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A Bossa Nova Que Eu Vivi
A Bossa Nova Que Eu Vivi
A Bossa Nova Que Eu Vivi
E-book76 páginas1 hora

A Bossa Nova Que Eu Vivi

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Sobre este e-book

Com o fim do Bossa Norte decidi enfrentar o Rio de Janeiro. Minha intenção era trabalhar como músico e conhecer de perto os responsáveis deste movimento transformador e tive sorte. Cheguei ao Rio uma quarta feira, no mesmo dia à noite sai para sondar as possibilidades de trabalho. O primeiro lugar que visitei foi a Boate Drink da família Peixoto (Cauby e seus irmãos). Um grupo estava trabalhando enquanto outro descansava. Entre os que estavam em recreio encontrei Fernando Sansão, ex-baterista do Bossa Norte, grupo musical formado por mim no Ceará. Pegou-me pelo braço e apresentou-me a Iara Peixoto, irmã de Cauby. Foram tantos os elogios de Fernando que Iara me contratou imediatamente. No dia seguinte já formava o segundo grupo da casa jogando minha bossa em um time de primeira linha. Luiz Bandeira, Wilson Simonal, Marcos Moran, Pedrinho Rodrigues e Eu, formávamos a linha de frente dos dois grupos e fazíamos o Drink balançar. Nos meus momentos de folga observava o que meus companheiros faziam e tratava de seguir morrendo de medo de não dar conta do recado. A Bossa Nova que eu vivi e o companheirismo que disfrutei se transformaram em um tesouro que guardo com carinho. Esta obra é a 1º livro da série e o personagem principal é o próprio Rio porque não poderia ser diferente. A Bossa Nova não poderia ter outro berço. O Cristo abençoou e rodeou de encantos o nascimento do movimento que fez o mundo inclinar-se em reverencia à música brasileira. Foram muitos os grandes músicos que vieram de vários países estudar e aprender a BOSSA NOVA QUE EU VIVI. O começo foi bem desafinado mesmo e os acordes perfeitos que usávamos não eram compatíveis com a harmonia dissonantes que a nova proposta estabelecia, mas era lindo escutar João Gilberto cantando Doralice, Samba de uma Nota Só, o Pato e até Desafinado era perfeito. Que fazer? Estudar e ver como se faz para poder fazer. Mudar é bem difícil. O nosso sexteto chamado Bossa Norte foi adaptando-se ao novo, choveu críticas e comentários dos próprios colegas, mas lentamente fomos acertando o passo até chegar a dignificar o nosso nome. A aceitação foi tal que chegamos a fazer OITO espetáculos por semana. Tocávamos todos os dias e no domingo duas vezes; pela manhã e à noite. A safra foi excelente. Muitos nomes surgiram, todos enaltecedores do novo estilo encabeçados por Tom Jobim, Newton Mendonça, João Gilberto. Chegaram Vinicius de Morais Carlinhos Lira, Edu Lobo, Silvinha Teles e muitos outros e o repertório foi crescendo facilitando a nossa vida. Foi a época de cantar o amor, o sorriso e a flor. A formação do Bossa Norte se transformou depressa demais, mas para mim foi uma vida inteirinha.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de mar. de 2020
A Bossa Nova Que Eu Vivi

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    A Bossa Nova Que Eu Vivi - Manoel Irismar Pereira

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    Manoel Irismar Pereira

    A Bossa Nova

    que eu vivi

    Volume 1

    LOGO_2019_PRETO

    © 2019 Manoel Irismar Pereira

    A Bossa Nova que eu vivi - Volume 1

    Preparação de originais: Manoel Irismar Pereira & Sandra Regina Zanon D`Pereira

    Projeto gráfico: Editora Motres

    ISBN 978-65-5001-097-3

    © 2019 Manoel Irismar Pereira

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios sem autorização por escrito do autor.

    www.oficinadacabeca.com.br

    Etiqueta_preta

    Dedicatória

    A BOSSA NOVA me pôs em estado de graça. E este novo sentimento em mim prolongou-se com SANDRA, uma benção mulher que me fez sonhar, seguir amando e cantando: Este teu olhar quando encontra o meu, fala de umas coisas que nem posso acreditar doce é sonhar e pensar que você gosta de mim como eu de você.

     O AMOR é um fogo que não se pode ocultar na alma; quem o sente o revela na voz, nos olhos e no silêncio.

    Este livro vai para os meus dois amores: A BOSSA NOVA e SANDRA, BOSSA ETERNA dos meus dias.

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    Manoel

    PREFÁCIO

    A BOSSA NOVA QUE EU VIVI, conjuga erudição, beleza e irreverência. Na lida de suas memórias o poeta-escritor Dr. MANOEL IRISMAR PEREIRA transportou a cadência sincopada da Bossa Nova em lá, si, do, ré, mi, fá, sol, enlace divino entre o escritor, leitor e todos os mestres da MPB que, em relevo e primeiríssimo primeiro plano, forjaram o movimento para além das páginas.

