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Meu Coração Será Sempre Seu
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Meu Coração Será Sempre Seu
E-book379 páginas5 horas

Meu Coração Será Sempre Seu

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Sobre este e-book

Um Casal de adolescentes se conhece em jogos universitários e começam uma estória de um grande amor. Mesmo contra a vontade dos pais dela, eles continuam e quando ela está à beira da morte por sério problema cardíaco, sem saber, recebe um coração doado de um homem morto em acidente automobilístico. O doador era seu grande amor, que deixou o esperma congelado, que lhe permitiu ter um casal de filhos após a morte dele.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de set. de 2021
Meu Coração Será Sempre Seu

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    Meu Coração Será Sempre Seu - Eliazer Costa Vieira

    MEU CORAÇÃO SERÁ SEMPRE SEU

    Eliazer Costa Vieira

    Copyrught © 2021 by Eliazer Costa Vieira

    Todos os direito reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, ou transmitida por qualquer forma ou meio eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou sistema de armazenagem e recuperação de informação, sem a permissão escrita do autor.

    Diagramação e capa

    Eliazer Costa Vieira

    2

    Meu coração será sempre seu

    Meus agradecimentos à Shyrlene (esposa), Layla e Lorrainy (filhas) e minhas homenagens àqueles que me trouxeram a este mundo e me ensinaram a trilhar o caminho do bem, Al- tamir e Hilda, pais queridos.

    3

    Eliazer Costa Vieira

    Índice

    1. MAIS UMA EDIÇÃO DE JOGOS ESTUDANTIS.........6

    2. UM ENCONTRO DE ALMAS......................................17

    3. MOMENTOS INESQUECÍVEIS...................................34

    4. SÓ UM SONHO DE ADOLESCENTES.......................45

    5. VÍTIMAS DE DISCRIMINAÇÃO SOCIAL.................60

    6. CORAÇÕES INSENSÍVEIS..........................................75

    7. DIFERENÇA SOCIAL – EMPECILHO AO AMOR....88 8. O VERDADEIRO AMOR NÃO PODE SER IMPEDIDO

    ...........................................................................................102

    9. A PROMESSA DE AMOR ETERNO..........................116

    10. VIDAS SEPARADAS FISICAMENTE MAS UNIDAS

    PELO AMOR....................................................................130

    11. A ADOLESCENTE SE TORNA UMA MULHER....141 12. ELE TINHA TUDO PARA SE TORNAR UM HO-

    MEM REVOLTADO........................................................160

    13. ELA TORNA-SE UMA GRANDE EXECUTIVA....173 14. ELE TORNA-SE MOTORISTA E DONO DE CAMI-

    NHÕES..............................................................................189

    15. APARENTEMENTE CAMINHOS EM DIREÇÕES

    DISTINTAS......................................................................204

    16. A EXECUTIVA AINDA NÃO REALIZADA...........216

    17. O MECÂNICO E CAMINHONEIRO SOLITÁRIO..234

    18. UMA DOENÇA INESPERADA................................248

    19. PAIS INCONFORMADOS........................................271

    20. A TESTEMUNHA DA SOLIDÃO E SOFRIMENTO

    ...........................................................................................285

    21. O CORAÇÃO CHEIO DE AMOR DESEJA PARAR

    ...........................................................................................296

    22. UM ACIDENTE RODOVIÁRIO...............................312

    4

    Meu coração será sempre seu

    23. O CÉREBRO QUE NUNCA PAROU DE PENSAR NO

    GRANDE AMOR, PAROU PARA SEMPRE.................326

    24. A PROMESSA FOI CUMPRIDA COMO ÚLTIMO

    ATO...................................................................................338

    25. QUEM FOI O DOADOR............................................352

    26. A HISTÓRIA QUE NÃO SE APAGA.......................365

    27. A GRANDE DESCOBERTA.....................................379

    28. PAIS ARREPENDIDOS.............................................395

    29. O FRUTO DO AMOR ETERNO...............................409

    5

    Eliazer Costa Vieira

    1. MAIS UMA EDIÇÃO DE JOGOS ES- TUDANTIS

    Tratava-se de mais uma edição de jogos estudantis anuais.

