Diário Da Solidão
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Diário Da Solidão - Tiago Geraldo Macedo Pena
Diário da Solidão
Tiago Geraldo Macedo Pena
PARA O ANJO LEDO COMO TUDO MAIS
Este livro éo relato da vida do poeta Italiano Giovanni Marconi, exilado em uma ilha nas proximidades da costa catarinense, esse misterioso poeta escreveu em um diário dia após dia, falando da sua vida na ilha de suas lembranças e de um amor incomensurável que o persegue levando-o a beira da loucura.
Este diário foi deixado na caixa de correios da minha casa por alguém que não quis se identificar, nele havia parte da história desse poeta, escrita por ele a próprio punho, tive o cuidado e traduzir as suas cinquenta páginas escritas e reunir tudo neste livro.
Quem ele foi não é o mais surpreendente dessa história, mas o que ele deixou.
DIA 1
Os meus olhos tristes se perdem no infinito azul do céu, a expressão desoladora da minha face revela uma alma cansada e atormentada. Uma brisa suave começa a soprar neste momento, enquanto eu continuo aqui, sentado no meio do nada, com o olhar perdido no infinito azul deste mar.
Meus dias se arrastam vagarosamente, nada mais faz sentido, tudo se esvai como o orvalho da manhã, sou apenas um poeta, um prisioneiro das palavras, encarcerado nas grades de versos sem rimas, riscados na tábua do meu coração.
Daqui a alguns instantes o dia dará lugar a noite, e este fim de tarde melancólico será engolido pelos braços negros da noite, daqui a poucos minutos, todas as luzes se apagaram, e a minha alma adormecera nas trevas de uma noite sem luar.
DIA 2
Meu coração éum navegante angustiado nas turbulentas águas desta vida, eu sou apenas um marinheiro sem experiência, sem saber para onde navegar. O dia estáindo embora, e a noite o abraça com toda a sua força, eu continuo aqui, sentado no meio do nada, a minha frente apenas o som do mar, com suas ondas quebrando na beira da praia, as águas geladas molham meus pésjácansados.
Procuro em meus pensamentos certo sorriso de anjo ledo, as lembranças daqueles momentos de prazer, dos instantes de descontração, mas o que eu sou se não um velho lobo do mar, um solitário na areia da praia, procurando no reluzir das ondas, a doce luz que ilumina meu coração, enquanto meus olhos cheios de lágrimas se derramam nas águas do oceano.
As lembranças são semelhantes às ondas do mar, veem e vão, trazendo algumas coisas já adormecidas, e levando outras para as profundezas das águas do esquecimento. Lembranças são como o vento, soprando na memória as desventuras de nossas vidas, os nossos momentos de dor, Amor, e angústias.
Desde aquela tarde em que você partiu, eu nunca mais fui o mesmo, naquele dia resolvi me afastar do mundo, das pessoas e da sociedade, agora vivo assim, isolado na ilha solidão, cercado pelas ondas do mar e pelos animais selvagens da ilha, sou mais do que um simples velho isolado, sou um prisioneiro de mim mesmo, dos meus próprios medos, dos meus anseios, de minhas neuroses.
Sou um poeta solitário, escrevendo na areia da praia os seus versos de solidão, atéque veem as ondas e arrastam todos eles para as profundezas sem fim, hoje éapenas mais um dia comum onde o nada éa novidade principal.
DIA 3
Lembro-me de quando eu era jovem,
Lembro-me perfeitamente daquela face mais brilhante do que as estrelas que neste momento contemplo. O seu olhar, ah... como eu poderia esquecer aquele olhar, maravilho como a noite escura.
Lembro-me das tuas macias mãos tocando meu rosto, lembro-me com dor na alma, Lembro-me do calor da sua pele, ah.... como eu poderia esquecer aquela pele que queima, incendeia o peito inteiro, hoje estou velho, atormentando por todas essas lembranças, sou apenas um barco sem rumo, vagando ao léu nesta ilha da solidão.
Levanto-me do lugar onde estou, me retiro para minha humilde cabana, feita de tijolos vermelhos, muito aconchegante, adoro o silêncio que faz aqui, é absoluto, silêncio de paz. Abro a porta do meu pequeno palácio, bem ao centro, esta uma pequena mesa de madeira, minha cama fica mais ao lado esquerdo.
Aqui passo meus dias de reclusão, dias inteiros de recordações, sempre caminhando, às vezes na areia da praia, as vezes mais afastado dela. Meu dias nessa ilha não tem hora certa, faço tudo o que me vem na cabeça.
As ondas do mar,
Se derramam silenciosas na areia da praia,
Suas espumas todas esbranquiçadas,
Dobrando-se por sobre as ondas,
Rodopiando como uma saia,
águas nuas que não sabem amar.
Ondas de águas geladas,
De um imenso azul fim,
Ondas sem destino navegando errantes,
Ondas de poetas loucos e amantes,
Oceano infinito dentro de mim,
Despertando quimeras adormecidas.
Ondas de pura beleza,
Netuna flor do mar,
Labirinto de angustias e dor,
Alcatras do árduo sofredor,
Falam que ainda não aprendi amar,
É,só me expresso em versos de tristeza.
DIA 4
Encanto éuma palavra que define o estado de uma pessoa mediante a outra.
E a condição do coração quando o mesmo