéfinis. C’est par cet appel à l’imagination qu’elle peut devenir aussi pour le lecteur une voie d’accès à l’univers de la fiction⁴³. Celui-ci ne peut résider que dans les blancs de la carte savante: c’est ce que suggère la célèbre carte de l’Océan que Lewis Caroll a placée en frontispice de La Chasse au snark, dont les coordonnées géographiques encadrent une étendue vierge offerte à toutes les rêveries.

    Une géographie véritablement littéraire ne peut que mettre en crise la cartographie savante. Celle-ci ne saurait en rendre compte, surtout si elle est générée automatiquement à partir d’une base de données textuelles. Pour y parvenir, il faut retourner au texte, et le lire de près pour découvrir son paysage, qu’on ne peut trouver ni figurer sur aucune carte. Et cela, c’est la tâche d’une approche géocritique.

    Approches géocritiques

    Même dans ses renouvellements récents, une géographie de la littérature reste par trop inféodée au référent. Pour tenir compte de l’écart entre la géographie réelle et la géographie littéraire, qui est toujours plus ou moins imaginaire, elle doit se faire critique, et se donner d’autres instruments que la carte, comme nous y invite un écrivain qui était aussi géographe, Julien Gracq: il n’existe nulle coïncidence entre le plan d’une ville dont nous consultons le dépliant et l’image mentale qui surgit en nous, à l’appel de son nom, du sédiment posé dans la mémoire par nos vagabondages quotidiens⁴⁴.

    La littérature est géo-critique en un double sens: elle met en crise la vision du monde et les instruments de la géographie savante; et elle appelle un acte critique. Michel Butor avait déjà eu l’idée d’une critique en quelque sorte littéraire de la géographie⁴⁵. Il s’agit moins d’étudier les référents dont s’inspire le texte littéraire que les images et les significations qu’il produit. Cette géocritique peut emprunter de multiples voies: j’insisterai naturellement sur celle qui a été frayée par l’inventeur du mot, Bertrand Westphal, mais il n’est pas exclu pas selon moi qu’une approche géocritique puisse en emprunter d’autres.

    La géocritique est née et s’est développée depuis

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1