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Contos Evanescentes
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E-book228 páginas3 horas

Contos Evanescentes

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Sobre este e-book

Livro de contos de Dionisio Jacob
IdiomaPortuguês
EditoraM-Y Books
Data de lançamento3 de out. de 2016
ISBN9781526000927
Contos Evanescentes
Autor

Dionisio Jacob

Nasci em São Paulo em 1951. Filho de atores pioneiros da televisão, cresci com uma informação literária muito grande, pois meus pais adaptavam clássicos da literatura para a TV. Tive também uma formação na área de artes visuais, com diversas exposições. Como roteirista participei de programas infantis como Castelo Rátimbum entre outros.

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    Contos Evanescentes - Dionisio Jacob

    cover.jpg

    Contos de Dionisio Jacob

    Edição do autor

    7 CONTOS DE DIONISIO JACOB

    ÍNDICE DOS CONTOS

    Alegoria das Estações

    Ata de Reunião

    Declamador na tarde vã

    Konga

    O intelectual e o poodle

    Gordo

    O mistério de Mériane

    Capa e ilustração de Dionisio Jacob

    (Nove cartas encontradas no rol dos objetos de Eudóxia Miranda, por ocasião do seu inventário.)

    Carta número um:

    São Paulo, 12 de abril de 1998.

    Cara senhora Eudóxia,

    Venho por meio desta carta pedir autorização para encenar um texto seu intitulado A Alegoria das Estações. Foi com muito prazer que descobri o seu maravilhoso trabalho na Biblioteca Municipal e como estou dirigindo um grupo teatral no Centro da Terceira Idade do Educandário, achei que ele serviria de modo perfeito, digo até magistral, para nossa finalidade. Explico: estamos preparando um evento de intenção beneficente para as vítimas de uma enchente aqui no bairro. Desabrigados, numa palavra. Vai haver uma Semana Cultural, com venda de pinturas, cartões, artesanato em geral. E a renda vai ser toda revertida para aqueles desgraçados pela sorte e por um esgoto eternamente entupido.

    E nós, do grupo de teatro, tivemos a ideia de fazer uma encenação, utilizando o dinheiro da bilheteria para o fim acima descrito. Uma peça longa, de grande produção, foi logo descartada. Não temos tempo para ensaios demorados e tampouco dinheiro. Nosso Centro é modesto, embora bem intencionado. Quando bati os olhos no seu drama poético-alegórico vi que se encaixava perfeitamente ao nosso objetivo de encenar uma peça curta, mas de qualidade. E qualidade é o que não falta ao seu trabalho. Numa palavra: belo. Apesar de ter sido escrito em 1944, ainda possui grande atualidade. E terá enquanto houver estações, não é verdade?

    Bem, quero me apresentar. Meu nome é Waldomiro Guedes, tenho 72 anos e, como já disse, sou o diretor deste grupo de teatro diletante, mas compenetrado. Quem descobriu o seu paradeiro foi um sobrinho-neto meu, que é viciado em computador e pesquisou na Internet até a encontrar, para minha surpresa, morando em Bauru. Sei que o seu texto se destina para a dicção de grandes declamadores - como a senhora mesma foi -, e não para, como nós, meros amadores. Mas peço que a senhora entenda o objetivo do trabalho, que não visa lucro, tampouco reconhecimento do público geral. Apenas e tão somente queremos levantar dinheiro para socorrer as vítimas da chuva e da incúria administrativa.

    No aguardo da sua resposta,

    Waldomiro.

    Carta número dois:

    São Paulo, 28 de abril de 1998.

    Cara senhora Eudóxia,

    Qual não foi a minha felicidade ao receber a sua carta, com a resposta afirmativa. Fiquei num estado de euforia tal, que se não fosse a minha idade sairia aos saltos. Estou vibrando, rindo sozinho. Numa palavra: feliz. Este sentimento foi compartilhado pelo restante do meu grupo de teatro. O moral deles está alto, principalmente quando discorri sobre a sua importância histórica.

    De fato, cara Eudóxia, o simples fato de receber esta carta escrita em letra de forma pelas suas mãos me deixa sobremodo emocionado. Não comentei nada na carta anterior, pois não vi razões para tanto, mas cheguei mesmo a acompanhar sua carreira na minha juventude. E a senhora era uma das grandes rainhas da declamação, esta arte hoje esquecida. Sim, senhora! Cheguei a apreciar de perto o seu talento sem igual. Que dicção! Que sonoridade! E que expressão! A senhora dava aos poemas que recitava o tom certo. Até mais, criava significações que devem ter escapado ao próprio poeta.

