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Espírito Selvagem
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E-book243 páginas3 horas

Espírito Selvagem

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Sobre este e-book

Em um vale distante da civilização, Gabriel e seu pai passam os dias cuidando de um rebanho de caprinos e ovinos. Gabriel é um jovem sonhador que deseja um dia poder desbravar o mundo, porém, ele ama seu pai acima de seus sonhos, por isso decide cuidar dele e da sua propriedade. Mas, sua vida muda completamente quando seu melhor amigo, Wallace, é submetido a um ritual de magia negra realizado pelas tias dele, que faziam parte de uma antiga seita de feiticeiros. Gabriel tem sonhos estranhos e descobre através de seu pai uma antiga lenda contada por seus antepassados. Mara, a prima de Wallace, é intensamente apaixonada por seu primo e para tentar salvá-lo de um fim monstruoso pede ajuda a Gabriel, mas algo dá errado e Gabriel se atrasa, o ritual é realizado com sucesso e Wallace acaba recebendo em sua alma o espírito selvagem de um lobo sanguinário. Transformado num horrendo lobisomem, o jovem desaparece do vale deixando um rastro de morte por onde passa. Gabriel e Mara decidem tentar encontrá-lo. Batalhas selvagens são travadas no decorrer do caminho, grandes amizades também são feitas, no entanto, Gabriel e Mara acabam se envolvendo em muitas confusões. Ela é seqüestrada por um vampiro e Gabriel descobre a existência de outros guerreiros semelhantes a ele e também outros inimigos. Separados por algum tempo, os dois descobrem que se amam. Uma guerra entre a luz e as trevas tem início, porém o destino lança Gabriel em um dilema: cumprir sua missão ajudando seus amigos na batalha contra as trevas ou encontrar o paradeiro de sua irmã e tentar salvar a vida de sua mãe. Grandes surpresas, combates épicos, mistérios, segredos, um triângulo amoroso, amizades eternas, grandes paixões, decepções, implacáveis tristezas e um desfecho surpreendente farão você, amigo leitor, se apaixonar pelos personagens deste romance.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de out. de 2020
Espírito Selvagem

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    Espírito Selvagem - Gilberlandio Francisco

    ESPÍRITO SELVAGEM

    Gilberlandio Francisco

    INFORMAÇÃO DE DIREITOS E REGISTRO INTELECTUAL Espírito Selvagem

    gilberlandiof4@gmail.com

    Copyright © 2020 by Gilberlandio Francisco

    Todos os direitos reservados ao autor. Nenhuma parte desta publicação pode ser armazenada, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos, eletrônicos ou outros

    quaisquer sem a prévia autorização o autor.

    ____________________________________________________________________

    EQUIPE RESPONSÁVEL PELA PRODUÇÃO

    Revisão O Au tor

    Capa & Diagramação Antonio dos Anjos

    Produção editorial Editora Clube de Autores

    ___________________________________________ _______________________________

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    ___________________________________________ __________________________

    Francisco, Gilberlandio

    Espírito Selvagem/Gilberlandio Francisco – 2020

    282 f.: 1ª Ed.

    Romance Ficcional – Editora Clube de Autores – 2020 ISBN: 978-65-00-11305- 1

    1. Literatura brasileira; 2. Romance; 3. Fantasia; I. Título

    CDD. 869.93 CDU. 821.13

    REVISADO CONFORME O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO.

    _____________________________________ _________________________

    Editora Clube de Autores Publicações S/A

    CNPJ: 16.779.786/0001- 27

    Rua Otto Boehm, 48 Sala 08, América

    Joinville/SC, CEP 89201- 700

    www.clubedeautores.com.br

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço primeiramente a Deus por todas as minhas realizações e pelo dom da escrita concedido a mim.

    Aos meus pais Francisco José do Nascimento e Maria de Lourdes Mendes do Nascimento. Ao meu irmão Jailson Mendes do Nascimento e toda a minha família.

    Ao meu primo e grande amigo, o escritor Antonio dos Anjos Mendes, que sempre apoiou todos os meus trabalhos literários.

    Aos membros da Academia Afogadense de Letras – AAL por sempre acolherem em seu meio todos que buscam os caminhos da literatura.

    A todos os professores do curso de Letras da FASP, por terem contribuído grandemente para minha formação literária e a todos os meus colegas que trilharam junto comigo o caminho das letras.

