Uma Noite Em Teus Braços
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Uma Noite Em Teus Braços - Cacilda Tanagino
Uma Noite em Teus Braços
"Quando o destino nos mostra que ele, é quem dirige
nossos encontros independentemente de nossa vontade ele escreve a nossa história. "
Cacilda Tanagino
Uma Noite em Teus Braços
Publicação Eletrônica
Clube dos autores
2ª Edição
2014
Uma Noite em Teus Braços
Diagramação:
Thiago Carvalho
Revisão: Ortografa.com
Designer da capa:
By Cildinha_may
Contatos com o autor: Tanaginoc@gmail.com
Todos os direitos reservados ao autor.
Proíbida a reprodução, no todo ou em parte,através de quaisquer meios.
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Publicação Eletrônica: Clube de Autores Publicações S/A
CNPJ: 16.779.786/0001-27 Rua Otto Boehm, 756 Sala 02, América - Joinville/SC, CEP 89201-700.
Todos os personagens e nomes desta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas. É mera coincidência.
Nota da autora:
Comecei a brincar com as palavras
em meados de 2008, no inicio era apenas
um desejo, mas com o passar dos dias o
que era apenas um embrião começou a
tomar forma, começou a ter vida e de
repente, construí um universo todo especial
no qual minha caneta foi desenhando
sobre o papel. Mais tarde bem mais tarde
decidi digitar o meu pequeno sonho que
agora apresento a todas vocês.
Uma Noite em Teus Braços conta a
história de duas pessoas que são reunidas
pelo destino de forma inusitada e
totalmente além da imaginação. Cada
casal que se encontra pela vida, tem uma
história, às vezes bem simples, outras
dignas de um Oscar de tão fantasiosa que
são Adonai e Kamilah, talvez tenham um
pouquinho de cada encontro, talvez eles
sejam cada história fragmentada de um
verdadeiro amor. Ou talvez, quem sabe
sejam parecidos um pouco com você.
Adonai era um homem bom e
honesto, fora criado em meio às tribos de
tuaregues no deserto do Saara, com a
chegada da adolescência seu pai o
encaminhou para ser preparado e então se
tornar um grande empresário.
O tempo passou, Adonai ganhou o
mundo e com ele todas as facilidades que
o dinheiro pode dar, nunca parou pra
pensar no amor, e tão pouco o desejava,
porém numa noite muito estranha
conheceu Kamilah, uma mulher misteriosa
que cruzou o seu caminho e mudou
profundamente sua maneira de pensar
sobre as questões do amor.
Kamilah por sua vez sempre sonhou
em se apaixonar pelo homem certo, sempre
desejou ter uma família, criada sem os
pais ela tinha dificuldades em se
relacionar, mas apesar de todo cuidado,
numa noite de festa se empolgou e
desafiou o perigo, deixou-se seduzir por
um completo estranho na noite, que fez sua
vida mudar radicalmente. Este homem a
levou para conhecer o paraíso, e depois há
deixou padecer nas portas do inferno.
Para Thiago, Nícolas e Desirée três pessoas
maravilhosas que Deus colocou em meu
caminho.
Era um sonho, talvez para justificar
minha solidão;
Sei lá, não sei ao certo dizer o que
realmente foi...
Só sei, que enquanto escrevia você foi minha
maior inspiração.
CAPÍTULO UM
Um telefone tocava insistentemente
no balcão da repartição. Desanimada,
Kamilah deixou a pilha de livros sob a
mesa e foi atender.
— Biblioteca pública, em que posso
servir? Disse automaticamente.
— Oi! Que voz cansada é essa?
Acho que adivinhei em ligar-te! Que tal
sairmos? Perguntou Leila do outro lado
da linha com uma voz divertida. Kamilah
sorriu e pensou, "a tempestuosa Leila em
ação".
— Olá! Muito trabalho. Você tem
alguma sugestão Senhora Baladeira
?
Perguntou serenamente, sabendo bem a
resposta.
—Mas é claro que sim, estou a fim
de conhecer um barzinho novo do outro
lado da cidade, dizem que têm música ao
vivo e pista de dança com dois ambientes.
—Como é o nome do bar?
Perguntou Kamilah
8
—Tavernas Bar
. Exótico não? Isso
lembra algo primitivo, de repente
encontramos
um
Neandertal e nos
sequestra para alguma caverna. Concluiu
Leila. Kamilah deu um risinho suave, e
respondeu:
— Leila você é extremamente
maluca, eu não gostaria de topar com um
homem das cavernas, eles devem cheirar
muito mal.
— Que isso menina! Pra que
existem pregadores? Olha vou sair do
escritório agora, já terminei minha missão
por esta semana, estou passando por aí.
Beijos.... Desligou o telefone sem dar-lhe
tempo para responder.
