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Estratégia De Mundialização Para Pmes
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E-book276 páginas3 horas

Estratégia De Mundialização Para Pmes

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Sobre este e-book

O empreendedor deve ter uma visão sistêmica do ambiente que o rodeia e conhecimento das várias ferramentas disponíveis. Para tal, é apresentado um histórico recente do processo de globalização, seguido por uma análise do desenvolvimento social e suas desigualdades. Na sequência discute-se o modelo econômico atual. Aborda-se a Tecnologia da Informação e os sistemas utilizados atualmente e alguns problemas causados pela aplicação indevida de tais tecnologias. Sugere-se um passo a passo para a organização e implementação de uma rede para os empreendedores, com indicação dos sistemas a utilizar, sua configuração, metodologia de implantação. Encerra-se este livro com desenvolvimento de um mundo virtual para que os empreendedores possam criar uma visão espacial e multidimensional do mundo em que estão inseridos, permitindo, com este exercício, visualizar a causa e efeito de todas as ações ligadas, ou não, ao universo das pequenas e médias empresas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de ago. de 2009
Estratégia De Mundialização Para Pmes

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    Pré-visualização do livro

    Estratégia De Mundialização Para Pmes - Mário Luís Tavares Ferreira E Mário Luís Magnani

    Introdução

    O que nos levou a escrever este livro, após acompanhar, por mais de uma década, o desenvolvimento da pretensa inserção econômica e social, propagada pelo modelo de Globalização implementado, foi a constatação da frustração parcial de seus objetivos.

    As idéias, aqui expostas, estão baseadas nos fatos políticos, econômicos, sociais e em toda uma história que vem sendo contada há muito tempo e que, desde o final do século XX, tem sofrido mudanças constantes e tornado a própria História mais dinâmica.

    Procuramos explorar as causas dessas mudanças, entre elas, a revolução tecnológica que tornou disponível a informação para o mundo, diminuiu as distâncias entre os países, influenciou a cultura destes, e tornou-se um dos principais instrumentos de difusão de um mundo globalizado.

    O resultado da nossa reflexão está apresentado neste livro, para discussão e aprimoramento, sobre como tornar possível o usufruto dos benefícios da tão propagada Globalização, que só atende a uma minoria de privilegiados e que está aumentando a concentração da riqueza nas mãos de poucos.

    Uma das constatações é que a ferramenta tecnológica e a própria Globalização ainda são subutilizadas pelos pequenos empreendedores, produtores e prestadores de serviços, seja por falta de conhecimento ou de uma assessoria que lhes mostre o caminho para tornarem-se conhecidos mundialmente e usufruírem as vantagens da Globalização.

    Pensamos, então, como poderia ser feita a Globalização reversa, sem um controle central, institucional e governamental, na qual os pequenos empreendedores poderiam usufruir da Globalização ou Mundialização, como será chamada, quando enfatizarmos o aspecto humano e social do processo.

    Dentro desta proposta, mostraremos como o capitalismo, ou, como hoje é chamado, o sistema de mercado, é um sistema decadente pelo próprio conceito, no qual, durante décadas, se baseou o desenvolvimento industrial e o consumo, ou seja, morre por si só. Em vez de ser autoalimentador e auto-regulador, como muitos imaginam, acaba sendo, sim, um alimentador dos problemas sociais, dos países pobres, em benefício, principalmente, das organizações financeiras e dos oligopólios dos países ricos, deixando-nos a dúvida de por quanto tempo esse sistema ainda sobreviverá.

    Não pretendemos, porém, simplesmente criticar a ação desta ou daquela economia ou sistema econômico, nem os regimes políticos, adotados por este ou aquele país, muito menos comentar todas as razões das divergências sociais, políticas e religiosas que possam existir. Mas pretendemos evidenciar que a Globalização, no modelo atual, pode ser a última tentativa da minoria que tem o domínio econômico mundial, para salvar o sistema capitalista, com a propagação das idéias do neoliberalismo econômico, através da busca de novos mercados, que ainda não estejam saturados pela sede de acumulação de riqueza, necessidade criada e maximizada pelo próprio capitalismo, nos últimos anos.

    Temos, também, de considerar que essa busca de mercados, como é praticada na atualidade, ignora as culturas e a evolução de cada sociedade e as suas raízes, que serviram de base para a sua formação. Não podemos, também, deixar de mencionar que esta obra, assim como tantas outras publicadas após o 11 de setembro de 2001, leva em consideração a mudança comportamental e conceitual provocada nas comunidades envolvidas naquele fato, bem como outros acontecimentos que ficaram marcados como resquícios ou retaliações a partir daquela data, não sendo por acaso que tantos autores a referenciam em suas obras que abrangem o contexto mundial.

