O Arlequim E A Dama De Preto
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O Arlequim E A Dama De Preto - Jose Antonio Vieira
O ARLEQUIM E A DAMA DE PRETO 1
J.A. Vieira
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1943, numa tarde chuvosa de novembro vinha ao mundo uma criança que inspirava muitos cuidados.
Compleição mirrada e aquela impressão que não iria sobreviver.
O choro quase que inaudível era a única manifestação de vida naquele pequeno ser. A mãe procurava colocar o bico do seio em sua boca para que sugasse o leite farto. Não parecia ter forças suficiente para sugar o néctar da vida.
Um leve borbulhar era o sinal de que a criança queria se apegar a vida. Aos poucos foi adquirindo forças para que o liquido branco fosse escorrendo aos poucos para dentro de seu corpo.
Roberto não deixava o leito de Marta. Não queria perder o segundo filho. Não foram felizes no primeiro
O ARLEQUIM E A DAMA DE PRETO 6
J.A. Vieira
parto quando uma criança do sexo feminino não resistiu as primeiras horas de vida. Agora havia uma esperança naquele menino.
──Roberto, vá descansar um pouco. Você não dormiu na ultima noite, falou Marta.
Sentado em uma poltrona no canto do quarto, Roberto sentiu que não iria resistir ao sono. Dormiu uma hora naquela posição.
Quando acordou percebeu que sua esposa também não resistira ao sono. O menino estava encostado ao seu corpo. Não havia sinais de vida naquela criatura. Roberto passou a mão na testa da criança e percebeu que ali ainda havia temperatura de corpo. Ficou mais aliviado. Estava dormindo, simplesmente.
Dali a pouco, Marta acordou um pouco assustada e logo procurou afagar o corpinho frágil de seu filho.
Sentiu que havia respiração, deixando-a mais aliviada.
O médico chegou. Sério por natureza, pegou a criança e colocou-a do outro lado da cama. Depois de
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J.A. Vieira
alguns minutos auscultando manifestações orgânicas da criança, disse que aquela tinha chances de sobreviver.
Não muito grande, mas, havia esperanças. Um leve sorriso para o casal depois de dar algumas orientações, saiu logo em seguida.
Da janela do hospital via-se um canário da terra pousado num galho de arvore cantando num trinar de admirar, como estivesse anunciando ao mundo a vinda de alguém muito especial. Um alento de esperança para Roberto e Marta, afinal se casaram cerca de cinco anos antes e agora queriam ter mais alguém junto.
Roberto procurou comunicar a seus parentes que havia esperança naquele parto. A criança manifestava uma grande vontade de viver. Sabia que sua irmã de uma outra cidade mineira também estava grávida, talvez já tivesse tido a criança. Não conseguiu se comunicar com ela naquele dia.
No dia seguinte conseguiu telefonar para essa irmã e ficou sabendo que no mesmo dia do nascimento
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J.A. Vieira
de seu filho ela tivera uma menina, através de parto normal e estava muito feliz com o aumento da prole familiar.
De antemão Roberto disse que o menino se chamaria Ronaldo. A irmã informou que sua filha teria o nome de Carolina.
Dois dias depois, já em casa, Marta sentia que a criança sugava o leite com mais sofreguidão e isto já uma sensação de alivio para o casal. Ela veio para ficar por um bom tempo.
Dali a pouco, Roberto chegava trazendo algumas