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Histórias De Fantasmas De Um Antiquário
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Histórias De Fantasmas De Um Antiquário
E-book234 páginas3 horas

Histórias De Fantasmas De Um Antiquário

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Sobre este e-book

Este volume reúne sete histórias de terror clássicas de Montague Rhodes James, mais conhecido apenas como M.R. James, que foi um notável estudioso medieval britânico e reitor do King s College, da Universidade de Cambridge (1905–18) e do Eton College (1918–36), além de escritor. Ele é mais lembrado por suas histórias de fantasmas, amplamente consideradas entre as melhores da literatura inglesa. O volume contém as seguintes histórias: Uma Crônica Escolar, O Jardim de Rosas, O Tratado Middoth, Lançando as Runas, A Baia da Catedral de Barchester, O Cercado de Martin, e Sr. Humprheys e Sua Herança.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de fev. de 2021
Histórias De Fantasmas De Um Antiquário

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    Histórias De Fantasmas De Um Antiquário - M. R. James

    UMA CRÔNICA ESCOLAR

    Dois homens em uma sala para fumantes estavam conversando sobre seus dias de estudantes:

    Em nossa escola, tínhamos a marca de um fantasma na escada principal do prédio. Como era isso? Oh! Muito pouco convincente. Apenas a forma de um sapato, com o bico quadrado, se bem me lembro. Mas a escadaria era de pedra maciça. Nunca ouvi qualquer história sobre quando e como surgiu a marca. E isso parece estranho... Por que alguém não inventou uma narrativa, eu me pergunto, disse A.

    Você nunca pode contar com meninos jovens de mais... pelo menos não para essas coisas, pois eles têm interesses próprios, mitologia própria. A propósito, tenho um assunto interessante aqui: o folclore das escolas independentes (escolas privadas).

    Sim, é verdade, é um material que pode render alguma coisa..., mas acho que a colheita será bastante escassa, no entanto. Imagino que se você investigar mais a fundo o ciclo de histórias de fantasmas que os meninos das escolas independentes contam uns para os outros, elas acabariam sendo apenas versões altamente resumidas de relatos de livros conhecidos, disse A.

    Notadamente, hoje em dia, as obras da editora Strand & Pearson, e outras equivalentes, seriam amplamente utilizadas como base desses resumos...

    Sem dúvida! Não pensam como os jovens do meu tempo. Mas... vamos ver... Bem... Eu me pergunto se consigo lembrar pelo menos dos itens básicos que me contaram sobre a marca na escada... primeiro: havia uma casa com um quarto no qual várias pessoas insistiam em passar a noite. Em uma certa data, uma delas, pela manhã, foi encontrada encolhida em um canto. A pobre criatura só teve tempo de dizer ‘Eu vi!’, antes de morrer.

    Você se refere àquela casa na Berkeley Square, em Westminster?

    Ouso dizer que é ela sim... Depois daquela pessoa, houve ainda um homem, de passagem à noite pela frente da casa, que ouviu um barulho dentro dela. Ele abriu a porta da frente da casa e viu alguém rastejando pela sala, de quatro, em sua direção, com ambos os olhos fora das órbitas, dependurados sobre as bochechas. Havia, além disso... deixe-me pensar... ah, sim! O quarto onde um homem foi encontrado morto em uma cama com uma marca de ferradura na testa. E o chão embaixo da cama também estava coberto das mesmas marcas de ferraduras. Não sei o porquê disso... E, por fim, também houve o caso de uma senhora que, ao trancar a porta de um dos quartos da casa estranha, ouviu uma voz fina ressoar dentre as cortinas do dossel que envolvia a cama que preenchia o cômodo dizendo: ‘Agora estaremos juntos a noite toda’. Nenhum desses eventos teve qualquer explicação ou desdobramentos... eu me pergunto se o relato deles continuam assim, sem maiores detalhes..., disse A.

    Ah, provavelmente... talvez tenham recebido acréscimos de leituras de revistas ou livros com temas sobrenaturais, como eu disse antes, disse o interlocutor de A.

