O preço da rendição
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Sobre este e-book
O multimilionário italiano Emiliano Cannavaro sabia que toda a gente tinha um preço, especialmente Lauren Westwood, a irmã da esposa astuta do seu irmão e a única mulher que quase conseguira enganá-lo com o seu rosto inocente.
Quando a tragédia levou a vida do seu irmão e da sua cunhada, Emiliano decidiu conseguir a custódia do sobrinho, que nesse momento vivia aos cuidados de Lauren.
Mas a honesta Laura não era a fura-vidas que ele imaginava e não ia deixar-se comprar. E quando Emiliano Cannavaro lhe fez um ultimato: ir com ele para a sua casa nas Caraíbas com a criança ou litigar nos tribunais, decidiu enfrentá-lo cara-a-cara.
Elizabeth Power
English author, Elizabeth Power was first published by Mills and Boon in 1986. Widely travelled, many places she has visited have been recreated in her books. Living in the beautiful West Country, Elizabeth likes nothing better than walking with her husband in the countryside surrounding her home and enjoying all that nature has to offer. Emotional intensity is paramount in her writing. "Times, places and trends change," she says, "but emotion is timeless."
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O preço da rendição - Elizabeth Power
Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2014 Elizabeth Power
© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.
O preço da rendição, n.º 1617 - Junho 2015
Título original: A Clash with Cannavaro
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-6903-5
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Epílogo
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Capítulo 1
Lauren reconheceu imediatamente o homem que saiu do carro, um monstro prateado, com aspeto incongruente, em contraste com a quinta rústica de Cúmbria, com as suas colinas verdes por detrás do telhado molhado.
Emiliano Cannavaro era o homem que atravessava o pátio, com o cabelo despenteado pelo vento, enquanto ela fechava a porta do estábulo.
Alto, atlético, com trinta e poucos anos, o fato italiano, caro, não conseguia esconder uns ombros tão largos que quase conseguiriam eclipsar a lua. Mas era um homem que nunca teria esperado ou desejado voltar a ver.
– Olá, Lauren!
Era tão estranho vê-lo ali, na quinta de Lakeland, a propriedade em que os seus falecidos pais tinham gastado as suas poupanças, ao perseguir o sonho de serem autossuficientes, um sonho que nunca estivera à altura das suas expetativas e um sítio que não tinha nada a ver com as capitais europeias elegantes, com os pátios de recreio para ricos, onde aquele homem vivia.
– Emiliano! – exclamou.
Como uma tonta, desejou ter vestido algo mais elegante ou, pelo menos, ter passado uma escova pelo cabelo. Contudo, depois de tratar dos cavalos dos poucos clientes que a ajudavam a chegar ao fim de mês, as madeixas ruivas deviam ser uma labareda indomável.
– O que fazes aqui?
Um ligeiro tremor na voz debilitava o tom desafiante, mas não era todos os dias que tinha de enfrentar Emiliano Cannavaro, um magnata naval, multimilionário. O homem que herdara a empresa próspera que o avô fundara, para a transformar num empresa global, com uma frota de cruzeiros luxuosos.
Um homem que usara o seu encanto continental e aquela voz doce como o chocolate, para a levar para a cama... E para a descartar depois, da forma mais humilhante, depois do casamento da irmã, Vikki, com o irmão mais novo dele, Angelo, há dois anos.
– Temos de falar – declarou.
Esquecera como era alto e que, sem sapatos de salto alto, só lhe chegava ao ombro. O que não esquecera fora o nó que sentia no estômago, ao vê-lo, ou as suas feições viris, com o nariz romano e aqueles lábios tão sensuais, tão italianos.
Lauren pôs a mão sobre os olhos, como um escudo contra o sol.
– Sobre o quê? – perguntou, num tom acusador, enquanto tentava controlar o efeito que o seu aparecimento repentino exercia no seu coração tolo.
– Sobre Daniele.
– Sobre Danny?
Emiliano ficou em silêncio, olhando para aqueles olhos verdes, rebeldes, o rosto ovalado de queixo pequeno e nariz ligeiramente arrebitado, com sardas, que a mãe costumava dizer que era «um punhado de pós mágicos», antes de olhar insolentemente para a boca. Era uma boca de lábios generosos, normalmente sorridente, mas séria, naquele momento.
O olhar fazia com que os joelhos tremessem, mas não parecia afetado, enquanto apontava para a porta da velha quinta.
– Não devíamos entrar?
Dentro de casa? A sós, com ele?
O coração de Lauren acelerou.
– Só quando me disseres de que queres falar.
– Muito bem, vou dizer-to, claramente. Quero vê-lo.
– Porquê, quando não vieste vê-lo, nem perguntaste por ele, durante o ano inteiro?
Parecia que Emiliano sustinha a respiração. De modo que, embora tentasse fingir, se sentia culpado. «Melhor», pensou.
– Se não liguei, nem vim vê-lo – replicou, com aquela boca tão sensual, – foi porque não disseste a ninguém onde estavas.
