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Novelas Policiais 4: Coletânea
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Novelas Policiais 4: Coletânea
E-book325 páginas4 horas

Novelas Policiais 4: Coletânea

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Sobre este e-book

Novelas Policiais de L P Baçan, o Mago das Letras, com todos os ingredientes tradicionais que fazem do gênero um dos preferidos da maioria dos leitores.Jogo MortalLadrões de CadáveresO Homem Que Caiu do Céu
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526053350
Novelas Policiais 4: Coletânea

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    Novelas Policiais 4 - L P Baçan

    Jogo Mortal

    D:\- EBOOKS\MY BOOKS\NOVELAS POLICIAIS\JOGO MORTAL\001.jpg

    Muitos consideram Nova Iorque a maior e melhor cidade do mundo. Ali ocorre de tudo, como se todo o mundo se concentrasse ali, em seus bairros, reproduzindo o cenário de origem.

    Bairros chinês, japonês, judeu, italiano, colônias latina, asiática, europeia. Todos os países estão ali representados, convivendo e sobrevivendo.

    Nova Iorque atrai não apenas pessoas do interior de todos os Estados Unidos, mas do mundo inteiro. Ali vão em busca de sonhos, de realização ou de um lugar ao sol.

    A cidade recebe a todos de braços abertos, oferecendo as oportunidades que fizeram do modo de vida americano um estilo invejado em todas as nações.

    Há chances para todos. Isso não significa que todos vencerão. Da mesma forma como transforma um anônimo em celebridade da noite para o dia. Nova Iorque, inclemente, engole sonhos e destrói vidas com a mesma facilidade com que os realiza.

    A diferença é que os jornais não fazem noticia dos perdedores. Eles são apenas números e estatísticas nas páginas policiais.

    Belle compartilhava dessas opiniões sobre a cidade, naquela que, segundo ela, seria sua última noite em Nova Iorque. Com toda certeza, aquele homem em seu quarto era seu último cliente nos Estados Unidos.

    As outras garotas, colegas de profissão, não entendiam o que a fizera decidir-se daquela forma. Belle tinha, intimamente, motivos fortes e pessoais para isso.

    Aprendera ao longo do tempo que garotas como ela não tinham direito a coisas tão simples e complicadas como o amor. Poderia parecer uma visão pessimista, mas a cidade ensinara-lhe que a emoção era um péssimo guia para o sucesso, principalmente naquelas ruas impessoais e frias.

    Tudo deveria ser encarado profissionalmente e isso exigia um esforço terrível de alguém tão emotivo como Belle. Vira que o coração de uma mulher era algo imprevisível. O que jamais poderia ter acontecido com ela, acabou acontecendo. Belle apaixonara-se.

    Fora uma tolice, uma deliciosa e arrebatadora tolice, mas acontecera. Fora impossível evitar, embora ele visse isso acontecendo e sabendo que precisava fugir.

    Não conseguira. Ele entrara em sua vida pouco a pouco, mas, diferente de todos os outros, ele trouxera algo especial, algo novo para a garota.

    Agora Belle não sabia definir exatamente o que era. Talvez o carinho com que a tratava, talvez suas maneiras gentis e envolventes, talvez sua beleza máscula e dominadora, sua criatividade na cama ou, no fundo, a mistura de tudo isso. Belle jamais conseguiria definir isso com absoluta certeza.

    Ele era muito seguro de si. Belle confundiu as coisas. Era apenas uma garota de programa por quem ele se afeiçoara e nada mais. Ela entendera outra coisa.

    Apaixonara-se por ele e isso fora um erro imperdoável. Entregara-se avidamente àquela relação, aguardando sempre ansiosamente as visitas constantes e demoradas.

    Não queria muito. Daquela forma estava ótimo. Poderia viver com ele por muito tempo. Bastava que ele desse a ele aquela atenção quase frequente.

    Finalmente, numa noite de outono, quando as primeiras lufadas de vento percorriam as ruas da cidade, tudo terminou. Ele estava noivo e se casaria em breve.

