Ottsburg - A Trajetória De Um Espírito
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Editorial / Revisão / Diagramação:
Viviane Regina Catapano
Capa / Figura:
site pixabay
2014 - 1º Edição
Direitos autorais reservados.
É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer
forma ou por qualquer meio, salvo com autorização
do Autor.
(Lei 9.610/08)
Traduções somente com autorização por escrito
do Autor.
pdfconverterA dádiva da vida possui um enigmático caminho a ser
desvendado, direcionando-nos aos desígnios de Deus
Porquanto, devemos recear as consequências que as
nossas irrefletidas ações acarretarão na vida dos nossos
semelhantes ao mudarmos mesmo que inconscientemente o
percurso da história.
Em primordial, daqueles que outrora partilharam uma
existência em comum ao terem como meta a quitação dos
seus débitos com o Criador.
pdfconverterpdfconverterSumário
Capítulo 1 ............................................................... 09
Capítulo 2 ............................................................... 19
Capítulo 3 ............................................................... 35
Capítulo 4 ................................................................43
Capítulo 5 ............................................................... 55
Capítulo 6 ............................................................... 69
Capítulo 7 ............................................................... 81
Capítulo 8 ............................................................... 89
Capítulo 9 ............................................................... 97
Capítulo 10 ........................................................... 103
Capítulo 11 ........................................................... 117
Capítulo12 ............................................................ 127
Capítulo 13 ........................................................... 137
Capítulo 14 ........................................................... 147
pdfconverterRevelação ............................................................. 157
pdfconverterpdfconverterpdfconverterOttsburg - vol.3
Capítulo 1
O dia resplandeceu encoberto por nuvens acinzentadas, as ruas
desertas e o cenário melancólico desolou o encanto de um nobre país
que faria muito por seus compatriotas.
As grandes tragédias abalaram o Mundo e as constantes guerras
geraram um efeito estarrecedor sobre a humanidade que sentia o
amargor da miséria, da dor e da perda.
A cidade de Trier detém uma construção arquitetônica deixada
pelos romanos há mais de dois mil anos, situada na gloriosa
Alemanha, onde séculos atrás havia pertencido ao território francês,
voltando a ser alemã e assim, permanecendo até os dias atuais,
porém, no decorrer dos anos, muitas desavenças surgiram entre os
dois países.
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pdfconverterOttsburg - vol.3
Muitas das casas localizadas em perímetros de guerra estavam em
ruínas em virtude das bombas lançadas durante o conflito, havendo
uma exorbitância de corpos estendidos ao chão, cidadãos inocentes
que eram retirados do local pelos poucos voluntários da "Cruz
Vermelha" existentes no país, do qual denotavam excedente coragem
ao resgatá-los.
Entre eles se encontrava um audacioso oficial do exército alemão,
recém-formado em medicina, atribuindo assistência nas horas em
que era permitida a sua ausência no quartel, com destreza, prestava
os primeiros socorros para o alívio das vítimas.
Ao término do curativo de um andarilho que foi atingido por um
tiro, escutou o choro compulsivo de uma criança advindo de uma
casa parcialmente destruída, ao suspeitar da gravidade dos seus
ferimentos, correu em auxílio.
Não se importando por onde se embrenhava e se fosse uma
armadilha do seu oponente, entrou destemidamente, e ao ver uma
menininha de aproximadamente sete anos de idade, sentada num
cantinho do que imaginava ser uma sala de estar, cabisbaixa, tentou
socorrê-la, mas ao notar que ela se encolhia a qualquer sinal de
aproximação, falou à distância.
- Não tenha medo, eu quero ajudar! Qual o seu nome?
A menina que antes chorava parou de imediato ao ouvi-lo.
- Annemarie! Mamãe não quer que eu mencione este nome, agora
ela me chama de Kristen.
O oficial se emocionou defronte a sua ingenuidade, embora
estivesse suja, constatou que se tratasse de uma linda menina de pele
alva, cabelos dourados como os raios de sol e olhos castanhos,
usando um vestido de tonalidade rosa na altura dos joelhos, os seus
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cabelos se repartiam ao meio, suspenso por um rabo de cavalo de
cada lado e uma modesta franjinha caindo-lhe sobre a testa, descalça
e com os pés feridos, abraçava uma bonequinha de pano esfarrapada
que lhe fazia companhia.
