Visões De Um Educador

De Claudionor Aparecido Ritondale

Algumas experiências vividas pelo autor, que é professor de Português. Ele apresenta alguns artigos, fornece algumas ideias, propõe algumas saídas inclusive para o ensino à distância e tece considerações sobre problemas agudos da educação.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 7 de fev. de 2012

Pré-visualização do livro

VISÕES DE UM EDUCADOR

Claudionor Aparecido Ritondale

São Paulo

2012

Claudionor Aparecido Ritondale

A educação é o maior e mais difícil problema imposto ao homem.

Immanuel Kant

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Visões de um educador 8

Claudionor Aparecido Ritondale Sumário

Aula show ............................................................... 11

As necessidades humanas e certo tipo de ensino para

adolescentes urbanos .............................................. 21

Primeira ordem de considerações: as necessidades em

si ............................................................................ 21

Segunda ordem de considerações: a especificidade de

necessidades ........................................................... 25

Terceira ordem de considerações: alguma sugestão

para conhecermos necessidades e criarmos algum

formato de atendimento .......................................... 32

Um jornal participativo para ensinar redação ............ 39

Termos utilizados em enunciados de questões .......... 43

Interesse em aprender Filosofia e Sociologia: a

propósito de uma pesquisa ...................................... 55

Vontade e imaginação ............................................. 65

Para um exercício de redação .................................102

Um discurso por ocasião da outorga de um prêmio ..120

Professor: presença, mesmo à distância ..................134

O saber não mudou de objetivo ..............................142

Competências primordiais para um tutor de educação à

distância ................................................................150

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Visões de um educador

Exercícios práticos para tutores de educação à distância

.............................................................................160

Primeiro exercício ...................................................160

Segundo exercício...................................................162

Terceiro exercício....................................................164

Quarto exercício .....................................................166

Quinto exercício .....................................................168

Sexto exercício .......................................................169

Sétimo exercício .....................................................171

Doze tecnologias que podem ser aplicadas ao ensino a

distância ................................................................174

Sobre este livro ......................................................178

Um pouco do autor e do que produziu até hoje .......190

Pequena apresentação de meus livros publicados ....198

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Claudionor Aparecido Ritondale Aula show

O que entendo por aula show é o es-tilo que cursos pré-vestibulares consagra-ram, ou seja, aulas em que o professor parece dar um espetáculo que está no meio caminho entre cômico teatral e circense, às vezes com recursos de televisão. Conta pa-ra esse tipo de aula a ideia do improvisa-dor, do bobo da corte, que é a ideia original do palhaço, para entreter, não para educar, necessariamente.

A carência das pessoas por esquecerem que são infelizes é enorme. Isso não as leva a sentirem-se felizes; ao contrário, torna-as mais desprotegidas, aumentando a sensação de vazio, portanto, fazendo-as, 11

Visões de um educador no médio prazo, mais infelizes, porque o precioso tempo para aprender foi desper-diçado com entretenimento.

O rendimento do aluno pode ser medido não apenas pela fixação imediata, porque pode até haver uma empatia com a figura grotesca e exibicionista do professor, mas ficar com algum conteúdo retido é outra coisa muito mais profunda do que uma mera aula show conseguiria fazer. O aspecto motivacional pode trazer algum sentido, mas duvido de sua eficácia, principalmente porque a motivação está no prazer de ensinar, na felicidade que algo faz em nós, não apenas na comicidade e no espetáculo.

Transformar tudo em auditório é uma tendência mesquinha e grotesca de 12

Claudionor Aparecido Ritondale hoje, mas não traz resultados em termos de mudança de comportamento, de uma frivolidade para algo sério. É como se transportássemos o estádio de futebol para a sala de aula, o que não resolve nada. Fi-camos com o fútil da sensação, mas não com o profundo dos conteúdos que devem ser pesquisados. O fascínio por coisas sérias precisa ser incrementado, já que ser sério não é ser chato. Além do mais, o mundo não pode ser dividido, como é cedo ensi-nado às crianças, entre coisas chatas e coisas legais. Há uma infinidade de situações intermediárias preenchendo os extremos do completamente monótono e do super-maravilhoso.

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Visões de um educador A vida é que deve ser ensinada, em sua variedade saudável, não em suas frivolidades trágicas e sua espetaculosidade ba-rata.

Certa vez, vi um documentário sobre o ator Burt Lancaster, do qual me lembro de um depoimento de um colega iniciante, que dizia ter recebido de Burt uma aula magnífica, quando o veterano recriminou o jeito exibido do iniciante, ao querer mostrar seu talento às jovens que viam seu ensaio. No início, era um esforço enorme, um gasto de energia excessivo, para exibir-se.

Em seguida, querendo superar-se, havia mais esforço, até o jovem ator entrar numa ascendente de esgotamento, o que provocava uma vertiginosa queda de rendimento 14

Claudionor Aparecido Ritondale e um fracasso completo. Burt ensinou-o a ir devagar, sentindo a ação envolvê-lo, aumentando gradativamente a dose de envolvimento com o texto e com o filme, até alcançar o grande desempenho no final. Já que é para exibir-se, façamos da aula de Burt uma possível adaptação para nossa pretensa aula show. Aos poucos ganhar a confiança dos alunos, sejam eles de que faixa etária forem, daí, aos poucos, com sabedoria e intuição, com carinho e amor à arte de educá-los, ir conduzindo, com o prazer de quem gosta da matéria, os alunos ao aprendizado. E, depois de todo o envolvimento, dar o grande final, que é possivelmente o rendimento muito satisfa-tório de todos os alunos.

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Visões de um educador Há livros escritos sobre a arte de ensinar, que injetam conceitos de marketing e publicidade na pedagogia. Conheço um desses livros, de uma professora brasileira, que até obteve certo êxito entre alunos.

Mas, infelizmente, despertou ciúme entre professores conservadores que tinham grande influência em suas escolas, o que provocou o afastamento da professora. Mesmo que a aula show dê certo, há quem não queira que ela exista.

E ela pode dar certo, sim! Tudo é uma questão de domínio técnico. Mas, infelizmente, não apenas domínio do jeito de transmitir, é preciso, antes de tudo, conhecer a matéria. Há quem fique com muita artimanha de show, mas transmite conteú-16

Claudionor Aparecido Ritondale dos incorretos, isso não é ensinar. Há um famoso cursinho, que, em um de seus muitos resumos que se dizem dicas de vestibular,

ensina

que palavras paroxíto-

nas terminadas em ditongo nasal devam ser acentuadas. Isso é um conceito errado, porque ditongo não é resultado de letras, mas de fonemas. Se um grupo de vogal e semivogal, considerados como fonemas, for nasal em palavra paroxítona, não há sempre o acento gráfico, como é o caso de

amam, por exemplo. Embora escrito com

am final, a pronúncia é próxima a ão, um ditongo nasal. Mas, nem por isso, apesar de paroxítona, leva acento gráfico. O

domínio da técnica de transmitir deve ser subordinado ao conhecimento preciso da matéria.

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Visões de um educador Aula show deve existir, mas professor independente e com garra, senso de disciplina (no show há muita disciplina, muito ensaio e muita produção), vontade de ensinar, gosto pela matéria, conhecimento preciso do assunto, empatia por gente, tempo para planejar e desenvolver, aceitação pelo sistema da escola, diálogo.

Enfim, com esses ingredientes é que haverá a