Roupa suja de inconfidente
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Roupa suja de inconfidente - Vander André Araújo
Copyright © VANDER ANDRÉ ARAÚJO, 2022.
Editor ÁLVARO GENTIL
Produção executiva PAULA PESSOA
Revisão PEDRO VIANNA
Produção gráfica e editoração original DÉLIO CAMPOS
Ilustrações CARLOS CAMINHA
Adaptação e-book ANDREZZA LIBEL
Catalogação na Publicação (CIP)
Araújo, Vander André
A663r Roupa suja de inconfidente / Vander André Araújo ; [ilustrações de Carlos Caminha]. - 1. ed. - Belo Horizonte : Ramalhete, 2020.
Recurso eletrônico : il. color.
Formato: ePub
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-88959-68-8
1. Ficção brasileira - Contos I. Caminha, Carlos II. Título.
CDD: B869.35
Bibliotecária responsável: Cleide A. Fernandes CRB6/2334
Todos os direitos desta edição reservados a
Vander André Araújo
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização, por escrito, do(a) autor(a) e da editora.
Este livro foi revisado segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Sumário
Dedicatória
Epígrafe
ELES
Papoema
FUTRICA
As nuvens
TIO DOIDO
Agora e na hora da nossa morte
TINIL
Loucos de todo gênero
Armadilha
ENTRELINHAS
Sábias Palavras
SEGREDOS
Álibi
TODOS
Epígrafe
Landmarks
Cover
Este livro é dedicado ao Tio Robson Ribeiro.
Lá vai a lavadeira pelo caminho.
Não vê à sua frente o pobre menino.
Uma judiação.
Moleque arteiro, o Aleijadinho:
Chico de nascença, negro de insolação.
Escondidinho, perde o respeito.
E há quem lhe atire a primeira pedra-sabão.
ELES
Gente é tudo igual. Mas existem aquelas pessoas que nos atraem por um predicado incomum: uma marca, um defeito ou até mesmo uma virtude. Quando comecei a relembrar aquelas que poderiam não ter sido consideradas normais neste mundo absolutamente padronizado, me vieram à mente algumas personagens que cruzaram meu caminho numa infância um pouco distante, lá pras bandas do Quenta-sol. Já nem sei dizer se o que me ponho a escrever possa ser considerado como uma verdade incontestável ou se é uma triste mentira que inventei pra me justificar como mais um desses famosos normais. Não tenho a menor pretensão de ser fiel à História. Aliás, em se tratando de verossimilhança, isto não deve ser coisa para quem gosta de ler Guimarães Rosa, um mineiro que considerava o ato de viver muito perigoso. Prefiro me deixar iludir, criando novos fatos, acrescentando o seu ponto de vista, que acabou se aproximando do meu, tamanha a nossa intimidade.
Contente-se: se não for uma verdade nua e crua, que sejam apenas histórias, para que mais alguém possa imaginar um espaço com pessoas nem um pouco comuns, insanas, mas que tinham e têm uma capacidade superior de enxergar o mundo, ou talvez de ouvi-lo e retê-lo com olhos de quem acabou de chegar. Olhos de criança.
Você já tinha me dito que, para compreender as leis do universo, bastaria me debruçar sobre os livros, com sede de conhecimento, desde cedo. Acabei aceitando a ideia, bacharelei-me. Mas, com o passar do tempo, percebi que eu deveria passar a sentir, e isto é algo pouco racional por aqui. Fui atrás das minhas raízes, caí por terra. Você sempre colocou minhocas na minha cabeça. Aonde cheguei, você já sabe: ao local onde habitam os nossos próprios fantasmas e acabamos redescobrindo juntos a beleza das suas estranhezas