Novelas de Faroeste 4: Volume IV
De L P Baçan
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Novelas de Faroeste 4 - L P Baçan
Novelas de Faroeste
Volume IV
L P Baçan
Copyright © 2022 L P Baçan
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2022
Conteúdo
Novelas de Faroeste
O Velho e Selvagem Oeste
Obrigado a Matar
Ouro Sangrento
Retrato de um Pistoleiro
Coleção Novelas de Faroeste
L P Baçan
saloon.jpgO Velho e Selvagem Oeste
No Velho e Selvagem Oeste, o saloon era o local mais movimentado e frequentado da cidade. Ali aconteciam shows, dança, jogo e muitas brigas. Ali se encontravam mocinhos e bandidos, pistoleiros e desafiantes, mulheres bonitas e perigosas. A maior parte das histórias de faroeste passava por ele. Dos ambientes mais simples e rudes aos mais sofisticados, todos, indistintamente acolhiam moradores e forasteiros, cada um com sua história, cada um com seu destino.
Famosos pistoleiros criaram fama nesse local. Outros ali encontraram a morte, na boca esfumaçada de um Colt. A fumaça da pólvora negra era o manto lúgubre que cobria mais um morto. Um punhado de serragem era jogado sobre a poça de sangue. Uma rodada gratuita de uísque barato era servida e minutos depois ninguém mais se lembrava do ocorrido.
Afinal, o Oeste era mesmo um lugar selvagem e as Novelas de Faroeste mostram isso.
Obrigado a Matar
001.jpgNa fronteira conhecida do oeste, no final do século passado, a grande riqueza era o gado, espalhado pelas pradarias, livres das cercas de arame farpado ainda.
Com o sumiço dos búfalos, sobrou totalmente para as reses a fartura das pradarias, onde um clima propício, com chuvas nas horas certas e uma terra fértil, ajudaram a consolidar riquezas e a posse da terra.
A prosperidade ajudou a formar cidades e a tornar a figura do vaqueiro algo glamoroso. Para estes, o dinheiro era farto, o emprego garantido e as viagens, apesar de duras, pontilhadas de aventuras e lindas mulheres em cada cidade por onde passavam.
Muitos ganharam dinheiro e passaram de empregados a patrões. Outros viveram a vida simplesmente, sem preocupação com o futuro. Ninguém imaginava que dias negros poderiam um dia ameaçar toda aquela prosperidade que era a tônica da fronteira.
Em 1885, porém, a natureza se vingou da invasão desenfreada de suas terras. Após um inverno rigoroso, a primavera não trouxe as chuvas como esperado. Apenas um vento constante, morno, que crestava a terra, impedindo que a grama brotasse.
O que a princípio pareceu apenas um atraso, foi se transformando numa calamidade. O gado estava ameaçado de morrer de fome no pasto. Sem outra alternativa, os rancheiros tiveram de começar a vender o gado.
Levas de compradores vinham do Leste para aproveitar o preço baixo. O que para eles significava fortuna, para os rancheiros era a ruína.
De uma média de quarenta dólares por cabeça, na época, o preço da cabeça de gado foi despencando para menos do que dez. Lotes inteiros eram arrematados por preços aviltantes e transformados em carne para abastecer o Norte e o leste do país, mais rico e industrializado.
Os ranchos começaram a despejar nas estradas do Oeste bandos de vaqueiros desempregados, desesperados, sem futuro, sem profissão. A única coisa que sabiam na vida era cavalgar, lidar com o gado e usar uma arma. Quando as duas primeiras perderam o sentindo como profissão, restou-lhe apenas a terceira opção.
O Território do Wyoming foi devastado por essa nova praga. Em plena primavera de 1885, no auge da crise, Ned Sinclair e Tony Kansas, dois vaqueiros do Rancho Shoshone, levavam uma centena de cabeças de gado para um local conhecido como Roca do rato, onde o Rio Pólvora e os canyons por ele escavados impediam a ação do vento e criava sua própria primavera.