    Quer ver como não minto? Eu estava na casa de dona Eugênia Gama Lima, em Santa Cecília, no ano de 1945. Fixei a data por ser a do final da guerra e também porque estava presente na sua apresentação o escritor modernista Mário de Andrade, que morreu naquele mesmo ano. Lembro-me como se fosse ontem (ou hontem, como se escrevia então). A senhora estava muito graciosa, num vestido azul-turquesa de tafetá. Recitou Bilac, Varela, Casimiro e até Camões. Sete anos de pastor Jacó servia.... O poema saía da sua boca redondo, fresco, modulado. Depois a vi novamente tomando um lanche na Confeitaria Vienense, em companhia do seu noivo e depois marido, Mario Filinto. E também apreciava por demais ouvir o seu programa de poemas radiofônicos na Rádio São Paulo, o Chuva de Poemas. Recordo até da abertura. Entrava uma polonaise de Chopin e a voz grave do locutor: E agora, com o patrocínio do creme Coty, a Radio São Paulo tem o prazer de apresentar Chuva de Poemas, com Eudóxia Miranda.

    O que eu não conhecia era o seu lado de escritora. Escreveu outros textos? Deveria. Bem, não quero tomar o seu tempo. Vamos agora arregaçar as mangas e começar nossos ensaios, pois a apresentação deverá se dar no começo de junho, quando teremos a nossa Semana Cultural. Temos apenas um mês.

    Desejo-lhe tudo de bom e mais uma vez obrigado do fundo do coração.

    Waldomiro.

    Carta número três:

    São Paulo, 7 de maio de 1998.

    Cara senhora Eudóxia,

    A senhora não pode nem de longe imaginar a minha extrema alegria ao ler a sua carta tão gentil. Carta em que a senhora expressou de um modo tão honroso para mim a sua grata surpresa pelo fato de eu ter acompanhado sua carreira e pelos detalhes todos que contei. É tudo verdade. Eu era um grande admirador seu, acredite. Que bom que as minhas palavras tão modestas lhe trouxeram emoções nostálgicas daqueles velhos tempos, da nossa cidade de então. Da mocidade, numa palavra. E como não ter tais emoções na nossa idade, não é verdade? Depois de haver postado a carta, lembrei-me de outro momento em que vi a senhora de relance, num vestido branco, ao lado do seu marido. Foi no cinema Ipiranga, lembro-me bem. Estava passando Gilda. Era uma sessão noturna, com certeza.

    E é engraçado falar nisso, pois hoje aquela região da cidade está tão horrível, tão perigosa, que quando eu conto aos meus netos que se caminhava por lá tranquilamente durante as noites eles não acreditam. Andava-se por toda aquela região central: a Barão de Itapetininga, Avenida Ipiranga, 24 de maio, 7 de abril, São João, Avenida São Luís, sem o menor receio de assaltos! Bem, sou eu quem está se tornando nostálgico. Lembrei-me agora da Salada Paulista. Vou confessar uma coisa: cheguei, na infância, a nadar no Tietê. Não é preciso dizer mais, é?

    Quando jovem sempre gostei das artes e da filosofia. Fiz parte de um grupo que se autodenominava Os peripatéticos da Barra Funda. Isso porque morávamos naquele bairro, próximos à Avenida São João. E também porque, como os aristotélicos, gostávamos muito de caminhar pela cidade, enquanto discutíamos temas filosóficos. E como andávamos. Numa esticada íamos até o Jardim da Luz pelo Bom Retiro, ou até o Vale do Anhangabaú, sentando para descansar à sombra do Teatro Municipal. Naquele tempo a energia transbordava. Várias vezes eu fui a pé até o auditório da Radio Tupy lá no Sumaré. Campo de Marte, Pacaembu, Avenida Paulista, Vila Mariana e até Jaçanã... Éramos incansáveis e as porfias verbais eram nosso combustível. Numa palavra: sonhadores. Reuníamos numa barbearia na Brigadeiro Galvão. E sempre estávamos em qualquer evento do Teatro São Pedro.

    Depois, com o tempo, a idade e os compromissos da vida adulta, o grupo dispersou. Além disso, minha família sofreu um grande revés econômico. Para piorar a cidade foi se tornando menos caminhável, (me desculpe essa expressão que nem sei se existe.) Depois que fizeram o minhocão, a Barra Funda também, como o resto do centro da cidade, foi ficando cada vez mais feia. Bem... Desculpe se me alonguei, mas a memória de um velho é vasta e tudo parece ter acontecido hontem.

