Mabel: adeus, Davi
De Ju Cardoso
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Mabel - Ju Cardoso
Impactos mortais
Endireitou a cabeça sem tirar os olhos ou a caneta do papel, esticou os dedos para se livrar da sensação de formigamento.
Já era o final da última aula antes do intervalo, não que fizesse muita diferença. Hoje Mabel se levantou da cama no modo automático. Não prestou atenção ao tráfego ou à lotação no ônibus. Não deu bom-dia ao segurança nem ao zelador. Não olhou ninguém nos olhos nem ninguém lhe dirigiu a palavra. Sequer abriu a mochila. Sua atenção estava direcionada a um sentimento familiar, a uma melancolia que precede más notícias. Um presságio de luto.
– É isso aí, pessoal. Ficamos por aqui hoje. Os grupos restantes se apresentarão semana que vem – o professor Dinho disse, enquanto a manada saía apressada atrás de comida.
Dinho, que um dia foi Geraldinho, que um dia foi Geraldo, já não retinha mais o respeito de seus alunos, mas vivia em negação. Tentou abordar a silenciosa menina de um jeito descolado e descontraído, mas se atrapalhou e acabou derrubando vários livros no chão. Nem o barulho foi suficiente para chamar a atenção de Mabel.
– Hmhum – o professor pigarreou e se abaixou para ficar no nível da carteira. – Senhorita Borges, isso aqui não é aula de artes – ele disse batendo o dedo na mesa.
Sem causar nenhum efeito, Dinho decidiu mudar de estratégia, o ato do professor compreensivo.
– Eu sei que minha matéria não é a mais querida do curso, mas, se não focar nas aulas, terei que vê-la novamente no próximo semestre.
Mabel seguia desenhando sem esboçar reações.
– Fazemos assim: eu vou deixar você apresentar por último na próxima semana. Está bem? Só deixa eu achar a folha, a folha… a folha com a lista… cadê aquela lista? – Dinho tropeçou nos próprios pés, derrubando a papelada e o copo que estavam em cima de sua mesa. – Ow, não. Não é essa folha, nem essa – abaixou-se para recolher suas coisas. Com os braços cheios de exercícios amassados, tentou, sem sucesso, pegar o copo. Alguém o pegou e o colocou de volta em cima da mesa.
– Ah, obrigado! Muito gentil da sua par… eu não o conheço. Não é um de meus alunos, é?
– Não, só estou de passagem.
Mabel parou. Seu fúnebre anunciante havia chegado.
– Será que podemos conversar em particular? – Danilo perguntou.
– Que horas saímos? – Mabel respondeu, sem olhar para ele.
Danilo franziu o cenho, aproximando-se. Olhou com atenção para o bruto esboço na folha de papel.
– Como você sabia?
– Não sabia – Mabel levantou a cabeça pela primeira vez.
– Eu sinto muito.
A menina não respondeu. Apenas juntou seu cabelo em um coque e prendeu com a caneta.
– Seu Vicente?
– Estava descansando quando eu deixei a casa. Ele não levou a notícia muito bem.
– Quero passar lá antes de irmos.
– Com todo respeito, senhorita, eu não acho que deveria ir.
– Não é pago para achar nada, Danilo, é pago para acatar ordens.
– Não as suas. Não sou seu empregado.
– Não assino seus contracheques, mas eu consigo fazê-los parar de chegar com apenas um pedido – Danilo engoliu em seco. – Então ligue o carro, me leve para a mansão e, quando puder, me diga que horas vamos sair.
Mabel entregou o desenho ao professor e disse:
– Obrigada pela folha, professor Geraldo.
Quando saía, Danilo segurou seu braço.
– Eu só acho que não é assim que você deveria se despedir.
Mabel conteve suas lágrimas e levou a mão ao queixo de Danilo, fazendo com que a olhasse nos olhos.
– Me despedi seis meses atrás. Hoje eu o trarei para casa.
Danilo suspirou.
– Saímos em uma hora.
O professor viu sua aluna deixar a sala escoltada pelo estranho de sobretudo preto. Deixou a folha cair em um susto e fez o sinal da cruz.
– É cada coisa que me aparece – pegou sua maleta, apagou a luz e fechou a porta.
O desenho de um caixão rústico ficaria no chão, sem rosto ou importância, para a zeladora da noite jogar fora.
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Duas batidas singelas na porta. Mabel ouviu pode entrar
, seguido de três tosses secas.
– Oi, vô Vicente.
– Minha pequena Mabel.
– Não mais tão pequena assim.
– Para mim será sempre aquela menininha que costumava correr pelo quintal catando pedras para jogar nas lagartixas da parede.
– Haha, nunca acertei, porém.
– Era fofa, mas a mira era HORRÍVEL – o velhinho brincou, sorrindo na tentativa de também fazê-la sorrir.
Vicente fez um sinal para que a jovem se sentasse na ponta da cama. Uma nuvem de tristeza pairava pelo quarto, mas as lágrimas não ousavam cair dos olhos de Mabel.
– Sabíamos que essa ligação chegaria, mas, ainda assim, minha pressão a tomou de surpresa.
– Eu tinha esperanças de que ela não viria.
– Eu também, minha querida.