    A obra A BOSSA NOVA QUE EU VIVI é parte desse acorde de ritmos, rimas, solfejos, sonoplastias inteligentes, sustenidos sembrados com muito sal na palavra. O médico-cancioneiro Dr. MANOEL IRISMAR PEREIRA, em seu instante alfa do ser em si, efeito que a música remete àquele que a ama, aponta o mais clássico da música popular brasileira e o mais popular do clássico brasileiro neste trabalho e apresenta roteiro que a alma entende. O palco da canção foi o RIO DE JANEIRO, cenário de estranha beleza, matizado em suas gradações ao espírito cultural da época com JOBIM, VINICIUS, JOÃO GILBERTO e tantos outros, como Nara Leão, Tom Zé, tropicalista até a morte, Caetano, menino baiano do Rio, Newton Mendonça, Gal, Chico Buarque, dentre outros copiosos valores.

    Essa turma não fugiu à luta e, à estilo de Nara Leão e seguidores, adoçaram o tempo contra a repressão política e a injustiça social. Mártires cantores, poetas, compositores, acenavam a paz criativa nos festivais (os quais foram sendo proibidos), e com o hino Viola Enluarada, mesmo sabotados na liberdade de expressão, tiveram coragem de mamar na onça castradora da ditadura. O Brasil precisa compreender a Bossa Nova, sarar feridas e recuperar sua história e memória…. A BOSSA NOVA QUE EU VIVI é um livro protagonizado por um cantor-escritor-poeta, que também foi preso e torturado como muitos inocentes e, ainda assim, sem perder a doçura, postergou em seu coração, os subliminares segredos do belo com arranjos, acordes e melodias, trazendo o jeito diferente da brasileira BOSSA NOVA entoar o som, símbolo e patrimônio cultural da humanidade.

    O povo merece o belo, impactado de prazer. Se os registros foram apagados, queimados, usurpados, o compositor-filósofo Dr. MANOEL IRISMAR PEREIRA retrata o amor expresso através da memória do coração e o entrega majestoso.

    Parabéns leitor, certamente você, o Brasil e a humanidade mereceram obra tão bem desenvolvida.

    Parabéns, Mazim, Doutorzinho de meu coração, pelo relato de afeto a iluminar a música e o tempo.

    Este livro transcende palavras, é puro sentir, é maresia ... É sol, é sal, é sul, manhã se descobrindo em tanto azul. Obrigada!

    Sandra Regina Zanon D`Pereira

    Capítulo I

    Nessa época em Copacabana era tudo mar. A baía possuía um rosário de luzes, um colar de edifícios, uma calçada em eterno Zig zag imitando nossos passos pela vida, um cheiro de maresia que tomava conta da noite, uma garoa que não se sentia molhar, mas que se via. A areia estava lá, limpa e longe e até o mar rosnava querendo mostrar brabeza, mas era manso como a vida dos transeuntes que desfilavam seus passeios e cachorros. Os automóveis esboçavam preguiça e o passeio era lento e todos os olhares estavam voltados para o Balanço Zona Sul da mulher carioca que, segundo Tito Madi "Balança toda pra andar", / Balança até pra falar/ Balança tanto que já balançou meu coração. E a princesinha do mar era puro encanto, sem a pressa de viver e era tudo bom, era tudo belo era tudo Bossa.

    A efervescência era própria e estava presente em tudo, do Leme ao Leblon e a noite brilhava em acordes dissonantes que a Bossa Nova espalhava em pontos certos, a todo o momento, nos instrumentos mais variados e em todas as gargantas que cantavam louvores oportunos ao momento de glória de uma vida que era sal, sol, sul e bossa.

    Ela desfilava seus encantos, todas as noites, percorrendo a orla pela calçada, adornando-a com seus atrativos, de mulher bonita que se sabe sê-lo. Era um passo ritmado de quem não quer cansar-se. Mas sabe que não chegara por último.

    Não, não era a garota de Ipanema era a minha garota. Chamava-se Sandra e, mesmo sem saber do meu amor por ela, parecia pisar meu coração que balançava sincopado ao ritmo dos seus encantos. Era a minha musa inspiradora, minha noite de luar, e eu, assim como Ataulfo, agradecia ao Criador ter-me feito um sonhador para melhor a exaltar.

    Tudo era festa naquele pedaço feliz de cidade. Durante o dia era o vento do mar no meu rosto e o sol a brilhar / Calçada cheia de gente a passar e a me ver passar... Eu não parava de cantar a canção do Ismael.

    O desfile de encantos era diário. À noite era o momento de pessoas correrem pela calçada que tanto adornava a praia em preto e branco num Zig zag sem final. Era ela a própria oitava musical que tomou conta dos meus sonhos. À hora de sua passagem eu sabia, era sempre a mesma e o encontro obrigatório se formava mágico, poético,

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