    Apesar do golpe, Belle não fez cena, não protestou, não deixou transparecer aquela revolta interior, mas sofreu. Sofreu muito, mais do que poderia admitir.

    Ir para paris foi algo que explodiu em sua cabeça como uma solução. Afastar-se de Nova Iorque seria fugir para sempre daquelas recordações de um tempo maravilhoso, mas que jamais voltaria a se repetir.

    Assim, chegara àquela que seria sua última noite na cidade. Ao seu último cliente. Era sua despedida e Belle se sentia ligeiramente eufórica, talvez pelo champanhe, talvez pela expectativa da viagem.

    A passagem estava comprada para a noite seguinte. Suas malas estavam prontas. Levava dinheiro suficiente e alguns contatos para trabalhar. Se não conseguisse algo honesto, procuraria alguém de uma casa de encontros.

    O importante para ela era ir embora. Apenas isso. Queria fugir, deixando para trás recordações e um pouco de sua ingenuidade e de sua inocência. Mais madura e escolada, tentaria não repetir o mesmo erro.

    — Mais um pouco? — indagou seu acompanhante, levantando e garrafa.

    — Não, querido — respondeu ela, lânguida e excitada, estendendo-se na cama, o corpo ardente e experiente lançando a última e definitiva provocação.

    Ele voltou a depositar a garrafa no balde de gelo. Depois soltou os últimos botões da camisa elegante e cara, enquanto caminhava para ela.

    Sentou-se na beira do leito, olhando-a. Uma das alças do vestido dela havia escorregado pelo seu ombro. Ele estendeu a mão e empurrou-a para baixo. Belle fechou os olhos. Era a hora de iniciar seu desempenho.

    D:\- EBOOKS\MY BOOKS\NOVELAS POLICIAIS\JOGO MORTAL\inter.jpg

    Quando Billy Porter desistiu daquela viagem a Paris, Chester Navy julgou aquilo um tremendo golpe de sorte para ele. Era um sinal, uma previsão ou algo assim. Mal pôde acreditar quando Billy simplesmente lhe deu a passagem.

    Desde que saíra do Exército, após a Guerra do Golfo, Chester jamais se encontrara. Após um período de dez anos como militar, participando se diversas campanhas e escaramuças, desde o combate a traficantes de droga no Panamá à guerra contra Sadam Houssein.

    Após todo aquele, não reconhecia mais seu bairro. As pessoas haviam mudado. O local havia mudado. Tudo estava mudado. As gangues de rua infestavam os locais onde ele, tempos atrás, havia crescido livre, com um bando de amigos, que haviam sumido, tragados também pela cidade grande.

    Tentara habituar-se àquelas mudanças, mas fora inútil. O desejo de recomeçar em outro lugar surgiu nele como uma necessidade. Precisava de novos horizontes. O Exército lhe ensinara a ser meio cigano. Ensinara-lhe também sobre armas e sobre pôquer.

    Aprendera a jogar na guerra. A total ausência de perspectiva de vida e de humanidade naquele horror desenvolvera nele uma habilidade incrível de se tornar impassível diante do maior blefe ou do jogo mais arriscado.

    Jogava como quem desafiasse a própria vida. Assim aprendera. Assim agia. Só que isso agora não lhe bastava para viver. Ganhava alguns trocados de ingênuos e todo final de noite voltava para casa e pendurava seu único terno para tê-lo alisado para a noite seguinte.

    Sobrevivia apenas, mas sonhava ainda lances arriscados e grandiosos, como os atos heroicos que vivera nas missões de que participara. Queria um risco que valesse a pena. Um risco com estilo e resultado. O risco definitivo, que o tiraria do anonimato e da vida medíocre.

    Para isso, precisava de muita coisa. Precisava de capital para iniciar. Precisava de roupas, de passagem, de uma porção de coisas.

    Billy podia ser um mentiroso, mas suas conversas a respeito de Paris haviam convencido Chester de que lá estava sua grande chance.