Olhou para ele, incrédula.
– Foi isso que o teu irmão te contou ou inventaste?
– Angelo contou-me.
– Sim, claro. O que haveria de dizer? – Lauren suspirou. – Pensei que não te importavas, tal como acontece com os outros Cannavaro – acrescentou, amargamente, recordando que Angelo ignorara o filho, seis semanas depois da morte de Vikki.
Ainda andava com a ajuda de uma muleta, devido às lesões sofridas no acidente que roubara a vida da sua irmã mais nova, mas Angelo Cannavaro dissera-lhe com toda a clareza, sem a menor sensibilidade, que podia ficar com o filho que Vikki usara para o caçar, porque não queria saber dele.
Fora a última vez que o vira. A ele ou a qualquer outro membro da família Cannavaro. E, embora sentisse dor, por Danny, não podia dizer que não fosse um alívio.
Mas ali estava Emiliano Cannavaro, a acusá-la de ter escondido o menino!
– Que lata... – murmurou.
Ele afastou o cabelo da testa, com a mão grande e morena. Lauren conhecia bem aquelas mãos porque, numa noite, tinham descoberto os segredos do seu corpo e de todas as suas zonas erógenas.
As feições eram mais duras do que se recordava, embora, mesmo na altura, fosse um rosto cheio de autoridade, com uma testa alta, maçãs do rosto bem definidas, uns olhos pretos, misteriosos, e umas pestanas por que qualquer rapariga adolescente daria um braço e uma perna.
Conseguia entender porque não fora capaz de o rejeitar, assim que o vira.
– Insisto. Podemos entrar?
O tom não admitia discussão e, sem dizer uma palavra, Lauren levou-o para a porta das traseiras da quinta, sabendo, sem a menor dúvida, que ele estaria a olhar para o seu traseiro, a recordar...
– Diz o que tens a dizer – pediu.
Os nervos faziam com que o seu tom parecesse excessivamente seco, enquanto entravam na velha cozinha, mas a lembrança da humilhação que sofrera com aquele homem, que fizera amor com ela, para depois a tratar como se não tivesse o direito de pisar o chão que ele pisava, envergonhava-a profundamente, sem ter de o ver e reviver esse pesadelo.
– Como queiras – Emiliano não parecia perturbado com a sua falta de simpatia. – Não vou andar com rodeios. Certamente, sabes que Angelo morreu, no mês passado.
Lauren assentiu com a cabeça. Surpreendera-se, ao ler a notícia no jornal. Fora uma morte acidental, segundo o médico forense, causada pela mistura de barbitúricos e analgésicos que tomava para a sua lesão nas costas, e uma quantidade excessiva de álcool.
Lamentava a sua morte, como lamentaria a de qualquer pessoa, mas a única coisa que pôde dizer naquele momento foi:
– E, o que tem isso a ver comigo?
– Tudo – respondeu Emiliano. – Porque, a partir de agora, não podes continuar a monopolizar Daniele.
– Não estou a monopolizá-lo – contrariou. – Pelo menos, não o fiz de forma intencional. Mas, se assim fosse, foi culpa do teu irmão, que não mostrou o menor interesse pelo menino. Uma das razões por que Vikki o deixou. E tu também não mostraste interesse, até agora, na verdade.
– Algo que tenciono retificar – afirmou Emiliano, impaciente. – Mas, como já referi, não sabia onde Daniele estava. Certamente, como te recordarás... – acrescentou, dando ênfase àquela palavra, para lhe recordar uma intimidade em que Lauren não queria pensar. – O meu irmão e eu não tínhamos uma boa relação. Um pouco antes de morrer, perguntei-lhe onde estava o menino e disse-me que vivia contigo, mas não sabia onde. Porque haveria de dizer isso?
– Porque não queria que soubesses a verdade – respondeu Lauren.
– E qual é a verdade? – perguntou, cético.
– Que Angelo abandonou Danny, porque não era capaz de enfrentar a responsabilidade de ser pai. Ele sabia onde me encontrar e poderia ter vindo a qualquer momento. Mas não o fez, porque não queria deixar o jogo, as mulheres e a vida indulgente de que ambos tanto desfrutam.
Saíra-lhe da alma, porque aquela acusação era uma injustiça. Vikki e ela tinham tido de pagar um preço muito alto, por se relacionarem com os irmãos Cannavaro. Vikki não era uma santa, mas não merecia as infidelidades e os abusos que a tinham obrigado a abandonar o marido, depois de dez meses de casamento. Tal como ela não merecia o desprezo do irmão dele.
– Em qualquer caso – continuou Emiliano, como se retirasse importância às suas palavras, – Daniele é filho dele e, portanto, meu sobrinho.
– E meu.
– Não disse que não é.
– E, naturalmente, queres vê-lo – concluiu Lauren. Tinha de aceitar e sabia isso. Como tio do menino, Emiliano tinha direitos de visita.