A Importância Da Transformação Digital
De Diogo Garcia
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A Importância Da Transformação Digital - Diogo Garcia
DIOGO GARCIA
A IMPORTÂNCIA DA
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Por que as empresas devem adotá-la para se manterem competitivas na era digital
1ª Edição
Curitiba
Edição do Autor
2020
Copyright © 2020 por Diogo Garcia
Todos os direitos reservados.
1ª edição
Outubro/2020
Capa por: SGuerra Design
Produção do eBook por: S2 Books
Contato com o autor:
dg.garcia.diogo@gmail.com
linkedin.com/in/garcia-diogo
Ficha catalográficaSUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Sumário
Introdução
Digitalização, Digitização e Transformação Digital
Importância da Transformação Digital
Organização deste Livro
Capítulo 1. Tecnologia Digital
Comportamento do Potencial Tecnológico Digital
Ciclo de Vida de uma Tecnologia
Suplantação da Tecnologia com Maior Performance
Importantes Tecnologias Digitais da Atualidade
Síntese da Tecnologia Digital
Capítulo 2. Demanda na Era Digital
Prossumerização
Consumerização da TI
Expectativas Líquidas
Millennials, Geração Z e Geração Alpha
Atendendo à Demanda via Tecnologias Digitais
Síntese da Demanda na Era Digital
Capítulo 3. Oferta na Era Digital
Bens Digitais
Barreiras de Entrada
Custos de Transação
Desconstrução da Cadeia de Valor
Novas Empresas na Economia Digital (Startups Techs)
Ecossistema de Coopetição Digital
Uso de Tecnologias Digitais por Empresas Digitais
Síntese da Oferta na Era Digital
Capítulo 4. A Relevância da Transformação Digital
Síntese da Relevância da Transformação Digital
Capítulo 5. Próximos Passos e Recomendações
Referências
Agradecimentos
Nota Final
Sobre o Autor
Notas Explicativas
INTRODUÇÃO
A sociedade vive a era digital. Também conhecida como era da informação, esse período é caracterizado pela alta disseminação das informações a todos os indivíduos. Em geral, a maior propulsora desse fenômeno foi a internet, que se popularizou por volta de 1995. [ 01 ] Foi o acesso a essa rede que permitiu que as pessoas obtivessem rápido e fácil acesso a pesquisas, descobertas, opiniões, críticas, notícias e sugestões, elevando seus conhecimentos sobre diversos assuntos.
Em comparação, a informação trafegava em uma velocidade inferior e com um menor alcance na era industrial. Essa era teve início com a Primeira Revolução Industrial em meados do século 18, sendo continuada com a Segunda Revolução Industrial no fim do século 19. [ 02 ] Na maior parte desse período, a sociedade adquiria conhecimento principalmente por mídias físicas, como jornais, revistas e panfletos. Essas mídias não permitiam uma alta difusão das informações, visto que costumavam circular apenas localmente e eram lidas por somente uma pessoa de cada vez.
No decorrer dos séculos 19 e 20, um avanço no setor das comunicações foi a transmissão de sinais de rádio e televisão. Essas tecnologias massificaram a dispersão das informações, de modo que várias pessoas consumissem o mesmo conteúdo simultaneamente. Contudo, como esses sinais propagavam-se de forma analógica pelo ar, eram afetados por condições climáticas adversas e por obstruções físicas no ambiente, assim como perdiam força quanto maior fosse a distância percorrida. Logo, a boa qualidade das transmissões se restringia às regiões próximas às antenas das emissoras, limitando a disseminação das informações. [ 03 ]
Outro progresso nesse mesmo segmento aconteceu com as transmissões de sinais de televisão via satélite na década de 1960. Em teoria, esse avanço possibilitaria que as emissoras pudessem atingir todas as pessoas do planeta. Na prática, a maior parte dos sinais transmitidos por essa tecnologia foram fechados (pagos). Ainda, essa nova modalidade de transmissão exigia que as emissoras se adaptassem tecnológica e comercialmente, o que aconteceu de maneira gradativa. Como resultado, os assinantes de televisão via satélite obtiveram acesso a poucas dezenas de canais durante as primeiras décadas desse tipo de serviço, alguns deles transmitidos em idiomas que não dominavam. [ 04 ]
Além disso, poucas empresas conseguiam operar no ramo das comunicações. Tanto as mídias impressas quanto as audiovisuais possuíam alta complexidade, assim como necessitavam de um grande investimento para iniciarem suas operações. Logo, foi natural o surgimento de uma estrutura altamente concentrada, onde poucos ofertantes (veículos de imprensa) passaram a controlar a maior parte do segmento. [ 05 ] Assim, as fontes de conhecimento da sociedade também eram restringidas pelas poucas empresas atuantes no setor.