    A Globalização, em si, é um processo muito interessante que trará benefícios à Humanidade, desde que seja implementada de forma equilibrada e que siga os princípios e valores universais de direitos humanos, com respeito e preservando a individualidade e dignidade do próximo.

    Esperamos que os leitores entendam esta obra como uma ferramenta de colaboração, que permita um melhor entendimento dos componentes que regem o mundo globalizado e como suas ações afetam o comportamento macroeconômico e social de todo o planeta. Devemos, porém, ter ciência de que, pensando-se em tempo histórico, essas mudanças do mundo atual ocorrem num brevíssimo período de tempo.

    Pretendemos exercitar a idéia de que a Globalização pode ser utilizada de maneira contrária à que é implementada hoje, isto é, de cima para baixo, imposta pelos grandes e engolida pelos pequenos. O crescimento global deve permitir um espaço, também, para os pequenos empreendedores, fortalecer a economia mundial, diminuir as distorções sociais e colaborar para um mundo melhor, em todos os seus aspectos.

    Iniciamos a nossa proposta, após uma exposição do contexto mundial, de como podemos tornar a Mundialização em um processo democrático, que permita a participação de todas as camadas sociais e, de como, com a utilização dos meios tecnológicos disponíveis, podemos fazer para que os pequenos empreendedores, em todo o mundo, possam usufruir os benefícios da Globalização, permitindo que se desenvolvam eqüitativamente, sem perderem sua identidade, e obtenham vantagens de suas diferenças regionais. Essas diferenças regionais devem ser consideradas como um fator positivo, uma vantagem comparativa, e como um ponto forte que deve ser realçado.

    O desenvolvimento do empreendedorismo é um fator decisivo para o sucesso do novo milênio. Com o aumento do desemprego, da flexibilização das leis do trabalho e do incremento da produtividade das empresas, as ações autônomas dos cidadãos tornaram-se mais freqüentes e os valores da autonomia, autogestão, responsabilidade e iniciativa são cada vez mais valorizados tanto intracompanhias quanto extracompanhias. O que nos conduz, novamente, aos pequenos empreendedores e à necessidade de sua sobrevivência e de seu desenvolvimento.

    Com esta colaboração esperamos proporcionar mais uma opção, ou abrir espaço para a discussão de um modelo global justo. Que seja econômico e socialmente responsável, democrático e viável, para inserção de todos, e que crie um vetor para a diminuição das diferenças globais de distribuição da riqueza.

    Aspectos Históricos da Globalização

    Ferreira

    Apresentamos um pequeno histórico do desenvolvimento econômico e comercial mundial do final do século XIX e do século XX, para que, das ações e experiências observadas, tenhamos uma visão do que ocorreu, do que de positivo observamos e do que contestamos, de forma que nossa sugestão de inclusão, de pequenas e médias empresas, possa ser compreendida por todos os leitores. Com esta exposição inicial será possível observar a nossa linha de raciocínio e os pontos que serão abordados no decorrer do trabalho, assim como entender nossas indicações para a correção do rumo de várias distorções, que são provocadas pela Globalização.

    Se fôssemos comentar amplamente sobre o histórico da Globalização, não como definida de maneira unilateral pelo sistema econômico dominante, mas, de acordo com suas origens, deveríamos remontar aos fenícios, aos venezianos, à época dos descobrimentos e expansão dos impérios de Portugal e Espanha, ao mercantilismo holandês, ao imperialismo inglês e francês, entre outros, o que tornaria este trabalho extenso e eclipsaria o objetivo primordial de fornecer algumas idéias e sugestões aos pequenos empreendedores para sua inserção no mundo global.

    Por isso, essa restrição aos últimos acontecimentos políticos, econômicos e sociais, para que, no desenvolvimento deste livro, possamos analisar suas conseqüências no mundo atual.

    Continuaremos a utilizar o termo Globalização em vez de Mundialização, pois, na nossa perspectiva, o primeiro está mais interligado ao desenvolvimento econômico-financeiro e à prospecção dos mercados pelo capital especulativo, que é um dos pontos propagados pelo neoliberalismo. Utilizaremos o termo Mundialização nos capítulos finais, focando mais o aspecto humano e social e de equilíbrio na distribuição de riqueza e conhecimento, fato que, na realidade atual, estamos longe de observar.