Ali havia grama boa e alta para o gado.
— Ei, Tony! Veja só como eles comem! — exclamou Ned, cruzando uma das pernas sobre a sela do cavalo.
Tony fechou a saída de uma desgarrada e empurrou-a na direção da água.
A rês farejou a grama e desembestou a sua procura.
— Mais um pouco e teriam morrido de fome — falou Tony. — Como sabia deste lugar?
— Nasci em Cásper, sabia? Conheço cada buraco de rato e toca de cobra desta região. Não há um esconderijo por aqui que eu não saiba como entrar ou sair. Este aqui mesmo, chamado de Toca do Rato, já foi abrigo de criminosos nos velhos tempos. Os índios shoshones se escondiam aqui, após seus ataques. Para defender um lugar como este você não precisa de muita gente. Basta espalhar bons atiradores nas gargantas e ravinas e ninguém ousará entrar aqui.
— Tem razão! Isto aqui é um labirinto! Ainda bem que você conhece a saída.
Ned desmontou, tirou a sela de seu cavalo, depois o soltou para pastar. Tony fez o mesmo.
A noite não tardaria a chegar. Trataram de fazer a comida. Na fogueira cercada por pedras, Ned aqueceu o feijão com toucinho, fritou ovos e fez café, enquanto Tony passava água nos pratos e nas colheres toscas de madeira.
Comeram com apetite, depois arrumaram os cobertores, junto às selas, que serviriam de travesseiro. As primeiras estrelas despontavam no céu sem nuvens.
Tomavam café, enquanto conversavam.
— Estas desgarradas são as últimas que haviam por aqui — disse Tony. — Quando as levarmos para o rancho, com certeza o patrão levará toda a manada para o leilão.
— Não quero pensar nisso — comentou Ned, aproveitando a luz da fogueira para enrolar um cigarro.
— Acho que seremos demitidos, Ned — opinou Tony.
— Não... Claro que não! Somos os melhores que o patrão tem, Tony... E depois, como eu me casaria com Mary Lee? Sem emprego o pai dela jamais consentiria...
— Não me venha com essa de novo. Eu vou me casar com Mary Lee, não você! — protestou Tony, atirando uma pedra sobre o amigo, que riu divertido da reação do outro.
Ficaram em silencio, olhando o céu e as estrelas que iam surgindo aos montes, à medida que a claridade do sol desaparecia por completo.
— O que faremos se ele nos despedir, Ned? — perguntou Tony, angustiado. — Não sei fazer mais nada.
— Não seremos despedidos, homem. Que diabos! — protestou Ned, irritado.
Na verdade, nem ele tinha tanta certeza disso. Vinham trabalhando duro havia uns dois anos naquele rancho, certos de que poderiam se fixar por ali.
Naquele ano poderiam tirar uma porcentagem em gado, para começarem suas próprias criações. Após algum tempo, teriam dinheiro para comprar um pedaço de terras.
Diziam que em breve o governo abriria as terras da Faixa Cheyenne, em Oklahoma. Poderiam se candidatar. Eram sonhos, mas bem embaçados.
Ninguém esperava, porém, aquele golpe da natureza.
— Por que você se chama simplesmente Tony Kansas? — perguntou Ned, tentando mudar o rumo da conversa.
— Não lhe contei ainda?
— Não, não que eu me lembre.
— Fui criado num prostíbulo, às margens do Rio Kansas, em Kansas City, na divisa com o Missouri. As mulheres que me criavam me chamavam de Tony. Como estavam sempre em constante movimento, quando eu tinha cinco anos ninguém se lembrava mais quem fora a minha mãe ou quem seria o meu pai. Deram-me, então, o sobrenome de Kansas, em homenagem à cidade e ao Estado.
— E nunca conheceu mesmo seus pai?
— Não. Na certa meu pai era um vaqueiro como eu, mas não como meus filhos serão.
— Como assim?