Ainda sobre a era industrial, o seu principal acontecimento foi a substituição de trabalhos artesanais por máquinas. Essa mudança aumentou a eficiência da produção, de maneira a centralizá-la nas indústrias. Em outras palavras, os trabalhadores começaram a se deslocar para as fábricas para operar as máquinas lá presentes, em vez de confeccionar os produtos de forma artesanal em suas casas. [ 06 ]
A utilização de máquinas foi impulsionada pela concepção da linha de montagem no início do século 20. Esse novo modo de produção construía um produto uniformizado em elevada quantidade, ampliando a receita das fábricas. Por conta dessa vantagem, a era industrial foi marcada por uma estrutura de produção em massa, onde as indústrias produziam o mesmo produto diversas vezes. [ 07 ] Consequentemente, o consumo também foi massificado, de maneira que os consumidores adquiriam uma das milhares — ou milhões — de unidades igualmente produzidas pelas fábricas.
Em síntese, as pessoas eram muito limitadas aos conhecimentos difundidos localmente durante a era industrial. No que concerne o mercado, conheciam as empresas locais e utilizavam as tecnologias e produtos padronizados por elas fornecidos, tendo pouco conhecimento da existência de melhores substitutos.
Em contraste, os indivíduos possuem muito mais conhecimento em relação ao mercado na era digital. À medida que o uso da internet foi se expandindo, as pessoas aprenderam cada vez mais sobre produtos, tecnologias e empresas, ampliando os seus conhecimentos para além das fronteiras geográficas existentes em um mundo não digital.
A internet democratizou a publicação e a busca de informações. Todos podem divulgar seus conhecimentos on-line, tornando-os instantaneamente disponíveis para qualquer outra pessoa do planeta. Todos também podem acessar somente as informações que lhes forem relevantes, não ficando mais atados às grades de programação das emissoras de rádio e televisão. [ 08 ]
Além disso, a relação custo-benefício da internet é mais vantajosa quando comparada às mídias tradicionais. Através de uma conexão à internet, as pessoas garantem acesso a um número cada vez maior de aplicativos e websites. Por seu turno, os pacotes de televisão via satélite ou assinaturas de revistas e jornais permitem que os consumidores usufruam de um volume menor e pré-delimitado de informações, muitas vezes por um custo mais elevado que uma conexão à internet.
Essa maior disseminação das informações tornou os clientes da era digital mais exigentes. Os consumidores não mais aceitam produtos uniformizados, de modo a demandarem mais personalização através do uso de tecnologias de ponta. Posto de outra forma, por entenderem o potencial das tecnologias digitais, assim como por conhecerem os produtos que empresas ao redor do mudo oferecem, os consumidores requisitam que as empresas locais forneçam soluções digitais de maior qualidade e customizadas às suas particularidades. [ 09 ]
Se a demanda se tornou mais exigente, é plausível pensar que a oferta também tenha se modificado. Empiricamente, o avanço da tecnologia digital marca presença nas empresas através da sua junção com os negócios em vários segmentos. Como exemplos, podem ser citados os setores de agricultura (agritech), alimentos (foodtech), educação (edtech), finanças (fintech), saúde (healthtech) e varejo (retailtech).
Para atender ao sufixo tech, a companhia deve estar imersa na tecnologia digital, utilizando-a o máximo possível em seus produtos e processos operacionais. [ 10 ] Também é fundamental que a empresa adote um modelo de negócios centrado no cliente, também chamada de customer-centric, com o objetivo de entregar uma melhor experiência de uso ao consumidor. [ 11 ]
Usualmente, observa-se a presença de empresas techs entre as firmas que procuram se consolidar em um mercado, também conhecidas como empresas entrantes. Em geral, elas são representadas pelas startups. Essas companhias utilizam as tecnologias digitais para oferecer os produtos personalizados e de alta qualidade desejados pelos clientes da era digital. [ 12 ]
Opondo-se às empresas entrantes, estão as estabelecidas, também chamadas de incumbentes ou tradicionais. Por já operarem há mais tempo no mercado, possuem modelos de negócios que datam da era industrial, os quais não são mais adequados para alcançar os clientes atuais. Dessa forma, essas empresas precisam se renovar através do uso de tecnologias digitais para manterem-se competitivas em seus segmentos. [ 13 ]
Para conquistar esse objetivo, as empresas tradicionais podem adotar uma estratégia de transformação digital. A transformação digital acontece pela mescla da tecnologia digital com os negócios, em conjunto com uma abordagem customer-centric. [ 14 ] Como será apresentado ao longo deste livro, essa estratégia se mostra eficaz para que as empresas tradicionais sobrevivam às modificações que aconteceram no mercado na era digital.
