Seguindo Os Passos No Caminho Da Vida
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Seguindo Os Passos No Caminho Da Vida - José Antônio De Azevedo
Seguindo os Passos no Caminho da Vida
José Antônio de Azevedo
[ 2 ]
Copyright© José Antônio de Azevedo 9160/1 – 200 – 148 – 2018
O conteúdo desta obra é de
responsabilidade do(s) Autor(es), proprietário(s) do Direito Autoral.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara
Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Azevedo, José Antônio de
Seguindo os passos no
caminho da vida / José Antônio de Azevedo. -- São Paulo:
Scortecci, 2018.
ISBN 978-85-366-5679-3
1. Artigos - Coletâneas 2. Envelhecimento 3. Gerontologia 4. Idosos - Saúde 5. Longevidade 6. Qualidade de vida 7. Terceira idade I. Título.
18-19068
CDD-305.26
Índices para catálogo sistemático:
1. Envelhecimento humano 305.26
2. Idosos 305.26
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
[ 3 ]
[ 4 ]
Prefácio ............................................................................... 9
Introdução ........................................................................ 13
1 Envelhecer com dignidade: a alimentação ........... 18
2 - Juventude, maturidade e velhice ......................... 24
3 - Derivados da maconha e saúde dos idosos ....... 29
4 - O Alzheimer e o processo de envelhecimento .. 34
5 - Conselhos para um infarto feliz ............................ 42
6 - O mal de Parkinson .................................................. 48
7 - A catarata ................................................................... 56
8 - A surdez ...................................................................... 60
9 - O reumatismo, a artrite e a artrose ..................... 66
10 - A hipertensão e o diabete melito ....................... 73
11 - Anosognosia ............................................................ 80
12 - A cura
do Alzheimer ........................................... 85
13 - Alguns significados para o ocaso da vida ........ 90
[ 5 ]
14 – Revertendo o envelhecimento ........................... 97
15 – Rumo à cura
do mal de Parkinson ...............105
16 - Rumo à cura
do câncer .................................... 111
17 - O álcool e o envelhecimento .............................. 121
18 - O idoso e a sexualidade .......................................126
19 - A velhice e o término da vida .............................134
20 - Velhice e transcendência ....................................146
Conclusão: Envelhecimento bem-sucedido ............155
Seguindo os Passos no Caminho da Vida, por José Antônio de Azevedo Aos filósofos existencialistas, como aos seus demais e corajosos antecessores, que resolveram se debruçar sobre o fenômeno da velhice e seu futuro, sem medos ou receios, considerando-o um problema à luz da razão, porém solução e processo de libertação para o futuro do homem e bem-estar da humanidade.
Aos meus filhos, netos e bisnetas que, com certeza, lerão as próximas linhas...
À minha esposa, que soube fazer cintilar meus olhos em agradecimento por todos os dias...
[ 8 ]
Seguindo os Passos no Caminho da Vida, por José Antônio de Azevedo Prefácio
O porvir é um compromisso sagrado do homem de sorte, que pode firmar uma concordância silenciosa e extraordinária com as estrelas. Nem sempre o homem consegue alcançar em vida, encarnado, sobre esse sentido, porque isso depende de algum treinamento espiritual, que depende da maturidade e decorre de alguma experiência, por sua vez desejada e consentida.
Felizmente a psicologia contemporânea tem trazido a lume a percepção de que começamos a envelhecer desde os 25 anos de idade, dissolvendo uma velha tendência (sem trocadilho, é claro!) de não incorporar a velhice entre seus temas nobres e seriamente civilizacionais.
Preocupa-me, por exemplo, que a tendência de se esquecer o idoso, por vários séculos, resultou, ao mesmo tempo, de lhe propor a utilização de medicamentos para resolver seus achaques e minorar os impasses de seu futuro fatal.
É aí que me coloco inteiramente a combater a ideia de que velho e idoso são as mesmas coisas. Na verdade, as diferenças entre essas duas entidades são sobremaneira importantes: o velho seria aquele ser que perdera as esperanças, como se desejasse frequentar o inferno de Dante, despregando-se do mundo; por outro lado, o idoso vislumbraria o futuro, descortinando ideais, objetivos e palmilhando sem medo a realidade do amor.
[ 9 ]
Seguindo os Passos no Caminho da Vida, por José Antônio de Azevedo Tal distinção desequilibraria a teia de preconceitos que existem, principalmente na realidade brasileira, em torno do tratamento a dar à Terceira Idade.
Sabe-se, sem precisar de provas estatísticas, que as maiores riquezas mundiais, os maiores argentários, especuladores e banqueiros nos últimos duzentos anos foram pessoas com mais de cinquenta anos, bem como suas viúvas. Essa relação com os bens materiais, porém, não se repete entre as classes mais baixas, como é evidente, sendo depreciada a condição do velho como estorvo.
Quando o idoso adoece, por milagre vira velho e não serve mais, fazendo-nos supor que, até para a ciência, a velhice é o reino do psicossomático. Nesse sentido, precisamos até citar um exemplo curioso: Freud, o grande psicologista, chegou a dizer, em 1904, que era impossível se aplicar psicoterapia num homem com mais de cinquenta anos...
De lá para cá, pouco ou nada mudou, a não ser uma leitura jurídica, teórica e estatutária, sobre o estado da velhice. Em palavras mais simples, um velho com depressão é considerado um problema quase insolúvel para a ciência e a psicologia, que parecem exigir a juventude como critério básico para a pesquisa de resultados.
O idoso então ficaria sendo um epifenômeno, um produto desagradável que poderia ser até eliminado por uma política de embargo e eutanásia. Curioso, também, que muitos que são favoráveis ao aborto e à eutanásia não o são para abraçar a tese da pena de morte, o que não deixa de ser outra tremenda hipocrisia.
