Longitudes

De Nuria Mallena, Paloma Pinheiro e Zuza

Longitudes reúne a poesia de Nuria Mallena, Paloma Pinheiro e Zuza. São três jornadas que se cruzam justamente quando se distanciam, como se os poemas fossem meridianos desenhando o tempo da espera e do encontro. O que um verso ainda planeja contar já é futuro em outro fuso. A cartografia dos poetas parte da imensidão dos portos, mas é na plataforma de uma estação de trem que eles desembarcam areias, ventos, névoas e desejos. Nessa rota que atravessa o Brasil e o oceano em direção ao Velho Mundo é que nos deparamos com uma verdade: tudo é caminho. E o que era longe virou amplitude. Podemos até descobrir que o chegar e o partir são o mesmo lugar.
  
SOBRE AS AUTORAS E O AUTOR
Nuria Mallena nasceu em 1978, é pernambucana, cantora, compositora e escritora. Em 2016, lançou seu primeiro livro de contos e poesias, Poeira de areia, pela Editora Amuletra, em Portugal e no Brasil. Mora em Paris desde 2019.
  
Paloma Pinheiro nasceu em 1986, é paulistana, psicóloga e escritora. Em 2016, publicou seu primeiro livro independente de poesia, Alcachofra: esboço de um despetalar. Mora em Barcelona desde 2012.
  
Zuza nasceu em 1986, é brasiliense, psicológo, mestre e doutorando em Filosofia. Começou a escrever poesia em 2003 e publicou seu primeiro livro, Resiliência, pela Editora Urutau, em 2015. Atualmente vive em São Paulo.

• Idioma: Português
• Editora: Absurtos Editora
• Data de lançamento: 16 de dez. de 2020
• ISBN: 9786586410082

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PREFÁCIO

Lon­gi­tu­des é um li­vro so­bre um lon­gín­quo que tam­bém apro­xi­ma. É o que está lon­ge e, ao mes­mo tem­po, é co­or­de­na­da ge­o­grá­fi­ca, lon­gi­tu­de: olhar que ma­peia dis­tân­cias e se­meia o en­con­tro. É um li­vro que fala de ho­ri­zon­tes.

A obra apre­sen­ta a con­fluên­cia po­é­ti­ca de Nu­ria Mal­le­na, Pa­lo­ma Pi­nhei­ro e Zuza, três au­to­res bra­si­lei­ros cu­jas tra­je­tó­rias de­sa­gua­ram em ter­ras es­tran­gei­ras. Suas vo­zes so­pram ven­tos de Bar­ce­lo­na, Pa­ris, Ber­lim e Lis­boa, mas car­re­gam con­si­go os ares de Bra­sí­lia, São Pau­lo, Rio de Ja­nei­ro, Ou­ri­cu­ri: de ter­ri­tó­rios – cor­pos e al­mas – em que tan­to nos re­co­nhe­ce­mos. Es­ta­mos di­an­te de três exí­lios en­tre­la­ça­dos por li­nhas ima­gi­ná­rias que per­cor­rem o sen­ti­men­to do mun­do, que é o sen­ti­men­to de cada um de nós. É por isso que os po­e­mas de Lon­gi­tu­des nos re­ve­lam a nós mes­mos. E fa­zem-nos des­co­brir, tam­bém em nós, um exí­lio.

Os tex­tos que compõem o li­vro de­li­nei­am um tem­po so­bres­sal­ta­do de ru­í­nas e ur­gên­cias, que é tam­bém o tem­po pa­ra­do das es­pe­ras. São po­e­mas que re­tra­tam com gran­de sen­si­bi­li­da­de nos­so mo­men­to his­tó­ri­co e seus pro­ces­sos, como se des­ven­das­sem o se­gre­do das ma­rés: a agi­ta­ção das on­das, es­pu­mas, cor­ren­tes, ven­ta­ni­as, tem­pes­ta­des e tro­vões e, no mais ín­ti­mo do oce­a­no, a cal­ma­ria que re­co­lhe len­ta­men­te as águas para trans­fi­gu­rar o real.

É um li­vro que fala tam­bém so­bre tudo o que se cala. Que re­ve­la os mo­vi­men­tos pro­fun­dos que re­vol­vem o tem­po rui­do­so em que vi­ve­mos, des­ven­dan­do um uni­ver­so in­te­ri­or de per­ple­xi­da­des e si­lên­cios.

Além dis­so, a for­ma como se or­ga­ni­za esta obra, em que se en­tre­mei­am (ao in­vés de se di­vi­di­rem) os tex­tos dos três au­to­res, am­plia