    Todo ano, normalmente no período de férias no final do primeiro semestre, ocorriam os jogos estudantis anuais em alguma grande cidade do país envolvendo estudantes do segundo grau, podendo participar tanto os de escolas públicas, como de privadas.

    Nesta edição, os jogos foram concentrados em uma Escola Técnica Federal de Educação em uma das grandes cidades brasileiras. Como tinham alunos e professores com poder aquisitivo diferente, àqueles que não tinham condições de se hospedar em algum hotel, a própria instituição de ensino da organização oferecia a oportunidade de hospedagem, de forma que aqueles que aceitassem tal opção, podiam dormir em salas de aulas preparadas para isto.

    Como os jogos eram de abrangência nacional, ocorria um processo de seleção em cada estado, onde em edição estadual, os campeões e seus vices asseguravam o direito de participação.

    Um aluno de escola pública de um dos estados da região Centro-Oeste do Brasil participava pela segunda vez

    6

    Meu coração será sempre seu

    dos referidos jogos na equipe de basquete. No ano anterior, sua equipe tinha conseguido o direito de participação por se sagrar vice-campeã em basquete do seu estado. Desta vez, ele vinha como campeão. Embora, ele tivesse somente dezessete anos, tinha uma altura de 1,88 metro. Assim, ele jogava na posição de armador. Seu nome era Jonas Felisberto da Veiga.

    Ele era um jovem de corpo atlético, boa aparência, cor parda, cabelos pretos e corridos, pesando oitenta e seis quilogramas. Cursava o terceiro ano do segundo grau. Era órfão de pai e mãe, tinha uma irmã mais nova e ambos foram criados pelos avós maternos. Seu avô, já com setenta e dois anos, fora acometido de um câncer e já havia sido desenganado pelos médicos. Para manutenção da família, eles contavam somente com cerca de dois salários-mínimos de aposentadoria do avô.

    Seu pai morreu em um acidente de trânsito quando retornava do trabalho para casa quando ele tinha somente três anos de idade. Já sua mãe, cerca de três anos depois, veio a óbito por causa de uma leucemia. Diante deste quadro, ele e sua irmã mais nova por dois anos, passaram a morar com os avós maternos.

    Ainda que fosse muito pequeno quando sua mãe morreu, uma imagem não saia da mente do Jonas. Já nos últimos dias de vida, ela disse:

    - meu filho, eu sei que você é muito pequeno e só tem seis anos de idade. Mas, como eu devo morrer nos próximos dias, não imagino como você e sua irmã vão ficar. Que Deus cuide de vocês.

    7

    Eliazer Costa Vieira

    - Mãe, pode ficar tranquila. Eu vou cuidar de Alice enquanto eu viver. Você vai ver. Disse o Jonas.

    - Eu sei disso, meu querido. Você vai cuidar muito bem de sua irmã. Mas, nós não temos nada, nem casa para morar. Esta é alugada e vocês vão ficar sem nada. Seu pai morreu de acidente e como não era empregado regular, nenhuma pensão ficou para nós e agora, eu também estou morrendo e não vou deixar nada para vocês. Falou a mãe de Jonas.

    - Mãe, não se preocupe. Eu vou cuidar de tudo. Afirmou o Jonas.

    - Eu sei disso meu filho. Como a mamãe te ama. Disse a mãe.

    - Eu também te amo mãe. Afirmou o Jonas.

    - Outra coisa meu filho: Siga o exemplo de seu pai. Ele sempre foi muito romântico, cavalheiro e extremamente cuidadoso comigo e com vocês. Infelizmente nos deixou muito cedo. Foram as últimas palavras dela.

    Logo depois disso, ela morreu. Assim, Jonas e Alice passaram a morar com os avós maternos.

