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Cinco Meninas
Cinco Meninas
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E-book615 páginas4 horas

Cinco Meninas

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Sobre este e-book

Esta é uma história sobre cinco meninas, cinco irmãs; o nascimento, a infância e a adolescência de cada uma delas... Mas, para ficar completa, a história conta como tudo começou... quando os futuros pais das meninas se conheceram: foi num baile de Carnaval; namoraram, noivaram e casaram, e esse casamento teve a feliz missão de trazer para este mundo as Cinco Meninas...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de fev. de 2016
Cinco Meninas

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    Pré-visualização do livro

    Cinco Meninas - Sérgio Toffoletto

    CINCO MENINAS

    Autor: SERGIO TOFFOLETTO

    SUMÁRIO

    PRIMEIRA PARTE .................................................................................... 3

    SEGUNDA PARTE .................................................................................. 19

    2

    CINCO MENINAS

    PRIMEIRA PARTE

    Esta é uma história que conta uma pequena passagem da vida de

    cinco meninas, cinco irmãs, uma pequena passagem por que

    abrange tão somente o nascimento, a infância e a adolescência

    das cinco meninas, três fases distintas, mas unidas entre si,

    povoadas de sonhos, ilusões e fantasias, onde tudo é um mar

    azul, um céu estrelado, quando se dá risadas por qualquer

    bobagem que se diga ou que se ouve, quando tudo é alegria e

    despreocupação, quando a vida corre num lago encantado, num

    mar de rosas, e tudo isso acontece apenas uma vez na vida,

    apenas uma vez a vida nos dá o ensejo de sonharmos e

    vagarmos por reinos encantados e desconhecidos.

    Esta história tem três fases, a fase do começo, quando tudo

    começou, e como já foi dito acima, as fases da infância e

    adolescência das cinco meninas. Para que se saiba como tudo

    começou, voltemos no tempo, até o ano de mil novecentos e

    cinqüenta e cinco, o mês de janeiro daquele ano estava perto de

    se encerrar, breve haveriam as festas, os bailes de carnaval no

    mês seguinte, o de fevereiro, e um rapaz de nome Sérgio

    telefonou para um seu amigo que trabalhava em uma grande loja

    de departamentos no centro da cidade de São Paulo, firma na

    qual o Sérgio também trabalhara, e da qual se desligara fazia

    pouco tempo.

    -Oi espanhol, tudo bem? aqui é o Sérgio.

    -Oi italiano, o quê é que você manda?

    -Olha amigão, eu quero entrar aí no baile de carnaval, vê se você

    fala com alguma menina aí, que queira topar entrar comigo!

    3

    -Tem uma garota que entrou agora e está trabalhando justo na

    mesa que era sua, e ela encontrou uma papelada sua numa das

    gavetas e disse que gostaria de ter-lhe conhecido, talvez ela tope

    entrar com você!

    -E como vou ficar sabendo se ela concorda em entrar comigo?

    disse o Sérgio.

    -Olha italiano eu vou falar com ela.

    -Tá bom espanhol, eu conto com você, tchau!

    Aqui convém explicar que o Sérgio costumava tratar esse amigo

    por espanhol devido ser ele de descendência espanhola, seu

    nome era Ramon, e o amigo o chamava de italiano por motivo

    óbvio, ele era de descendência itálica; quanto ao baile de

    carnaval, todo ano nessa ocasião era realizado no último andar

    do prédio, num grande salão, onde ficava um grêmio recreativo

    destinado aos funcionários, que por sinal eram muitos; durante o

    ano aconteciam outras comemorações, mas o mais esperado

    eram esses bailes de carnaval, as festas do rei Momo, o rei do

    carnaval, e para tomar parte neles, quem não era funcionário da

    firma, tinha que estar acompanhado por alguém que o fosse, e

    este era o caso do Sérgio, que já não trabalhava mais na firma.