    — Chester, meu velho, as mulheres em Paris andam loucas por americanos simpáticos e atléticos como nós. Você pode escolher uma ricaça para sustentá-lo e viver em grande estilo...

    — Você é maluco, Billy! Eu nunca ouvi falar disso...

    — Você não sabe das coisas, meu amigo. Veja isso — dizia sempre Billy, mostrando um precioso relógio de ouro maciço. — Como acha que consegui isso em Paris? E quem você acha que me mandou o dinheiro da passagem para voltar para lá?

    Billy era um sujeito misterioso. Chester jamais soube como ele conseguira o relógio e o dinheiro da passagem, mas podia imaginar. O amigo era um boa pinta, sempre assediado pelas mulheres. Não duvidava que alguma ricaça francesa houvesse mesmo dado a ele o relógio e a passagem.

    Para sua surpresa, no entanto, Billy levou-o ao Aeroporto numa tarde. Foram até um balcão de passagens. Billy simplesmente ordenou que as passagens fossem transferidas para Chester.

    — Você é maluco, Chester! Essas passagens valem uma nota! Por que não...

    — Da mesma forma como ganhei, estou dando-as a você. São suas agora. Não vive resmungando que precisa apenas de uma chance? Pois quero que fique com elas e considere isso a chance que tanto necessita!

    — E você? O que vai fazer? Tinha planos para a viagem e...

    — Recebi uma proposta melhor aqui. Estou indo para o Texas com uma dona que conheci. Talvez eu passe a cuidar pessoalmente de alguns poços de petróleo...

    Fora uma oferta tentadora e irrecusável. Chester aceitara certo de que uma chance estava sendo oferecida. Iria para a França arriscar sua sorte, nos cassinos mais frequentados do mundo, cruzando com milionários de todos os países.

    Monte Carlo, Riviera, Côte D’Azur e tantos outros eram nomes que Chester conhecia de cor, mas cujas localizações desconhecia. Descobrir aquela sonhada geografia seria uma proposta e uma empreitada fascinante.

    Naquela noite, sua preocupação era conseguir algum dinheiro para levar. Precisaria manter-se por alguns dias, até se estabelecer. Além disso, tinha de levar roupas à altura de um grande jogador, frequentando grandes cassinos.

    Tudo parecia decepcionante naquela noite, até que surgiu aquela velhota faladeira, apostando alto. Chester havia ganhado pouco mais de mil dólares até aquela hora. Reunindo tudo que tinha, estava com perto de cinco mil. Sabia, no entanto, que precisava de pelo menos o dobro para iniciar o que pretendia fazer.

    Se aquela velhota, porém, tivesse tanto dinheiro quanto palavras na boca, estava certo de que conseguiria todo o necessário para sua viagens.

    Chester não lhe deu tréguas. Foi ganhando seguidamente, enervando-a. Ela deixou de falar, após perder quase dois mil dólares. Encarava Chester como seu pior inimigo.

    Após perder mais quinhentos dólares em apostas, ela pediu uma bebida, acendeu um cigarro e fitou o rapaz com rancor.

    — Muito bem, filhote! Quanto tem aí? — indagou ela num tom de deboche.

    Chester verificou suas fichas.

    — Quase oito mil, por quê?

    — Chega de jogar ninharias, garoto. Vamos falar grande agora — propôs ela, pondo oito mil dólares sobre a mesa. — Cinco cartas cada um, sem trocas. Ganha o melhor jogo — propôs ela.

    Apesar de todo o seu autocontrole, Chester estremeceu. Estava com sorte até ali, sabia jogar, mas o pôquer, como todo jogo de azar, às vezes pregava peças imprevisíveis. Isso era algo que não podia ocorrer àquela altura.

    A aposta feita pela velhota permitiria que ele dobrasse seu capital imediatamente. Dezesseis mil dólares representavam tudo que precisaria para começar vida nova na França. Oito mil, que já eram seus, embora representando um início mais modesto, já estavam ganhos.