    Outro aspecto importante é ter uma visão da linha do tempo, dos fatos ocorridos seqüencialmente e de suas implicações no desenvolvimento dos países, para se ter uma perspectiva do desenvolvimento global. Também, no decorrer do nosso trabalho, serão citados eventos para o relacionamento de causa e efeito, que, sem uma perspectiva no tempo, tornaria difícil o desenvolvimento do raciocínio. Assim como dificultaria elaborar as respostas para as perguntas, abaixo sugeridas, importantes para o entendimento dos movimentos e forças globais.

    Se os Estados Unidos continuarem a desvalorizar o dólar, em relação ao euro, quais serão as implicações disso para os pequenos empreendedores europeus e americanos?

    Aceito o acordo, da entrada do Brasil no âmbito da ALCA, dentro das prerrogativas americanas de abrir o mercado para serviços, tecnologia e acordos de propriedade intelectual, quais serão as conseqüências para os pequenos empreendedores da América do Sul?

    Se continuarem os subsídios que os países desenvolvidos concedem aos pequenos produtores rurais, quais serão as conseqüências para os países em desenvolvimento?

    Quais as conseqüências de a China ter entrado na Organização Mundial de Comércio – OMC, para o comércio mundial?

    A invasão do Iraque não teria relação com a decisão de seu presidente de trocar as suas reservas de petro-dolares por petro-euros, ou com a importância geopolítica e econômica do Iraque?

    Se o objetivo é propagar a democracia e liberdade, por exemplo, no Iraque, por que, então, não foi invadido o Sudão, ou a Nigéria, ou, ainda, por que não se ajudou Timor antes do quase extermínio de sua população pelas milícias da Indonésia?

    O consenso de Bretton Woods e, na seqüência, a fundação do Fundo Monetário Internacional – FMI, do Banco Mundial (BIRD, Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento) e do Banco de Compensações Internacionais (BIS, Bank of International Settlements) sob a coordenação dos Estados Unidos, implicaram em quais conseqüências, para o resto do mundo?

    O entendimento destes pontos, e outros, sem nos aprofundarmos em teorias econômicas, é importante para entendermos o mundo atual, as tendências que estão surgindo, e quais as possíveis hipóteses para os pequenos empreendedores.

    Iniciamos, portanto, nossa exposição, a partir do século XIX, com a revolução industrial. Naquela época houve importante incremento e aceleração do progresso técnico, principalmente, na Grã-Bretanha que, concomitantemente, aproveitou para expandir seu império comercial e territorial.

    Com o aumento da produção e do mercado, o império britânico precisava modernizar sua política comercial. Fê-lo com a remoção de tarifas protecionistas sobre produtos agrícolas e, em meados do século, foram removidas todas as restrições tarifárias e comerciais, unilateralmente. Foi feito um acordo com a França, chamado de Chevalier-Cobsen, 1860, para liberalizar o comércio, e, posteriormente, os franceses também o fizeram com outros países europeus.

    Interessante frisar que, nesses tratados, a cláusula de nações favorecidas, ou seja, a liberalização bilateral, aplicava-se a todos os países com o mesmo tratado, isto é, existindo o tratado entre França e Grã-Bretanha, se a França assinasse com um terceiro país, este terceiro teria a mesma validade, das condições contratuais, também, com a Grã-Bretanha.

    A defesa do livre comércio, pela Grã-Bretanha, era-lhe vantajosa, pois, na época, estava avançada industrialmente, com grande capacidade produtiva, com tecnologia e tinha uma moeda forte.

    No final do século, todos voltaram atrás, menos a Grã-Bretanha que continuou com a liberalização, até as primeiras décadas do século XX. No início dos anos de 1900 o imperialismo da Grã-Bretanha e da França já estava em declínio e surgiam os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão como potências.

    Comentamos estes fatos pela similaridade do liberalismo comercial anglo-saxão, observado no século XIX, com o que constatamos, no passado recente, com a dupla Reagan-Thatcher e os neoliberais.

    Cabe, ainda, um pequeno parêntese sobre o imperialismo colonial britânico e a sua liberalização de mercados. Por exemplo, sobre a intervenção gerada pelos pseudotratados de liberalização. A Grã-Bretanha administrava a alfândega chinesa para garantir que o país pagaria sua dívida. Outros países, que não eram colônias, mas tinham os mesmos tratados, eram obrigados a manter as tarifas baixas, reduzindo sua soberania sobre questões comerciais e garantir direitos territoriais a estrangeiros (OCDE, 2001). Isso se assemelha, nos dias de hoje, à atuação do FMI, em suas cláusulas dos contratos de financiamento, com a supervisão e controle da gestão econômica dos países, onde tem sua intervenção.

    Iniciados os anos de 1900 e o período da La Belle Époque, a época bela, que se prolongou até o início da Primeira Guerra Mundial, tivemos uma fase de crescimento econômico e de prosperidade em todo o mundo. Não foi um processo equilibrado, mas todos cresceram e tiveram seu PIB aumentado significativamente em relação a épocas anteriores.

