Um Rápido Guia Para Entender O Alcorão
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Um Rápido Guia Para Entender O Alcorão - Rafael De Araújo Aguiar
UM RÁPIDO GUIA PARA ENTENDER O
ALCORÃO
Aguiar, Rafael de Araújo.
Um rápido guia para entender o Alcorão. – 2ª ed. –
Brasília: Clube de Autores, 2017.
226p.; 14,8x21 cm
ISBN 978-85-9228-520-3
1. Filosofia e teoria da religião 2. Aguiar, Rafael de Araújo.
I. Título.
UM RÁPIDO GUIA PARA ENTENDER O
ALCORÃO
Rafael de Araújo Aguiar
2ª Edição
ÍNDICE
PREFÁCIO DO AUTOR
XV
PRÓLOGO DE SAMIR EL HAYEK (Passagens)
XX
O ALCORÃO LITERAL
25
ANTI-SEMITISMO
27
BÍBLIA & ALCORÃO I: Metalinguagem
31
CASAMENTO I
33
CONDIÇÃO HUMANA I
36
CONTROVÉRSIAS EM TORNO DE JESUS I
41
DONS DIVINOS I
43
FRAGMENTOS DIFÍCEIS DE INTERPRETAR I
48
JUÍZO FINAL & RESSURREIÇÃO DOS MORTAIS I
51
MULHERES & UM PROTO-FEMINISMO I
54
PARAÍSO & RECOMPENSA AOS FIÉIS I
56
POLITEÍSMO & MITOLOGIA PAGÃ I
58
PUNIÇÃO ETERNA
60
SEXO DOS ANJOS I
64
TABUÍSMO I
66
VIDA DE MAOMÉ I
71
OS COMENTÁRIOS SOBRE O ALCORÃO
75
BÍBLIA & ALCORÃO II
77
– APÊNDICE ESPECIAL:
Abraão, Ismael, Isaac e o Salto da Fé –
91
BIOLOGIA
126
CALENDÁRIO
130
CASAMENTO II
132
CONDIÇÃO HUMANA II
138
CONTROVÉRSIAS EM TORNO DE JESUS II
140
CRISTÃOS, JUDEUS & MUÇULMANOS
147
DONS DIVINOS II
151
FRAGMENTOS DIFÍCEIS DE INTERPRETAR II
152
GEOGRAFIA
154
HISTÓRIA
157
JUÍZO FINAL & RESSURREIÇÃO DOS MORTAIS II
163
MULHERES & UM PROTO-FEMINISMO II
166
PARAÍSO & RECOMPENSA AOS FIÉIS II
170
PÉROLAS CIENTÍFICAS E MORAIS
172
POLITEÍSMO & MITOLOGIA PAGÃ II
181
QUESTÕES LINGÜÍSTICAS
188
SEXO DOS ANJOS II
193
TABUÍSMO II
195
VIDA DE MAOMÉ II
199
RECAPITULAÇÃO DAS INDICAÇÕES DE LEITURA
209
ANEXO
POEMAS & AFORISMOS DO AUTOR INSPIRADOS
PELO ALCORÃO (Seria um profeta?)
217
PREFÁCIO DO AUTOR
Não preciso ter medo de ser bem direto neste
prefácio, como sou no livro inteiro, tendo evitado o formato
de um exaustivo ensaio que chegasse às mesmas conclusões
que minhas curtas e ferinas notas (espero que o leitor não
leve a mal). De qualquer forma, vê-se bem que o Guia não é
dedicado a um muçulmano, pois só questionaria (inu-
tilmente) sua fé. Pensei em adicionar a palavra Crítico
ao
título, no entanto concluí que seria redundante, já que um
Guia, ainda que enxuto, elaborado para se entender um livro
religioso, pressupõe-se, deve ser no mínimo reflexivo e
independente, se desobrigando de fazer concessões e su-
cumbir a moralismos.
A maior – e inevitável – dificuldade que
encontrei em meu trabalho foi em separar alguns fragmentos
ecléticos por tema, abordagem escolhida não sem alguma
hesitação. A maneira de resolver o dilema das "passagens
multidimensionais" consistiu em dar prioridade contextual
ou pelo menos arbitrária a um dos aspectos tratados.
Tentou-se ao máximo replicar as mesmas categorias nas duas
metades
, por assim dizer, desta obra, i.e., a que condensa o
Alcorão propriamente dito, tal qual veio ao mundo ou tal
qual nos aparece hoje, e a outra, dedicada aos comentários
XV
do professor lusófono especialista na religião. Mas nem
sempre foi possível a presença dos mesmos capítulos nas
duas bandas, assimetria pela qual espero que me desculpem.