    Mesmo diante de todas estas dificuldades e situações difíceis da vida, o Jonas não se deixava abater e sempre se manifestava como um verdadeiro líder, tanto que era o capitão de sua equipe. Ele sempre estava alegre e tinha uma piada, uma música ou uma palavra amiga para expressar aos que lhe rodeavam. A pobreza não lhe abatia, mas servia de força propulsora para a visão de uma vida melhor.

    Antes de viajar para os jogos, como sempre fazia, ele 8

    Meu coração será sempre seu

    se despediu do avô e disse:

    - vô, vou participar dos jogos mas quero ver você bem quando eu voltar.

    - vou ficar bem, meu filho. Disse o avô.

    - E você Alice, cuida bem dos nossos avós. Falou o Jonas.

    - Claro que vou cuidar, Jonas. Afirmou a Alice.

    - Vó, cuide-se. Logo estarei de volta. Despediu-se o Jonas.

    - Vai com Deus, meu filho e volte campeão. Falou a avó.

    Agora, ele já estava no Instituto Federal, sede dos jogos. Pairavam em sua mente as lembranças de seus avós e de sua irmã, com uma saudade que a cada dia aumentava.

    De outra banda, a jovem Michele Roddinick Valiath, filha de um casal muito rico, criada nas melhores condições econômicas de uma cidade muito rica do país, com quinze anos de idade, participava, pela primeira vez, dos jogos. Quando ela nascera, sua mãe tinha trinta anos e o pai, trinta e dois.

    Ela compunha a equipe de natação de uma escola particular de grande nome nacional, estando entre as mais caras do país. Tratava-se de uma adolescente muito bonita. Branca, de olhos azuis, cabelos loiros, um metro e sessenta e cinco centímetros de altura, sessenta e três quilogramas. Corpo bem-feito, com cintura fina e quadris realçados.

    A Michele era filha única e cercada de muito carinho 9

    Eliazer Costa Vieira

    e excesso de proteção. Tal fato chegou a se materializar quando, vendo que a menina queria participar dos jogos, os pais concordaram desde que sua mãe, Tereza Roddinick Valiath, fosse com ela.

    Assim, um dia antes da abertura dos jogos, o pai dela, Wagner Virgílio Valiath, levou as duas para a cidade onde seriam realizados os jogos, deixando-as hospedadas em um dos melhores hotéis, retornando para a cidade deles em seu jato particular.

    Além de nadar muito bem, pois fora colocada na natação quando tinha um ano de idade, a Michele falava mais dois idiomas, além do português, tocava piano e cantava muito bem. Diferentemente de outras adolescentes de seu convívio, não era chegada a viver com roupas, calçados e adereços muito caros. Nos momentos vagos, ela se dedicava à leitura e já questionava seus pais quanto aos sentimentos discriminatórios de qualquer natureza.

    Como a Michele vivia uma vida muito reclusa e cheia de segurança em sua cidade natal, ao estar no ambiente dos jogos, ela viu a oportunidade que tinha para ter mais liberdade e interagir com pessoas de diferentes orientações e diversidades. Assim, na noite anterior à abertura dos jogos, no hotel, ela conversou com a mãe:

    - mãe, espero que você me deixe ter mais liberdade e assim, eu possa ficar com minhas amigas e amigos nas instalações dos jogos.

    - Mas, como assim? Indagou a Tereza.

    - Você não precisa ficar comigo lá o dia todo. Respondeu a Michele.

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    Meu coração será sempre seu

    - Ah, meu Deus! Seu pai não vai gostar disso. Afirmou a Tereza.

    - Mãe, ele não precisa saber disso. É só ficar entre nós. Você me leva, me deixa lá na parte da manhã e me busca à noite. Propôs a Michele.

    - Está bem. Mas, vou fazer recomendações à sua treinadora de natação. Disse a Tereza.

    - Tudo bem, mãe. Encerrou a Michele.