— Meus filhos não serão vaqueiros. Quero ir para o leste, Ned, aprender uma profissão por lá e ficar. Lá tem escolas para as crianças. Eles podem ser qualquer coisa só estudando...
— Não seja tolo, Tony. O futuro está aqui, nesta região, no Oeste do país. O Leste está velho. Só serve para políticos e preguiçosos.
Tony respirou fundo. Lembrava-se das mulheres que conhecera no prostíbulo onde havia morado até ter idade para sair pelo mundo.
Elas falavam das grandes cidades do Leste, dos prédios imponentes, de mármore branco que feriam o olhar ao sol. Contavam da elegância das mulheres, do cavalheirismo dos homens e dos acontecimentos sociais constantes, onde pessoas se encontravam e se conheciam.
Nada como aquela vastidão solitária, onde um homem podia virar bicho e esquecer como falar, de tanta solidão.
— Se formos despedidos, não voltarei para Cásper até conseguir um outro trabalho — afirmou Ned, admitindo, finalmente, o risco.
— Por que não?
— Porque não poderei me aproximar de Mary Lee sem ter um trabalho.
— Se ela o ama...
— Você não entendeu, Tony! Como vou sustentá-la?
— Ela não ama você! — falou Tony, aborrecido. — Por isso, nem precisa se preocupar com isso, está bem?
— Ela me ama sim e você vai ver. Quando eu conseguir um novo trabalho, eu me caso com ela.
— O que fará com o dinheiro que temos a receber do patrão?
— Estou preocupado com isso.
— Por quê?
— Porque transformamos o dinheiro em cabeças de gado. Com a queda do preço, levamos na cabeça direitinho.
— E se não vendermos? E se deixarmos o gado aqui?
— Em pouco tempo as pastagens daqui se acabariam e nós teríamos que vender do mesmo jeito.
— Diabos, Ned! que azar! — suspirou Tony.
— Põe azar nisso, Tony! Põe azar nisso!
A noite estava quieta. O gado se mantinha em silencio, tranqüilo naquele oásis, após dias sem um bom pasto. A lua foi surgindo, enorme no céu, jogando claridade na pradaria. O marulhar da água era o único som a embalar os dois cowboys.
Ned dormia com o chapéu sobre os olhos e um cobertor sobre o corpo. Apesar do calor do dia, as noites eram frias. Com a mão sob o cobertor ele segurou a coronha da sua Winchester e apontou o cano na direção de Tony, cutucando-o.
Tony pigarreou, dando a entender que também estava alerta. Passos abafados soaram na areia que margeava o rio. O gado se agitou inquietamente. O som de uma Winchester sendo engatilhada se tornou nítido dentro da noite.
— Agora, Tony! — gritou Ned, girando o corpo para o lado.
A bala se encravou no couro da sela, onde, instantes antes, estava a cabeça do vaqueiro.
Tony havia feito o mesmo e corria agora para trás de uma pedra. Uma bala ricocheteou na rocha, soando tetricamente. O gado começou a se mover de um lado para outro, assustado.
— Cuide do gado, Tony! — avisou Ned, disparando seu rifle certeiramente.
Um homem caiu para trás, dentro do rio. O corpo foi flutuando lentamente rio abaixo. O silencio voltou a reinar na Toca do Rato. Os dois vaqueiros mantiveram suas posições. O gado foi se aquietando de novo.
— Ned, está vendo alguma coisa?
— Há, pelo menos, mais dois deles.
— Quem são?
— Desesperados, bandoleiros de estradas...
— Vaqueiros desempregados... — ajuntou Tony, com amargura.
O silencio continuou. Os atacantes noturnos se mantiveram nas sombras das rochas, protegidos. Tony e Ned também não deixaram seus abrigos, atrás das rochas.
— Vamos passar a noite toda aqui? — perguntou Tony.
Ned engatilhou seu rifle.
— Ei, vocês! Por que não dizem logo o que querem e nos deixam dormir? — indagou.
Nenhuma resposta quebrou o silencio.
— Querem comida? Pois temos aqui o bastante — falou Tony.
