Vida Versa

De Luciana Rossetto e Sophia Rossetto

Vida Versa, livro da poeta capixaba Luciana Rossetto, é uma compilação de escritos sobre a vida e a arte de fazer versos. Em sua aparente simplicidade e leveza, seus poemas nos transportam a um cotidiano com o qual muitos de nós podemos nos identificar. As manhãs frias da infância; a consciência da velhice e da finitude; a lembrança da primeira professora; o sorriso de alguém especial; um colo de mãe; a ancestralidade no Velho Mundo, mas com os pés fincados na brasilidade; o barulho da cidade; a presença da fé... Tudo caminha com delicadeza, força e embasamento, além de muitas pitadas de ludicidade. Textos em italiano e alemão convivem com diversas referências a canções, escritores, filósofos e à Bíblia. Todo esse universo se coloca diante de nossos olhos por meio das palavras tecidas por Luciana, mas também pelas graciosas ilustrações de sua filha Sophia. Na vida – frente e verso e dentro – tudo é Poesia!
 
SOBRE A AUTORA
"Caro leitor, muito prazer! Em 1973, nasci Luciana, menina simples e bacana. Cresci comendo queijos, uvas e bananas num lugar de nome Castelinho, dentro de uma Vargem Alta, de um Espírito Santo e de uma Terra Cruz, originalmente Pindorama. Uma vastidão sem fim! Eu mesma sou vasta não. Mas Gott sei Dank, em alemão, graças a Deus, tive grandes conquistas: algumas árvores, um marido, três filhos e os livros Diverso e Reverso (Drago Editorial, 2019) e Memorial (Editora Saramago, 2019). Tornei-me professora quando escolhi estudar Letras na Universidade Federal do Espírito Santo. Gosto de observar a poesia das coisas mais simples e cotidianas. Sendo assim, não sei se verso a vida ou se a vida versa em mim".

• Idioma: Português
• Editora: Absurtos Editora
• Data de lançamento: 27 de out. de 2023
• ISBN: 9786586410464

Pré-visualização do livro

Livro sempre cabe em quem se permite

Poeamar-se.

Seja em prosa de prosear,

Seja em prosa de paragrafar;

Sejam versos livros

Ou livres riscos.

Riscos de riscar e riscos de arriscar.

Sejam desenhos desertos

De cores sem cor,

Sejam rabiscos idos, perdidos

Em flores de hibisco, capim, maracujá.

Salve, poesia estelar. Salve toda poesia!

Versa a minha vida, pinta e verba.

E vice-versa sem parar.

A minha arte é deveras

Temperamental. Toda arte é!?

A poesia esteve um pouco cansada,

Um pouco desanimada, desmotivada…

Mas eu digo a ela em todo amanhecer:

Oh, doce poesia emburrada, volte

Para o universo diverso e reverso.

Venha, vamos dizer aos amigos:

Estamos de volta, estamos aqui.

La mia arte è davvero

Lunatica. Tutta l’arte è così!?

La poesia è stata un po’stanca.

Un po’scoraggiata, sfiduciata…

Ma io le dico ogni alba:

Oh, dolce poesia imbronciata, ritorna

Nell’universo diverso e inverso.

Andiamo a dire ai nostri amici:

Siamo tornati, siamo qui!

Quantas rosas

Eu vi e vivi no chão da saudade

De um maio mês colorido

E solitário.

Vida versa

Em cismar, sozinho, à noite,

Poemo-me em ação de pensamento:

Versejo, rimo, metrifico.

E cochilo.

Depois esqueço o poema.

E a canção.

E me exilo.

SAUDADES

Quando o Quando nasceu,

Estávamos, Quando e eu,

Num Strassenbahn,

Velho Mundo afora…

E vida não parou

Quando amor se separou;

Quando tudo se calou

E só poesia falava…

Sentia saudades dos amor…

Agora saudades são

Da paisagem que aquele bonde

Um maio dia me mostrou.

Dê-me, oh pois

Uma colher de chá

Para bem viver e bem amar,

Ou pelo menos

Tentar.

Vida versa

Quantas, tantas vezes se tira força

Do improvável, do impossível

Para seguir, con-seguir, pro-seguir.

Pois que às vezes, fartas vezes,

Vida prospera sem água, sem terra.

Deixa-me, oh ar-mar

Me, mim, contigo,

Te, ti, comigo navegar

No teu sol

Nas tuas saudades

Movimento lento

Só silêncio:

Amar-te…

Vida versa

Reinventar.

Bem mais que o tempo

A esperar, a inspirar

Um café, um vinho

E palavras em particular…

Não, não dormirei.

Reinventar-me-ei.

Vida versa

Esperança!

Sempre há/verá presente-futuro

Aonde eu flor e onde

Você ex-tiver

Enchendo-me-nos

De