    No dia seguinte, bem cedo, a Tereza levou a Michele para a Escola Técnica onde seriam realizados os jogos estudantis. Depois de participarem da abertura, iniciada às nove horas da manhã, a Tereza se despediu da Michele e marcou a hora e o local para buscá-la.

    Os jogos durariam dezenove dias e, na medida em que as equipes encerravam suas participações, já eram liberadas para retornarem às suas cidades. Nos casos dos esportes coletivos, os jogos começaram no mesmo dia da abertura.

    Já as equipes de atletismo e natação somente iam começar as competições no final da primeira semana. Assim, Michele e suas amigas podiam transitar pelos campos de futebol, quadras e ginásios para verem as equipes de futebol, vôlei, basquete, handebol e outras participando dos jogos, quer seja para torcer, ou mesmo para olhar os rapazes.

    Para a maior parte dos adolescentes, salvo os jogos em competição, a vida naquele ambiente era comum, pois já tinham liberdade para circular livremente, bem como

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    Eliazer Costa Vieira

    estavam em um meio cuja forma de viver era a mesma de todos os dias. No entanto, para a Michele, quase tudo era novo. Era a primeira vez na vida, que ela podia ficar sozinha, longe dos pais e sem seguranças ao seu redor.

    Ela sentia um prazer tão grande de estar naquele ambiente, que até mesmo a fome não lhe assolava muito. Ela queria desfrutar de cada minuto com todas as pessoas que estavam ao seu redor, não importando quem fosse. Para ela bastava ser gente e isto, todos eram.

    Para os que quisessem fazer as refeições no restaurante da Escola, era possível tomar o café da manhã, almoçar e jantar a preços bem módicos. No caso dos mais pobres, as refeições eram patrocinadas. Pela primeira vez, a Michele tinha a oportunidade de almoçar em um bandejão. Para ela era o máximo.

    No final do dia, já por volta das oito da noite, a Tereza passou na escola para pegar a Michele.

    - E aí filha, como foi seu dia? Perguntou a Tereza.

    - Foi muito bom. Mãe, aqui os jovens vivem em sua plenitude. Não há preocupação com segurança, com alguém estar melhor vestido do que o outro e a comida de um ser diferente da do outro. Respondeu a Michele.

    - Como assim? Indagou a Tereza.

    - Todas as refeições são servidas em bandejão e não há diferença de pratos. Todos os adolescentes que dormem na escola, estão alojados nas salas de aula e dormem em colchões de espuma no chão. Respondeu a Michele.

    - E você acha isso legal? Perguntou a Tereza. 12

    Meu coração será sempre seu

    - Sim. Todos são iguais. Outra coisa, além dos jogos, por todos os lugares, quando não tem jogo, tem jovens brincando, cantando, tocando ou jogando baralho, dominó e outros jogos. Há diversão para o dia inteiro e sem discriminação. Quem dera que a sociedade fosse sempre assim. Disse a Michele.

    - Eu prefiro a nossa forma de viver. Temos conforto para dormir, comer, viajar, vestir e fazer tudo quanto queremos. Encerrou a Tereza.

    Quando chegaram no hotel, as duas, antes de ir para o quarto, passaram no restaurante e jantaram. Já perto das dez da noite, recolheram-se para dormir, pois a Michele queria chegar na escola às nove horas da manhã seguinte.

    Enquanto isso, o Jonas, que já tinha jantado um bom bandejão, agora tinha que disputar um chuveiro frio com muitos outros alunos de menor poder aquisitivo que estavam alojados nas salas de aula da Escola. Mas isto não o deixava triste, pelo contrário, trazia-lhe prazer em estar no meio de outros estudantes, sempre felizes.

    Como ele gostava de tocar, o Jonas sempre carregava o seu violão e quando tinha um momento de descontração, logo reunia alguns colegas e passava a tocar e cantar algumas músicas. Ele tinha um bom timbre de voz e cantava bem entoado.

