O impacto do real em um hospital
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O impacto do real em um hospital - Daniela Barros da Silveira
1. A ESPECIFICIDADE DO REAL NO ENSINO DE lACAN
O dia a dia em um hospital traz para pacientes, acompanhantes e profissionais um encontro impactante com o real. Na minha pesquisa sobre o real, constatei que vários termos são usados na tentativa de defini-lo: estranho, avassalador, inassimilável, insuportável, imprevisível, inapreensível, irrepresentável, inominável, impensável, intolerável, inabordável, impossível, indizível, sem sentido. Todos esses termos se coadunam com o que os pacientes que atendo vivenciam no ambiente hospitalar, lugar onde doença, sofrimento e morte são constantes, evidenciando insistentemente a castração, a falta.
Destaco nesse capítulo que o real pode chegar a ser traumático, quando o aparelho psíquico é invadido por um excesso de energia e o sujeito não consegue se proteger contra essa invasão. Em consequência do encontro com o trauma, com um real não assimilável subjetivamente, o sujeito fica sem recursos: não tem o recurso da angústia – que já implica uma certa preparação – e nem o da fala. Diante do trauma, do horror, o sujeito fica sem palavras
.
1.1. O REAL É O QUE ESCAPA AO SIMBÓLICO
O conceito de real foi criado por Lacan, que aponta três registros: o real, o simbólico e o imaginário. Coutinho Jorge afirma que essa tripartição estrutural foi estabelecida por Lacan na conferência pronunciada em julho de 1953, intitulada O simbólico, o imaginário e o real
. Destaca que a ordem de apresentação desses registros foi alterada desde essa conferência, S.I.R., até o Seminário de 1974-75, R.S.I. O autor ressalta, ainda, que, na conferência de 53 aparece pela primeira vez a fórmula lacaniana retorno aos textos freudianos
(Coutinho Jorge, 2008, p. 93). Conclui: o retorno a Freud promovido por Lacan acha-se intimamente associado à nomeação dessas três instâncias psíquicas
(idem, pp. 94 - 95).
Coutinho Jorge cita Lacan que, no Seminário R.S.I. (1974-75), diz:
Freud não tinha do imaginário, do simbólico e do real a noção que eu tenho... mas, mesmo assim, tinha uma suspeita deles... aliás, a verdade é que pude extrair meus três [registros] de seu discurso, com tempo e paciência. Comecei pelo imaginário, depois tive que mastigar a história do simbólico com essa referência linguística... e acabei por eles perceber esse famoso real (idem, p. 93).
Para Lacan, há três grandes segmentos na obra de Freud que podem ser incluídos nessas três instâncias:
o simbólico corresponde às relações entre inconsciente e linguagem, demonstradas, principalmente, nos textos sobre os sonhos, os chistes e a psicopatologia da vida cotidiana (...). O imaginário compreende toda a abordagem freudiana sobre o narcisismo, introduzida em 1911, inicialmente no Caso Schreber, depois em ‘Sobre o narcisismo: uma introdução’, e em ‘Luto e Melancolia’. O real está ligado àquele segmento voltado às questões da diferença sexual – abordadas desde os ‘Três ensaios sobre a teoria da sexualidade’, ‘As pulsões e suas vicissitudes’ e nos textos em que interroga o feminino e o que quer uma mulher – e aos problemas da repetição e da pulsão de morte – introduzidos em 1920, em ‘Mais além do princípio do prazer’ e retomados em inúmeros artigos, tais como ‘O problema econômico do masoquismo’ e o ‘Mal-estar na cultura’ (Coutinho Jorge, 2009, p. 32).
Coutinho Jorge comenta que a alteração das letras, de S.I.R. (na Conferência de 53) a R.S.I. (no Seminário de 1974-75) diz algo sobre os avanços produzidos por Lacan. Em 1953, a primazia dos três registros pertencia ao simbólico. Em 74-75, o foco recaiu claramente sobre o real (Coutinho Jorge, 2008, p. 98). O autor destaca:
pode-se observar, ao longo do ensino de Lacan, um deslocamento da ênfase que é posta em cada um dos registros, caminhando de início do imaginário para o simbólico e, finalmente, desembocando no real. Assim, em ‘O estádio do espelho’, é o registro do imaginário que é elaborado enquanto tal, ao passo que em ‘Função e Campo’ e ‘Instância da letra’ trata-se da tematização aprofundada do simbólico. Já o real, pode-se ver o interesse crescente que nele é posto por Lacan a partir da introdução do objeto a no seminário sobre O desejo e sua interpretação. O que não impede que já se tenha, desde ‘O estádio do espelho’, elementos embrionários que servirão para a elaboração do simbólico e do real (idem, p. 95).
Coutinho Jorge (2009, p. 35) acrescenta que, no dizer de Lacan, os registros se definem tendo como referência o simbólico, cuja estrutura é a mesma da linguagem e cujo suporte é o Nome-do-Pai
. O imaginário é tudo o que diz respeito à imagem do corpo sem a mediação da palavra, reduzindo as relações humanas à especularidade, o que faz com que sejam anulados os limites e as diferenças entre o sujeito e o outro como semelhante
(idem). O real é definido como o impossível de ser simbolizado; ele é o que está fora do