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Ungavir
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E-book133 páginas1 hora

Ungavir

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Sobre este e-book

Aethian Huel, um cavaleiro real, se envolve em um incidente com seu seu rei e, para proteger sua família, é levado ao exílio em Ungavir, uma antiga e remota vila onde acontecimentos estranhos se tornam cada vez mais frequentes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de jun. de 2017
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    Pré-visualização do livro

    Ungavir - Raphael Griffo Duarte

     Prólogo

    Os bosques de Cymbel raramente ficavam daquele jeito, verdes e vivos, a água dos pequenos riachos corria naquele dia de verão, um dia raro, dizia o rei Elgin, que aproveitou o dia para uma caçada.

    O rei andava em meio a arbustos e pedras, seguido de seu escudeiro que andava desajeitadamente quase caindo entre as pedras. Logo atrás, o jovem príncipe Lyones, que não era um caçador como seu pai, mas gostava de passar o tempo que podia com ele. 

    Kayne era o irmão do rei e lorde de uma das províncias do reino, recém-chegado de sua viagem, juntou-se ao rei para a caçada Não pode perder, é um verão como aquele que caçamos junto com nosso pai! , disse Elgin a seu irmão, tentando convencê-lo.

    Um outro homem completava o grupo, seu nome era Aethian, ou Sir Aethian, cavaleiro real. Ele, assim como o príncipe, não era interessado em caça, na verdade temia que qualquer acidente pudesse ocorrer com seu soberano durante esse tipo de aventura.

    — Vamos Aethian, anime-se! — O rei dizia, seguindo um rastro de um algum animal.

    — Não vejo tanta graça em matar animais indefesos... com todo respeito senhor. — Aethian respondia, ainda nem um pouco animado.

    — Estranho para um cavaleiro... talvez devesse mudar de posto, serviria melhor como conselheiro... — Kayne criticou.

    — Aethian é o melhor cavaleiro que já conheci irmão, não o subestime! — Elgin defendia.

    — Se você diz... ¬— Kayne resmungou, olhando para baixo. 

    Aethian permanecia quieto, não ousaria entrar na discussão entre o rei e seu irmão. Tinha a impressão de que Kayne o desprezava profundamente, porém os irmãos eram muito próximos e não queria ser a causa do primeiro conflito entre os dois.

    — Drest! Meu arco! — Elgin comandava ao escudeiro, que escorregava de uma pedra.

    — Agora! — Kayne gritava e desembainhava sua espada.

    Aethian notava um grupo de arqueiros aparecendo entre as copas das árvores e percebia o que estava para acontecer. Desembainhava sua própria espada e corria de forma desajeitada por entre os arbustos e pedras para proteger o rei. 

    Kayne desferia um golpe contra Aethian quando percebeu ele se aproximando. Aethian se defendeu, mas logo em seguida flechas voaram em todas as direções. Ele viu o rei sendo atingido por três flechas no mesmo instante. 

    — Não! — Gritou ao ver Elgin caindo ao chão, sendo atingido por mais flechas. Tentou correr mas sentiu sua perna enfraquecendo, e caiu, até se dar conta da flecha que atravessara sua perna.

    Caiu contra as pedras duras e em vão, tentou se levantar. Tudo o que podia ouvir eram gritos de Kayne, dando ordens aparentemente, e flechas sendo disparadas diversas vezes. Até que tudo cessou, houve um silêncio. Ele permaneceu calado e se arrastou em direção ao corpo do rei.

    A dor em sua perna era intensa mas fazia de tudo para chegar perto do rei. Não podia vê-lo, mas se arrastou por entre os altos arbustos até encontrar seu corpo, quase sem vida. 

    Elgin jazia olhando para cima, sangue escorrendo de sua boca e narinas, diversas flechas presas em seu peito. Ele virou para o lado e olhou nos olhos de Aethian tentando falar, mas sem sucesso. Em poucos instantes, fechou os olhos e parou de respirar, sem vida. Aethian não esperava que seu destino fosse diferente.

    Escutou passos sobre terra úmida e grama curta do bosque. Kayne se aproximou e o levantou, puxando-o pelo colete de couro, causando imensa dor ao mover sua perna ferida.

    — Seu desgraçado! — Aethian gritou.

    — Obrigado... cavaleiro inútil! — Kayne respondia, em sua mão segurava a espada coberta de sangue, Aethian preferia não saber de quem era o sangue.

    — Vamos, tire minha vida logo, traidor! — Aethian provocava.

    — Não... você merece outra coisa, e terá de aceitar, senão...

    — Senão? — Aethian perguntava, sem medo.

    — Sua bela esposa e filho na capital... talvez lhes ocorram algo semelhante...

    — Desgra... — Kayne soltava o cavaleiro antes dele terminar seu insulto.

    Batia novamente contra as pedras, sentindo imensa dor, via sua perna cheia de sangue e olhava novamente para o corpo de Elgin, já sem vida. Estava tomado pelo desespero e pela ira, queria ali mesmo arrancar a cabeça de Kayne... Elgin havia confiado nele.

    — Se quiser ver novamente sua esposa e filhos, terá de fazer como eu disser, deixarei que decida... — Kayne dizia, olhando em volta.

    — Ele era seu irmão... — Aethian dizia, ainda indignado.

    — Não era a resposta que eu esperava... Vou me certificar de ter homens de verdade como cavaleiros agora que serei rei. — Kayne dizia friamente.