    Ainda que fosse participar de uma das primeiras partidas na manhã seguinte, possivelmente, às dez horas, ele ficou até mais tarte, no pátio da escola, tocando seu violão e cantando algumas músicas com outros rapazes e moças de diversos lugares do Brasil.

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    Eliazer Costa Vieira

    Antes de dormir, a Tereza perguntou:

    - Filha, quando começam as suas competições?

    - Na quarta-feira, na parte da manhã. Respondeu a Michele.

    - Nossa! Hoje é sábado e só vai começar na quarta- feira? Indagou novamente a Tereza.

    - Sim. Por enquanto, as competições de equipes estão ocorrendo. Respondeu a Michele.

    - E termina quando a natação? Perguntou a Tereza.

    - Na outra quarta-feira. Vai durar uma semana inteira. Encerrou a Michele.

    No outro dia, já bem cedo, a Tereza e a Michele se levantaram, tomaram o café da manhã no hotel e foram para a Escola, onde a Michele ficou. Já a Tereza foi passear nos shoppings da cidade, pois somente buscaria a Michele às oito da noite.

    Logo que a Michele chegou na escola, juntou-se ao seu grupo de colegas e a convite de uma delas, sob a alegação de ver os meninos do futebol jogando, foram para o campo onde ia começar uma partida entre a equipe da escola dela e outra de um dos estados do nordeste.

    Quando viram a outra equipe, algumas meninas falaram que o time da escola delas daria de goleada, pois os adolescentes opositores eram pequenos, magros e pareciam subnutridos.

    Este comentário não soou bem nos ouvidos das Michele, pelo que ela passou a torcer pela equipe adversária.

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    Meu coração será sempre seu

    Tal comportamento causou um certo atrito entre ela e as demais meninas, pois elas traziam uma certa carga de discriminação. Para surpresa delas e felicidade da Michele, no final do jogo, o time da escola delas foi desclassificado com uma derrota de seis a um.

    Para evitar confusão, ainda que estivesse muito feliz com o ocorrido, ela não comemorou. No entanto, ela viu que não basta ser alto, bem alimentado e bem-vestido para ser superior. No esporte, o que importa é a técnica, a tática e a sinergia da equipe e isto ficou demonstrado que o time do nordeste tinha.

    Por sua vez, a equipe do Jonas, que entrara em quadra às nove da manhã, tinha vencido e passado para a segunda fase, cujo jogo ocorreria na terça-feira, às dez da manhã.

    Após o almoço, como havia um intervalo para o reinício dos jogos, que se daria às quatorze e trinta horas, o Jonas pegou seu violão e foi tocar com um grupo. Quando ele tocava e cantava, sua voz chamou a atenção de Michele, pelo que ela se aproximou para ver quem estava tocando e cantando.

    Quando ela o viu, seu coração bateu mais forte. Até então, nenhum homem tinha chamado a sua atenção como ele. E sua voz era linda. Era um sentimento muito puro, que no primeiro momento, nem ela mesma entendeu o que estava acontecendo. Ela tinha dúvidas se era amor ou desejo de amizade.

    O olhar dela na direção dele foi tão profundo, que chamou sua atenção, momento em que o olhar deles se

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    Eliazer Costa Vieira

    cruzaram e as almas se encontraram. 16

    Meu coração será sempre seu

    2. UM ENCONTRO DE ALMAS

    O primeiro olhar cruzado de Jonas e Michele ficaria gravado para sempre na mente dos dois.

    A partir do momento em que eles se viram, Jonas não conseguia mais ter concentração para tocar suas músicas e a Michele passou a ter a respiração mais ofegante. Seu rosto, branquinho que era, ficou vermelho, seus lábios secaram e suas pernas tremiam.

    Mesmo estando desconcertado, ele buscou se equilibrar e começou a tocar uma música de autoria dele que assim começava:

    O seu olhar primeiro Veio como uma flecha No meio do meu peito Quebrando uma pedra Numa vida sem sentido De muita luta e dor

    De um homem pouco vivido

    Agora, uma chance de amor.

