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Isabela's
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E-book123 páginas1 hora

Isabela's

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Sobre este e-book

Algumas pessoas possuem um destino positivo e brilhante, outras precisam construir seus próprios destinos sozinhas! Este conto é a história de um amor fraterno, cheio de injustiça, traição e esperança! Sob o mesmo nome, mas com sobrenomes diferentes, Silva e Moraes irão lutar para continuar no jogo da vida e da conquista!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de out. de 2019
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    Isabela's - Daniele Freitas De Jesus

    DANIELE FREITAS DE JESUS

    Title: Isabela's

    Genre: Tale / Tragedy

    Author: Daniele Freitas de Jesus

    Language: Português

    São Paulo, 2019

    Dedico a todos os autores amadores, que assim como eu,

    amam ler e escrever seus próprios sonhos e histórias!

    Para minha família e amigos que jamais permitiram minha

    vida se tornar monótona e vazia!

    Em especial às minhas duas amigas, Amanda Catarina Batista

    e Lara Ferreira do Vale, que me ensinaram muito desse

    mundo.

    Agradeço a Deus pela vida!

    Sumário

    Prólogo

    Que Comece Minha História!

    Infância e Turbações

    Os Caminhos da Indiferença

    Aproximação Premeditada

    Indescritível Insegurança

    Desfiladeiro da Morte

    Novos Horizontes, Antigos Sentimentos

    Segunda Chance

    Epílogo

    Prólogo

    "Não tive filhos não transmiti a nenhuma criatura o legado de

    nossa miséria". [Machado de Assis – Frase de Memórias

    Póstumas de Brás Cubas]

    quele corpo parecia ainda aquecido. A face

    A apresentava um rubor natural que pouco a

    pouco se perdia na gélida palidez da morte. As mãos ainda

    permaneciam fechadas em torno da garganta, como se buscasse

    desesperadamente o ar que jamais chegaria aos pulmões.

    Os olhos ficaram encobertos no véu feito pelas

    pálpebras apertadas.

    Dor.

    Essa era a expressão naquele rosto tão conhecido.

    Lembrou-se daquela delicada marca na bochecha. A

    cicatrização já havia ocorrido há alguns anos, mas jamais se

    esqueceria de quando a adquiriu. Foi o dia mais divertido de

    sua vida e o mais triste também.

    Vida.

    Como amava se lembrar daqueles momentos vívidos

    que agora fariam parte de sua memória póstuma.

    Póstuma?

    Sim, era isso mesmo. Estava parada em pé junto ao

    corpo que um dia sentiu ser seu.

    Jovem e frágil sempre foram os adjetivos preferidos

    de seus pais para lhe descrever. E agora, observando-se

    naquele estranho encontro entre vida e morte, entendia o

    motivo.

    O corpo era magro demais. Excessivamente pálido. Os

    cabelos longos, negros como a noite ausente, estavam

    espalhados ao redor da cabeça quadrada, como uma abóbada

    em meio ao emaranhado encaracolado dos cabelos.

    Os pés descalços eram delicados e pequenos.

    Afastou o olhar com dificuldade. Estava cansada de

    observar aquilo que fora um dia.

    Mas afinal? O que ela conseguiu ser? Tinha apenas

    quinze anos e já havia visto a morte tantas vezes, que chegou a

    pensar que jamais morreria um dia. Mas esse dia chegou. E ali

    estava ela. Sozinha, em silêncio assistindo o calor sumir

    daquele corpo.

    Corpo.

    Aterrou-se. Sentiu medo do que viria agora. Para onde

    iria? Quem olharia por sua família sofrida e conflituosa? Quem

    escutaria as estórias aloucadas da vovó Ana? Quem apoiaria

    Carlos a enfrentar seu pai alcoólico e construir seus sonhos?

    Quem ajudaria à senhora Doret a plantar legumes para a

    próxima primavera?

    Não eram essas tarefas dela? Não era ela quem

    cuidava de cada um, ao contrário do que todos acreditavam, já

    que ela vivia dando cuidado, devido à frágil saúde, tendo, por

    seguidas vezes, sido internada no pequeno hospital daquela

    cidadezinha perdida em meio a Prados, em Minas Gerais?

    Não era isso o que a fazia ser Isabela Moraes?

    Que Comece Minha História!

    Desde o instante em que se nasce

    Já se começa a morrer. [Cassiano Ricardo – O Relógio]

    esando pouco mais que dois quilos e medindo

    P quarenta e seis centímetros, o pequeno corpinho,

    ainda envolto na massa de sangue e resquícios de placenta,

    tremia ante as mãos ágeis do profissional. Não chorou, e isso

    estava deixando toda a equipe médica assustada. A respiração

    parecia sofrível e dificultosa, deixando os lábios finíssimos

    arroxeados e abertos.

    A jovem mãe observava desesperada, a correria de

    médicos e enfermeiros para salvar aquela pequena vida, que

    mal chegou ao mundo, já teria que lutar contra a morte

    prematura. Apertou com força a mão de seu esposo. Seria seu

    primeiro filho, ou no caso, filha. A mãe mal pôde ver a filha,

    sequer havia visto direito a cor de seus olhos.