    Acontece a Primeira Guerra Mundial em 1914, com o assassinato do arquiduque da Áustria, Franz Ferdinand, em uma visita à Bósnia, à cidade de Sarajevo. Deflagra-se o conflito com a declaração de guerra do Império Austro-Húngaro à Sérvia. A Rússia entra no conflito para apoiar a Sérvia. A Alemanha, apoiando o Império Austro-Húngaro, declara guerra à Rússia e, posteriormente, à França. Observou-se, na seqüência, o envolvimento da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos, da Itália etc.

    No final da guerra, em 1918, acabaram-se as monarquias absolutistas, na Europa, e instaurou-se a República de Weimar na Alemanha. A Dinastia Habsburg terminou, a Áustria e a Hungria tornaram-se repúblicas, assim como a Polônia, depois de ter sido dominada, por 123 anos, pela Rússia, Áustria e Prússia. Os Checos proclamaram a independência e foi formado o Estado dos eslovenos, croatas e sérvios que, mais tarde, unido ao Reino da Sérvia, formou a Iugoslávia. E, ainda, neste contexto, temos a revolução russa de 1917, com a abdicação do Czar Nicolau II e a vitória do partido bolchevista de Vladimir Lenin.

    A Primeira Guerra Mundial foi um processo desgastante para os europeus, pois, além de desarticular economicamente as nações européias, o aspecto moral e de referência de civilização ficou abalado em todos os outros continentes.

    Os Estados Unidos, na época, já investiam mais, que os europeus, em tecnologia e em desenvolvimento, principalmente, na pesquisa aplicada, além de não terem tido seu país afetado pela Primeira Guerra Mundial. Com isso, obtiveram uma dianteira no desenvolvimento econômico e um posicionamento estratégico mundial. Isto é, o eixo econômico muda de Londres para Nova Iorque.

    A economia européia estava desgastada e desarticulada após a Primeira Guerra Mundial, então, os Estados Unidos financiaram a reconstrução das economias dos países europeus. Esse financiamento somou-se à dívida, já existente, do financiamento de recursos utilizados durante a guerra. Os empresários americanos já não tinham a demanda da guerra dos europeus. Nem os europeus tinham recursos para continuar a comprar os produtos agrícolas e industriais dos Estados Unidos, além de terem de pagar os juros e o principal das dívidas contraídas durante a guerra e mais os financiamentos para reconstrução dos países.

    Os Estados Unidos estavam com a economia superaquecida e não haviam sofrido os efeitos da guerra. Em 1924, possuíam 45,7% do estoque de ouro mundial (Eichengreen, 2000). Na época, era utilizado o padrão ouro, isto é, lastreamento em ouro dos recursos monetários.

    No final da Primeira Guerra, os empresários americanos continuaram investindo no aumento do capital, em indústrias, com lançamento de ações, gerando uma oferta muito grande sem uma demanda condizente, o que provocou uma queda nos preços dos bens e um aumento da especulação no mercado de ações.

    Em 1927, o mercado da bolsa de Nova Iorque crescia aceleradamente e o capital especulativo aumentava, ao contrário do capital produtivo que se mantinha estagnado. Para controlar essa situação, o Federal Reserve Bank, em 1928, aumentou a taxa de redesconto de 3,5% para 5%, fazendo com que o capital americano deixasse de sair para o exterior, e provocou, por conseqüência, que outros países também aumentassem sua taxa de juros para evitarem a fuga de capitais. Ocorreu uma reação em cadeia que desaqueceu toda a economia mundial e iniciou um processo de deflação na economia mundial.

    Com a desaceleração da economia mundial, os pagamentos das dívidas e reparações de guerra tornaram-se difíceis de cumprir. Houve diminuição da demanda e, por conseqüência, a quebra de pequenos empresários e bancos que, pela inadimplência dos clientes, não conseguiram manter a solvência. Temos, então, a crise da bolsa de Nova Iorque, em 1929, e a Grande Depressão.

    Com referência à quebra da bolsa de Nova Iorque e a quebra de outros mercados financeiros, empresários e economias, vivemos um "déjà vu, recentemente, em escala menor, com a Bolha da Nova Economia".

    Em 1930, o Hawkey-Smoot Tariff Act, nos Estados Unidos, elevou as tarifas de importação de mercadorias para um patamar impraticável, o que gerou reações imediatas dos parceiros comerciais e provocou um desaquecimento, ainda maior, da economia mundial e o agravamento do processo de recessão, principalmente, na agricultura americana.