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    Eliazer Costa Vieira

    Depois de cantar mais alguns versos, o grupo parou de tocar, pois os jogos iam começar. Ele se aproximou dela e a cumprimentou:

    - Olá. Você é de onde?

    - Eu sou de Serra do Mar e você? Perguntou a Michele.

    - Eu sou de Jardins Elísios. Vamos ver os jogos? Convidou o Jonas.

    - Você vai ver o que? Indagou a Michele.

    - Futebol de campo. Minha escola vai jogar com uma equipe de São Paulo. Respondeu o Jonas.

    - Então vamos. Disse a Michele e continuou – Nossa, que música linda que você cantou.

    - É de minha própria autoria e eu cantei para você, pois não resisti o seu olhar. Falou o Jonas.

    - Assim, você me deixa sem graça. Mas foi legal. Disse a Michele.

    E continuaram caminhando e conversando até que chegaram no campo e se posicionaram na arquibancada, numa posição privilegiada para torcer, bem próximo do pessoal da escola dele, componentes de outras equipes e que estavam ali numa forma de torcida organizada.

    Ela se sentou ao lado dele e logo o jogo começou. A cada lance da partida, ele se levantava, gritava e pulava. Era muito animado e em poucos minutos ele já estava suando e com a camisa nas mãos. Foi então que ela viu o quanto ele era ainda mais bonito. Um jovem de boa estatura, moreno e

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    Meu coração será sempre seu

    muito musculoso.

    De outro lado, ela como não era acostumada a participar de torcida organizada, ficava quieta só observando mais ele do que o próprio jogo. De repente, um grito de gol e em poucos segundos, ela já estava no colo dele com ele pulando e gritando. O movimento dele foi tão rápido que ela nem sabia como fora parar no seu colo e em poucos segundos, ele a estava beijando.

    Ela nunca havia beijado outro homem na vida e sentiu um sentimento diferente, pois além do beijo, o corpo dele estava todo suado, o que a provocou, causando nela um certo fetiche, que nem mesmo sabia, ao certo, o que sentia. Mas, uma coisa era certa, algo muito bom.

    Passados alguns segundos, ele a colocou no chão e ficou sentado ao lado dela, com o braço sobre seus ombros. No entanto, no primeiro ataque do time da turma dele, ele novamente se levantou e começou a gritar. Aos poucos ela foi contagiada pela expressividade dele e começou a torcer também de forma mais acalorada. Ela estava, cada vez mais, se sentindo livre.

    Veio o intervalo do jogo, quando passaram a conversar:

    - Qual seu esporte? Perguntou o Jonas.

    - Eu nado os quatro estilos. Mas aqui, eu só vou competir nos estilos peito e crawl. E você? Indagou ela.

    - Meu esporte principal é o basquete. Jogo como armador. Mas vou ajudar a equipe de atletismo nas modalidades de revezamento 4 x 100 e 4 x 200. Respondeu

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    Eliazer Costa Vieira

    o Jonas.

    - Como você é alto, suas passadas são grandes. Acho que vocês têm grande chance de ganhar. Disse a Michele.

    - Mas você tem um corpão de mulher e muito bonito, mas seu rosto é de menina. Quantos anos você tem e qual o seu nome que nem sei ainda? Perguntou.

    - É mesmo. Ficamos conversando e nem mesmo nos apresentamos. Eu sou a Michele e tenho quinze anos. E você? Perguntou ela.

    - Meu nome é Jonas e tenho dezessete anos. Respondeu ele.

    - Você faz que série? Perguntou a Michele.

    - Estou no último ano do segundo grau. E você? Questionou o Jonas.

    - Estou no primeiro ano. Sou de uma escola particular. Respondeu a Michele.

    - Eu quero te namorar. Mas, acho que você não vai me querer. Afirmou o Jonas.

    - Por que? Indagou ela.

    - Você parece ser muito rica e eu sou muito pobre. Respondeu o Jonas.

