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O Tesouro Da Ilha Escondida
O Tesouro Da Ilha Escondida
O Tesouro Da Ilha Escondida
E-book861 páginas5 horas

O Tesouro Da Ilha Escondida

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Sobre este e-book

Esta história é sobre um bando de piratas aventureiros e ladrões, sobre suas aventuras e gatunagens; conta, também, sobre cinco rapazes, suas famílias, amigos e suas andanças; até que esses cinco rapazes se defrontam com esse bando de piratas aventureiros em uma ilha do oceano.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de jul. de 2015
O Tesouro Da Ilha Escondida

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    O Tesouro Da Ilha Escondida - Sérgio Toffoletto

    O TESOURO DA ILHA ESCONDIDA

    Autor: SERGIO TOFFOLETTO

    SUMÁRIO

    PRIMEIRA PARTE .......................................................... 3

    SEGUNDA PARTE ........................................................ 37

    TERCEIRA PARTE ......................................................... 80

    QUARTA PARTE ........................................................ 116

    QUINTA PARTE ......................................................... 166

    SEXTA PARTE ............................................................ 197

    SÉTIMA PARTE .......................................................... 238

    OITAVA PARTE .......................................................... 262

    NONA PARTE ............................................................ 269

    DÉCIMA PARTE ......................................................... 297

    DÉCIMA PRIMEIRA PARTE......................................... 303

    O TESOURO DA ILHA ESCONDIDA

    PRIMEIRA PARTE

    Esta história é sobre um bando de piratas aventureiros e

    ladrões, que a bordo de um navio de nome Tormenta, cruzam

    os mares de um lado a outro à procura de uma ilha no meio

    do oceano; depois de navegarem pra lá e pra cá a encontram

    e ao desembarcarem do navio e ao pisarem no solo da ilha,

    defrontam-se com cinco rapazes, que por um mero acaso

    também estão nessa ilha; a história conta as aventuras de

    gatunagens desse bando de piratas aventureiros; conta

    também sobre a vida dos cinco rapazes com seus familiares,

    seus amigos, suas andanças; até que num determinado ponto

    conta sobre o encontro dos cinco rapazes com o bando de

    piratas aventureiros.

    Esses piratas aventureiros encontram a ilha não por um mero

    acaso, mas sim por obra de um ser superior, um ser todo

    poderoso, POSEIDON, o deus dos mares e de todas as águas,

    que dera a si mesmo a incumbência de proteger esse bando

    de ladrões em suas gatunagens; o porquê dessa deliberação

    somente ele, POSEIDON, sabia. Esses piratas aventureiros

    tinham à sua frente comandando-os um homem cujo nome

    era Licurgo, mas mais conhecido por todos como capitão Li;

    era alto, musculoso, ombros largos, risonho, calmo, porém

    enérgico; era muito respeitado e estimado por seus

    subordinados; tinha como seu primeiro imediato um negro,

    natural da Abissínia, um país da África, estatura também alta,

    que ombreava com o capitão Li, cabeleira de cabelos lisos que

    desciam abaixo dos ombros, ele os conservava presos por um

    laço de fita vermelha, num coque; um segundo imediato,

    3

    chamado Ted, era um ruivo, cabeleira avermelhada

    abundante, mas cortada curta.

    O capitão Li e seus homens a bordo do Tormenta seguiam

    em direção à uma cidade situada para o lado leste quando de

    um modo imprevisto, súbito, inesperado, o navio sob o

    impacto de fortes ondas contra o seu costado, e

    impulsionado por fortes ventos, começou a desviar- se do seu

    curso, tomando o rumo para o lado norte, fazendo com que o

    capitão Li interpelasse o homem que tinha sob o seu

    comando o timão.

    -Conrad, nós vamos para leste, e não para o norte, por que

    você mudou o rumo?

    -Eu não mudei o rumo capitão, o leme é que não obedece ao

    comando!

    -Se o leme não atende então que se usem os remos e vamos

    levar o navio para o leste! disse o capitão.

