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A Vida Política De Um Papagaio Brasileiro
A Vida Política De Um Papagaio Brasileiro
A Vida Política De Um Papagaio Brasileiro
E-book133 páginas1 hora

A Vida Política De Um Papagaio Brasileiro

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Sobre este e-book

O livro, A VIDA POLÍTICA DE UM PAPAGAIO BRASILEIRO, nos dá uma aula de cidadania. O personagem principal, o papagaio JUARES, ao lado do amigo, o velho JUAREZ, apregoa pelo sertão que a reeleição é a mãe da corrupção. Com essa teoria, o papagaio entra numa briga mortal com os coronéis da política suja, pois, estes politiqueiros que teimam em se perpetuar no poder, que até então tinham os “analfabetos políticos” aprisionados debaixo dos sovacos, começam a perder os currais eleitorais para os discursos contundentes de uma “ave”, que possui moral e ética superior à de todos os políticos juntos. A cada palestra que o papagaio fazia nas cidades por onde passava, libertava dezenas de brasileiros que eram subestimados, das unhas dos “carcarás” da politicalha. Quem ler esse livro, jamais se arrependerá do voto dado ao seu representante, pois, votará consciente.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de mar. de 2018
A Vida Política De Um Papagaio Brasileiro

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    A Vida Política De Um Papagaio Brasileiro - Francisco Faustino Dos Santos

    FRANCISCO FAUSTINO DOS SANTOS

    A VIDA POLÍTICA DE UM PAPAGAIO

    BRASILEIRO

    Juarez Juares

    Clube de Autores

    2018

    A VIDA POLÍTICA DE UM PAPAGAIO

    BRASILEIRO

    Juarez Juares

    Observação do autor: Na primeira edição deste livro, dei-lhe o título de: JUAREZ JUARES, e tinha como subtítulo: A VIDA POLÍTICA DE UM PAPAGAIO BRASILEIRO. No entanto, nesta edição reescrita, inverti a ordem. JUAREZ JUARES, ficou como subtítulo, e A VIDA POLÍTICA DE UM PAPAGAIO BRASILEIRO passou a ser o nome principal da obra. Boa leitura.

    Com as mãos prontas para fazer o mal, o governante exige presentes, o juiz aceita suborno, os poderosos impõem o que querem; todos tramam em conjunto.

    Miquéias 7:3. Tradução nvi.

    Ficha Catalográfica

    Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

    (Sistema de Bibliotecas Públicas Municipais de Maringá — PR, Brasil)

    FC

    SUMÁRIO

    Primeiro Encontro

    Juares comanda quatro cachorros

    Papagaio Juares chefia o Lampião

    Disputa entre Lampião e Governamental

    O Palestrante

    Distribuição de rádios

    O Carteiro

    A Revolta do povo

    A Morte do Juarez

     Julgamento

    O Casamento

    Primeiro Encontro

    Em uma viagem ao nordeste, conheci dois personagens inusitados que se chamavam Juarez e Juares. O primeiro, um senhor que aparentava uns 65 anos de idade; corpo sofrido pela dureza da vida, não era alto nem baixo, tinha altura média de um brasileiro desnutrido. A pele queimada pelo sol o deixou moreno, no entanto, era um homem de cor branca. Usava um chinelo de dedo feito com tiras de couro, dava para ver nos seus calcanhares rachaduras, as quais denunciavam indício que há muito tempo aqueles pés não tiveram o privilégio de calçar um sapato fechado. Suas roupas molambentas, porém limpas, traziam em cada remendo a marca do tempo. Na cabeça, usava um chapéu amarronzado que fizera do couro de uma vaca que morrera de fome. Papeava pela feira que, quando moço, tinha sido um grande domador de cavalos e bois. Levava uma cicatriz na coxa do lado direito, da qual se orgulhava muito; narrava aos espectadores que o rodeava que fora uma chifrada do boi soberano, que no passado havia matado muita gente que tentara domá-lo, porém, ele tinha conseguido. Tinha um vocabulário corretíssimo e um modo especial de conversar, sua voz era de comando, não deixava dúvida no que falava.

    O segundo personagem era um papagaio domesticado; com a idade já madura para a sua espécie, segundo o seu dono, já havia passado muitos verões dos vinte anos. O bicho viajava no ombro do velho para todos os cantos. Falava de tudo. Remendava qualquer coisa que ouvisse de engraçado. Tinha nos dedos unhas enormes, passavam de três centímetros. O velho dizia que até os gaviões temiam suas garras. Usava na cabeça um chapéu de vaqueiro e no peito um protetor de couro para proteger-se dos galhos secos da caatinga. Quando ia à cidade ou na bodega a pedido do velho comprar ou buscar alguma encomenda, colocava o embornal dependurado entre o pescoço e o ombro e voava sem nenhuma dificuldade. O chapéu, o protetor e o embornal foram feitos pelo Juarez que também era um excelente artesão. Foi o próprio Juarez que o trouxera do Mato Grosso quando foi recrutado por uma madeireira, juntamente com outros homens para passar uma temporada naquele Estado, derrubando mato. Em uma das árvores cortadas, lá estava o papagaio em seu ninho. O louro nem pena tinha, o corpo estava coberto de penugem. Ao cair no chão, juntamente com a árvore, saiu correndo para dentro de uma coivara. Por duas vezes, recebeu o milagre da vida. A primeira de não ter morrido na queda; a segunda, de ter escapado das garras de um gato-do-mato, que por certo já o tocaiava. O felino que tinha o tamanho de um gato doméstico e se aparentava a um filhote de onça pintada veio igual um raio para cima do nenê-papagaio, pegou-o com a boca e saiu correndo uns cinco metros, quando foi atingido por um pedaço de pau jogado pelo Juarez. Ao recebe a paulada, o carnívoro soltou o pássaro, deu um grito de dor e desapareceu no meio da mata.