    Não precisava arriscar-se. Vendendo algumas coisas que tinha, conseguiria juntar uns dez mil. Mas aquelas fichas empilhadas no centro da mesa eram um desafio irrecusável. Não pensou em azar. Achava que sua sorte havia mudado e tinha razões para isso, começando com as passagens que ganhara.

    — E então, filhote? Perdeu a coragem? — indagou a mulher, rindo com provocação, atraindo as atenções das pessoas para os dois.

    Aquele dinheiro era importante demais para ser desprezado. Um homem como ele jamais recuaria diante do desafio final. Com um sorriso zombeteiro nos cantos dos lábios, empurrou suas fichas para o centro da mesa e fez um sinal para que dessem as cartas.

    D:\- EBOOKS\MY BOOKS\NOVELAS POLICIAIS\JOGO MORTAL\inter.jpg

    Michael Dupain era major-inspetor da Força Aérea Francesa, especialista em tráfego aéreo e estratégia. Naquela noite calma, observando as luzes das pistas do Aeroporto Charles De Gaule, pensava no próximo fim de semana.

    Naquela noite, quando saísse dali, iria direto para o apartamento de Monique Landau, uma linda e meiga comissária de bordo, por quem se apaixonara. Após uma longa série de desencontros, estariam finalmente juntos por alguns dias.

    Respirou fundo, endireitando o corpo, antes de voltar a se debruçar sobre o visor do radar. No fone de ouvido escutou alguns comentários de um operador. Respondeu imediatamente, dando instruções, sempre pensando em Monique.

    Estiveram juntos na última vez por algumas horas apenas, durante uma conexão de voo em que ela viajava. Fora muito pouco tempo para matar a saudade que ambos sentiam.

    Um sorriso de ternura e paixão desenhou-se em seus lábios quando se lembrou dela em todos os detalhes. Monique tinha cabelos curtos, de um louro brilhante, porte felino, seios pequenos e rijos, cintura afunilada e quadris proporcionais.

    As pernas eram elegantes e sedutoras. A garota tinha um modo carinhoso de fazer amor e um jeito desconcertante de beijar.

    Seus lábios tinham linhas sensuais e provocantes. Os olhos eram grandes, expressivos, que sabiam ser lânguidos nos momentos de rendição. As mãos femininas e macias podiam ser carinhosas ao extremo ou curiosas e audaciosas no momento seguinte.

    — Preocupado, inspetor? — indagou um dos amigos, quando ele deixou seu posto e foi apanhar um café.

    — Apenas impaciente — respondeu ele.

    — Soube que certo avião de certa companhia será recolhido ao hangar para um conserto e que toda a tripulação terá o fim de semana de folga — comentou outro e todos riram, olhando para Michael.

    — Você é muito espertinho, colega — disse o major-inspetor, retornando ao seu posto, sorrindo.

    Os outros riram, aliviando a tensão do trabalho. Michael não se importou com a brincadeira. Seu caso com Monique não era segredo. Os homens, no fundo, o invejavam e aquelas brincadeiras apenas serviam para relaxar e tornar a espera mais suportável.

    Em pouco tempo ela chegaria. Não poderia se ver no aeroporto, mas ele sabia que ela iria direto para o apartamento, preparar um jantar para ambos. Possivelmente estaria linda e perfumada quando ele chegasse.

    Tudo estava preparado cuidadosamente. Um amigo emprestara sua casa em Havre, à beira mar. Passariam aquela noite no apartamento de Monique e, na manhã seguinte, iriam para lá.

    Teriam dois dias de sol, de mar e de amor, longe dos aviões, longe do intrincado tráfego aéreo, sem outra preocupação senão a de se descobrirem inteiramente.

    O chefe da segurança do aeroporto entrou na sala naquele instante. Ele e Michael eram velhos amigos. Cumprimentaram-se. Michael pareceu perceber uma preocupação qualquer oculta na expressão do amigo.

    Pediu a um assistente que assumisse a observação que fazia e foi tomar um café com o outro.

    — Algo errado, Vallery? — indagou.

    — Sim e não. Acho que é apenas a rotina, alguns alarmes falsos e a tensão de sempre que nos deixa assim. Tem um tempo para conversarmos?