    Ele voltou a ligar para o amigo, a fim de saber se a garota ia ou

    não ia querer entrar com ele.

    -Oi espanhol, é o Sérgio, então como é que ficou?

    -Oi, italiano, positivo, ela falou que você pode vir que ela entra

    com você!

    -Está bom então, obrigadão amigão, a gente se vê no dia, está

    certo? tchau!

    -Mais uma coisa, é bom você estar aqui, uns vinte ou trinta

    minutos antes que as portas sejam abertas, viu?

    -Eu estarei sim, mais uma pergunta, ela é bonita?

    -É sim, é muito bonita, e muito direitinha, já tem uns caras que

    tão de olho nela!

    4

    -Tudo bem então espanhol, tchau e mais uma vez muito

    obrigado!

    No dia em que tinha início o carnaval, um sábado, lá estava o

    Sérgio, em frente à entrada na porta que dava acesso aos

    elevadores que transportavam as pessoas, neste caso os foliões,

    lá para cima onde ficava o salão, e já havia um bom número dos

    que esperavam ansiosos a abertura das portas, conversavam,

    riam muito, se cumprimentavam, naquela algaravia própria do

    clima momesco, e aqui um detalhe, havia um casal que se

    destacava fantasiado, ele de pierrô e ela de colombina; e nesse

    burburinho todo, alguns amigos do Sérgio, que ao vê-lo se

    dirigiam a ele e perguntavam:

    -Ei, Sérgio, tudo bem com você? já tem alguém para entrar com

    você?

    -O Ramon, vai me apresentar uma menina que vai entrar

    comigo, vocês por acaso viram ele por aí?

    -Eu estou chegando agora, ainda não deu para ver nada! disse

    um.

    -Eu também não o vi, não sei se ele vai vir! disse outro.

    -Deve vir sim, ele não vai querer perder um baile ainda mais de

    carnaval, não é? daqui a pouco chega! disse mais um.

    -Me parece que eu vi ele ali na esquina com duas garotas! disse

    um outro.

    -Eu vou lá verificar! falou o Sérgio.

    Ele então foi até a esquina, e lá de fato estava o Ramon com

    duas garotas, uma era bonitinha, mas a outra era muito bonita,

    era linda, e ele ficou cismando, qual das duas seria a que iria

    entrar com ele? tomara que seja a mais bonita, ele pensou!

    -Oi espanhol, aqui estou! disse o Sérgio.

    -Oi italiano, chegou na hora! disse o Ramon(ele fez menção de

    apresentar as garotas, mas uma delas, a mais bonita adiantou-se

    e falou):

    5

    -Olá meu nome é Wanda, estava curiosa por conhecê-lo, estou

    ocupando a mesa na qual você trabalhava, ainda tem uns papéis

    lá que você deixou!

    -Muito prazer, acho que nem é preciso dizer que eu sou o

    Sérgio, né?e também quero lhe agradecer por você ter

    concordado em entrar comigo no baile, viu? quanto aos papéis

    que eu deixei lá na mesa, são papéis sem importância, pode

    jogá-los fora!

    -Esta é uma amiga minha, é irmã da minha madrinha, ela vai

    entrar com o espanhol, como você o chama! disse a Wanda,

    rindo.

    -Muito prazer! falou o Sérgio, à amiga da Wanda.

    Nisso o Ramon falou:

    -As portas já foram abertas, o pessoal já está começando a

    entrar, o forrobodó já vai começar, vamos nós também! e então

    rindo eles se misturaram aos demais e entraram em um dos

    elevadores que os deixou no último andar, aonde ficava o salão.

