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O Caso Édipo
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E-book168 páginas2 horas

O Caso Édipo

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Sobre este e-book

Quando uma mortal condenada ao Hades desafia o Deus da Morte, tudo pode acontecer. Ela é Antígona, a filha de Édipo, e pretende obter Justiça para seu pai, condenado ao Tártaro. A partir daí, o autor, Luiz Antonio Aguiar, faz uma sensacional mistura de Literatura Clássica com Pop e transforma a Trilogia Tebana de Sófocles em um emocionante thriller policial.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de dez. de 2020
ISBN9786599117459
O Caso Édipo
Autor

Luiz Antonio Aguiar

Luiz Antonio Aguiar é um escritor carioca com mais de 170 títulos publicados - e premiados - no Brasil e no exterior. Mestre em Literatura, tem como áreas principais de interesse e estudo a Mitologia Grega e a Literatura Gótica.

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    Pré-visualização do livro

    O Caso Édipo - Luiz Antonio Aguiar

    © 2020 by Luiz Antonio Aguiar

    Projeto gráfico e capa

     Traço Design

    Revisão

     Olga de Mello

    Conversão Digital

     Books2be

    Coordenação editorial

     Rosa Amanda Strausz

    DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

    (Benitez Catalogação Assessoria Editorial)

    A23c        Aguiar, Luiz Antonio

    1.ed        O caso Édipo / Luiz Antonio Aguiar – 1.ed. – Rio de Janeiro:

              Ventania Editorial, 2020.

            152 p.; il.; 16 x 23 cm.

    EPUB

    ISBN: 978-65-991174-5-9

    1. Literatura brasileira. 2. Romance. 3. Mitologia grega.

    I. Título. CDD 869.93

    8-2020/31                CDU 811.134.3(81)

    Índice para catálogo sistemático:

    1. Literatura brasileira: romance

    Para os meus que se foram, onde quer que estejam

    SUMÁRIO DO CASO

    Crime e escândalo!

    Um reino próspero, um rei e uma rainha amados pelo povo, vivendo felizes, orgulhosos de seus dois filhos – ambos aptos a se tornarem herdeiros do trono – e de suas lindas filhas. A mais velha, Antígona, inteligente, extremamente devotada à família, e dotada de uma rara combinação de meiguice e personalidade forte: uma princesa.

    E tudo desabou de repente, transformando-se numa trama de assassinato e amor proibido. Uma tragédia.

    Todos conhecem a história de Édipo, o rei de Tebas. Sabem que ele matou seu pai, Laio, a quem sucedeu no trono, e que, a seguir, se casou com sua mãe, Jocasta, com quem teve filhos e filhas. Patricídio e incesto – dois crimes, duas blasfêmias, que insultam os deuses. Nenhum dos envolvidos foi poupado.

    O que até aqui não foi revelado é que esta história não acaba aí. Que prosseguiu, da maneira mais inesperada. Antígona, morta e já tragada pelo Hades, ousou proclamar a inocência do seu pai, contra todas as evidências, e reivindicou a reabertura do caso.

    A jovem tornara-se um espectro, vagando no Reino dos Mortos. Ali, impera um Juiz Superior e Supremo – o deus Hades, o Senhor da Desolação. Mas é a ele que Antígona precisa encaminhar sua apelação. E o mais malicioso dos magistrados não faz sequer questão de parecer imparcial.

    Para começar, usando sua prerrogativa como deus, não aceita que a jovem, quase adolescente, uma mortal amaldiçoada por crimes contra os deuses e contra o Estado, lhe dirija a palavra. Antígona tem, portanto, de recorrer a um outro deus – um deus rejeitado no próprio Olimpo – para advogar sua causa.

    Uma causa perdida.

    Um julgamento que ninguém neste nosso mundo jamais soube que aconteceu, e no qual tudo – do promotor da acusação às testemunhas – é espantoso.

    Um caso que, para todos, já fora encerrado.

    Um mistério oculto nos bastidores da trama. Uma investigação, desvendando segredos intocáveis. Implicando, ainda por cima, os deuses do Olimpo, sempre zelosos de seus privilégios e caprichos.

    Para Hades, os espectros que baixam ao seu reino, também chamado de Hades, a ele pertencem e permanecerão seus servos por toda a eternidade. E o Hades é mais do que o terror. É onde nasceu o que imaginamos como terror.

    Lá existe, entretanto, um poço de suplícios, o pior de seus ermos. O Tártaro. Onde se punem os crimes que ofendem particularmente os deuses. É onde Édipo foi lançado. Por defendê-lo, Antígona corre o risco de receber a mesma sentença.