    Prólogo

    Existem lendas que nunca foram contadas, lendas que foram esquecidas no tempo e aquelas que os homens se recusa m a acreditar por medo de talvez se tornarem realidade. Mas quando chega à hora, nada consegue impedir o renascer das lendas! Foi assim que surgiram os primeiros contos da humanidade! Pensando nessas palavras, uma bela mulher de cabelos loiros escreveu:

    "Os mais antigos contam que, há milhares de anos, numa época esquecida pelo tempo, animais e homens conviviam juntos e partilhavam dos mesmos conhecimentos ensinados pelo Criador, era uma época de luz onde homens e animais tinham a capacidade de raciocinar. Mas, certo dia um anjo traidor resolveu iniciar uma batalha contra Deus e tudo que ele criou . Para isto convenceu o animal mais astuto de todos a fazer o homem desobedecer às ordens divinas. Com isto a serpente condenou não só a si, mas também a todos os outros animais que tiveram seus espíritos selados nas constelações de estrelas, nas rochas das montanhas e nos espíritos de alguns homens de coração puro. Essa lenda virou fábula e é lembrada apenas como a época em que os animais falavam. Os homens tornaram-se senhores do mundo e governadores de si mesmos. Todavia, apenas alguns se conservaram fiéis aos ensinamentos do Pai eterno, esses levavam consigo o espírito da paz que outrora fora uma pomba branca, o espírito do leão corajoso, a sabedoria das raposas, a bravura dos tigres e leopardos, sem

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    falar na força e resistência dos ursos. Esses homens guardam em seus corações uma sabedoria antiga que é passada de geração em geração, tornando algumas famílias guardiãs desse valioso conhecimento do mundo espiritual. Assim o mundo caminhou até a era moderna sem perceber que pouco a pouco seus corações se afastaram da natureza e dos ensinamentos que ela encerra, sem saber que o espírito selvagem de alguns seres bons e maus ainda vaga pelas estrelas do universo. "

    A verdade só será revelada aqueles que enxergarem a verdadeira linguagem universal que liga tudo a todos, e que é o centro de todo o universo, uma força mais forte que toda e qualquer gravidade, capaz de atrair até mesmo os sonhos mais impossíveis de se realizar, a qual nós denominamos com o nome de AMOR .

    Concluiu a jovem mulher.

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    Capítulo 1

    Era um dia claro de verão, o sol estava alto no céu e as nuvens formavam estranhos desenhos, os quais Gabriel costumava observar com seu pai. Seu José estava embaixo de um pé de umbu junto a seu filho, vestia uma camisa verde de mangas compridas arregaçadas e uma calça velha de cor cinza, seus pés calçavam uma sandália de couro curtido. Gabriel estava com uma camisa branca de mangas curtas e uma calça azul muito gasta pelo tempo, também tinha uma sandália de couro semelhante à de seu pai. Normalmente os pastores de ovelhas se vestiam dessa maneira naquela região. Naquele lugar sua mente se perdia em reflexões sobre a vida e sobre a vastidão do universo desconhecido, pelo menos para nós simples homens de carne e osso. Sua casa ficava na base de uma alta montanha, o terreno em volta era repleto de colinas e planaltos. A vegetação rasteira do semiárido permitia uma ampla visão daquele lugar, onde Gabriel vivia com seu pai cuidando de um rebanho de caprinos e ovinos. A velha cabana na qual moravam ficava a quilômetros da civilização, a cidade mais próxima ficava muito longe dali! Há dois anos e meio uma estranha família se apossou do casarão que ficava na margem do rio que cortava as montanhas. Nas margens desse rio havia dezenas de árvores frutíferas como mangueiras, cajueiros e goiabeiras, além do capim sempre verdejante formando um frondoso sítio, mas devido a uma grande seca, muitas das árvores acabaram morrendo anos atrás. Restando apenas meia dúzia de mangueiras, três cajueiros e uma velha goiabeira, no entanto,