    Para se chegar ao salão era necessário galgar uma pequena

    escadaria, e enquanto o Sérgio seguia atrás da Wanda, algumas

    garotas, ex-colegas suas de seção, sorriam-lhe e faziam-lhe

    sinais de positivo como se lhe dissessem está com tudo, hein!

    ou como se dizia naquele tempo, em tom de brincadeira" você

    está por cima da carne seca, hein, malandro!?", e o Sérgio

    sorrindo retribuía os sinais de positivo com um franzir de

    sobrancelhas, e com um sorriso um tanto maroto, sussurrava-

    lhes em voz baixa, "o quê que eu vou fazer, não é mesmo? o

    material é de primeira, é especial!" referindo-se ao belo corpo

    da Wanda e à sua beleza.

    O salão estava todo enfeitado, com serpentinas de todas as

    cores, que pendiam do teto e também desciam pelas paredes

    laterais, como se fossem plantas trepadeiras, e máscaras

    carnavalescas pregadas nas paredes; o salão era num formato

    6

    quadrilátero comprido e largo, na parte dos fundos, isto é,

    oposta à da entrada, e num espaço conjugado havia um bar onde

    se podia tomar uma bebida, cerveja ou refrigerante e comer um

    lanche; em frente ao bar ficavam quatro sanitários, dois

    femininos e dois masculinos, e aqui um detalhe um tanto

    hilariante, na porta do sanitário masculino constava o emblema

    de um galo, e na porta do feminino uma galinha, e isso era um

    motivo de protesto por parte das mulheres, que consideravam de

    muito mal gosto a figura de uma galinha na porta do banheiro

    delas, muito mau gosto e mal intencionada, segundo a opinião

    delas, motivo de brincadeiras e chistes por parte dos marmanjos,

    e a diretoria da firma já tinha avisado que mandaria trocar, mas

    nada havia sido feito até agora, e é bom que se diga que a

    diretoria era composta só de homens que parecia se divertir com

    aquela situação; mas nada disso empanava a grande alegria que

    tomava conta de todos naqueles bailes carnavalescos, e também

    nos vários eventos que durante o ano eram proporcionados pelo

    grêmio recreativo aos funcionários.

    Num canto do salão ficava uma pequena orquestra, era mais um

    conjunto de seis músicos, do que propriamente uma orquestra,

    composto por funcionários da firma, que afinavam os

    instrumentos, pandeiro, tamborim, tambor, trompete, saxofone e

    trombone, e os foliões ficavam em volta ansiosos aguardando a

    hora em que tudo começasse, alguns até ensaiavam passos de

    marchas e sambas, que são os dois ritmos carnavalescos, e

    finalmente ouviram-se os primeiros acordes, uma espécie de

    hino do carnaval, que tradicionalmente dava início ao entrudo, e

    os foliões aos poucos foram tomando conta do salão,

    rodopiando ao som das marchinhas, um cordão de foliões e

    folionas foi se formando e a alegria tomou conta de todos, era o

    carnaval daquele ano, mil novecentos e cinqüenta e cinco.

    7

    O Sérgio não entrou logo nos rodopios, nem a Wanda, os dois se

    puseram apenas a apreciar, ele torcendo para que ninguém a

    viesse convidar para dançar, e ela esperando que ele a

    convidasse, então ele falou:

    -Se você tem alguém em vista para dançar, não se prenda a mim

    não, viu?

    -Não, não tenho ninguém, mas se você quiser dançar com

    alguma outra garota, não precisa ficar comigo não, viu?

    -Então nesse caso como nem eu e nem você temos ninguém em

    vista, eu a convido para sairmos rodopiando pelo salão!

    E os dois se puseram a dançar, a deslizar em meio a outros

    tantos, que cantavam as músicas tocadas pela pequena orquestra,

    riam e pilheriavam, gracejando uns com os outros, eram todos

    amigos, e alguns diziam para o Sérgio:

    -Oi Sérgio, segura bem o material ai, hein! é de primeira!

    -Pode deixar que eu seguro bem, não me escapa não (e rindo

    dizia para a Wanda) não me leve a mal viu? é brincadeira.

    -Não tem importância, é tudo folia mesmo! disse, também rindo

    a Wanda.