Digitalização, Digitização e Transformação Digital
Para um melhor entendimento da transformação digital, é fundamental realizar a distinção entre três conceitos: digitalização, digitização e transformação digital. [ 15 ]
A digitalização refere-se a uma modificação na maneira como as informações se apresentam. Ela faz com que informações analógicas (físicas) sejam transformadas em digitais. [ 16 ]
Por exemplo, a digitalização acontece quando alguém digita em um computador um documento que estivesse escrito a mão. Desse modo, as informações migram de uma forma física (tinta de caneta em um papel) para uma forma digital (sequência binária de zeros e uns). Em outras palavras, as informações se tornaram digitais.
Por seu turno, a digitização representa uma alteração na maneira como a empresa realiza as suas operações. Ela torna digital os processos operacionais da empresa. [ 17 ]
Por exemplo, suponha-se o processo de pagamento a fornecedores de uma companhia. Em um processo não digital, a área financeira costuma guardar as contas em uma pasta sanfonada, onde cada divisória representa um dia do mês. Diariamente, o responsável examina a pasta para verificar as contas que devem ser pagas no dia. Ao encontrá-las, o funcionário entra no site do banco e realiza os pagamentos.
Em contraste, o pagamento aos fornecedores ocorre de modo mais automatizado em um processo digital. Todas as contas são inseridas em uma plataforma virtual, eliminando a pasta sanfonada. Essa plataforma avisa o funcionário sempre que houver uma nova conta a pagar no dia, tornando desnecessária a checagem manual. Em um nível ainda mais automatizado, a plataforma enviaria as contas ao banco, suprimindo o acesso ao site do banco para efetuar os pagamentos.
Por sua vez, a transformação digital modifica a forma como a empresa entrega valor aos consumidores. Através das tecnologias digitais, ela consegue aprimorar seus produtos e processos, criando um modelo de negócios mais eficiente para atender às exigências dos clientes da era digital. [ 18 ]
Para esse objetivo, a transformação digital exige que a companhia adote uma abordagem customer-centric. Visto que os atuais clientes desejam produtos tecnologicamente avançados, essa estratégia requer que a empresa lide melhor com os constantes avanços das tecnologias digitais. Com essa capacidade, os produtos e processos são melhorados conforme o maior potencial tecnológico disponível a cada momento. [ 19 ] Dessa maneira, é possível servir aos consumidores de uma forma customer-centric, aumentando o engajamento desses com a companhia. [ 20 ]
Além do uso de estratégias centradas no cliente e tecnologias digitais, a transformação digital só acontece através de uma intensa mudança organizacional. Departamentos tradicionalmente centrais, como administrativo, comercial, financeiro e de recursos humanos devem ter suas formas de trabalho alteradas: eles devem deixar de usar processos manuais para usar processos digitais, que são mais automatizados e eficientes. Outros departamentos que antes eram secundários, como tecnologia da informação (TI) e design devem tornar-se fundamentais, integrando-se estrategicamente ao restante da companhia. [ 21 ]
Em virtude dessa mudança organizacional, os funcionários começam a atuar de maneira multidisciplinar e interconectada aos outros departamentos. Junto ao uso das tecnologias digitais, cria-se um ambiente de trabalho mais colaborativo, inspirador e criativo. [ 22 ] Por vezes, esse novo ambiente gera processos e produtos inovadores, assim como permite ganhos de produtividade. [ 23 ]
Resumindo o apresentado até agora nesta seção, a digitalização altera a forma como os dados se apresentam, migrando-os do analógico ao digital. A digitização modifica os processos da companhia, levando-os para o lado digital. Por fim, a transformação digital é uma estratégia que adota constantes inovações nas tecnologias digitais fornecidas aos clientes, buscando atendê-los de um modo customer-centric.
Em outras palavras, a digitalização modifica as informações, a digitização muda os processos, e a transformação digital altera a experiência de uso dos clientes. A partir disso, a empresa se torna digital.
Existe uma relação de dependência entre esses três conceitos. Ela é demonstrada a seguir, na FIGURA 1.
Figura 1: Diagrama de Venn com três conjuntos de tamanhos crescentes, sendo que os maiores englobam os menores. Fonte: O autor (2020).A FIGURA 1 demonstra que a digitização depende