Economia Paralela

De Nuno Vilarinho Gonçalves

A economia paralela é um fenómeno à escala global, com dimensão e complexidade distintas em cada período e país devido às suas particularidades económicas, sociais e institucionais. Apesar de o cidadão comum interagir no seu quotidiano com esta economia, quer pela sua experiência, quer através dos meios de comunicação social, esta é designada de «paralela», «não observada» ou «não registada». Subjacente está o facto de ser desenvolvida à margem das autoridades competentes, e, ao incorporar tipos de actividades distintas, a sua identificação torna-se difusa, bem como o dano para a sociedade. Ao longo deste ensaio são levantadas questões como: O que é a economia paralela? Quais são as principais causas para a sua formação? Que consequências advêm da sua existência? De que forma é possível combater o fenómeno? Com particular enfoque no caso português, neste ensaio pretende-se assim reflectir sobre esta temática que é frequentemente negligenciada, por vezes mal interpretada e até inconveniente.

• Idioma: Português
• Editora: Fundação Francisco Manuel dos Santos
• Data de lançamento: 1 de mar. de 2016
• ISBN: 9789898819796

Nuno Vilarinho Gonçalves

Nuno Miguel Vilarinho Gonçalves nasceu em 1984, no Porto. Licenciado em Gestão de Empresas, obteve o grau de mestre em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto em 2010, com a dissertação «A Economia Não Registada em Portugal». É membro do Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF) desde 2009, onde a sua investigação se concentra na área da economia não registada e evasão fiscal, com particular enfoque no desenvolvimento do índice de economia não registada para Portugal. Na Universidade do Porto, é investigador colaborador no Centro de Economia e Finanças (CEF.UP) e doutorando em Economia na qualidade de bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O seu trabalho, além da temática da economia paralela, onde é autor de várias publicações, centra-se na investigação científica na área da macroeconomia, política orçamental e finanças públicas.

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I. Introdução

Na penumbra da economia, num ângulo morto para as administrações fiscais, entidades reguladoras das actividades económicas e forças de segurança, promovem-se e realizam-se negócios, compram-se e vendem-se produtos, prestam-se serviços, transferem-se bens e capitais, dá-se emprego e pagam-se salários, financiam-se actividades lesivas para o bem-estar da sociedade. Estas situações não são novidade nem para os cidadãos nem para os governos. Apesar de a sua existência ser do conhecimento geral, esta parte da economia não é observada pelos organismos oficiais, não é contabilizada, regulada, tributada e grande parte não é devidamente punida. Trata-se da economia não registada, de agora em diante designada por «economia