    Você já ouviu falar de um fantasma real em uma dessas escolas? Penso que não... ninguém nunca viu um... todas essas histórias não passam de mera ficção...

    Mas pelo seu relato... talvez tenha conhecimento de um fantasma real...

    Realmente não sei se é real... mas são essas coisas que tenho em minha mente. Foram relatadas em minha escola há uns trinta e tantos anos e não tenho nenhuma explicação plausível para elas..., disse A.

    A minha escola ficava perto de Londres. Foi estabelecida em uma casa grande e razoavelmente antiga - um grande edifício branco, com um terreno muito bom, muito grande mesmo; havia grandes cedros no jardim, como, aliás, existem em muitos dos jardins mais antigos do vale do rio Tâmisa; e também frondosos olmos, bem antigos, ladeavam os três ou quatro campos que usávamos para nossos jogos. Ainda acho que, provavelmente, era um lugar bastante atraente. Mas meninos raramente permitem que suas escolas possuam características aceitáveis, sempre patrocinam depredações...

    Bem, cheguei nessa escola em setembro, logo após o ano de 1870. Entre os garotos que chegaram no mesmo dia, estava um com quem logo eu me entendi bem: era um jovem do interior, das montanhas, na verdade da Escócia, a quem chamarei de McLeod. Não preciso gastar tempo descrevendo-o, pois o principal é que eu o conheci muito bem. Ele não era um garoto excepcional de forma alguma - não era particularmente um leitor ávido, um intelectual, ou um bom jogador. Mas era alguém de quem gostei de ter a companhia.

    A escola era de bom porte, pois abrigava de 120 a 130 meninos a cada temporada de aulas. Portanto, era necessária uma equipe considerável de professores – e, curiosamente, havia mudanças bastante frequentes entre eles.

    Em um certo período - talvez fosse o meu terceiro ou quarto na escola - um novo professor apareceu. O nome dele era Sampson. Era um homem alto, robusto, pálido e de barba escura. Acho que gostamos muito dele, tendo em vista que ele viajou muito e tinha histórias que nos divertiam nas caminhadas da escola, gerando alguma competição entre nós para ver quem ficava mais próximo dele a fim de ouvir suas narrativas. Lembro-me também – meu caro, quase não pensei nisso desde então! - que ele tinha uma joia em metal presa à corrente de seu relógio que atraiu minha atenção um dia - e ele me deixou examiná-la. Acredito hoje que era uma moeda bizantina de ouro. Nela havia uma efígie de algum paradoxal imperador de um lado; sendo o outro lado praticamente liso. Desse lado, o liso, ele a marcara - de maneira bárbara, diga-se de passagem - com suas próprias iniciais, GWS, e uma data: 24 de julho de 1865. Sim! Lembro-me agora: ele me disse que a tinha pegado em Constantinopla, era uma moeda bizantina mesmo. A moeda era do tamanho de um florim (1), talvez um pouco menor.

    (1) Florim (do italiano fiorino) é um termo genérico para designar qualquer moeda de ouro, e que ganhou o termo gulden, em holandês e alemão, para o mesmo fim. Gulden foi o termo que se tornou mais comum para designar as moedas de ouro no sul e ocidente do Sacro Império Romano-Germânico para o fiorino d'oro (introduzido em 1252), cujo símbolo é ƒ ou ƒl. Os florins geralmente tinham 2,8 cm de diâmetro.