    - Eu vou te falar uma coisa. Para mim, pessoas são pessoas. O que elas têm é questão de oportunidade, herança, luta ou até mesmo, atos espúrios. O que me interessa é o caráter. Se você o tem, então eu aceito te namorar. Afirmou a Michele.

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    Meu coração será sempre seu

    - Sem ser minha família, minha vida e minha saúde, este é meu único patrimônio: caráter. Disse o Jonas.

    E agora, foi ela quem o beijou.

    O segundo tempo da partida começou e ele voltou ao espírito de torcedor e a forma de torcer dele a encantava. Aliás, tudo nele lhe chamava a atenção.

    Decorridos os quarenta e cinco minutos do segundo tempo, o jogo acabou e a equipe do colégio do Jonas sagrou- se vencedora com o placar de 2 a 1.

    - Você vai fazer alguma coisa agora? Perguntou o Jonas.

    - Não. Por que? Perguntou a Michele.

    - Tem mais um jogo. Você vai comigo? Perguntou ele.

    - Claro que vou. Que jogo? Indagou ela.

    - É vôlei. Concluiu ele.

    Os dois se deslocaram para o ginásio e quando chegaram, o jogo já tinha começado. Eles procuraram um canto e ali se acomodaram.

    Novamente, o espírito de torcedor se arvorou no Jonas e em poucos minutos, ele já estava pulando e gritando. Era muita energia. Entre um lance e outro, ele dava um abraço e um beijo na Michele. Era uma manifestação de carinho.

    Antes das dezoito o jogo já havia acabado e os dois saíram caminhando e conversando:

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    Eliazer Costa Vieira

    - Você está hospedada em qual prédio? Perguntou o Jonas.

    - Eu estou em um hotel. Respondeu ela, meio sem graça.

    - Desculpa aí. Eu esqueci que você não é pobre. Falou o Jonas, sorrindo.

    - Que isto. Se dependesse de mim, eu ficaria aqui. Mas, mamãe veio comigo e eu tenho que ficar com ela. Afirmou a Michele.

    - Isto é muito bom. Demonstra o quanto os seus pais se preocupam com você. Como eu gostaria de ter meus pais comigo, tendo estes cuidados. Disse o Jonas.

    - E onde eles estão? Indagou a Michele.

    - É uma história longa. Eles morreram quando eu era muito pequeno. Ele, num acidente de trânsito, quando voltava do trabalho. Eu tinha apenas três anos e minha irmã, um. Três anos depois, minha mãe morreu de câncer. A partir daí, nós passamos a morar com nossos avós maternos. Agora, meu avô está indo embora, com câncer também. Assim, terminando este ano, eu terei que trabalhar para cuidar da vovó e da minha irmã. Disse o Jonas.

    Quanto ele olhou a Michele, ela estava com os olhos cheios de lágrimas.

    - Meu amor, por que você está chorando? Perguntou o Jonas.

    - Você com todos estes problemas, não foi criado pelos seus pais e ainda arranja forças para torcer, tocar,

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    Meu coração será sempre seu

    cantar e levar a vida com toda esta alegria. Respondeu a Michele.

    - Das poucas coisas que lembro da minha mãe é que ela falava que não importa o que aconteça nas nossas vidas, mas sempre temos que pensar com otimismo. Além disso, ainda pareço ouvir a sua voz cantando e me ensinando a cantar e por último, lembro-me, ainda, da promessa que lhe fiz: eu sempre cuidaria da minha irmã. Afirmou o Jonas.

    - Isto é muito lindo e eu tenho que aprender muitas coisas com você. Falou a Michele.

    - É, mas já vai dar sete da noite e eu tenho que jantar. Você me acompanha? Perguntou.

    - Eu te acompanho, desde que antes você cante e toque aquela música para mim. Respondeu a Michele.

    - Canto quantas vezes você quiser. Disse o Jonas. Após ele ter cantado e tocado a música para ela, eles

    foram para o restaurante da Escola. Como ela ia jantar com a mãe, somente o acompanhou no jantar.

