Um Épico Moderno: corações entrelaçados e elegia macabra
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Sobre este e-book
O autor traz, em curtas tramas, a essência do humano frente ao que nos é comum a todos: o desejo de poder controlar nosso destino diante da imutabilidade de nosso fim existencial!
O primeiro poema é uma homenagem à mitologia faustiana reencenada numa paisagem contemporânea, com seu dualismo interior/cidade, riqueza/pobreza, religiosidade/ceticismo.
O segundo trata-se de diálogos entre o anjo da morte e algumas personalidades históricas como Napoleão, Judas, Cleópatra e você. Exatamente! Ao fim de Elegia Macabra o leitor se encontrará no final de sua jornada terrena, tendo que examinar suas atitudes de vida!
Sinta-se convidado a percorrer um estilo todo próprio de encenação poética, com métrica diferente do que se encontra no mercado editorial. Sem perder o respeito aos gigantes que geraram o passado em forma de poesia!
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Um Épico Moderno - Marco Fernando Knob
PARTE I
quinta i
Engalanado em vistosa roupa
Ia Sérgio em passo estreito
Com calma muita e paciente;
Porque esse era deveras seu jeito,
Herança da vila, sua gente.
Tendo, portanto, chegado à polis,
Ruas via sem fim à sua frente.
E praças encontrou repletas
De gentes, bustos e árvores mormente.
Mais carros, animais e bicicletas.
Como fora aí fazer negócio,
Vender o que lhe cabia por herança,
De pronto o afanaram agiotas,
Pois sem ciência em finanças
Valor lhe deram que não comprava par de botas.
E o pobre diabo não se deu conta
De que fora elegantemente surrupiado.
Andava por lá aos pulos de alegria,
Posto que nunca fora informado
Do mal que da cidade é como cria.
Súbito defronta a matriz;
Quedou lembrar a vila, terno.
Povo que inculto, mas consolado na fé,
Tinha em sua capela o anseio do Eterno
No dia em que a morte vier.
Mas não ele!
Por essa idade estava sem credo.
De científica leitura se assenhorara.
Das crendices do vulgo não tinha medo;
Seu próprio deus! Liberdade lograra.
Esperto se imaginava
Ainda que por asno passasse, inocente.
Um interiorano em cidade tamanha,
Para onde se mudou definitivamente,
Alugando mansão mais estranha!
O saldo da herança
Esvaía-se por entre os dedos.
Minguavam na mesa as migalhas.
Vendo-se em fome bem cedo,
Apercebeu-se de suas terríveis falhas.
Estava no ócio enterrado,
Embriagado com o irrisório que ganhara.
Não volveria agora aos seus, em seu lar.
Permaneceria na cidade que o adotara;
Faria ocasião de trabalhar.
Dia após, dos bem duros,
Em que seria de esmolar pão,
Andava sem alento de emprego.
Quando perpassam seus olhos a visão,
A tirar por instante o sossego!
"Menina que flores vendes,
Consegues, deixa-me ser franco,
A pobre vida minha consolar?
Teus negros cabelos, azuis olhos e rosto branco
Não me são conhecidos d’outro lugar?"
Mas tal qual tinha aparecido,
Sumiu a visão de sua presença.
Em meio à rua se viu parado,
Pasmado, sem crença,
Se vira