    E outros comentários surgiam.

    -O Sérgio e a Wanda estão se dando bem, se acertaram, até

    agora não se largaram! dizia um colega que trabalhava na

    mesma seção dela.

    -Esse cara nem trabalha mais aqui, e está querendo se apossar da

    menina mais bonita da seção! dizia um despeitado que tinha

    uma certa rivalidade com o Sérgio.

    -É isso mesmo, essa garota trabalha há pouco tempo aqui, e já

    fisgou os meus lindos olhos verdes! falava uma garota que tinha

    uma queda para com o Sérgio (ele tinha olhos verdes).

    -Vocês estão é com inveja, e vão ficar aí chupando o dedo! disse

    o Ramon, que se encontrava ali perto, em defesa do amigo.

    Houve um intervalo, e o Sérgio convidou a Wanda:

    8

    -Vamos até o bar tomarmos um refrigerante, para ajudar a

    descer a poeira?

    -Vamos sim, eu até estou com sede.

    E lá encontraram o Ramon, que bebia uma meia cerveja, e que

    disse para o Sérgio:

    -Como é italiano, vai uma cervejinha aí?

    -Não amigão, eu vou tomar uma coca-cola, e você vai querer o

    quê? ele perguntou para a Wanda.

    -Eu vou querer um guaraná, mas antes vou até a toilette, me dá

    licença? ela falou.

    Enquanto ela se dirigia à toilette, o Ramon perguntou para o

    Sérgio:

    -E então, o que você achou da menina?

    -Muito bacaninha, muito bonita, estou gostando muito dela!

    -E é também muito direita, viu? disse o amigo.

    Uma garota ex-colega do Sérgio, estava ali perto ouvindo a

    conversa dos dois, e falou:

    -Essa daí é para casar, Sérgio, é como se diz, ou você pega ou

    larga, não é mesmo, Ramon?

    -Isso é com ele, ele é que sabe! disse o Ramon.

    -Vamos com calma gente, nada de querer colocar a carroça na

    frente dos bois, tudo tem seu tempo, e agora por enquanto eu

    quero é arrastar os pés ai pelo salão! falou o Sérgio, rindo.

    Outros ex-colegas dele, também chegavam no bar, e um deles

    perguntou:

    -Então Sérgio, você está trabalhando em alguma firma?

    -Estou sim, em um laboratório, como vendedor! ele disse.

    -Quer dizer que agora você é um homem de vendas? disse o ex-

    colega.

    -E já dá para casar? perguntou um outro, rindo.

    -Por enquanto não, quem sabe daqui a alguns anos, né? falou o

    Sérgio, também rindo.

    9

    -E pelo jeito, parece que você já tem alguém em vista, hein?

    O Sérgio deu uma risadinha sabendo ao que ele se referia, e a

    ex-colega repetiu, rindo:

    -É como eu falei, é pegar ou largar!

    Nisso chegou a Wanda, de volta da toilette, e curiosa perguntou:

    -É pegar ou largar o quê?

    Eles todos caíram na risada, e o Sérgio falou:

    -Não é nada não, é brincadeira deles!

    E o baile continuou com muita animação, muito entusiasmo;

    naquele tempo os bailes de carnaval aconteciam nos salões dos

    clubes, ou como neste caso nas firmas que tinham um espaço,

    transformado em grêmio recreativo para seus funcionários e

    famílias, ou nos cinemas, nos quais eram removidos os assentos

    e ficava um amplo salão; hoje existem os chamados

    sambódromos nos quais as diversas escolas de samba desfilam

    com seus blocos fantasiados, seus carros alegóricos, suas

    baterias, para gáudio do povo que lota as dependências dos

    sambódromos, mas tanto antigamente como atualmente,

    carnaval é sempre carnaval, motivo de alegria e descontração, e

    o Sérgio e a Wanda continuavam juntos, dançando, deslizando,

    rodopiando ao som das marchinhas e sambas, até que a

    orquestra deu os últimos acordes, encerrando o baile daquele

    primeiro dia do reinado de Momo, o rei do carnaval; eram

    quatro horas da madrugada de domingo; os bailes de carnaval

    começavam às dez horas da noite e terminavam às quatro da

    madrugada, e o Sérgio disse para a Wanda:

    -Que pena, o tempo passou tão depressa que nem percebi, gostei

    imensamente de tê-la conhecido e dançado o tempo todo com

    você, agora acabou-se o que era doce!