Kamilah colocou o fone no gancho
novamente e em seguida olhou para os
livros e pensou "coleguinhas vamos para
seus lugares" a biblioteca estava solitária
e o único barulho que ouvia era de si
mesma, colocando os livros nos lugares e
de sua respiração. Sentia-se bem naquele
emprego, estava ali há quase três anos,
antes trabalhou temporariamente em
vários lugares, como no comércio local, foi
secretária de um advogado, mas quando
lhe ofereceram aquele serviço, não pensou
9
duas vezes em aceitar. Seguia colocando
os livros de acordo com a ordem, olhando
o título, o autor, o assunto, etc.
Enquanto guardava os livros, um
em particular chamou-lhe a atenção "O
véu azul do Saara", ela olhou com
curiosidade
e
o
folheou,
abriu
delicadamente aquela obra, uma emoção
tomava conta de seu peito, como se o que
fosse encontrar fosse algo maravilhoso e
que poderia preencher todo o vazio de sua
alma. Ela virou delicadamente aquelas
páginas,
amareladas
pelo
tempo
parecendo um papiro, alguns trechos
pareciam-lhes
velhos
conhecidos,
emocionou-se
ao
ler
os
trechos
marcados...
Há anos não chove no Saara.
De
senhores
mercadores
nos
tornaram farrapos humanos da seca.
Não temos mais escravos, mas
ainda temos nosso orgulho e nossa
honra...
De nobres e livres, hoje somos
chamados de esquecidos, de nômades.
Somos descendentes bérberes. Há
séculos fugimos dos invasores...
10
E hoje nos comparam a bandidos e
assaltantes.
Não temos território, o nosso
território é o deserto.
Ninguém pode enfraquecer o orgulho
dos tuaregues, nem mesmo o Saara...
Pois somos um só,
Somos kel tamasheq,
Somos os donos da noite,
Temos as estrelas para admirar,
O vento para sentir
E a areia para nos proteger...
Somos os guardiões da riqueza do
deserto.
Somos aqueles que atravessam toda
a extensão do Saara
Como os únicos donos,
Porque o deserto e nós somos um
só...
Em nossas tendas a Paz e o Amor
reinam
Nossas famílias são protegidas por
que ela é nosso bem maior
Então somos ricos, somos os
verdadeiros herdeiros do Saara...
Então... Não me venha dizer que
somos os abandonados...
11
Enquanto
lia,
estranhamente
visualizou
aquela
cena,
suspirou
pensando naquele povo que se perdeu no
tempo, como as dunas do deserto.
Olhando outras páginas verificou que o
livro se tratava de um contexto histórico
de um povo que era de certa forma,
marginalizado pela sociedade europeia,
porém para o ocidente era visto com
curiosidade e admiração, enquanto dava
uma passada rápida pelo texto encontrou
uma
página
assinada,
a
letra
demonstrava que o autor era um homem
determinado e provavelmente seria o de
uma
honestidade
impar,
sentiu
curiosidade em saber quem era dono de
um nome como aquele Adonai al-Shihab
nome imponente e totalmente diferente,
"senhor
absoluto"
ela
pensou
no
significado enquanto colocava o livro no
lugar.
Uma buzina estridente cortou-lhe o
pensamento e a fez dar um sobressalto de
susto. Era Leila, Kamilah observou da
sacada e lhe deu um aceno.
— Pronta!
Leila gritou saindo do carro.
12
— Suba vem me ajudar. Leila subiu
as escadas e entrou na biblioteca.
— Esse lugar tem cheiro de mofo.
— Deixa de besteiras e me ajude.
Kamilah falou achando graça, logo ela que
ficava também presa entre papéis, falando
dos livros. Em menos de dez minutos
terminaram de guardar os livros. Kamilah
verificou as janelas e o sistema de alarme.
— Pra que isso? Quem vai roubar
livros velhos?
— Não é quem vai roubar, o
problema maior são os vândalos, podem
entrar aqui e destruir ou mesmo
incendiar os livros, e apesar de termos
alguns
realmente
velhos
temos
verdadeiras obras como uma enciclopédia
inglesa do século XVII, doada por um
empresário importante da região, e sem
contar que temos em nosso acervo coisas
da história do nosso condado. Isso é vida,
é trajetória, o homem não é nada sem sua
cultura.
— Chega! Você não pode empolgar.
Leila cortou-a entre sorrisos. — Estou
realmente louca para tomar um banho e
dar uma relaxada.
13
— Pelo que vejo você tem planos pra
hoje à noite. Respondeu Kamilah com um
leve inclinar de pescoço
— Hummm, quem sabe, tudo é
possível. Respondeu Leila com um brilho
no olhar.