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    ainda era um lugar bonito e cheio de vida, pois raramente o rio secava por completo. Durante as chuvas de verão, quando as mangas e cajus se espalhavam no chão em volta do caule das árvores, as crianças do vale vinham se banquetear com as frutas maduras e cheirosas. A razão para o velho Freitas ter abandonado suas terras tão férteis e ricas junto com seu enorme casarão ainda permanecia um mistério, mas existiam boatos de que alguns fantasmas haviam se apossado do casarão. Entretanto, isso não pareceu incomodar os novos donos das terras. Os Silveira eram todos muito estranhos, viviam isolados e só saiam de casa quando estava nublado, vestiam-se de preto e tinham um olhar sinistro de poucos amigos. O mais simpático do grupo composto de duas senhoras maduras, uma garota de 16 anos e dois rapazes, era Wallace, que logo fez amizade com Gabriel, embora às escondidas, pois as tias do rapaz não permitiam que ele se misturasse com os escassos habitantes da região. O lugar onde Gabriel morava era intensamente atacado pelos ventos do leste que traziam consigo o cheiro da chuva distante e os sons incertos de automóveis que cruzavam ao longe pelas autoestradas que ligavam os povoados e cidades. A imensa montanha próxima de sua cabana ficava a oeste o que proporcionava uma gostosa sombra durante todo o período da tarde. José, pai de Gabriel, era um homem robusto e sereno de cabelos negros e pele morena, que costumava vigiar seu reb anho ao lado de seu filho enquanto ensinava-lhe tudo que sabia sobre a vida, o amor e todas as coisas que um homem precisava saber para cumprir sua jornada neste mundo. José havia se separado da esposa por razões as quais não gostava de comentar com

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    ninguém, mesmo Gabriel desconhecia estas razões. José não se importava com a solidão das campinas e das rochas das montanhas, para ele, aquele lugar o aproximava de Deus. O extenso vale onde viviam, abrigava cerca de 30 famílias divididas em vastos terrenos nos quais podiam criar seus animais, plantar seus cereais e pescar no rio que cortava as montanhas do oeste. Gabriel era um jovem cheio de energia e vida, tinha os cabelos negros do pai, os belos olhos verde - escuros de sua mãe e uma personalidade única. Cheio de sentimentos fortes e ao mesmo tempo sensíveis, às vezes seu pai o observava olhando para o céu azul ou para os extensos campos que se perdiam no horizonte, e ficava imaginando por quais mundos andava a mente de seu filho ou em que lugares seu coração ansiava estar naquele momento. Nunca tinha pensado na possibilidade de Gabriel estar sofrendo por causa da distâ ncia que o separava de sua mãe, mas de repente se colocou no lugar de seu filho e se sentiu o mais egoísta dos homens! Assim ele olhou para Gabriel enquanto estavam deitados embaixo do pé de umbu e perguntou com o coração na mão:

    —Filho! Você sente falta da sua mãe?

    — Muito, eu a vi apenas em fotografias, já que quando vocês decidiram se separar eu ainda era um bebê. Mas por que me pergunta isso? O senhor nunca quis falar comigo sobre esse assunto!

    Com uma tristeza no olhar José respondeu :

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    — É que às vezes quando te vejo olhar para o céu ou para além das campinas, penso que talvez você quisesse estar com ela tendo uma vida melhor que essa em que vivemos. Pra ser sincero, me sinto culpado por ter te criado neste fim de mundo .

    —Pai, não precisa se culpar de nada! Eu estou feliz com a vida que tenho. O senhor me ensinou a ser humilde, a respeitar a vida e a ouvir a voz do vento percorrendo essa magnific a natureza a nossa volta. Aprendi com o senhor o que jamais aprenderia em qualquer escola ou universidade. É claro que desejo algum dia partir desse lugar e conhecer o mundo, mas enquanto esse dia não chega vou tomar conta do senhor e retribuir todo o cuidado e atenção que o senhor teve comigo!

    — Fico feliz em ouvir isso de você, mas saiba que de forma alguma eu seria feliz se soubesse que você continua aqui apenas com o desejo de me recompensar por todos esses anos que dediquei minha vida a você. Não quero que se sinta obrigado a ficar apenas para retribuir alguma coisa.

    Com um olhar cheio de alegria, Gabriel responde vendo seu pai derramar uma lágrima no canto do olho direito.

    — Pai, não se preocupe com isso. Estarei ao seu lado sempre que precisar e se acontecer de ter que sair daqui eu acabaria voltando para estas terras que me viram nascer e crescer.

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    — Melhor voltarmos para o campo, caiu um cisco no meu olho. —disse seu José disfarçando a emoçã o.