    — Sim, claro!

    — Vamos andar um pouco — decidiu o Coronel Vallery.

    Deixaram a torre de controle e desceram até as pistas. Caminharam lado a lado, observando os aviões que chegavam e saíam constantemente. Observando também o amigo, Michael teve certeza de que alguma coisa o incomodava.

    — O que o preocupa afinal, coronel? — perguntou.

    — Alguém telefonou para cá, alertando a respeito de um sequestro...

    — Pensei que isso tivesse saído de moda — ironizou Michael.

    — Seria ótimo se assim fosse, meu amigo.

    — Obteve detalhes?

    — Não, foi uma ligação anônima, muito rápida. Aparentemente vão sequestrar um avião e tudo leva a crer que ele pousará neste aeroporto para receber o resgate.

    — Diabos, isso abre um leque enorme, pois o voo pode estar vindo de qualquer parte.

    — Exato! Esses malditos terroristas podiam ter escolhido qualquer outro aeroporto, mas tinham que vir fazer isso aqui no meu, maldição! — explodiu o coronel, raivosamente.

    — Vamos lá, homem! Acalme-se! Telefonemas como esse já aconteceram aos montes antes. Acredito que há mais gozadores e irresponsáveis que terroristas hoje em dia...

    — Gostaria que tivesse razão, Michael. Espero mesmo que tenha. Prefiro mil vezes perder tempo com uma brincadeira do que enfrentar uma situação tão imprevisível como o sequestro de um avião.

    — Nada vai acontecer, você verá!

    — É possível, mas tenho de tomar todas as medidas. Por isso precisarei de você.

    — Oh, não, Vallery! Você não pode fazer isso comigo. Minha garota está chegando esta noite. Vamos poder passar juntos o final de semana...

    — Eu sei, mas precisarei do melhor estrategista e controlador de voo que existe. Vai ser o diabo se acontecer mesmo um sequestro. Imagine como ficará o céu de Paris com tantos aviões esperando. Terão de ser desviados para aeroportos alternativos. Só você sabe o bastante sobre o assunto para realizar isso.

    — quando vai ser isso?

    — Não sei. Estamos avisando todos os aeroportos com voos programados para cá. Poderá ser esta noite, amanhã, domingo, quem pode adivinhar?

    Michael respirou fundo.

    — Haverá outras oportunidades de vocês estarem juntos — animou-o Vallery.

    D:\- EBOOKS\MY BOOKS\NOVELAS POLICIAIS\JOGO MORTAL\002.jpg

    Jean deu algumas voltas de fita adesiva ao redor do frasco, prendendo nele o detonador, de onde saía um fio até um dispositivo a pilha, encaixando numa peça recortada de isopor.

    O conjunto foi acomodado numa maleta. Outros pedaços de isopor foram sendo encaixados, prendendo o material no lugar e impedindo que ele deslizasse. Lucien, ao lado, observava tensamente o trabalho delicado realizado pelo amigo.

    Terminada aquela etapa, Jean levantou os olhos para Lucien e esboçou um sorriso.

    — Está seguro? — indagou Lucien.

    — Sem problemas.

    — O que tem aí, afinal de contas?

    — Gás sarin.

    — É mortal?

    — É um dos piores.

    — E como vai funcionar?

    — Instalei dois disparadores. Um ligado ao mecanismo do relógio e acionado através deste botão que ligarei à alça da maleta. O outro, de segurança, estará ligado à fechadura. Uma vez fechada a maleta, um disparador estará armado. Se alguém a abrir...

    — Perfeito! Vá em frente, mas sempre com calma — riu Lucien, deixando Jean trabalhar sozinho e indo até uma mesa, perto da janela do quarto.

    Havia ali um estojo de violino e um instrumento todo desmontado. Ainda sobre a mesa, duas metralhadoras portáteis, de coronhas metálicas e retráteis e longos pentes de munição.