    Em relação ao grande estado de ansiedade que a senhora diz ter ficado por causa da montagem do seu texto, já adianto que isso muito nos honra e quanto à possibilidade de a senhora assistir ensaios nossos, o que posso dizer? Seria tão maravilhoso que nem tenho palavras para expressar. Não imaginávamos a sua presença nem mesmo na estreia. Já estávamos bem contentes com o simples fato de a senhora liberar o seu texto. Vou fazer o seguinte: anexo a esta carta o meu telefone e endereço. Vamos combinar os detalhes da sua vinda. Fico constrangido apenas em não poder recebê-la como a senhora mereceria.

    Permaneço no aguardo de notícias suas. Aceite um grande abraço.

    Waldomiro.

    P.s. : Contei para o grupo que a Alegoria das Estações só não foi encenada no seu tempo pelo grande ator Procópio Ferreira, porque não tinha um papel principal. Eles ficaram mais excitados ainda em fazer o texto.

    Carta número quatro:

    São Paulo, 13 de maio de 1998.

    Cara senhora Eudóxia,

    Lastimo muitíssimo a piora do estado da sua diabete. Fiquei muito chateado, quer dizer, ficamos, porque nós todos já aguardávamos a sua chegada. Antes de tudo devo dizer que foi com grande emoção que recebi o seu telefonema para combinar os detalhes da sua vinda que, infelizmente, acabou frustrada. Foi como voltar no tempo. A sua voz continua a mesma, a mesma beleza e a mesma sonoridade. Numa palavra: límpida. Voltei a me sentir como nos verdes anos. Mas trago uma notícia que talvez possa lhe animar. Como todos os trabalhos andam muito atrasados, foi resolvido numa reunião que a Semana Cultural vai ser adiada em quinze dias. Portanto temos mais tempo para os ensaios e quem sabe, melhorando o seu estado de saúde, não possa a senhora tomar coragem e atravessar os muitos quilômetros que nos separam da cidade onde a senhora hoje vive.

    Como a senhora me pediu por telefone, escrevo agora para explicar melhor os detalhes da montagem. E já vou dizendo que a sua sugestão de utilizar As quatro estações, de Vivaldi, como música de fundo agradou a todos. Bem... O nosso Centro da Terceira Idade fica numa galeria aqui do bairro. Além do nosso espaço, essa galeria possui outras lojas: um restaurante self-service, uma casa de fotocópias, um armarinho e uma loja que negocia revistas em quadrinhos antigas e discos de vinil, dirigida por um rapaz, cujas roupas de roqueiro, não conseguem esconder as rugas quarentonas do rosto. O tempo é para todos, não só para a gente, não é mesmo?

    Voltando ao nosso espaço... Ele fica no fundo da galeria. Não é grande, mas possuímos um pequeno tablado, com uma plateia de uns setenta lugares. O senhor Pedro, que é um faz-tudo aqui do Centro, caprichou bastante: temos cortinas de correr, bambolinas, uma rotunda e duas entradas no fundo. Também contamos com um conjunto de seis holofotes. O palco não é grande, deve ter uns quatro metros de largura por uns três de profundidade, mas dá para o gasto. Nosso elenco, como já disse em cartas anteriores, não é experiente. São todos aposentados e, talvez por isso, com muita vontade de realizar uma atividade interessante. O Laércio, que irá representar o Verão, é um barbeiro, só que já não trabalha mais na barbearia, que passou para o filho. Ele tem 69 anos. Pode-se dizer que ele possui o phisique de role (não sei se grafo corretamente, mas meu francês está desbotado) para o papel. É um homem alto, corpulento, expansivo. Impossível não notá-lo. Sua voz inculta é, não obstante, poderosa. Ele engasga em certas frases, como naquela fala inicial: sou o fastígio dos dias, meu outro nome é plenitude..., tão bonita, mas que ele deixa um tanto insegura. Outro problema é que ele tem rinite alérgica, de fundo nervoso e muitas vezes chega para o ensaio completamente entupido.

    O Mauro Boanerges também é um Inverno perfeito e foi escolhido porque apesar dos quase setenta anos, tem bastante cabelo e todo branco, alvo, alvo. Combinam perfeitamente com a frase: A minha alma é de neve e de gelo, estive no começo das eras.... É magro e alto. Creio que com a túnica branca vai ficar uma figura carismática. Tem uma pronúncia clara, mas infelizmente a tonalidade não é perfeita. Na verdade, sua voz é fina e anasalada. Isso tira um pouco da grandeza.