    Pai e filho se abraçaram naquele momento único e tão especial, onde o vento soprava ao longe levantando poeira e as nuvens no céu começavam a ficar escuras e pesadas, logo estaria chovendo por todo o vale, ao longe se podia perceber o barulho dos animais assustados com os primeiros relâmpagos e trovões que precediam a tempestade de verão. Wallace gostava de passear em meio à forte ventania que vinha antes das tempestades, para ele a fúria da natureza era uma música suave e relaxante que fazia seu espírito vagar por mundos distantes em busca de paz ou algo parecido. De longe Gabriel avistou o estranho penteado de seu amigo entre as nuvens de poeira que se erguiam do chão furiosas. Logo foi estar com ele para convidá - lo a se refugiar na cabana de seu pai:

    — O que está esperando! Vamos logo para minha casa ou a tempestade vai nos alcançar!

    — Gabriel não tenha medo da natureza, e espere mais um pouco. Quero admirar a beleza dos raios dessa tempestade, talvez em breve, nunca mais os veja novamente.

    — Sempre admirei a força da natureza, mas não seja louco de brincar com ela, vamos sair daqui antes que um raio nos atinja ou o vento impeça que cheguemos com segurança à cabana de meu pai!

    —Onde está seu pai?

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    —No umbuzeiro nos esperando!

    Os dois rapazes foram juntos até onde seu José estava e depois se dirigiram até a antiga cabana na base da montanha, onde moravam. A chuva começou alguns minutos depois que entraram, acompanhada de uma forte ventania e trovões estridentes que rompiam o barulho do vento em meio à copa das árvores. Parecia que não iria parar tão cedo até que os pingos foram diminuindo e, por fim, deram uma trégua, apesar dos relâmpagos continuarem faiscando entre as nuvens mais escuras. Nesse momento ocorreu o inesperado:

    — O que esse garoto está fazendo? — perguntou seu José vendo Wallace abrir a porta da cabana e sair correndo pelas colinas iluminadas pelos raios. —Espere! Não vá! —mas já era tarde, Wallace limitou-se a gritar de longe.

    —Eu preciso ir embora! —sua silhueta desapareceu por entre as colinas distantes .

    — Esse garoto não tem juízo, sair correndo em meio a uma tempestade com tantos raios é perigoso demais!

    Disse o pai de Gabriel olhando nos olhos do filho e ao mesmo tempo procurando uma explicação para o fato.

    — Ele é gente boa, embora tenha uma família muito estranha, quanto ao que aconteceu agora pouco, acredito que seja culpa das tias dele. Elas não gostam que Wallace tenha

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    amigos, por isso deve ter ido correndo pra casa para não arranjar problemas com elas !

    — Ele deve ter muito medo delas pra sair assim! Correndo desse jeito pode acabar se machucando, o chão está escorregadio com a lama deixada pela chuva.

    Wallace chegou correndo em casa pouco antes de recomeçar a tempestade, a chuva que agora caia era bem mais forte, o rio ao lado começou a transbordar, mas as paredes externas do casarão foram construídas para resistir às fortes enchentes provocadas pelos temporais noturnos, sua base de granito era forte e não cederia a tempestade. As tias do rapaz o aguardavam com uma cara nada amigável, quando Wallace tentou entrar escondido na casa e ir direto para o quarto sem ser visto, acabou sendo surpreendido :

    — Tia Rita! Desculpe a demora, a tempestade me pegou e tive que passar um tempo na casa de Gabriel.

    — Escute aqui meu jovem! Se você acha que essa sua amizade com aquele criador de cabras tem futuro, está muito enganado! Quanto mais longe dele você ficar será melhor, até por que o ritual do Grande Lobo Negro se aproxima e você tem que estar pronto para se tornar o archote da nossa vingança contra todos aqueles que menosprezaram nossa soberania sobre esse mundo patético! Escolhemos esse lugar para morar por ser isolado o suficiente e você quer estragar tudo atraindo gente

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    inoportuna até nós, não é? Quando o poder do Grande Lobo Negro for nosso seremos invencíveis e imortais! A tempest ade era o sinal que estávamos aguardando, dentro de três dias o mundo conhecerá seu novo mestre!

    A velha vestida de negro soltou uma risada aterrorizante que provocaria calafrios até no mais valente dos homens. Wallace já havia perdido as esperanças de fugir disso tudo. Aquelas bruxas não o deixariam em paz, sua vida era um tormento atenuado apenas pelo amor de sua prima Mara.