    Lucien estudou, então, a melhor disposição de tudo aquilo dentro da caixa de ressonância do violino. O espaço era apertado, mas suficiente. Ele começou a colar na madeira presilhas de plásticos que seriam usadas para prender as armas e a munição.

    De vez em quando levantava os olhos para observar o trabalho de Jean. Apesar de confiar na perícia do amigo, tinha um temor exagerado de tudo que envolvesse explosivos.

    Juntos haviam desenvolvido aquele plano. Tratava-se de um grande e arrojado plano: sequestrar um avião. Tudo era cuidadosamente planejado para que obtivessem sucesso.

    A ideia era partir dos Estados Unidos, dominar o avião em pleno voo e aterrissar no Aeroporto Charles de Gaule para recebimento do resgate.

    Exigiriam dez milhões de dólares e dois paraquedas. Destruíram o rádio, exigiriam que o avião fosse abastecido e levantariam voo tão logo recebessem o dinheiro.

    A maneira de escapar merecera especial atenção dos dois. Fariam o avião sobrevoar Arcachon, no Golfo de Biscaia, uma região cercada de altas montanhas.

    Pierre, o terceiro membro do grupo, estaria à espera deles com um hidroavião, que voaria na altura das ondas, na direção do Mar do Norte, onde encontrariam um barco pesqueiro ancorado à espera deles para uma viagem de alguns meses até o Polo, caçando baleias.

    Ali o hidroavião seria afundado e, quando retornassem da caça à baleia, meses depois, tudo estaria tranquilo e eles poderiam aproveitar a vida e os milhões de dólares.

    Tudo parecia equalizado. No avião usariam o nome de uma seita oriental, ameaçando matar todos os ocupantes do avião com o gás. Estavam certos do sucesso. Haviam estudado atentamente inúmeros casos de sequestro e tomado todas as medidas para imitar aqueles vitoriosos. Estavam certos de que escapariam ilesos.

    Lucien começou a rir. Jean interrompeu o trabalho para olhar na direção do amigo.

    — De que está rindo? — indagou.

    — Vou gostar de ver a cara de Etienne quando, finalmente, estivermos prontos para gastar todo o dinheiro...

    Jean terminou de fechar a maleta e suspirou aliviado. Só então endireitou o corpo e espreguiçou-se. Enquanto examinava o trabalho terminado, indagou:

    — Confia em Etienne, Lucien?

    — Claro que sim. Por que pergunta?

    — Não sei... Uma impressão minha. Acho que ela ficou assustada com o nosso plano.

    — Bobagem! Na certa duvidou que levássemos isto adiante. Nesses três meses de planejamento e preparação, penso que ela nunca acreditou realmente em nós. Só quando partimos para cá foi que ela começou a acreditar...

    — Eu estou adorando Nova Iorque!

    — Gostaria ainda mais se já tivesse sua parte do dinheiro e pudesse gastá-lo. Nova Iorque tem tudo que você pode esperar de uma cidade.

    — Nada me impedirá de voltar aqui e recuperar o tempo perdido, não é mesmo?

    — Claro!

    — De qualquer maneira, está tudo quase pronto de minha parte. E você, como vai? — quis saber Jean.

    — Estou colando as presilhas. Depois vou preparar um fecho para a tampa do violino. Pensei em algo rápido e eficiente. Em questão de segundos a tampa estará aberta e as armas em nossas mãos.

    — Ótimo! Daqui a pouco irei preparar os explosivos seria preso a todas as portas de saída do avião. Nenhum comando ou grupo antiterrorista, por mais treinado que fosse, iria conseguir entrar sem provocar uma tragédia.

    Jean prepara cuidadosamente os circuitos detonadores. As bombas somente poderiam ser desativas pelo interior do avião e por alguém que realmente conhecesse aqueles circuitos.

    Jean era o único do grupo que os conhecia. Dessa forma, dentro do avião, estariam protegidos de qualquer tentativa de desalojá-los. A certeza do sucesso o fazia sonhar com uma vida fácil no futuro.

    D:\- EBOOKS\MY BOOKS\NOVELAS POLICIAIS\JOGO MORTAL\inter.jpg

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