    Mas tudo em vão, apesar de os homens acionarem os

    remos, o navio continuava o seu rumo para o norte.

    -Capitão, os remos não vencem a força das ondas, falou o

    Ted.

    -Mas que diabo está acontecendo com este navio, não

    podemos contar nem com o leme e nem com os remos, e

    agora? exclamou o capitão.

    -Como vamos fazer, hein capitão? falou o Ted.

    -Agora, Ted, vamos deixar o navio ir ao sabor das ondas, e

    ver aonde ele vai parar, disse o capitão.

    O que ele e os homens não sabiam e nem sequer

    imaginavam, era que essa mudança de rumo do Tormenta, se

    dera e fora provocada pelo poderoso deus dos mares,

    Poseidon, que agitando o seu tridente fez com que as fortes

    ondas, chocando-se contra o costado do navio, e o vento

    inflando as velas, o levassem para um lado contrário daquele

    ao qual o capitão Li pretendia!

    4

    Após o Tormenta ter percorrido um bom trecho de mar, as

    águas se aquietaram e voltaram ao seu normal, e o navio

    continuou o seu rumo em direção ao norte, seguindo sem a

    agitação e o impacto das fortes ondas, quando o vigia,

    chamado Ralph, avisou:

    -Capitão, cidade à vista!

    -Para que lado, Ralph?

    -Estibordo! ele falou.

    Após alguns minutos, o capitão empunhando a luneta

    divisou o porto e os contornos da cidade, e então perguntou

    ao Conrad:

    -Conrad, o leme já responde?

    -Positivo capitão, o leme já obedece ao comando, ele

    respondeu.

    -E os remos como estão? ele perguntou ao Ted.

    -Aqui com os remos já está tudo bem, sem problemas, o Ted

    respondeu.

    -Muito bem, ótimo, estávamos indo para o leste, e viemos

    parar no norte, sem querermos, como se o Tormenta tivesse

    vontade própria, até parece coisa do outro mundo, hein Rod?

    disse o capitão.

    -É mesmo capitão, do jeito como o Tormenta foi

    arremessado para estes lados, parece mesmo, disse o Rod.

    -Vamos ver o que de bom nos aguarda por aqui, falou o

    capitão.

    O Tormenta foi se aproximando da cidade, e o capitão Li

    disse:

    -Conrad, conduza o navio até a ponta do porto!

    Acionado lentamente pelos remos, o navio foi chegando ao

    porto, e atracou.

    O Tormenta possuía dois equipamentos que o diferençavam

    de outros navios.

    5

    Os remos eram um deles, dois na proa e dois na popa,

    tinham as pás bem largas, e ao serem movidos davam grande

    impulso ao navio; foram adaptados por um amigo do capitão,

    que lidava com equipamentos náuticos e a quem o capitão

    consultara sobre o caso.

    -Durval, será que é possível adaptar um navio com remos

    que lhe dêem bastante ligeireza?

    -É possível sim, eu tenho um projeto sobre isso, disse o

    Durval.

    -E como é esse projeto, eu posso saber? perguntou o capitão.

    -Pode sim, é o seguinte: é um remo grande e com pás largas

    que fica fixo na quilha, e é acionado por manivela, que

    movimenta correntes que passam por roldanas, correntes

    que se prendem a barras de aço, e estas se prendem no cabo

    do remo, fazendo com que o mesmo vá para frente em

    sentido horizontal e volte em sentido vertical, puxando um

    grande volume de água, e dando ao navio uma grande

    rapidez; esse remo movimenta-se em baixo da água,

    causando curiosidade pela ligeireza com que o navio se

    desloca, sem que se veja a movimentação do remo abaixo da

    superfície, disse o Durval.

    -É um remo assim que eu quero para o meu navio, eu vou

    querer quatro remos, quando você pode fazê-los? perguntou

    o capitão.

    -Um remo desses, viu Licurgo, eu vou confeccioná-lo com

    uma madeira especial, que lhe proporciona grande

    resistência, só que essa madeira custa caro, e no momento eu

    estou com pouco capital, se você puder me financiar eu

    começo hoje mesmo, disse o Durval.