    Assim, com o professor Sampson já ambientado na escola, a primeira coisa estranha que aconteceu foi seguinte: ele um dia estava revisando gramática latina conosco com um de seus métodos favoritos - talvez fosse realmente a melhor estratégia: nos fazer construir frases em latim de nossas próprias cabeças a fim de ilustrar de maneira menos abstrata possível as regras que estava tentando nos fazer aprender. É claro que isso é algo que dá a um garoto tolo a chance de ser impertinente – sabemos que isso é muito comum nos ambientes escolares, alunos impertinentes. Mas Sampson era um disciplinador bom demais para pensarmos em tentar algo assim com ele em suas aulas. Agora, nessa ocasião, ele estava nos dizendo como expressar a ‘lembrança em latim, e ordenou que cada um de nós fizéssemos uma frase trazendo o verbo memini – ou seja, ‘lembrar’. Desse modo, muitos de nós criamos frases comuns como ‘Lembro-me de meu pai’ ou ‘Ele se lembra de seu livro’. Ou ainda algo igualmente desinteressante como ‘Memino librum meum’ (Lembro de meu livro). E assim por diante. Contudo, o garoto que mencionei – o McLeod – estava evidentemente pensando em algo mais elaborado do que isso. Ele se demorava, e queríamos que nossas sentenças fossem corrigidas logo para começarmos outra atividade. Então alguns o chutaram por debaixo da mesa. Eu, que estava ao lado dele, cutuquei o seu ombro e sussurrei para que acelerasse sua escrita. Mas ele parecia não reagir aos nossos incentivos. Olhei para o caderno dele e vi que não rabiscara nada no papel. Então eu o empurrei pelo ombro com mais força do que antes e o repreendi bruscamente por nos deixar esperando. Isso teve algum efeito: ele acordou e, muito rapidamente, rabiscou algumas linhas no papel e a seguir nos mostrou sua criação."

    "Como era o último exercício, ou quase o último, a ser entregue, e como Sampson tinha muito a dizer aos meninos que escreveram ‘Meminiscimus patri meo’ (Lembro do meu pai), aconteceu que o relógio marcou as doze horas antes dele concluir a aula. McLeod tinha que esperar sua inspiração ser avaliada pelo professor Sampson, e teve que ficar na sala depois do horário do fim da aula – pela demora, sua sentença foi corrigida apenas após todas as outras. Eu já tinha saído da sala e percebido que não havia muita coisa acontecendo lá fora, no pátio – nada de interessante para ver e fazer. Então fiquei esperando McLeod também sair da classe. Depois de um tempo, ele veio muito devagar, quase se arrastando. Quando chegou perto de mim, imaginei que estivesse com algum problema:

    ‘Bem, o que você tem?’, eu perguntei.

    ‘Oh, não sei...’, disse McLeod. ‘Nada demais..., mas acho que Sampson está muito irritado comigo...’

    ‘Por que? Você mostrou a ele alguma coisa muito ruim?’

    ‘Sem medo disso’, disse ele. ‘Acho que meu trabalho foi bom, tanto quanto pude perceber... era assim: Memento... - isso é suficiente para definir o verbo ‘lembrar’, e é preciso algum genitivo (2) para diferenciar outras palavras derivadas dessa - taxion memento putei inter quatuor".

    (2) O genitivo é um caso gramatical que indica uma relação, principalmente de posse, entre um nome (substantivos, adjetivos, formas nominais do verbo) e outro nome (substantivos, adjetivos, formas nominais do verbo). Em um sentido mais geral, pode-se pensar esta relação de genitivo como uma coisa que pertence a algo, que é criada a partir de algo, ou derivando de alguma outra coisa. O genitivo é normalmente expresso pela preposição de. Exemplo: Livro de Pedro.

    ‘Que coisa estúpida!’, eu disse. ‘De onde você tirou isso? O que significa?’

    ‘Essa é a parte curiosa...’, disse McLeod. ‘Não tenho muita certeza do que isso significa... o que sei é que isso veio a minha cabeça e eu botei no papel. Na verdade, até acho que sei o significado disso, porque, pouco antes de escrevê-la, eu tinha uma imagem em minha cabeça... acredito que significa: 'Lembre-se do poço entre os quatro'. Quais são mesmo aquelas árvores de folhas escuras e que têm bagas vermelhas?’

    ‘Sorveira, suponho que é a árvore que você procura.’

    ‘Nunca ouvi falar dessa espécie’, disse McLeod. ‘Não é essa, eu estava pensando no... no... vou te dizer... teixo! Teixo é a árvore que estou pensando agora.’

    ‘Ok. E o que Sampson disse?’