[ 10 ]
Seguindo os Passos no Caminho da Vida, por José Antônio de Azevedo Esse é o compromisso do escritor José Antônio de Azevedo. Sem querer construir uma teoria científica sobre a velhice, ele afirma, sem medo, estar chegando aos 83
anos e, olhando o caminho percorrido, sentindo-se feliz pelo trabalho realizado.
O escritor fez o que devia: família, filhos, livros e plantou boas árvores. Também realizou o que não devia: deveria ter trabalhado menos, descurado um pouco da carreira e ter contemplado mais as estrelas.
Combatendo o bom combate, José Antônio de Azevedo deixou que as armas escorregassem de suas mãos, esperando, um pouco egoisticamente, que os seus próximos o cumprimentassem, abraçassem ou dissessem: eu te amo, nobre escritor!
Como é bom dizer que o cultivo da amizade, da interlocução tranquila e não forçada, da boa mesa e bebida compõem um anagrama das boas coisas da vida.
Este livro torna-se, então, um inventário, porque é do estilo do autor olhar para o futuro, sabendo que ainda tem algumas coisas a dizer, a dar e a devolver aos seus próximos. Ficamos felizes ao vislumbrar o panorama que o autor, com maestria, nos põe à disposição. Somos comensais de sua boa mesa e de seus bons desígnios.
José Antônio de Azevedo desmistifica talvez um grande mistério de nossa vida: a velhice, não como término de um ciclo, mas a veemente vocação para o renascimento e a visão do futuro.
É com esse espírito que passamos a navegar, lembrando, como Sêneca, que só há vento favorável para quem sabe para onde ir, prestando nossa justa homenagem a esse autor, que ousa desafiar o futuro, mostrando como
[ 11 ]
Seguindo os Passos no Caminho da Vida, por José Antônio de Azevedo grandes credenciais o seu passado vivido e posto agora ao julgamento e à fruição dos pósteros.
Maio de 2017.
Waldo Luís Viana
Escritor
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Seguindo os Passos no Caminho da Vida, por José Antônio de Azevedo Introdução
Comecemos por dizer que a população idosa brasileira vai crescer cerca de quinze vezes até o ano 2025, obrigando nossas autoridades públicas a melhores definições, em termos de políticas públicas, assistência social, previdência e saúde, de tal sorte que satisfaçam esse setor emergente da sociedade.
De acordo com dados conhecidos da Organização Mundial de Saúde – OMS, o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, sendo considerado país envelhecido, em termos de curva populacional, aquele que é constituído por 7% de velhos (com mais de 65 anos em países
desenvolvidos
e
60
em
nações
em
desenvolvimento). Na verdade, o mundo está
envelhecendo
em progressão geométrica, levando esse tema a sair do marasmo dos assuntos desprezíveis para figurar na preocupação de diversos especialistas.
O desinteresse pela velhice existia desde o mundo antigo em razão direta da ausência de saneamento básico, que limitava a idade dos contingentes populacionais das cidades, onde as pessoas raramente ultrapassavam, até o fim do período medieval, os vinte e cinco anos de idade.
Como eram poucos os velhos, não havia interesse em estudá-los, nem tampouco ouvi-los. A partir do século XIX, entretanto, surgiu certo interesse de medicalizar o problema dos velhos, encarando a nobre idade como um desvio patológico, muitas vezes a exigir internação em sanatórios ou hospícios.
[ 13 ]
Seguindo os Passos no Caminho da Vida, por José Antônio de Azevedo Para a sociedade ocidental, baseada no estresse, trabalho compulsivo e consumismo desenfreado, ser velho significa
ser um peso
para o orçamento das famílias, uma humilhante situação em que a condição do idoso corresponderia a ser enfermo, a estar doente e obrigado à inatividade. Os velhos recebiam de quase todos a indiferença, a não ser que fossem ricos, e eram condenados amiúde e forçosamente a um exílio sem grades.
A evolução do capitalismo, com sua inexorável urbanização dos espaços, desintegrou a família tradicional, aumentando pelo desamparo as oportunidades de solidão e dissociabilidade dos velhos. A proximidade da morte – e, portanto, das interrogações sobre novas realidades espirituais – parece exilar ainda mais o idoso diante de uma sociedade profundamente apegada às coisas materiais. O sistema econômico, até meados dos anos 1970, encarou a velhice como uma condenação, porque nessa fase o homem seria afastado de seu trabalho, alienando-se a sua personalidade e esvaziando-se a sua essência através desse traumático rompimento.
O que fazer, contudo, com aquela pessoa humana que, chegada a certo estágio da vida, viu cessar sua atividade profissional, mas, tendo chegado a um patamar acima dos 60 anos de idade, não tem problemas graves de saúde ou sofre de qualquer ruptura em sua independência pessoal e autonomia psíquica?
Para que se chegasse a uma resposta satisfatória, aventou-se popularizar as teorias sobre a tal terceira idade, como um período feliz, em que um conjunto de atividades recreativas seriam paulatinamente introduzidas,
[ 14 ]
Seguindo os Passos no Caminho da Vida, por José Antônio de Azevedo a fim de mitigar a solidão do idoso. Ao mesmo tempo, inaugurou-se um período em que assistimos ao paroxismo da medicalização, como se os efeitos da velhice pudessem ser adiados ad infinitum principalmente no mundo desenvolvido.
O erro mais comum da ideologia da terceira idade é ver a velhice como um problema a ser superado, e não como um ciclo superior da vida humana. Retornar forçosamente à juventude para vencer a desilusão da idade, o desamparo e a solidão têm iludido boa quantidade de especialistas em problemas ditos geriátricos. Retirar o estigma da condenação, da discriminação, do tédio e da inatividade é um objetivo