    Tivemos a crise do franco, a crise da libra esterlina, e do banco austríaco Credit Anstalt, que se propagou para a Hungria e Alemanha. A Grã-Bretanha, na tentativa de manter o valor da moeda idêntico ao período anterior à guerra, zelar pela posição de centro financeiro mundial e proteger os portadores de títulos em libra esterlina, causou deflação interna, desemprego e perda de competitividade nos mercados internacionais.

    Houve a desvalorização assíncrona das moedas de vários países, na tentativa de manterem-se competitivos. Utilizando-se da filosofia do empobreça o próximo – exportações de seus bens e serviços, a preços comparativos menores em detrimento das produções locais de outros países –, tentavam manter seu balanço comercial e de conta corrente superavitário, e com isso evitarem a perda das reservas lastreadas em ouro.

    Só em 1936, com o Acordo Tripartite, França, Estados Unidos e Grã-Bretanha definiram um controle para a desvalorização das moedas, um sistema de quotas de importações e de reconstrução do sistema de comércio multilateral. Aqui, já podemos observar um interesse velado de conter o expansionismo alemão.

    Todos esses fatores tiveram um efeito em espiral, culminando com a pior recessão econômica mundial da História, na qual os Estados Unidos chegaram a ter 25% de desempregados, a Grã-Bretanha 20% e a Alemanha, na indústria, atingiu 44%. Nos Estados Unidos a produção industrial caiu 48% e na Alemanha, 39%.

    O nazismo e fascismo emergiram com a Grande Depressão, e as massas, na procura de um ponto de apoio, uma auto-satisfação nacional, prosperidade, otimismo, fé no futuro e resgate dos valores existentes na Belle Époque, foram induzidas com as palavras messiânicas de seus propagadores.

    Aconteceu a Segunda Guerra Mundial e, novamente, os Estados Unidos forneceram suprimentos e materiais aos países aliados, e sua indústria foi reativada para o esforço de guerra. Mais uma vez, a Europa foi destroçada pela guerra e se fez necessário novamente um plano de reconstrução e o pagamento de dívidas e reparações de guerra.

    Com o final da guerra, a Grã-Bretanha, França, Bélgica e Holanda tiveram seus impérios coloniais desmantelados e uma série de países, recém-independentes, surgiram na Ásia e África.

    Em 1944, ao final da Segunda Guerra Mundial, assinou-se o Consenso de Bretton Woods. O plano de reconstrução, apresentado por John Maynard Keynes, foi, praticamente, aceito na íntegra. O objetivo era criar um sistema monetário internacional e um sistema bancário sólido, com uma moeda não atrelada ao padrão ouro. Para tal, criou-se o Fundo Monetário Internacional (FMI), que deveria funcionar como um agente de pagamentos internacionais, tendo como moeda-base, o dólar. Foi criado, também, o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), mais conhecido como Banco Mundial, que deveria ajudar a reconstrução da Europa e, depois, as economias menos desenvolvidas.

    Keynes propôs que fosse abandonado o padrão ouro, que o dólar fosse utilizado como moeda de referência, ao invés da libra esterlina, e que o valor do dólar fosse atrelado à boa fé e crédito do governo dos Estados Unidos, utilizando crédito, letras de crédito, avais ou garantias, em vez do ouro ou prata. O Consenso aprovou o plano básico de Keynes, mas o preço do ouro foi determinado pelo valor, anterior à guerra, de US$ 35,00 por onça de ouro. O dólar seria a moeda de referência mundial e todas as outras moedas seriam atreladas ao dólar, mantendo, portanto, ainda, o dólar uma referência ao ouro.

    Após o consenso de Bretton Woods foi produzido o Plano Marshall, pelo qual os Estados Unidos, entre 1948 e 1952, contribuíram com mais de US$ 13 bilhões de dólares, da época, para a reconstrução da Europa.

    Um ano antes, em 1947, o presidente Truman, dos Estados Unidos, havia declarado a Doutrina de Truman, isto é, a Guerra Fria, que prometia suporte aos povos livres que estavam resistindo à subjugação por minorias armadas ou pressões externas. Isso foi um catalisador do Plano Marshall, para estancar o avanço do comunismo e influência da União Soviética. Outro catalisador foi o interesse econômico, devido aos investimentos e empréstimos já efetuados durante a Segunda Guerra, e que, pela lenta recuperação da economia européia, poderiam ficar em risco.

    O Plano Marshall teve um efeito multiplicador no desenvolvimento europeu, que rapidamente se recuperou e teve, entre 1948 e 1952, um crescimento industrial de 35%, e a agricultura ultrapassou os níveis anteriores à

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