    -Me diga o quanto você vai precisar, que eu lhe dou o

    dinheiro!

    E após certo tempo, o Tormenta ficou equipado com quatro

    grandes remos, que lhe davam uma ligeireza fora do comum.

    6

    Após o Tormenta atracar, o capitão Li, o Rod e mais três dos

    homens desembarcaram e ficaram andando pelo cais, para

    averiguarem que tipo de cidade era aquela, e qual a

    possibilidade que ela poderia oferecer para os seus

    interesses, dos quais pudessem tirar proveitos.

    O movimento no cais, apesar de ainda ser cedo já começava

    a se intensificar; os vendedores em suas barraquinhas, ou

    apenas em tabuleiros, aos gritos apregoavam as suas

    mercadorias, como o faziam outros vendedores em outros

    cais de outros portos; o capitão Li achando que nada por ali

    valia a pena, resolveu que voltariam ao navio para ver o que

    fazer, quando assestando a luneta para dar uma última

    olhada em derredor, parou, e falou:

    -Esperem um pouco!

    A atenção dele foi voltada para um navio, que separado dos

    demais, estava ancorado numa ponta do porto, e do qual

    eram descarregadas algumas caixas tipo baú, e transportadas

    por homens que eram escoltados por outros portando

    espingardas, e isso o deixou curioso quanto ao conteúdo das

    caixas, e pensou o que será que há nessas caixas?, então

    passou a luneta ao Rod dizendo:

    -Dê uma olhada naquele navio lá naquela ponta e me diga o

    que você acha.

    Depois de olhar, o Rod disse:

    -Eles devem estar descarregando alguma coisa de muito

    valor dentro daquelas caixas, hein capitão, para os

    carregadores serem acompanhados por homens armados, só

    pode ser coisa de muito valor!

    -E que coisas de valor poderiam ser? será que é ouro?

    precisamos dar um jeito de descobrir, falou o capitão.

    -O diabo é que o navio não tem bandeira, mas eu acho que

    naquelas caixas deve haver mesmo ouro, roubado de povos

    7

    do Novo Mundo e do Caribe, ou de algum navio que vinha de

    lá, e pode ter sido saqueado por eles, disse o Rod.

    -É pode ter sido isso mesmo, falou o capitão.

    -O que eu não entendo, é porque estão neste porto

    descarregando, por quê será? disse o Rod.

    -Talvez para se abastecerem, ou fazer algum reparo no navio,

    e para isso terão que deixar aquelas caixas em um lugar

    seguro, e o que nós temos que fazer é discretamente segui-

    los e ver aonde vão colocar as caixas, e darmos um jeito de

    saber o que elas contêm, falou o capitão.

    Os que carregavam as caixas e os que os escoltavam saíram

    da zona portuária, indo até uma rua deserta, desprovida de

    casas em toda sua extensão, uma rua sem saída no final da

    qual havia apenas um barracão todo de madeira, telhado de

    zinco, uma janela lateral do lado esquerdo, uma porta que

    estava entreaberta; os homens entraram, empilharam as

    caixas num canto e saíram, ficando apenas dois deles,

    armados com espingardas um dentro, e o outro fora, de

    guarda; o capitão Li que acompanhava, através da luneta,

    toda a movimentação dos homens desde o porto até o

    barracão, disse para o Rod:

    -Ficaram só dois deles de guarda, um dentro e outro fora, o

    resto deve ter ido até a taberna, beber.

    -Tomara que bebam bastante, se embriaguem, para facilitar

    nosso trabalho, falou o Rod.

    -Isso, que bebam até caírem, falou o capitão, rindo.

    -E como faremos para entrar nesse barracão? disse o Rod.

    -Ainda não sei, parece não haver brecha nenhuma ou alguma

    tábua solta por onde pudéssemos entrar, precisamos

    encontrar uma maneira de entrarmos sem que seja

    necessário usar a força, os dois de guarda estão armados e se

    houver tiros, vai alertar os que estão na taberna, e aí a coisa

    engrossa, falou o capitão.