    -Quem comeu regalou-se!

    -E quem não comeu danou-se!

    10

    Eram duas colegas da Wanda que assim diziam, rindo muito, ao

    ouvirem o que o Sérgio dissera, e se inseriram na conversa.

    -E agora como é que ficamos? ele perguntou para ela.

    -Bom não sei né, mas se você quiser pode me acompanhar até

    em casa, você é que sabe! ela disse.

    -Mas é claro, isso é o mínimo que eu posso fazer! ele falou.

    -Minha amiga já está vindo! ela disse.

    -E vem acompanhada! ele falou.

    A amiga da Wanda vinha em direção a eles acompanhada por

    um rapaz, vinham de mãos dadas.

    -Olha Wanda ele tem carro e vai nos levar! ela disse.

    -Meu carro está logo ali adiante, vamos até lá?

    -Eu também posso ir junto? quis saber o Sérgio.

    -Por mim não tem problema, isso quem sabe é aí a Wanda! falou

    o rapaz.

    -Ele vai junto comigo sim, me acompanhar até a casa da minha

    amiga! ela disse.

    -Ué! você não vai para a sua casa? perguntou admirado o

    Sérgio.

    -Não, vou dormir na casa da minha amiga, na casa da minha

    madrinha! ela respondeu.

    -E aonde é que mora a sua madrinha? ele perguntou.

    -Mora em Santana! ela respondeu.

    -E é pra lá então que nós vamos! falou o rapaz dono do carro.

    E lá foram eles para o bairro de Santana, onde morava a amiga

    da Wanda, e onde ela ia passar a noite, isto é, o restante da noite,

    pois já eram quase cinco horas da madrugada de domingo do

    carnaval.

    Chegando a Santana, após um rápido bate papo, eles se

    despediram e o Sérgio perguntou para à Wanda:

    -E agora quando será que eu poderei vê-la novamente? você

    pretende ir em algum outro baile de carnaval?

    11

    -Eu e a minha amiga mais a minha madrinha, vamos aos bailes

    do Palmeiras, você também não quer ir? fica pros lados da sua

    casa, não fica?

    Ficava sim, ele morava na Lapa; bem que ele gostaria de ir, mas

    se deparava ante um pequeno grande problema, o dinheiro, ele

    estava, como se costumava dizer, duro, liso, e pensou, teria que

    se comportar como cavalheiro pelo menos com a Wanda, e o

    ingresso para o baile do Palmeiras não seria nada barato, fora o

    que teria que gastar lá dentro, com o aluguel de uma mesa e a

    consumação, então ele falou para ela:

    -É uma pena viu, porque eu já combinei com um primo meu de

    ir com ele no baile do cine Carlos Gomes lá na Lapa (esse

    cinema ficava onde hoje estão as Lojas Americanas), mas vamos

    fazer o seguinte, depois que passar o carnaval, posso lhe

    telefonar?

    -Pode sim, você já sabe o número, não é? ela respondeu.

    E assim aconteceu, passadas as festas de Momo, o Sérgio ligou

    para a Wanda.

    -Olá! Wanda, aqui é o Sérgio, você ainda se lembra de mim?

    -Ah! sim, é claro que me lembro, como tem passado?

    -Olha não vai rir hein, mas eu estou com saudades de você, viu?

    ele falou.

    -Mas assim em tão pouco tempo? ela disse, com uma risadinha.