    — Faça como quiser Kayne...

    — Pode me chamar de vossa majestade, cavaleiro. — Ele oferecia a mão para ajudar Aethian a se levantar.

    Aethian aceitava, mas relutante. Ao ficar em pé, apoiado em Kayne, pôde ver o massacre. Elgin morto com flechas em todo seu corpo. O escudeiro caído de costas sobre um pequeno riacho, que agora tornava-se vermelho. O príncipe estava em meio aos arbustos, aparentemente decapitado, Aethian não quis ter certeza e olhou para o outro lado.

    — Que bagunça... Esses saqueadores, eu não imaginava que eles fossem tão violentos. — Kayne comentava olhando ao redor.

    Aethian entendia a mensagem, e permanecia quieto. Não podia arriscar a vida de sua família. O rei estava morto, nada podia ser feito quanto a isso, infelizmente. Kayne se tornaria rei, tinha planejado tudo para essa emboscada. Elgin teve sempre o defeito de confiar nas pessoas erradas, inúmeras vezes a rainha Dewan alertara das intenções de Kayne, mas ele achava que não era nada.

    Ao retornar para a capital, Kayne e Aethian levaram as notícias diretamente à rainha, Dewan, que ao ver apenas aqueles dois homens e nenhum sinal de seu filho e marido entrou em desespero.

    — Saqueadores? Não há saqueadores em Cymbel! — A rainha dizia indignada.

    A corte ficava ao redor, naquele salão grande o suficiente para que cada uma das palavras da rainha ecoassem. As pessoas murmuravam, faziam comentários, ninguém confiava em Kayne ou em sua história, por isso ele precisava de Aethian, para ter alguma credibilidade.

    — Se não acredita em mim, pergunte a Sir Aethian! — Kayne dizia, para surpresa de todos ali presentes.

    — Aethian? — Ela perguntava com sua voz uma vez suave, agora desesperada. 

    Ele podia ver, nos olhos da jovem rainha, que ela implorava pela verdade, ela queria justiça. Mas poderia ela proteger sua família de Kayne? Só seria necessário que ela morresse para que Kayne tomasse o trono imediatamente, nada podia ser feito quanto a isso. 

    — É verdade... — Aethian disse, olhando para baixo. Quando olhou novamente de volta para a rainha, ela parecia desolada, não acreditava nessa história, apenas sabia agora que nem Aethian era confiável.

    — Perdi meu marido e meu filho... Sir Aethian... é só isso que tem a dizer? — Ela perguntava, decepcionada.

    O cavaleiro permaneceu em silêncio, até que Dewan entendeu a mensagem, e voltou-se a sentar no trono, lágrimas escorriam em seu rosto, não podia conter sua tristeza, mesmo diante de todos.

    Aethian sentiu-se péssimo naquele momento, uma imensa agonia, muito mais forte do que a dor em sua perna ainda ferida. Sentia-se como ele mesmo tivesse matado aquelas pessoas, o sentimento de culpa iria persegui-lo pelo resto da vida, ele sabia disso. Mas o medo de perder sua família era ainda maior, teve de escolher qual culpa iria carregar.

    Durante a noite, os corpos do rei Elgin e seu filho, o príncipe Lyones, foram cremados na praça principal da cidade. Todo o povo assistiu, em meio a murmúrios, algumas pessoas choravam, emocionadas, outras comentavam sobre o acontecido, alguns suspeitavam do envolvimento de Kayne no ocorrido, mas eram apenas rumores.

    Aethian assistiu a aquele funeral ao lado de sua esposa, Rowena, e seu filho, Irving. Ela chorava, apoiada em Aethian. Não sabia da verdade e era melhor que continuasse assim, já era fardo suficiente para ele saber o que tinha acontecido ali de verdade. 

    Irving já era maduro o suficiente, com seus sete anos de idade, para entender a gravidade daquela situação. As coisas iam mudar, agora que Elgin se fora, muito estava em risco. O novo rei, Kayne, não tinha motivos para manter seu pai como cavaleiro, traria ele seus próprios cavaleiros, o futuro para a família de Aethian era incerto.

     Ungavir

    Amanhecia na capital, o sol iluminava toda a sala de jantar da casa de Aethian. Toda a família em um clima triste, não havia vontade em tomar café da manhã naquele dia. Aethian não falava mais nada além do necessário, e Rowena percebia isso.

    — Eu estou bem... não se preocupe comigo. — Aethian dizia, tentando acalmar sua esposa.

    Ela trazia um prato, com pães e peixe assado, e uma garrafa com cerveja. Após servir a comida, sentava-se à mesa com seu marido, sua barriga já grande devido a gravidez a obrigava a sentar-se a certa distância da mesa.

    — Você não fala mais, sei que não está bem. — Ela respondia.

    — Você não deveria se preocupar com nada, Rowena, eu que deveria me preocupar com você, em breve dará luz a nosso filho...

    — De que adianta se você continuar desse jeito? Aethian, vamos embora, esse lugar não está te fazendo bem.

    Era verdade, cada uma das ruas, das casas, lojas, parques, tudo remetia ao tempo que passara a serviço do rei e de sua família, e tudo remetia ao que tinha acontecido. Queria poder contar, aliviar aquele peso que carregava, mas não podia, iria apenas estragar tudo que tinha feito para se manter vivo e proteger sua própria

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