    8

    -Tiago, vá até o Tormenta e diga para o Ted mandar para cá o

    Dog, o Urso e o Dois Pontos; venham com dois barcos,

    deixem-nos naquela foz à direita deste barracão, e para o

    Conrad vir com o navio e atracá-lo próximo daqui, e tudo isso

    o mais rápido possível!

    O Dog, o Urso e o Dois Pontos eram os homens que o capitão

    Li acionava quando havia necessidade do uso da força e da

    violência; o capitão pensava em achar uma maneira de entrar

    naquele barracão sem que fosse necessário o uso da força,

    mas em todo caso, é como se diz, prevenção nunca é demais.

    O Dog era um sujeito muito forte, de estatura um tanto

    baixa, atarracado, musculoso, ombros largos, e numa briga

    era implacável, quem o desafiava saia muito ferido, ou até

    sem vida; o Urso, como próprio apelido sugere, era um

    camarada grandão, espadaúdo, encorpado, e o que o

    caracterizava eram os braços e as mãos, grandes, muito

    fortes, e quando num acesso de fúria agarrava alguém,

    consequentemente esse alguém não escapava de ficar todo

    quebrado, ou até morto; quanto ao Dois Pontos, este era o

    inverso aos seus dois outros companheiros no aspecto físico,

    magro, não muito alto, dando a impressão de ser destituído

    de força muscular, o próprio apelido não ajudava, muitos o

    consideravam motivo de chacota; ao contrário do Dog e do

    Urso, ele tinha um sorriso fácil, parecia estar sempre

    sorrindo, o que reforçava a impressão de ser um sujeito

    pacífico, manso, porém ele possuía uma rara habilidade em

    matéria de armas brancas, facas,punhais, sabres, espadas, e

    outras mais, tinha as mãos, tanto a direita quanto a esquerda,

    privilegiadas no uso e no arremesso dessas armas, aptidão

    que adquirira desde os tempos de garoto, quando pedia para

    marcarem num alvo dois pontos próximos um do outro, e

    perguntava em qual dos pontos queriam que acertasse, no de

    cima, ou no de baixo, ele então arremessava a faca, e para

    9

    assombro de todos, acertava bem no meio do ponto

    escolhido, e às vezes alguém o provocava dizendo querer vê-

    lo acertar nos dois pontos ao mesmo tempo, e ele não

    titubeava, num relance, com as facas uma em cada mão,

    atirava-as cravando-as nos dois pontos, no de cima e no de

    baixo ao mesmo tempo e foi daí que veio o seu apelido "Dois

    Pontos".

    Depois que o Tiago voltou com o Dog, o Urso e o Dois Pontos

    juntando-se ao capitão Li, ao Rod, ao Fred e ao Hugo,

    aproximaram-se um pouco mais do barracão a fim de verificá-

    lo melhor, e ver se não haveria um jeito de entrarem

    despercebidos sem que para isso fosse necessário usar da

    violência, o capitão comentou com o Rod:

    -Se houvesse algum jeito de entrarmos nesse galpão,

    enquanto o guarda aqui de fora fosse rendido, dominaríamos

    o lá de dentro, antes que ele desse o alarme, mas não tenho

    idéia de como isso poderia ser, você tem?

    -Eu também não, capitão, acho que temos mesmo que forçar

    a entrada, ele respondeu.

    -Isso seria ruim, o guarda lá de dentro daria o alarme e

    alertaria os outros na taberna, e teríamos que enfrentá-los, e

    estaríamos em desvantagem, disse o capitão.

    -E é uma pena, se tivermos que desistir desse ouro, isto é, se

    for ouro mesmo que tem nessas caixas ai dentro, não é? disse

    o Rod.

    -Eu acho que é mesmo ouro, mas deixe-me pôr o

    pensamento em ordem e ver se acho um jeito de

    contornarmos esse problema! disse o capitão.