- Kristen é um lindo nome! Onde estão os seus pais? - indagou-
lhe apreensivo.
- Mamãe e papai partiram quando a casa foi bombardeada, alguns
homens os levaram daqui, eu fiquei com muito medo e me escondi.
Agora eu não tenho mais ninguém! - voltando a chorar, apontou o
dedo indicador para a janela mostrando-lhe os soldados alemães que
por ali passavam - Eu sei que eles virão me buscar!
Ao testemunhar a confusão mental da menina por via da tragédia
presenciada, entendeu por si só que os seus pais estariam mortos,
desse modo, elaborou mais uma pergunta.
- Onde está o restante da sua família? Você não têm irmãos, tios
ou avós?
- Não senhor! Era só eu, papai e mamãe.
Diante da possibilidade da menina ser capturada e morta,
apavorou-se, posto que o nome anteriormente citado lhe outorgasse o
entendimento de que tanto ela como os seus pais fossem de origem
francesa, sendo eles, refugiados de guerra, escondendo-se por detrás
de nomes alemães, fingindo e agindo como eles para a própria
sobrevivência e proteção da filha.
O oficial realizou uma nova aproximação, sem alarmá-la do que
de fato teria acontecido com os seus pais, no fito de tirá-la daquele
local antes que um soldado a visse e a denunciasse.
- O que acha de sairmos daqui? Esse lugar está prestes a
desmoronar.
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- Eu não posso! Mamãe virá me buscar! - replicou a menina.
- Façamos o seguinte! Deixarei um recado para a sua mãe,
asseguro-me de que ela não se importará, pois estarei cuidando com
muito carinho da sua menina - coagindo-a na intenção de que o
acompanhasse, sentiu-se aliviado ao vê-la sorrir.
- Eu irei com o senhor! Tenho medo de ficar aqui sozinha, está
escurecendo e ficando frio - retrucou acanhada, ainda com receio do
jovem desconhecido.
- De agora em diante me chame de tio Max! Não tenha medo de
mim, não lhe farei mal algum.
A menina se levantou do chão, não conseguindo se sustentar em
pé, atestando o seu esforço, o jovem correu em sua direção, a fim de
carregá-la nos braços, os seus pés sangravam, sendo assim, faria os
curativos assim que chegasse em casa, visto que ele não pudesse
demorar, pois tão logo seria dado o toque de recolher.
Entre os novos bombardeios, o jovem oficial se desvencilhava
com astúcia dos estilhaços que eram lançados contra eles,
protegendo-a com o seu próprio corpo, curvando-se para que nada a
atingisse.
Maxwell Kuttner Schnayder, ou simplesmente, Max como
gostava de ser chamado, era um homem robusto, de tez clara,
estatura alta, olhos azuis e cabelos aparados ao estilo militar no tom
de loiro escuro, possuía trinta e dois anos de idade, trajava com
assiduidade um uniforme verde musgo do exército alemão e uma
faixa vermelha no braço esquerdo o distinguindo como membro
voluntário da Cruz Vermelha, foi criado por sua mãe que se dedicava
ao máximo em suas costuras para que nada lhe faltasse, o seu pai
havia falecido quando ele ainda era um bebê, em meio ao combate,
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não o conhecendo, em decorrência disso, passou a infância ao ouvir
os corajosos relatos da mãe, tendo sido ele, um bravo soldado, do
qual seguia os seus passos com admiração e orgulho.
Max fazia de tudo para ajudar a mãe não deixando de enaltecer a
sua gratidão por ela ter custeado a sua faculdade, empenho este, que
lhe renderam noites sem dormir, costurando a luz de uma vela,
prejudicando gravemente a sua visão.
Adentrando uma rua estreita, chegaram a uma pequenina casa de
parede cinza, Max bateu incessantemente na porta de madeira para
ser atendido.
- Sou eu mãe! Abra depressa, por favor!