    Que se abram as cortinas, então, para que possamos tomar parte no drama que nunca, até aqui, foi encenado.

    Estamos no Hades, agora.

    Tem início o Caso Édipo.

    São estes, entre todos, os maiores mistérios...

    E palavras jamais devem reerguê-los das profundezas onde serão sepultados.

    Édipo

    A PETIÇÃO

    – Não, não, não! O que vocês estão querendo inventar? – esbravejou o Deus Sombrio, fazendo estremecer seu trono de ossadas. Mas, logo, se recompôs.

    Não haveria muitos mortais, e nem mesmo divindades, dispostos a descer ao Solar da Morte e se aproximar daquele trono, ainda mais sabendo que excitariam o prazer por castigos torturosos de seu medonho senhor. E ali estava a jovem, inteiramente coberta pelo manto e o capuz esfarrapados que lhe serviram de mortalha, uma figura frágil, já começando a se diluir em fumaça cinzenta, como aconteceria com todo corpo espectral. Mas, que, no entanto, permanecia ereta, sem se intimidar.

    Não sem esforço. Um supremo esforço. Afinal, até pouco tempo, costumava adormecer em seu leito embalada pelas histórias que lhe contava a mãe, aquela da qual, agora, não se podia mencionar o nome em nenhuma praça da Grécia. Eram fábulas, em que os deuses se disfarçavam em seres humanos para virem atormentar – ou mesmo destroçar – suas frágeis vidas. Quando um deus se metamorfoseia na forma de um mortal, para nós, a visita raramente é benfazeja, dizia a rainha, e essa era sempre a moral da história.

    Arrancada, agora, da vida, a bruma do esquecimento, que infecta todo espírito que baixa ao Hades, já ameaçava roubar sua mente. No entanto, lembranças como essa, da voz da mãe ressoando no portal de entrada em seus sonhos, a jovem estava resolvida a manter, por insensata que fosse, sua decisão.

    Dioniso, naquele momento, admirou mais ainda a sua coragem... Ela é tão nova, ainda, não saiu da adolescência. Como consegue impor-se tanto... e numa situação dessas?...

    E não fora outra a razão de ter aceitado se encontrar, pela segunda vez em sua existência, com Hades, mandatário absoluto do Reino dos Mortos, e falar por Antígona.

    Hades prosseguiu:

    – Nada mais inútil do que aquilo que vocês reivindicam. Para que investigar um crime que todos já sabem como e por quem foi cometido? Ninguém desconhece quem matou e quem foi morto. Édipo assassinou seu pai, Laio, e dormiu com a esposa dele, Jocasta, sua mãe, com quem teve quatro filhos. Entre eles, essa jovem, a princesa Antígona, que você representa, Dioniso. O duplamente blasfemo e criminoso foi sentenciado (por si mesmo, aliás), assumiu a culpa, foi condenado, punido, fez-se cego (também por suas próprias mãos)... E acima de tudo: está morto! Tornou-se um espectro, sombra indigna do rei que foi em vida. Agora, habita (e habitará para sempre) aquele que é, entre os meus domínios, meu maior capricho, o submundo dos subterrâneos, o Tártaro.

    Hades fez uma pausa, deixando o nome Tártaro ecoar. Satisfeito, então, com o efeito que acreditava ter causado no íntimo daqueles dois que ousavam desafiá-lo, seguiu adiante:

    – Sim, o Tártaro...! Para que então, vem você me perturbar, mulher amaldiçoada e filha da maldição, se você também não passa agora de um vulto? Se foi arrancada da vida, e sua atual morada... (se é que um rastro descorado e vaporoso, privado de tudo o que teve, no mundo solar, pode morar em qualquer lugar que seja)... é a negação de seu tempo vivente? Quem pensa você que é, filha de Édipo e Jocasta... Filha de Édipo e Jocasta!... Condenada por seu rei e por seu povo... Pária, sem cidade nem nome que possa pronunciar em público... Criminosa, como criminoso foi seu pai, sua mãe e todos os que carregam seu sangue. Quem você pensa que é, então, para vir incomodar, com seus banais queixumes (já que não haveria um só espectro desterrado no submundo que não teria súplicas iguais às suas), o senhor da imutável, inclemente, da única e irrecorrível eternidade?... Eu sou Hades! Meu reino tem meu nome também. Aqui, mando eu, e não desejo escutá-la, filha, eu repito, de Édipo e Jocasta, principalmente para apelar sobre um crime que já está resolvido. Sobre um criminoso para quem ninguém mais (nem ele próprio) reivindica o perdão. E cujo espírito (entenda isso, aceite!, como seu pai já o aceitou) agora é meu! Por que Édipo não está aqui, falando em sua própria defesa? Por que se apresenta a mim sua filha, quase uma menina ainda, para tamanho despropósito? Porque conhece sua culpa. Porque seus crimes levaram à aniquilação de sua família, e ele é o responsável por isso. E não importa quem traga você, Antígona, a minha presença. Não me importa o patrono de seu pleito. Não me importa quem a defenda e quem esteja ao seu lado. Édipo permanecerá no Tártaro (onde, aliás, implorou, ele próprio, para ser atirado)! Você permanecerá vagando na escuridão! Aqui, cruzará com sua mãe, sua irmã, seus irmãos e aquele que foi seu amado noivo, Hemon, sem reconhecê-los, porque toda a lembrança do que foi sua existência, do tempo em que ainda poderia ter alguma esperança de ser feliz, será apagada tão logo termine esta audiência. E a Humanidade permanecerá execrando a seu pai e a sua família, como criminosos que são. Cabe a Hades e a nenhum outro determinar o que pertence a Hades.

    – Não é bem assim que são as coisas, meu tio! – replicou o jovem deus que acompanhava Antígona. – Não tente nos impressionar com tantas e tão pesadas palavras. Sou filho de Zeus. E trago aqui minha descendente, que deve ser ouvida.

    – E, por acaso, Dioniso, meu caro, algo nessa trama toda, envolvendo Édipo e sua família, se deu contra a vontade de Zeus? – gargalhou Hades. – Você me chama de tio? Talvez eu seja, porque meu irmão é seu pai. Mas, é também o pai de muitos, a quem ele não criou, nem muito menos amou.

    – Sim, mas, graças a essa filiação que o senhor menospreza, resgatei minha mãe do seu reino, meu tio. A ela, também, o senhor havia declarado perdida.

    – Eu me lembro bem disso! – murmurou Hades. Exalou-se dele, então, um cheiro terrível, rescendendo a podridão e sofrimento. O solo sacudiu-se intensamente, rachando-se, e das fendas jorrou fumaça fervente.

    Nem por isso a jovem desviou o olhar, guarnecido pela penumbra do seu capuz. Nem por isso o orgulhoso deus que dirigia a palavra a Hades recuou um passo que fosse.

    – Minha mãe, Sêmele – prosseguiu Dioniso –, foi enganada por uma trama que envolvia disputas, ciúmes e rancores entre deuses, mas não cometeu, ela própria, nenhum crime.

    – Dioniso! – riu-se Hades. – Você bem sabe que o Hades não existe somente para os culpados. Para cá, vêm todos, os bons e os maus. Os bravos e os covardes. Os virtuosos e os hediondos. Os que homenageiam os deuses em cada instante da breve existência que lhes é propiciada por sua natureza carnal, antes de iniciarem a decomposição, mas também os ateus. Todos, todos... Todos vêm para mim. Todos! A morte cerra os olhos, o vórtice sorve os espíritos, e eles se tornam meus súditos. E assim acontece, também, de comum acordo com Zeus, o Senhor do Olimpo, dos homens, do mundo terreno e dos céus. De tudo que é belo, luminoso... e avesso ao que o Hades é. Mas, sobrinho, você não acreditaria que somos tão diferentes, Zeus, meu irmão caçula, e eu, se participasse da intimidade dos deuses. Só que, para tanto, seria necessário que o aceitassem entre eles e assim você pudesse se familiarizar com os caprichos do seu próprio pai. É triste e injusto que você seja tão mal recebido no Olimpo.

    O jovem deus não se abalou:

    – Se eu não conhecesse a intimidade dos deuses, meu tio... não teria me recusado a morar no Olimpo. Eu escolhi viver entre os mortais!

    – É o que todos os deuses comentam... – disse Hades – ... Que Dioniso prefere viver entre os mortais.

    – Que o Olimpo não é lugar para bastardos, apesar de haver tantos outros por lá? Que há bastardos menos ilegítimos do que outros...? Que nos merecemos mutuamente, os mortais e eu? Que eu não serviria mesmo para viver entre os Puros? Ora, meu tio... já parou para escutar o que dizem os olimpianos sobre você?

    Os dois imortais se encararam por um segundo de denso

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