    O Outono é feito pelo Xavier, o nosso rapaz. Tem apenas 65 anos. Uma boa alma, mas um caráter complicado e suscetível. A Zilda, nossa Primavera, acha que ele é assim porque é baixinho. De fato, trata-se de um homenzinho muito desconfiado e desde o começo cismou porque ganhou o papel de uma meia estação. Queria porque queria fazer o Verão. Só sossegou quando eu mostrei os planos que eu tinha para a entrada do Outono: uma luz avermelhada vai tingir a cena, enquanto folhas de papel de seda vão ser atiradas pelo Toninho (um rapaz que trabalha aqui e que vai ser o nosso cenotécnico), lá de cima, através de um buraco no teto. O Xavier também queria cortar a frase: ... sinto o emurchecer da virilidade, minha pele resseca, a minha energia se esvai... sou a tarde do fauno... a folha que cai.... Deu uma ou duas sugestões para o personagem ficar um pouco mais para cima. Queria colocar uma cena em que cantava as alegrias do Outono, num estilo musical, pois fez um curso de sapateado americano. Tive de convencê-lo de que isso romperia a unidade dramática do espetáculo. E também foi necessário explicar o significado da catarse. Na verdade, acabei convencendo o Xavier de que o Outono era o personagem central do espetáculo mesmo sabendo que esta nunca foi a intenção da senhora (Ou Procópio Ferreira teria feito o Outono, não é mesmo?). Mas atores, mesmo os amadores, são assim como crianças crescidas e às vezes temos que aplicar uma mentirinha bem intencionada.

    Por último a Zilda, que faz a Primavera. Aqui temos de fato um problema. Ela não é adequada para a personagem. Acontece que, apesar do Centro contar com muitas senhoras, todas se interessam mais pela pintura a óleo, pintura em porcelana, artesanato, canto coral e dança de salão. Sobrou a Zilda, que resolveu fazer teatro para se soltar um pouco, porque é completamente travada. Não sou psicólogo, mas acho que sei a origem deste bloqueio emocional. É o marido dela, o Menelau, um senhor muito neurastênico. Como são casados há quase quarenta anos, ela foi ficando um feixe de nervos. E tanto é assim que outro dia, o Laércio (Verão), que tem uma voz forte, assustou-a. E ele nada fez demais. Apenas virou-se repentinamente para dizer qualquer coisa. E ela deu um grito, como se o pobre homem fosse atacá-la. Ela parece uma corda tensionada ao máximo. Qualquer coisinha, um simples toque, e ela explode, grita, chora. Só que quando vai para o palco vira uma ostra. Não sai nada dali. Aquele momento antológico em que a Primavera diz: sou a vida saltitante que explode alhures, borboletas, flores, olores, o calor da mão que afaga, o viço que retorna, o vinho que embriaga.... Bem, ela diz tudo isso como se estivesse lendo uma declaração de imposto de renda.

    Como a senhora pode ver, eu vou ter bastante trabalho e pretendo ficar um pouco mais de tempo na apresentação das estações, antes de passar para o enredo onde as estações tentam embaralhar a ordem da sucessão e isso causa tumulto para os homens. Acho que a senhora foi bafejada por um gênio profético quando escreveu estas linhas. Não é exatamente isso o que acontece hoje, quando o tempo está todo alterado e faz frio na hora errada, calor quando não deve? E naquele nosso tempo a gente nem sabia o que era ecologia. Mandarei mais notícias, conforme os ensaios forem progredindo.

    Torcendo por sua pronta recuperação,

    Waldomiro

    Carta número cinco:

    São Paulo, 20 de maio de 1998.

    Cara senhora Eudóxia,

    Fico muito contente em saber que a senhora está se recuperando bem e que já está pensando em empreender a viagem até São Paulo. Sinto-me igualmente satisfeito por compartilhar as suas lembranças comigo. E saiba que me causou grande pesar tomar conhecimento do seu sofrimento, com a perda do seu marido e também com todas aquelas necessidades de ordem financeira que se seguiram. Achei acertado de sua parte mudar-se para Bauru, onde grande parte da sua família reside. Assim deve se sentir mais amparada, apesar de morar sozinha numa casa espaçosa. O curioso, cara Eudóxia, ao ler a sua carta, foi a constatação de um paralelo entre nossas vidas. Foi muito simpático a senhora pedir que eu lhe contasse o que aconteceu com a minha família. Agradeço o seu interesse. Se não se importa prefiro fazê-lo por carta, pois o marido da minha irmã (moro na casa dele) incomoda-se com a conta do telefone. E também porque sempre gostei das cartas. Julgo-as um modo muito sensível para duas pessoas se comunicarem. E, como a declamação, é uma arte que desapareceu. Nelas é possível descobrir certas particularidades de uma pessoa que nem sempre a conversa revela.

    Bem, o que houve é que meu pai veio a falecer precocemente. Tinha, então, seus quarenta e cinco para quarenta e seis anos. Era dono de um magazine de roupas na Avenida São João que conheceu alguns dias de glória. Vivíamos bem àquela

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