— Queremos o gado — respondeu alguém, em algum ponto próximo dos dois.
— Negativo! Parte deste gado é nossa. Nada feito! — respondeu Ned.
— Podemos ficar aqui a noite toda — argumentou o outro.
— Nós também.
— Podemos matar todo o gado também — continuou o outro, disparando.
Uma rês surgiu e dobrou os joelhos, ficando se debatendo na relva, próxima do rio.
— Maldito! — gritou Ned.
— Ned, eles podem matar todo o gado — disse Tony.
Ned olhou para a rês que ainda se debatia, ferida de alguma forma, mas não mortalmente. O animal iria sofrer muito ainda, antes de estrebuchar.
— Por que não termina o que começou? Não vê que o animal está sofrendo? — gritou Ned.
— Ned, que diabos! — repreendeu-o Tony. — A rês pode estar ferido só de raspão.
— Fique quieto, Tony. Eles estão blefando!
— Como assim?
— Gastaram sua última bala.
— Como pode ter certeza.
Ned pensou por instantes, depois gritou:
— Está bem, vocês podem levar o gado.
— Joguem fora as armas — ordenaram aos dois.
Ned e Tony jogaram os rifles.
— Joguem os Colts também — ordenou a voz.
— Não estão conosco. Ficaram junto à cela, podem ver, se quiserem.
A paisagem permaneceu inalterada por algum tempo. Depois, dois homens saíram detrás de uma rocha, à esquerda do rio, e um outro apareceu na outra margem.
Traziam rifles em suas mãos, mas Ned não ouvira nenhum deles sendo engatilhados.
Seu Colts estava preso no cinto, na barriga. Esperava que Tony tivesse feito o mesmo.
Os três começaram a se aproximar. Um deles estava no meio do rio, quando os outros dois afastaram os cobertores com os canos de suas armas.
Ergueram os cinturões dos dois rapazes.
— Foi uma armadilha! — gritou um deles.
Todos os três se imobilizaram, apertando nervosamente seus rifles, sem esboçarem o menor gesto de ataque.
— Eu não avisei? — comentou Ned, deixando seu esconderijo com o revolver na mão. — Quem atirou naquela rês? — perguntou.
— Ele! — apontaram os dois para o homem no meio do rio.
Ned apontou o revolver para ele e disparou duas vezes. Uma o atingiu no peito, outra na barriga, enquanto caía. Seu corpo desceu lentamente o rio, boiando com os braços e pernas abertas.
— Ned! Por que fez isso, diabos! — indagou Tony, surpreso com a atitude do amigo.
— Quem atira numa rês como ele fez não passa de um animal e deve morrer como um animal — respondeu o rapaz.
Estava diante dos outros dois. Tinham a barba crescida e as roupas sujas e rasgadas. Pareciam que estava na estrada havia muito tempo.
— Quem são vocês? — perguntou.
— Vaqueiros... Despedidos...
— Não ganharam nada? Não sobrou nada dos dias de trabalho?
— Gastamos com uísque e mulheres — lamentou um deles, com voz chorosa. — Estamos em apuros agora. Com fome, sem dinheiro, sem nada. Apenas cavalos magros e estas armas sem balas.
— Diabos! — praguejou Ned, olhando aqueles dois e vendo neles o destino dele e de Tony.
Era um homem orgulhoso e aquilo não entrava em sua cabeça. Não podia estar condenado a roubar e matar como aqueles pobres coitados. O destino não podia ser tão cruel com eles.
— O que vamos fazer com vocês? — indagou ele, andando nervosamente de um lado para outro.
Aqueles dois eram algo que ele não gostaria de ter visto nem conhecido.
Engatilhou o Colt.
— O que vai fazer, Ned? — indagou Tony.
Ned parou na frente dos dois homens. Levantou o revolver e o apontou para atesta do primeiro, apertando o gatilho.
O homem deu um salto para trás e seus miolos se espalharam na relva.
O segundo olhou atônito para o cano esfumaçante do Colt, voltando para ele.