E alguns capítulos demasiadamente pequenos numa parte
ficaram extensos na outra, e vice-versa. Ilustração deste des-
compasso se encontra nas freqüentes analogias e paralelos
feitos pelo comentador Samir El Hayek entre os versos do
Alcorão e os reinos animal e vegetal. Sem pesquisar muito
sua vida pessoal, me arriscaria a dizer que El Hayek tem na
Biologia sua principal ocupação mundana
. Os escritos do
profeta Maomé quase não contêm referências à Biologia,
portanto seria deformar a realidade tentar espelhar este
tópico no meu Guia. E, para dizer a verdade, a própria
diferença no tamanho final das partes consideradas
separadamente evidencia ao máximo a impossibilidade de
resolver as coisas pela via das duplicatas
: enquanto o
Alcorão sagrado
e suas citações e resumo ocupam cerca de
20% das páginas, 40%, ou seja, o dobro, são tomados, de
forma egoísta
, pela jactância retórica e oratória do
comentador El Hayek, um muçulmano-brasileiro a quem
nem a Internet parece conhecer muito bem (o fato de ele ser
autor da tradução mais disseminada em Português, entre-
tanto, nos credencia a utilizá-lo aqui como "contraponto
espiritual" e boa fonte de consulta sobre detalhes muito
XVI
herméticos do Islã). Isso sem levar em conta meus próprios
comentários, ou seja, minha intervenção de verve semiótico-
satírico-literária. Contudo, eu intervim por igual nas duas
grandes seções
do Guia, seja resenhando os versos
maometanos diretamente ou tecendo observações quase
sempre pouco lisonjeiras acerca dos dizeres de El Hayek
(trocando em miúdos, comentários dos comentários,
comentários ao quadrado ou comentários em "segundo
grau", como preferir – um pagão aficionado por comparar
religiões, no primeiro caso, e um praticamente ortodoxo,
para o segundo tipo de comentarista). Há, em resumo, um
triplo discurso
no Guia: o autêntico, ou divinamente
revelado; o do fiel respeitador (nosso contemporâneo); e o
meu, completamente escrachado e herege, na comparação
com os dois anteriores. Seria eu a síntese tão perversa quanto
exata que estava faltando? Que sei eu, e que sabemos nós!...
Por último, providenciei um anexo para alojar
meus poemas inspirados pela leitura desta edição do Alcorão.
Ou ao menos os versos estéticos que vieram à tona na época
em que estava mais envolvido com a tarefa. Seria impossível
arranjar um lugar para estes escritos em meio às seções
anteriores, sob pena de comprometer o didatismo da obra.
Além do mais, considero um ótimo bônus, a justificar o meu
XVII
nome na capa, e não simplesmente o de Maomé ou de El
Hayek.
Muita atenção também para o apêndice
especial ao capítulo BÍBLIA & ALCORÃO II, onde utilizei
Søren Kierkegaard e Theodor Adorno, por julgar que vinha
muito a propósito.
Se o meu Guia soar pretensioso, insuficiente,
ridículo ou iconoclasta demais
(qual será o limite aceitável
do ataque às instituições milenares?), enfim, aquém das
expectativas do meu querido apreciador de ocasião, alego,
em minha defesa, que é natural que, como artista e
irreligioso, eu falhasse na missão e não conseguisse pleno
êxito em tarefa tão casta... Mas a ela fui impelido por uma
insaciável fome intelectual e moral interior, quase uma
compulsão, desenvolvida e sofrida muitos meses a fio. Sendo
assim, só este esforço sistemático
já é digno de respeito,
não concorda?
XVIII
Linha do tempo do projeto
Primeira leitura iniciada em 10 de Maio de 2015.
Primeira leitura e anotações pessoais finalizadas em 26 de
Abril de 2016.
Esforços para a publicação do livro iniciados em 28 de Abril
de 2016.
Últimos retoques, diagramação e revisão final concluídos em
1º de abril de 2017.
Publicação da 1ª edição, versão preliminar sem a aquisição
do International Standard Book Number, no site do Clube
de Autores, em 2 de abril de 2017.
Publicação da 2ª edição, com ISBN, em 11 de abril de 2017.