    Depois disso, o filhote de papagaio foi adotado por Juarez, que lhe deu o nome quase igual ao seu, Juares; a única diferença entre os nomes era que um terminava com Z, o outro com S.

    Quando alguém interrogava o Juarez por que havia colocado o nome do papagaio idêntico ao seu, o velho chamava o curioso para próximo de si, abaixava-se, pegava uma pedra e escrevia na terra o seu nome e o do papagaio: aí quem perguntava era ele:

    — O senhor está vendo a diferença? — continuava. — O meu nome é Juarez com Z, o dele é Juarez com S; portanto, não é igual! E outra, não poderia ser igual mesmo, eu sou gente, e ele é um pássaro, entendeu?! Eu ando, ele voa!

    O papagaio que entendia tudo que as pessoas falavam não gostava quando o velho dizia que havia diferença entre os dois, pois, para a ave, não existia diferença alguma, tudo porque falava igual ao Juarez, morava na mesma casa, comia os mesmos alimentos, embora tivesse preferência por outros que o Juarez detestava, como girassol e polenta sem sal. Como castigo e reprovando o que ouvia, defecava no ombro do velho que chegava a escorrer pelas costas. Louco de raiva, Juarez pegava-o de qualquer jeito, jogava-o para cima e destrinchava a sua raiva:

    — Vai cagar na sua mãe, seu filho de urubu! Condenado!!! Come feito um bezerro, depois vem jogar essa merda em cima de mim! Hoje tu vai voando pra casa, seu desgraçado! Chega de moleza. Deus deu asa para tu voa, não para ficar empoleirado nas minhas costas! Morcego verde!

    Contudo, esta eloquência durava pouco, era só o papagaio chegar perto do velho, com uma voz melancólica que havia aprendido com o próprio, que tudo voltava ao normal. Sabendo dessa qualidade que existia no coração do amigo, de perdoar as pessoas, Juares encostava a cabeça na asa, por submissão e arrependido do ato consumado, e falava baixinho:

    — Desculpa, Xará, quero dizer, Juarez. Dá-me colo... Coréco, coréco. Não vou mais cagar em suas costas, deixa eu trepar no seu ombro... Você é meu camarada, moramos juntos há muitos anos, não é uma cagada que vai interromper a nossa amizade.

    Com uma paciência de bispo, o velho que estava emburrado, olhava para o papagaio como quem ia falar mal. Pegava o cigarro feito de fumo de corda que estava atrás da orelha esquerda e passava à direita, tudo porque o papagaio só viajava no ombro do lado esquerdo e não gostava do cheiro do fumo; se, por esquecimento do Juarez, o cigarro ficasse ali, ele apanhava com o bico e jogava fora, o papagaio era antifumo. Depois de trocar o cigarro de orelha, o velho oferecia o ombro, entretanto, alertava o amigo:

    — Se cagar de novo, eu te mato e ponho na panela, entendeu?! Venha, ajeite-se, não aperte a unha, o meu couro não é de cavalo!

    Depois de receber o sinal verde, o papagaio voava ao ombro do amigo, acomodava-se, abria as asas, espreguiçava-se e falava:

    — Coréco. — O papagaio soltava essa palavra toda vez que queria agradecer por alguma coisa recebida. Essa palavra tinha vários significados, como: muito obrigado; valeu amigo; conta comigo quando precisar; era um verbete de sentido múltiplo.

    Na feira onde encontrei os personagens desta história, todos os conheciam... Não só na feira, toda a cidade, toda a região. Eram criaturas folclóricas, faziam parte do dia-dia da comunidade, frequentavam missas, quermesses, vaquejadas; davam palestras. Possuíam assentos assegurados nas reuniões do Conselho Comunitário. Essa honra foi conquista com os votos da população que elegeu o Juares o presidente do Conselho, e o seu fiel escudeiro Juarez como vice. Todas as decisões inerentes ao bem-estar da coletividade passavam por eles. Os moradores da cidade relatavam que jamais um presidente havia feito tanta coisa numa só gestão como o Juares. Não desviava um centavo das obras que os moradores escolhiam como prioridade, o papagaio entendia de política pública como ninguém, só não defendia a política partidária, dizia que: partidos e siglas, as letrinhas, não possuíam alma, espírito e consciência por serem inanimadas, eram apenas iniciais de nome de partido, por esse motivo não podiam opinar nem influenciar nas ideias e nos projetos daqueles que foram eleitos para executarem as necessidades e os anseios de quem lhe confiou o voto. Defendia também a não reeleição dos políticos. Segundo ele, do vereador ao presidente da república só poderia ficar no cargo delegado pelo povo uma fez, sem prorrogação. Pregoava também que os membros dos tribunais das instâncias superiores deveriam ser eleitos pela classe à qual pertenciam e não por apadrinhamento de políticos, que na maioria das vezes empossam esses senhores na intenção de tê-los na manga da camisa para jogá-los a mesa numa eventual trucada do adversário quando não tiver carta suficiente para lograr êxito nas suas manobras ilícitas. Essa sensatez daria credibilidade nas coisas públicas, o que hoje não tem.

    O papagaio Juares era uma sarna para os politiqueiros e os coronéis do agreste. Além de professor, sou um estudioso da fauna brasileira, esse encontro aguçou ainda mais a minha vontade de aprofundar no conhecimento das aves do Brasil, e, para isso, estava ali na minha frente algo extraordinário e único,

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