    A

    menininha

    era

    linda.

    Tinha

    cabelinhos

    encaracolados de uma cor escura como ébano. Os olhos eram

    de cor esmeralda e cristalina. A cor da pele era clara e pálida.

    Tão frágil e delicada, que parecia querer se quebrar ao simples

    abraço, algo que não conseguiu fazer, já que nos primeiros

    momentos do parto, a menina não lhe fora entregue.

    As horas se arrastaram, e nenhuma notícia chegava da

    CTI neonatal. Os familiares e amigos do casal sofriam a dor

    dos pais e, aguardavam ansiosos na sala de espera.

    — Quando darão informações sobre minha neta? –

    questionava a velha senhora, para uma enfermeira que não

    parou para responder.

    Ana Marcelina não sabia se ficava sentada, ou se

    seguia o filho nas voltas infindáveis pelo corredor. O rapaz

    andava de lado a outro, para tentar controlar o nervosismo e

    desespero.

    Aquela senhora, mãe de filho único, apaixonada por

    literatura e música, aposentada no ofício de escritora, ansiava

    desde muito tempo, o título de avó. E agora, no dia que

    pressupunha ser o mais feliz de sua vida, enfrentava a tristeza

    de não poder acolher em seus braços a sua ansiada neta.

    João Moraes, engenheiro agrônomo de profissão,

    violinista de coração, esposo a pouco mais de um ano, beirando

    seus quarenta anos, sentia a solidão por não estar ao lado da

    esposa, Roberta, para confortá-la enquanto aguardavam e

    rezavam pela saída da filha.

    — Acalmem-se... Logo saberemos da melhora da

    pequena... Qual será mesmo o nome da menina, Jô? – Ângelo

    perguntava, enquanto abraçava com doçura a avó.

    — Isabela... Minha filha, Isabela...

    — Ok! Logo Isabela estará em seus braços... Tenham

    fé! Quando meu Carlos chegou, eu e Marina achávamos que

    ele não sobreviveria, mas olhe como ele cresceu! Fique calmo

    e pare de rodopiar que está me deixando enjoado, cara! –

    emendou, sentando-se ao lado da esposa.

    O pequeno menino de quatro anos, adormecido no

    colo da mãe, remexeu-se pela carícia provocada pelo pai. A

    ternura no olhar de Marina fez o estressado advogado sorrir.

    Era um casal cotidiano e feliz em matrimônio. Torciam pelo

    amigo de infância.

    Ângelo era alto, cabelos loiros e olhos amendoados,

    descendente alemão, advogado e artilheiro do time de futebol

    da pequena cidade nos finais de semana, enquanto Marina era

    baixinha, morena de olhos escuros, professora de geografia da

    escola municipal, morando em Prados há cinco anos, a convite

    do amigo João para abrirem em sociedade, a Fazenda Moraes

    para turismo natural e aventuras radicais.

    A enfermeira fugitiva retornou com o rosto pálido e a

    prancheta nas mãos. Observou o desespero da família e

    anunciou reticente:

    — Tentamos tudo o que podíamos... Sinto muito, mas

    a menina faleceu!

    A velha senhora não resistiu e desmaiou. O pai não

    sabendo como reagir, desabou nos joelhos com lágrimas

    banhando o rosto. Ângelo e Marina tentaram com tristeza,

    apoiar o amigo no pior dia da vida dele. Somente Carlos

    continuava placidamente adormecido, sonhando com anjos e

    carrinhos.

    ******

    No quarto do hospital, Roberta desejava imensamente

    sair daquela cama e ver como estava sua filha. Já fazia mais de

    quatro horas que ninguém entrava no quarto para lhe dar

    alguma notícia sobre a situação de sua pequena. Estava por se

    levantar, quando a porta se abriu. Não conseguiu evitar as

    lágrimas que escorreram de seus olhos ao ver o esposo entrar

    com o bebê no colo.

    — É a nossa bebê? Oh, meu Deus! É a nossa bebê? –

    perguntou em desespero.

    — Diga olá pra mamãe, Isabela!

    O pequeno bebezinho tentou abrir os olhos, mas a

    claridade daquele lugar não estava ao seu gosto. Roberta

    esticou o braço e colheu, com cuidado extremo, o pequeno

    corpinho quente, que aos poucos se mexia. Mais lágrimas

    desceram em cascata, e a mãe não resistiu, beijou as bochechas

    com carinho e veemência.

    A enfermeira e o amigo Ângelo, que vinham logo

    atrás de João, estavam pálidos e silenciosos. Num ímpeto de

    nervosismo, Ângelo arrebatou o amigo pelo braço e saiu do

    quarto o empurrando para um corredor mais afastado da ala de

    apartamentos.

    — Você está louco, Jô? Roberta tem o direito de saber

    o que aconteceu! – sussurrou, travando o maxilar.

    — Você prometeu Ângelo, lembre-se disso! Foi uma

    promessa e não permitirei que destrua a felicidade de minha

    mulher! – gritou impaciente, assustando alguns enfermeiros

    que passavam.

    — Isso

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