Seguiram pela via conversando
animadamente, Leila olhou para Kamilah,
inclinando-se para ela e fez uma
observação,
— Você parece que não está
animada a sair? Aconteceu alguma coisa?
—Não. Estou cansada, o chefe
resolveu catalogar os livros mais antigos,
estou digitando as fichas para arquivar no
sistema, é um trabalho minucioso, requer
atenção.
— Não me fale em trabalho, preciso
esquecer um pouco da tensão da semana.
Chegaram ao apartamento de
Kamilah, e Leila concluiu:
—Você está precisando é de ficar
com alguém, precisa se aventurar, acho
que já está pronta para novas emoções.
—Me aventurar? Não. Preciso de
sossego e não de um homem.
—Bom isso é só uma sugestão, às
vezes fico preocupada com você, só isso.
14
—Eu sei, mas não se preocupe,
estou bem. Deu um suspiro e concluiu:
—Agora posso dizer que estou bem.
Que horas vai passar por aqui?
—Lá pelas oito horas tudo bem? Se
vista para guerra, porque hoje o combate
promete.
—Então
está
combinado.
Despediram-se com uma troca de beijos, e
Kamilah saiu de dentro do carro.
Depois do banho abriu o guarda
roupa lentamente e pensou no dia em que
chegou à cidade de San Antonio
estava
desorientada, não tinha noção de onde
estava, quando saiu de Austin
e pegou a
rodovia interestadual só pensava em
sumir, porém estava exausta quando
parou em um posto de combustível e
observou uma cena inusitada, uma
mulher, meio alcoolizada, e zangada com
alguém, a mulher tinha os cabelos pretos
e longos, estavam em desalinhos, deveria
ter um metro e setenta de altura, era
esbelta e tinha uma cor linda de pele, não
era branca como a maioria dos habitantes
em Austin, mas era de um tom de
dourado fascinante, de onde estava deu
pra perceber que tinha os olhos escuros
15
como a noite, não dava para distinguir a
cor exata dos olhos, mas era um contraste
naquela com aquela pele dourada e
aqueles cabelos negros, Kamilah observou
a cena pitoresca enquanto abastecia o
carro, quando viu que o homem
empurrou Leila e a fez cambalear para o
meio fio, antes que ela esborrachasse no
chão Kamilah correu e a segurou
colocando-a sentada no banco de seu
carro e foi atrás do homem,
— Hei você! Ficou louco? Você a
agrediu! Você não pode fazer isso com
uma mulher, ela poderia ter se
machucado. Falou Kamilah.
— E daí! Você acha que ela vai
lembrar-se disso amanhã, tenho certeza
que não vai saber nem onde estava. O
homem falou com muita amargura na voz
tentando amenizar a cena ele olhou para
Kamilah e concluiu. — Veja, eu tenho
mais o que fazer, do que perder tempo
com esse porre. O homem virou as costas
e saiu. Kamilah olhou para trás e viu
Leila, ela realmente estava mal, o melhor
momento era levá-la para algum lugar.
Mas primeiro precisava saber quem era e
onde morava aquela mulher exótica.
16
—Oi? Você pode me ouvir?
Falou suavemente observando os
traços bem delineados daquele rosto
perfeito, Leila abriu os olhos como quem
precisasse ter certeza que estava ouvindo
mesmo aquela voz que mais parecia uma
melodia, ela olhou em direção da voz e
definitivamente acreditou que era uma
visão, aquele rosto era idêntico ao de Tin-
Hinan, a lendária mulher que governou os
tuaregues, mesmo depois de morta ainda
se fazia presente nas leis dos tuaregues
impondo sua presença através das lendas
de seu povo.
—Você precisa de ajuda.
Aquilo não era uma visão, era
realmente alguém querendo lhe ajudar,
pensou Leila "que os feiticeiros do deserto
me protejam, ou eu estou enlouquecendo
ou a maldita vodca subiu pra minha
cabeça, mas na minha frente está a rainha
dos meus antepassados" . Serenamente
Kamilah insistia em obter resposta
falando suavemente com a jovem.
—Para onde posso te levar? A voz
continuava doce e sem alteração no
timbre, aquilo era bom...
—Você tem um endereço?
17
Enquanto falava, Leila olhava para
aquele rosto angelical , "decididamente os
feiticeiros do deserto me enviou alguém" e
então lhe entregou uma bolsa de mão.
Kamilah entendeu que ali deveria ter
informações, abriu a bolsa meio sem jeito
e viu a carteira dela, dentro havia os
documentos e um cartão de visitas "Leila
al-Ismail", olhou o endereço e decidiu
levá-la para casa. Entrou na cidade e foi
dirigindo até encontrar um taxista, parou
e perguntou ao chofer onde era aquele
endereço, ele lhe explicou e cinco