    Enquanto o capitão Li cogitava em encontrar uma maneira de

    solucionar aquele impasse, os outros também davam tratos à

    bola, e um deles, o Hugo, exclamou:

    -Capitão, e se nós matarmos o guarda aqui de fora e

    pusermos fogo na porta, o guarda de dentro vai ter que sair,

    10

    nós o matamos também, e ai entramos nesse galpão, o que o

    senhor acha?

    -O que eu acho? acho que isso só complicaria a situação, o

    fogo poderia se alastrar pelo barracão todo, chamando a

    atenção dos que estão na taberna, e nós teríamos que fugir

    de mãos abanando, ele falou.

    -Capitão, eu tenho uma sugestão que talvez dê certo sem

    que seja preciso usar de violência, de maneira silenciosa,

    falou o Tiago.

    -E que sugestão é essa, Tiago? perguntou o capitão

    (esperando ouvir mais uma idéia maluca).

    -Lá onde eu morava, uma vez eu estava andando pelo cais do

    porto, e vi uns homens carregando umas gaiolas e dentro

    delas havia macacos que estavam desacordados, nem se

    mexiam, e um dos homens dizia "esse tal de sonífero é bom

    mesmo, hein?, a droga faz com que esses macacos durmam, e

    fica mais fácil carregá-los, não é?" e agora quando

    voltávamos para cá, eu reparei que uns homens aí no porto,

    saiam de uma sala carregando umas gaiolas nas quais havia

    também macacos desacordados, naturalmente deviam estar

    drogados, disse o Tiago.

    -Vai ver que os macacos lá de onde você morava, assim como

    os macacos daqui, devem servir para algum experimento, e o

    que tem isso a ver com o nosso caso? perguntou o Rod.

    -É que se aqui também dão droga para os macacos

    dormirem, nós podíamos arranjar um pouco dessa droga e

    dar para os guardas ai do galpão, e assim que eles dormirem,

    podemos entrar sossegados, sem precisar usar a força, e fazer

    o que pretendemos, não é mesmo? disse o Tiago.

    -É isso mesmo, bem pensado, vamos ver se conseguimos

    arranjar um pouco dessa droga, damos para os guardas, e

    assim que dormirem nós entramos nesse galpão! disse o

    capitão.

    11

    -Tudo bem capitão, e como é que vamos fazer para dar a

    droga aos guardas, isto é, se nós a conseguirmos? perguntou

    o Rod.

    O capitão refletiu um instante e disse:

    -Primeiro vamos ver se a conseguimos, depois pensaremos

    num jeito de dá-la para os guardas!

    -Certo capitão, e de que lugar do porto você viu saírem esses

    macacos, hein, Tiago? perguntou o Rod.

    -Ali aonde tem os armazéns, de uma sala com a porta toda

    pintada de vermelho, ele respondeu.

    O capitão então disse para o Rod.

    -Eu e você vamos até lá, e vocês (para os homens) nos

    esperem na taberna.

    Eles então foram até o porto onde ficavam os armazéns, e

    identificaram a sala com a porta pintada de vermelho, era a

    única sala com a porta pintada com aquela cor, ao lado da

    qual havia um aviso, pregado na parede, em letras

    maiúsculas: "TERMINANTEMENTE PROIBIDA A ENTRADA AOS

    ESTRANHOS". Eles ignoraram o aviso, e como a porta estava

    só encostada, entraram, passaram por um corredor no fim do

    qual havia uma sala onde num canto estavam empilhadas

    várias gaiolas vazias, e num outro canto um homem sentado

    num caixote e fumando, que assim que os viu levantou-se

    exclamando, um tanto brusco.

    -Ei! Ei! vocês dois não leram o aviso lá fora? que é proibida a

    entrada de estranhos? podem dar meia volta, e vão dando o

    fora vão!

    -Calma, calma, não precisa ficar nervoso, falou o capitão,

    sorrindo.

    -Eu não estou nervoso, só estou falando para vocês darem o

    fora, saírem daqui, voltarem para o mesmo lugar por onde

    entraram, é só isso, vocês não podem ficar aqui, é proibido,

    só isso, falou o homem, num fôlego só.