Créditos
Imagem (capa e contracapa): Deserto do Omã – retirada de
thousandwonders.net/
Foto do autor (orelha): Brenda Ribeiro Melo
Design de capa e acabamento das imagens: Autor
XIX
PRÓLOGO DE SAMIR EL HAYEK (Passagens)
"A ciência da exegese nasceu débil e cresceu
paulatinamente até alcançar a maturidade, e seguir formi-
davelmente neste diapasão que conhecemos hoje."
"Os brâmanes, os budistas, os judeus, os masdeístas e os
cristãos podem comparar o método empregado para a
preservação dos ensinamentos básicos de suas respectivas
religiões com o método dos muçulmanos. Quem lhes
escreveu os livros? Quem lhos transmitiu de geração a
geração? Será a transmissão provinda de textos originais ou
apenas tradução? Não haveriam as guerras fratricidas
causado dano às cópias dos textos? Não haverá contradições
internas ou lacunas cujas referências são encontradas em
outro lugar?"
"Ele próprio [Maomé; Mahomet; Mohammed; ou ainda
Mohammad] ditou certos textos a seus escribas, o que
chamamos de Alcorão [Corão; Quran, etc.]; outros textos
foram compilados por seus companheiros na maioria das
vezes por iniciativa própria; e a esses escritos chamamos de
Tradição."
XX
"É razoável acreditarmos que as primeiríssimas revelações
recebidas pelo Profeta não foram imediatamente submetidas
à escrita, pela simples razão de que não havia, ainda, compa-
nheiro algum ou aderentes. Estas primeiras partes não eram
nem longas, nem numerosas. Não havia risco de que o
Profeta pudesse esquecê-las [não?], uma vez que ele as
recitava freqüentemente em suas orações e em conversas
proselíticas."
"As revelações continuaram durante a inteira vida
missionária de Mohammad, 13 anos em Makka [Meca] e 10
em Madina [Medina]."
"Todos os doutos afirmam, com autoridade, que o Profeta
recitava todos os anos, no mês de Ramadan, perante o anjo
Gabriel, a parte do Alcorão até então revelada, e que no
último ano de sua vida Gabriel pediu-lhe que o recitasse
inteiro duas vezes."
"Esta prática [maratona de leitura], chamada de Tarawih,
continua a ser observada com grande devoção até estes
nossos dias."
XXI
"Havia então em Madina vários Huffaz (aqueles que sabiam
todo o Alcorão de cor), e Zaid era um deles. Sob a direção
do Califa, Zaid transcreveu o texto escrito em pergaminhos
ou pedaços de couro, nas omoplatas das reses, nos ossos, nas
pedras polidas e mesmo em pedaços de porcelana. A cópia
condizente, assim preparada, foi chamada de Mushaf
(encadernação)."
"É concebível que as grandes conquistas militares dos
primeiros muçulmanos induzissem alguns espíritos
hipócritas a proclamarem sua impulsiva conversão ao Islam
por motivos materiais, e para tentar danificá-lo de maneira
clandestina. Eles fabricaram versões do Alcorão com
interpolações. As < lágrimas de crocodilo >, que foram derra-
madas pela destruição das cópias não-autenticadas do
Alcorão, por ordem do Califa Otman, somente poderiam ter
sido de tais hipócritas."
"As cópias do Alcorão enviadas por Otman aos chefes das
províncias gradualmente desapareceram nos séculos sub-
seqüentes; apenas uma delas, que presentemente se encontra
em Tashkent, chegou até nós [que milagre conveniente!]."
XXII
"há repetições, e mesmo mudanças nas formas de expressão.
Deste modo, Deus fala às vezes na 1ª pessoa e às vezes na
3ª." Mais detalhes na seção QUESTÕES LINGÜÍSTICAS.
"Com o passar do tempo, o Alcorão tem, em virtude de sua
reivindicação de origem divina, desafiado a todos a criarem,
conjuntamente, mesmo uns poucos versículos iguais aos que
ele contém. Tal desafio porém tem permanecido sem respos-
ta até os nossos dias." Não se enganem: somente em matéria
de escritos religiosos, eu apontaria o Velho Testamento e o
Mahabharata como superiores, e olha que talvez sejam os
únicos que conheço dentre as religiões principais. Mas se
estendêssemos o desafio à Poesia Moderna, a Europa estaria
ganhando por 7 a 1 já antes do Romantismo, mesmo se
excluíssemos, para equilibrar a partida, os escribas
teutônicos... Que dó!
"2. Nos primitivos Livros Divinos os homens mesclaram
suas palavras com as palavras de Deus, porém, no Alcorão
encontra[m]-se tão-somente as palavras de Deus – em suas
prístinas purezas. Isto é admitido, mesmo