    ‘Bem, ele reagiu de forma muito estranha... depois que leu essa oração, levantou-se, foi até a lareira e parou por um longo tempo sem dizer nada, de costas para mim. E então ele disse, sem se virar e ainda bastante quieto: ‘O que você acha que isso significa?'. Eu disse a ele o que pensava, só que não conseguia lembrar o nome dessa árvore tola... Então ele quis saber o porquê de eu ter escrito isso, e tive que dizer a ele uma bobeira qualquer. Depois disso ele parou de falar sobre meu exercício, e me perguntou há quanto tempo eu estava aqui, e onde meus parentes moravam, e coisas assim.... Então eu saí quando ele permaneceu em silêncio. Mas percebi que ele não estava nem um pouco bem...’"

    Não me lembro o que mais conversamos sobre isso... No dia seguinte, McLeod foi para a cama sentindo um calafrio ou algo do tipo, e levou uma semana ou mais para ele voltar às aulas. Um mês, mais ou menos, se passou sem que nada de novo acontecesse. Se o Sr. Sampson ficou realmente surpreso ou não, irritado ou não, com o que McLeod escrevera, ele não demonstrou publicamente. Tenho certeza, é claro, agora, que havia algo muito atípico em sua história passada, mas não vou fingir que acredito que nós, meninos, éramos espertos o suficiente para suspeitar de algo diferente envolvendo o McLeod ou o Sampson.

    Tudo corria bem, mas depois desse hiato de um pouco mais de um mês sem ocorrências incomuns, houve outro incidente na sala de aula, grosso modo, do mesmo tipo que envolveu o McLeod. Várias vezes, depois daquele exercício inicial, tivemos que inventar exemplos de gramática nas aulas de Latim de modo a englobar diferentes regras de escrita da língua. Mas em nenhum momento fomos repreendidos por escritos estranhos, exceto quando produzimos as amostras de modo notadamente erradas. Por fim, chegou o dia em que estávamos trabalhando uma matéria, que me parecia, naquela época, um pouco sombria: sentenças condicionais. Sampson nos disse para criar uma sentença condicional expressando uma consequência futura. Fizemos isso, certo ou errado, e mostramos nossos pedaços de papel a ele, que logo começou a examiná-los. De repente, ele se levantou, emitiu um ruído estranho de sua garganta e saiu correndo pela porta da sala, que ficava logo ao lado de sua mesa. Ficamos ali por um minuto ou dois parados, aguardando o retorno dele. Suponho que tinha nada incorreto com os nossos trabalhos de gramática. De qualquer maneira, curiosos, fomos, eu e mais um ou dois outros alunos, para olhar os papéis sobre a mesa do Sampson. É claro que, ingenuamente, pensei que alguém devia ter escrito alguma bobagem, e Sampson saiu para denunciá-lo na direção da escola. Contudo, logo notei que ele não tinha levado nenhum dos papéis consigo... Porém, validando minhas suspeitas, tinha algo fora do comum ali, sobre a mesa: um dos papéis estava escrito em tinta vermelha - que ninguém usou, eu tinha certeza. A letra também não pertencia a alguém que estava na classe. Todos nós, eu, McLeod e os demais garotos, olhamos para ele, o papel, e juramos, assombrados, que aquilo não pertencia a algum de nós. Com isso, minha reação foi pensar em contar os pedaços de papel sobre a mesa. E resultou que havia dezessete pedaços de papel, e dezesseis alunos na sala... Daí, peguei o papel extra e guardei em minha pasta. Acredito que tenho ele até os dias de hoje, armazenado em algum lugar... Creio que você deve estar querendo saber o que foi escrito nele... digo para você que era coisa bastante simples e inofensiva: ‘Si tu non veneris ad me, ego veniam ad te’, que significa, suponho: ‘Se você não vier a mim, eu irei até você’.

    Você poderia me mostrar esse papel?, interrompeu o ouvinte.