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    Capítulo 2

    Naquela noite Gabriel teve um sonho, um sonho na da comum que o fez debater-se em cima da cama e falar palavras estranhas enquanto dormia. Seu pai acordou sobressaltado com os gritos apavorados de seu filho:

    —O que houve meu filho, você está bem?

    Lentamente Gabriel se acalmou e abriu os olhos, espantado como se tivesse visto um fantasma, ele contou para o pai os detalhes de seu pesadelo:

    — Eu estava correndo numa floresta negra e atrás de mim uma fera horrenda me seguia pelas sombras das árvores, parecia um estranho lobo negro com presas que brilhavam refletindo a luz da lua cheia. Comecei a correr desesperadamente em busca de ajuda, quando uma poderosa luz branca acolheu-me segundos antes da criatura que me perseguia saltar de maneira selvagem e brutal na direção onde eu estava , depois um som estridente ecoou e, de súbito, eu acordei, talvez por causa da sua voz me chamando.

    — Gabriel este seu sonho me faz recordar de certa ocasião em que meu avô me contou uma lenda sobre o começo das eras, quando os homens conviviam intimamente com natureza e os animais a sua volta. Ele me contou que cada animal daquele tempo carregava dentro si valores e sentimentos iguais a nós humanos, porém, eles faziam esses sentimentos

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    fluírem com toda a força de seu espírito. Os animais daquele tempo, segundo a lenda que meu avô me contou, eram corajosos, valentes, guerreiros e ao mesmo tempo eram sensíveis, amorosos e fiéis aos homens e principalmente a Deus. Mas como em todo o universo existem forças opostas que vivem em conflito, formando o equilíbrio entre o positivo e o negativo, existiram, segundo a lenda, espíritos selvagens desgarrados e rebeldes que desejavam implantar seu próprio governo de sombras a todos os seres humanos e animais. Essa lenda diz que esses animais que se deixaram corromper pelas trevas tiveram seus espíritos lançados na vasta escuridão do universo, enquanto os que tinham sentimentos nobres e lutavam a serviço do Pai eterno foram designados a viver eternamente na imensidão e gloria das estrelas, já que o homem havia escolhido um caminho de solidão quando desobedeceu a Deus. Assim, o Criador preferiu deixar que ele evoluísse sozinho sem a intervenção de qualquer criatura para guiá-lo na jornada rumo à sabedoria divina. É claro que isto é uma lenda e pode ou não ter um fundo de verdade, o fato é que sonhar com animais é sempre um sinal de alguma coisa! Alguns até acreditam que é um sinal de sorte e fazem apostas no jogo do bicho.

    — Que tipo de interpretação eu deveria fazer com meu sonho ?

    — Bom! Normalmente quem sonhou é que tem que buscar a resposta. Mas não fique tão preocupado com isso, pode ser que este sonho seja apenas um pesadelo sem importância!

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    —Mas parecia ser real demais !

    — Todos os sonhos parecem! — Respondeu seu Jos é desejando boa noite ao filho e fechando a porta do quarto.

    Na manhã seguinte, após terem tomado café, dividiram as tarefas a se fazer durante o dia, Gabriel foi buscar água no rio que cortava as montanhas, enquanto seu José foi cuidar das cabras e dos dois cavalos que pastavam nas colinas cheias de capim. Ao longe, seu José escutou o estrondo da dinamite abrindo os buracos dos postes de concreto que trariam para o vale as maravilhas da energia elétrica, os únicos que dispunham de energia em suas casas eram os criadores mais ricos e fazendeiros que tinham implantado em suas residências placas de fotocélulas capazes de transformar a energia luminosa do sol em eletricidade.

    Gabriel caminhava tranqüilo pelo caminho em direção ao rio, ele havia pensado bastante no sonho da noite passada e resolveu não contar que tinha mais um animal presente em seu sonho, o qual ele não conseguiu identificar bem, mas que se assemelhava a um gato branco gigante! Wallace estava na beira do rio quando Gabriel chegou ao local para pegar água fresca. A tempestade tinha deixado as águas mais escuras por causa do barro que havia deslizado das margens e também pelos destroços de árvores e restos de entulho trazidos pelas enchentes que desceram montanha abaixo!

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    — Parece que não teremos água limpa por alguns dias! —Exclamou Gabriel olhando seu amigo erguer-se do local onde estava observando a correnteza.

    — Você tem sorte de ter uma família grande, eu sempre quis saber como é ter irmãos.

    — Prefiro não

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