    Terminado o jantar, ela tinha que se despedir dele, pois às oito, a mãe dela a pegaria para irem jantar.

    - Amanhã, você vai estar aqui novamente? Perguntou o Jonas.

    - Sim. Disse ela.

    - Eu gostaria que você torcesse por mim. Disse o Jonas.

    - Claro que vou torcer. Que hora o seu jogo? 23

    Eliazer Costa Vieira

    - Às nove da manhã. Se você puder chegar umas oito e meia, vai me fazer muito bem. Penso que terei mais energia para jogar.

    - Vamos fazer assim: às oito horas, você me espera onde vai me deixar hoje. Assim, você conhece mamãe. Mas, para não assustá-la, vou deixar para te apresentar com meu namorado mais para frente. Ela acha que eu sou muito nova para namorar. Propôs a menina.

    - Pode ficar tranquila. Seremos amigos para ela e amanhã te espero.

    Logo depois disso, eles foram para a portaria da escola e logo a mãe dela chegou. A Michele se despediu dele e entrou no táxi em que se encontrava a mãe dela.

    - Tudo bem filha? Perguntou a Tereza.

    - Tudo mãe. Respondeu a Michele.

    - Quem era aquele jovem? Indagou a mãe. - É um amigo. Disse a menina.

    - É um rapaz muito bonito. Alto, musculoso. É só amizade mesmo? Indagou a Tereza.

    - Sim, mãe. Afirmou a Michele.

    - Então está bem. Conformou-se a Tereza.

    - E você, fez o que hoje? Perguntou a Michele.

    - Fiquei na parte da manhã na piscina do hotel. Almocei lá mesmo e à tarde, depois de tirar um cochilo, fiz academia, vi um pouco de TV, lanchei e me arrumei para te pegar. Respondeu a Tereza.

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    Meu coração será sempre seu

    - E nós vamos jantar onde? Perguntou a Michele.

    - Estou pensando em comermos algo no shopping e passeamos um pouquinho. Respondeu a Tereza.

    - Para mim, está ótimo. Disse a Michele.

    Assim, as duas foram para o Shopping, onde jantaram.

    Depois que chegaram no hotel, a Michele, após tomar um banho, deitou-se e disse que ia dormir e que na manhã seguinte, teria que estar na Escola às oito para assistir os jogos.

    Por mais que ela tentasse dormir, ela não conseguia em razão do seu estado de ansiedade. Ela pensava o tempo todo no Jonas. Estava totalmente encantada com ele e muito apaixonada. Lembrava-se de cada detalhe do primeiro beijo e de quando foi pegada no colo. Ela parecia sentir o cheiro dele, bem como a força dos seus músculos. Ela tinha uma forte percepção que não conseguiria ter outro homem na vida. A presença dele estava o tempo todo com ela. Com o passar do tempo, ela conseguiu pegar no sono e quando acordou já ia dar sete horas.

    - Mãe, acorda. Nós temos que ir para a Escola.

    - Calma minha filha. Acho que dá tempo. Falou a Tereza.

    - Não há possibilidade de achar. Vamos nos arrumar, tomar nosso café e ir para a Escola. Disse a menina.

    - Credo. Que pressa é esta. Concluiu a Tereza.

    Após se arrumarem, desceram para o restaurante e 25

    Eliazer Costa Vieira

    tomaram o café. Logo depois pegaram o táxi e deslocaram- se para a Escola, onde chegaram às oito horas e três minutos. A Michele deu um beijo na mãe e marcou de ser apanhada às oito da noite.

    Em frente a Escola, o mesmo jovem a aguardava e a Tereza pensou: Aí tem coisa.

    A Michele correu e ao se aproximar do Jonas, disse: - Acho que estou atrasada.

    - Não. Nós temos quase uma hora antes de começar o jogo. Afirmou o Jonas.

    - Eu acabei dormindo muito tarde. Disse a Michele.

    - Eu também. Não conseguia tirar você da minha cabeça.

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