    -Pra você ver como é que eu fiquei esse tempo todo, só

    pensando em você!

    -Ah, é? e agora o que é que você manda? ela disse rindo.

    -Eu não mando nada, quem manda é você, será que eu posso ir

    esperá-la na hora da saída ai da loja? ou você já está

    comprometida com alguém? ele falou.

    -Não, eu não tenho compromisso com ninguém, se você quiser

    pode vir me esperar, você já sabe a hora que termina o

    expediente, não é? ela disse.

    12

    -Exatamente, positivo, então hoje eu a estarei esperando, tá

    bem? ele falou.

    O Sérgio ficou todo radiante, todo contente, pela perspectiva de

    encontrar novamente a Wanda, de conversar com ela, de poder

    estar ao lado dela, porquanto ficara em sua lembrança a imagem

    dela, a imagem, ele pensou com um sorriso, de um anjo, e o

    pensamento divagou, vagueou num devaneio, quem sabe ela

    concordaria em namorar comigo, e até quem sabe em se casar

    comigo e... calma cara, não seja precipitado, o que tiver que ser

    será, o que tiver que acontecer, acontecerá.

    Aqui é bom citar uma pequena minúcia que se passou com ele,

    uns dias antes de ele ter telefonado para o amigo, para saber se

    haveria alguma garota que concordaria em entrar com ele

    naquele baile de carnaval, ele tinha pensado:"eu preciso

    encontrar alguma garota que aceite se casar comigo, eu preciso

    dar um rumo na minha vida" e agora lhe vinha à mente aquele

    pensamento, aquele desejo, e quem sabe não será a Wanda a me

    proporcionar essa felicidade?

    E assim antes das seis horas, horário de saída dos funcionários

    da firma, lá estava ele, na expectativa de se encontrar com a

    Wanda, os funcionários saiam aos grupos, conforme os

    elevadores os deixavam no andar térreo, ele estava atento para

    não perdê-la de vista, uma boa leva já tinha saído quando ele viu

    o amigo, o espanhol, que ao vê-lo perguntou-lhe:

    -Oi italiano, você está esperando a Wanda?

    -É, estou sim, será que ela já saiu e eu não vi, e ela foi embora?

    -Não ela ainda não saiu, eu acho que tomou o elevador depois

    de mim, logo, logo, vai estar aqui, você está namorando com

    ela? o amigo perguntou.

    -Não, ainda não, eu vim apenas esperá-la, e se ela quiser vou

    acompanhá-la até a casa dela! ele respondeu.

    13

    -Vou lhe falar uma coisa italiano, não deixe que ela escape não,

    viu? já tem uns caras aí de outras seções que estão de olho nela,

    só que tem o seguinte, ela é uma garota para casar, e não sei se

    você está a fim disso! falou o amigo.

    -Eu já percebi, e é justamente uma menina assim que eu estava

    querendo encontrar! disse o Sérgio.

    -Então você encontrou, vai em frente, eu já vou indo, daqui a

    pouco ela vai estar por aqui, e olha italiano, não esqueça de me

    convidar para o casório, viu? falou o amigo, rindo.

    -Pode ficar sossegado amigão, não esqueço não! disse o

    Sérgio,também rindo.

    Não demorou muito e ele avistou a Wanda em meio a um grupo

    de garotas e rapazes, vinham conversando e rindo, a atenção

    dele se fixou tão somente na Wanda, as colegas e os colegas

    dela e ex-colegas dele parecia que nem existiam; "como ela está

    linda" ele pensou, estava vestida com uma saia rodada

    estampada de preto e branco, uma blusa justa preta, os cabelos

    pretos, compridos, desciam soltos abaixo dos ombros, sapatos

    de salto alto, uma imagem realmente excitante; ele então fez

    menção de se aproximar dela, quando percebeu que um cara

    também fazia o mesmo, ele o conhecia, não eram propriamente

    amigos,

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