    12

    O capitão então resolveu entrar direto no assunto.

    -Nós só queremos que você nos arranje um pouco dessa

    droga que faz os macacos dormirem, ele falou (e ficou

    observando a reação do homem).

    -Que conversa besta é essa? aqui não tem nenhuma droga

    que faz macacos dormirem, vocês estão loucos? ele falou.

    O capitão então tirou algumas moedas de ouro do bolso,

    dizendo:

    -Nós podemos pagar!

    O homem ao ver as moedas, arregalou um pouco os olhos,

    mostrando-se um tanto mais amistoso, mas ainda mostrava-

    se um pouco relutante, o capitão então tirou mais algumas

    moedas pondo-as junto com as outras na palma da mão,

    estendida, o homem então perguntou:

    -Quem disse para vocês que aqui tem droga que faz dormir?

    -Foi um sujeito aí no porto, respondeu o capitão.

    -Suponhamos que tenha mesmo, para que vocês a querem?

    ele perguntou.

    O Rod deu uma olhadinha de esguelha para o capitão, e

    pensou consigo e agora capitão, o que vamos alegar?

    O capitão nesse meio tempo já havia pensado em como dar

    uma desculpa, e respondeu:

    -É que nós temos no nosso navio um cachorro que é muito

    querido por todos, muito estimado, um ótimo animal, mas ele

    está com uma doença que se não for operado logo poderá

    morrer, mas para isso precisa ficar desacordado, por isso

    queremos essa droga!

    -Você tem algum cachorro? perguntou o Rod.

    -Tenho sim, lá em casa tenho três.

    -Então, você sabe como deve ser triste ter que perder um

    cachorro que é amigo de todo mundo, que é muito estimado,

    quando se tem a possibilidade de salvá-lo, não é mesmo?

    falou o capitão, num tom pesaroso.

    13

    -Sei mesmo, disse o homem.

    Com esse argumento, e com as moedas que o capitão

    colocou em suas mãos, o homem disse:

    -Tudo bem, se é para salvar o cachorro eu vou arranjar um

    pouco dessa droga, mas vocês têm que jurar não contar a

    ninguém, por que senão eles me matam, disse o homem (sem

    explicar quem eram eles).

    -Pode ficar sossegado, nós juramos por quem você

    quiser,que ninguém vai ficar sabendo, falou o capitão.

    O homem abriu um armário de onde tirou um embrulho em

    papel, e entregou ao capitão, dizendo:

    -Este pó deve ser misturado na água ou na comida, não

    precisa ser muito, um pouco só e num minuto o cachorro vai

    ficar desacordado, o efeito é rápido, e dura algumas horas.

    O capitão Li pôs o pacote no bolso de dentro do casaco, de

    maneira que não dava para se perceber nada, e ele e o Rod

    estavam saindo quando um camarada que ia entrando,

    interpelou-os de modo ríspido:

    -Ei! vocês dois, o que estavam fazendo ai dentro, por acaso

    não leram o aviso que é proibida a entrada de estranhos, ou

    será que não sabem ler,hem?

    O capitão e o Rod ficaram por um momento um tanto

    indecisos, mas logo se refizeram, e o capitão falou.

    -Nós quase nem entramos, um camarada que estava lá

    dentro nos expulsou aos berros, eta sujeito esquentadinho,

    hein!

    -Pois ele fez muito bem, e o que vocês queriam ai dentro?

    -Simples curiosidade; estamos dando umas voltas, enquanto

    nosso navio está sendo carregado, respondeu o Rod.

    -Pois então voltem lá para o seu navio, saiam daqui, por que

    por aqui não há nada que lhes interessa, disse o homem, com

    a mesma rispidez.

    14

    -Sim senhor! Sim senhor! já estamos saindo! já estamos indo

    embora! exclamou o capitão (com uma voz dissimulada, num

    tom como se estivesse amedrontado, e dando uns passinhos

    apressados, encenando uma ligeira corridinha, como se

    estivesse assustado) com o Rod se segurando, para não cair

    na gargalhada, enquanto o camarada lá dentro ria de toda

    aquela pantomima, e acariciava as moedas de ouro no seu

    bolso.