    Sim, poderia. Mas há mais coisas insólitas nisso: naquela mesma tarde, tirei o papel do meu armário - tenho certeza de que era o mesmo papel, pois deixei uma marca pessoal nele antes de guardá-lo - e não havia qualquer traço de escrita nele, exceto minha marca. Eu o mantive comigo, como disse, e desde então tenho tentado várias experiências para verificar se tinta simpática (invisível) havia sido usada nele, mas não obtive resultados conclusivos.

    Após uma meia hora, Sampson voltou, olhou para nós e disse que se sentia muito mal, e nos disse ainda que poderíamos ir embora. Não obstante, observei que ele se aproximou cautelosamente de sua mesa e deu apenas mais uma olhada em nossos papéis, por alto. Penso que acreditou que devia estar sonhando acordando... De qualquer maneira, ele não fez qualquer comentário ou pergunta, permaneceu calado.

    Aquele dia foi um meio-feriado para nós. No dia seguinte Sampson estava na escola novamente, como sempre, e cumpriu a agenda completa de seu expediente. Todavia, ao cair da noite dessa mesma data, tivemos o terceiro e último incidente desta minha história.

    McLeod e eu éramos companheiros de quarto no colégio. Dormíamos em um aposento em ângulo reto com o edifício principal da escola. Sampson dormia no prédio principal, no primeiro andar. Naquela noite havia uma lua cheia muito brilhante. A hora? Não sei dizer exatamente, mas era algum tempo entre uma e duas horas da madrugada. Nesse horário fui acordado por alguém me sacudindo. Sem surpresa: era o McLeod. E estava em um bom estado de espírito, parecia ativo demais para alguém que acabara de acordar em hora tão avançada da noite. ‘Venha’, disse ele, ‘Venha! Há um ladrão entrando pela janela do Sampson’. Assim que pude falar, eu disse: ‘Bem, por que não acende as luzes e acorda todo mundo de uma vez?’. ‘Não, não’, disse ele, ‘não tenho certeza de quem é. Não brigue comigo. Venha e olhe’. Naturalmente eu fui com ele e olhei pela janela do nosso quarto, e, como eu suspeitava, não havia ninguém tentando entrar no quarto do Sampson. Fiquei muito irritado e proferi ao McLeod algumas palavras de baixo calão... Contudo, para meu arrependimento, eu sentia que realmente havia algo errado ali – não sei o porquê. Na verdade, apesar de estar zangado, também fiquei feliz por não estar sozinho e encarar esse ‘algo bizarro’ e oculto cuja presença eu podia sentir naquele momento. Isso posto, ainda estávamos na janela olhando para fora e, assim que pude, perguntei o que ele tinha ouvido ou visto exatamente.

    ‘Eu não ouvi nada’, disse ele, ‘mas cerca de cinco minutos antes de te acordar, me vi olhando pela janela aqui, e havia um homem sentado ou ajoelhado no peitoril da janela de Sampson, e olhando na minha direção. Achei até que ele estava acenando pra mim ou para outro alguém...’

    ‘Que tipo de homem?’, indaguei. McLeod se contorceu. ‘Eu não sei, mas posso te dizer uma coisa: ele era cadavérico, e parecia estar todo molhado’, disse ele, olhando em volta e sussurrando como se não quiser ouvir a própria voz.

    ‘Não tenho certeza de que ele estivesse vivo...’, completou Mcleod.

    Continuamos conversando em sussurros e observando a janela do quarto do Sampson por mais algum tempo. Sem nada à vista, acabamos voltando para nossas camas. Nenhum de nós acordou ou se mexeu pelas horas seguintes até o amanhecer, pelo menos é o que me pareceu naquele tempo. Mas não tenho convicção de que tenhamos dormido efetivamente, pois permanecíamos desconcertados no dia seguinte.

    "E ficamos ainda mais atônitos quando soubemos que o Sr. Sampson se foi - não pôde ser encontrado em qualquer lugar de hábito, desapareceu sem deixar rastros. Creio que nenhuma notícia acerca dele veio à tona desde então. Ao pensar no assunto, uma das coisas que mais me causa estranhamento sobre tudo isso me parece ser o fato de que McLeod não mencionou, nem eu, o

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