A senhora Eveline Schnayder distraída, espantou-se ao escutar as
batidas na porta, o seu coração comprimiu-se em dor ao supor que o
filho estivesse ferido.
Ao dificultosamente caminhar, derrubando tudo o que estivesse
pelo caminho, abriu a porta os deixando entrar, em seguida,
aproximou-se do filho como forma de enxergá-lo, sendo que de
longe surgissem diante de si, imagens embaçadas e distorcidas.
Convencida da sua boa disposição física pasmou-se na presença
da criança.
- Quem é essa garotinha?
Ao tocá-la, sentiu as suas mãos se umedecerem.
- Meu Deus, ela está ensanguentada! Leve-a para o meu quarto,
eu esquentarei um pouco de água a fim de limpar os seus ferimentos.
Max acatou a sua determinação, a menina dormia de exaustão,
sem delongas, colocou-a em cima de uma colcha de retalhos feita por
ela mesma.
O interior da casa era modesto, sem luxo aparente, conservada
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devido ao zelo da senhora Eveline em deixar tudo limpinho e
organizado.
Ao dispor de uma bacia de água e um pano limpo, a senhora
Eveline sentou-se na beirada da cama, depositando-a ao seu lado,
iniciando-se assim, a assepsia dos ferimentos.
Temerosa ao dar guarita para uma estranha, ainda que fosse uma
criança, a senhora Eveline atribuiu novas indagações ao filho.
- Por que a trouxe para cá? Sabe que estamos em guerra, assim
que eu terminar leve-a para o abrigo, nesta casa os seus pais não a
encontrão.
- Os seus pais estão mortos e segundo a menina, a sua família não
reside pelas proximidades - respondeu contrariado.
- Com certeza alguém a reconhecerá e a acolherá, há uma lista em
que possa colocar o seu nome - insistiu a mãe.
- Eu não posso fazer isso, a menina é francesa! - de olhar baixo,
contou-lhe a verdade - Se eu entregá-la, a pobrezinha receberá o
tratamento de um prisioneiro de guerra, se antes não a torturarem.
- Francesa! Trouxe o inimigo para dentro de casa? - a senhora
Eveline tremia em aflição.
- Mãe, nada de ruim nos acontecerá, a educaremos como uma
cidadã alemã e ninguém desconfiará. Os seus pais faziam isso, tanto
que a chamavam de Kristen - argumentou Max.
- Se fosse seguro estariam vivos! - de expressão carrancuda,
exibiu a sua desaprovação.
- Por favor, eu lhe imploro! - Max ajoelhou-se perante a mãe,
suplicando a sua ajuda e foi nesse instante que algo tocou o seu
coração fazendo-a se comover.
- Você mentiu para mim, papai e mamãe estão mortos! - a menina
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que a tudo ouvia fingindo dormir, iniciou um novo pranto, sentando-
se na cama, olhou para a senhora Eveline ao rogar-lhe - Não me
entregue! Tenho medo de morrer! Eu prometo que farei tudo o que a
senhora desejar, mas não me entregue, por favor!
- Não a entregarei! Abrande o seu coração! Ficará aqui mesmo
sob os meus cuidados, não deixarei que ninguém lhe faça mal - a
menina conferiu um salto, abraçando-a em gratidão, Max
emocionado com a cena, acrescentou.
- Perdoe-me por não ter revelado a verdade! Eu só pensei na sua
segurança - arrependido por sua decisão, foi surpreendido pelo
abraço da menina ao sussurrar em seu ouvido.
- Amo-te por ter salvado a minha vida, tio Max! Obrigado!
Num abraço mútuo, acertaram os detalhes de como integrariam a
menina na família, se porventura a vizinhança a visse, necessitando
de um bom argumento para persuadi-los no anseio de evitar pósteros
aborrecimentos.
E assim foi decidido, Kristen seria a neta da senhora Eveline que
morava com eles em virtude do seu filho mais velho ter sido morto
em combate, é claro, um filho fictício, portanto, Max seria o seu tio.
Evidentemente não haveria desconfianças, com a guerra, muitas
famílias agiam