    O capitão e o Rod tomaram o rumo da taberna, onde os

    outros os aguardavam, e nesse trajeto o capitão arquitetava

    um plano de como fazer a droga chegar até os dois que

    davam guarda no barracão.

    Ao chegarem à taberna se juntaram aos outros, e o Tiago

    quis saber:

    -Então capitão, tinha mesmo droga naquela sala?

    -Tinha sim, você acertou em cheio, ele disse.

    -E o senhor conseguiu um pouco dela? o Tiago perguntou.

    -Consegui sim, agora é preciso achar um jeito de fazê-la

    chegar aos dois lá no galpão, ele falou.

    Na taberna o ambiente era igual ao de outras tabernas de

    outras cidades, um ar enfumaçado, o zunzum de um vozerio

    entrecortado por risadas e exclamações como puxa!, "não

    diga, esta é muito boa mesmo!", principalmente das

    mulheres, que como em outras tabernas eram presença

    obrigatória para entreter os homens, fazê-los gastar o

    máximo possível com as bebidas; o capitão viu vários homens

    reunidos em algumas mesas, entre eles alguns tendo

    espingardas encostadas ao lado, e todos consumiam muita

    bebida, sempre incentivados pelas mulheres que os

    entretinham, e todos eles já davam indícios de embriaguez, o

    que fez o capitão comentar com o Rod:

    15

    -Aqueles devem ser os que guardam aquelas caixas naquele

    barracão, e já estão bêbados, tanto melhor, assim podemos

    agir com mais tranqüilidade.

    Nisso uma moça trajando um vestido cuja barra descia um

    pouco abaixo dos joelhos, de cor azul, e uma fita larga, de cor

    vermelha, nos cabelos, chegou à mesa onde o capitão estava

    e perguntou:

    -Vocês vão querer o quê?

    Era a garçonete, cuja função, assim como também das suas

    colegas, era tão somente servir às mesas, enquanto as outras

    mulheres se encarregavam de entreter os homens, fazendo-

    os gastarem o mais que possível em bebidas.

    -Pode trazer cerveja, disse o capitão.

    Ela trouxe as cervejas, depositou-as na mesa, e disse com um

    sorriso:

    -Se quiserem mais alguma coisa além da cerveja, é só me

    chamarem.

    -Nós vamos querer sim, disse o capitão.

    -Se vocês quiserem comida, nós temos, ela disse.

    -Comida vai bem, mas queremos também um favorzinho

    seu, falou o capitão, sorrindo.

    -Um favorzinho? e que favorzinho, vocês vão querer?

    -Você está vendo aqueles homens ali naquela mesa? o

    capitão falou.

    -Estou sim, e o que tem isso? ela perguntou.

    -Eles estão comendo e bebendo e se divertindo, mas tem

    dois companheiros deles que estão trabalhando, montando

    guarda numas coisas que estão num barracão, e talvez estes

    aqui se esqueçam deles, e eles naturalmente vão ter sede e

    fome, não é mesmo? disse o capitão.

    -Pode ser que sim, mas o que é que vocês têm a ver com isso,

    e qual o favorzinho que vocês querem de mim? ela

    perguntou.

    16

    -É que nós somos muito religiosos, e nossa religião ensina

    que uns se divertem enquanto outros trabalham, e os que

    trabalham têm um merecimento maior, por isso nós

    queremos mandar um pouco de comida e uma bebida para

    eles, você não quer fazer esse favorzinho pra nós, levar

    comida e bebida para eles, fazer essa caridade para com

    aqueles coitados? falou o capitão, num tom pesaroso.

    -Ué! e por que vocês mesmos não fazem isso? ela perguntou.

    -Por que se for você, uma moça tão bonita a levar comida e

    bebida para eles, eles vão ficar muito contentes, e vão comer

    e beber com muito mais gosto! respondeu o capitão,

    sorrindo.