Viu apenas a língua de fogo surgindo do cano e algo quente bater violentamente entre seus olhos.
Tudo escureceu. Quando seu corpo caiu junto o de seu parceiro, já estava morto.
Ficaram ali, imóveis, as caras cobertas de sangue olhando a lua pela última vez.
Tony estava atônito, olhando o amigo, que começava a remuniciar o revolver, frio como se nada tivesse acontecido.
002.jpgAs previsões se confirmaram. Após levarem o gado para o rancho, Tony e Ned souberam que seriam despedidos, assim como o restante dos vaqueiros.
Os leilões na cidade estavam rendendo o mínimo. Lotes estavam sendo vendidos a sete dólares por cabeça. Os dois, que tinham dez cabeças de gado cada um com o patrão, ao invés de quatrocentos dólares cada um, terminaram com setenta: muito pouco para quem pretendia começar um rancho.
Estavam no alojamento, os dois, deitados em suas camas. Os outros vaqueiros arrumavam suas coisas. começavam a partir. Ninguém tinha um rumo certo. Eram homens acostumados a lidar com o gado. Não sabiam fazer outra coisa.
— O que tem em mente, Ned? — indagou Tony.
— Não sei... Ir para Powder River, talvez.
— Powder River? Por quê?
— Não vou aparecer em Cásper com setenta dólares no bolso. Como vou poder olhar Mary Lee nos olhos e lhe dizer que não poderemos nos casar ainda?
— O que há para nós em Powder River?
— Não sei, vamos descobrir. Tem alguma idéia melhor?
— Pensei em ir para o Leste... — respondeu Tony, sonhando.
— Está doido! O que vai fazer lá?
— Não sei, vou descobrir — riu ele.
— Você tem o traseiro acostumado demais ao lombo de um cavalo, Tony. Como acha que vai conseguir viver sem isso? Vai se acostumar a dormir numa cama? O que um bronco como você poderá fazer no Leste para viver?
— Talvez eu tenha lá as mesmas oportunidades que aqui. Sou um cowboy, mas ninguém está contratando cowboys. Terei de fazer qualquer outra coisa. Tanto faz aqui como no Leste.
— É, tem lógica — respondeu Ned, ficando pensativo por algum tempo.
Ele é Tony formavam uma boa dupla e já estavam juntos havia algum tempo.
Jamais haviam discutido e se entendiam perfeitamente bem. Conheciam o seu trabalho e eram valentes.
— Vamos fazer uma coisa, então — disse Ned.
— Diga o que é?
— Vamos até Powder River ver como andam as coisas. Tentaremos encontrar algum trabalho por trinta dias. Se não conseguirmos nada até lá, você poderá ir para o Leste.
— Diabos, Ned! E, trinta dias terei gasto até meu último centavo e não terei dinheiro para pagar minha passagem de trem.
— Quanto é a passagem?
— Devo gastar uns cinqüenta dólares até Washington.
— Então está certo. Eu lhe dou os cinqüenta dólares.
— Como?
Ned enfiou a mão no bolso da camisa e retirou um pequeno saco de couro vermelho. Jogou-o para Tony, que o aparou no ar.
— Que diabos é isto? — indagou, supresso.
— Abra!
Tony fez o que ele pedia. Abriu o saquinho de couro para encontrar dentro o anel de noivado que Ned havia comprado para presentear Mary Lee.
— Ficou mais maluco do que já é? — indagou, com indignação, guardando o anel e devolvendo-o ao amigo.
— Veja bem, Tony! Se eu não arrumar um bom emprego por aqui, vou embora para a Califórnia ou para Oklahoma. Mary Lee jamais iria comigo. Seu pai não deixaria e ela jamais o desobedeceria. É uma garota de princípios. Sem ela, para que me serve o anel? Ele deve valer pelo menos uns cento e vinte dólares. Paguei três reses por ele. Dará para você ir para Washington e até voltar, caso se arrependa — argumentou Ned, devolvendo