    -E me diga uma coisa, essa sua religião permite que vocês

    bebam? ela perguntou,com uma risadinha marota.

    -Só um pouquinho, sem exagerar, ela ensina que devemos

    apreciar as coisas que Deus pôs no mundo, e a cerveja é uma

    delas, mas só um pouquinho, disse o capitão, muito sério.

    -Você pode nos fazer esse favorzinho? perguntou o Rod à

    moça.

    -Vocês vão me desculpar, mas eu não posso sair daqui

    durante o serviço, o homem ali não deixa, e eu só termino à

    noite, ela disse.

    -É uma pena, será que não haveria alguma outra garota,

    bonita como você, que você conheça, e que poderia fazer

    isso? perguntou o capitão.

    -Eu estou pensando na minha irmã, talvez ela possa fazer

    esse favorzinho pra vocês, vocês podem falar com ela, a

    moça falou.

    -E onde é que nós podemos falar com ela? o capitão

    perguntou.

    -Lá em casa, ela respondeu.

    -E ela é tão bonita quanto você? o Rod perguntou.

    17

    -É muito mais bonita do que eu, ela exclamou, com

    vivacidade.

    -Então ela é maravilhosa, hein? ele disse, sorrindo.

    -E você acha que ela vai nos atender? o capitão perguntou.

    -Eu escrevo um bilhete dizendo o que vocês querem, e vocês

    entregam para ela lá em casa, ela respondeu.

    -E como vamos fazer para achar a sua casa? aonde é que

    você mora? o capitão perguntou.

    Ela então indicou o caminho, dizendo:

    -É perto daqui, uma casa com um pequeno jardim na frente,

    toda pintada de branco, com janelas pintadas de verde.

    -E como é que você se chama? perguntou o capitão.

    -Joana, ela disse.

    -E sua irmã? ele perguntou.

    -Naralúcia, mas todos a tratam por Lú, ela respondeu.

    -Tudo bem, então Joana, você pode mandar preparar um

    lanche, que nós vamos entregar para a sua irmã levar para

    aqueles dois, e olha, não precisa dizer nada para esses

    companheiros deles que estão aqui se divertindo, viu? nós

    não queremos agradecimentos, só queremos fazer o bem,

    cumprir nosso dever para com o próximo, falou o

    capitão,sorrindo.

    -Vocês são muito bons! ela disse.

    Depois que ela se afastou, o Tiago disse, rindo:

    -Capitão, muito boa essa sua conversa, hein!

    -Tudo por uma boa causa! o capitão falou, também rindo.

    A Joana voltou trazendo um embrulho com o lanche, o

    bilhete para sua irmã, e a conta de tudo e dizendo:

    -Pode pagar ali no caixa.

    O capitão tirou umas moedas de ouro do bolso, e pondo-as

    na mão da Joana, disse:

    -Isto é pelo seu bom atendimento, e sua simpatia.

    -Ah! muito obrigada.

    18

    Antes de saírem, o capitão deu uma olhada para onde

    estavam os homens das caixas, e disse para o Rod.

    -Aqueles ali já nem se agüentam de pé, de tão bêbados que

    estão!

    -Que continuem assim, melhor para nós, falou o Rod.

    Lá fora, sem serem observados, o capitão e o Rod

    misturaram a droga nos lanches, e o capitão disse para os

    homens:

    -Vocês nos esperem nas proximidades do barracão, que

    daqui a pouco estaremos lá.

    Então ele e o Rod foram até a rua indicada pela Joana, e

    localizaram a casa, pintada toda de branco, com janelas

    pintadas na cor verde, uma construção simples, modesta, de

    madeira, com um pequeno jardim na frente, aonde naquele

    momento duas crianças brincavam de pular corda, com dois

    cachorros aos saltos, latindo, tentando pular também, e ao

    verem o capitão e o Rod parados junto ao portão, tanto as

    crianças como os cachorros pararam de brincar, e ficaram

    olhando sérios para eles, então o capitão perguntou:

    -É aqui que mora a Lú?

    -É sim, por quê? perguntou uma das crianças, uma

    menininha.

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