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Dois amores e um destino
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E-book266 páginas4 horas

Dois amores e um destino

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Sobre este e-book

Realidade e ficção, essa é a história que aqui será contada, sobre uma criança que chamaremos de Luiz do Negro, nascido no recôncavo das Minas Gerais, em um lugar onde não tinha suas terras agricultáveis, morros, cerrados e muitas pedras.

Pedras essas que, na superfície, de nada tinham valor, mas, quando era explorado o subsolo, brotavam em forma de grandes pepitas de ouro, diamantes e outras riquezas, sendo descoberta aquela região por senhores de engenhos, com suas fazendas tocadas por mão de obra escrava, independentemente de serem negros, mulatos ou até brancos.

No centro de tudo isso, uma família, uma pequena família, onde o patriarca, homem simples, independente, podia viver com sua família, pois era um comerciante nato e, mesmo com pequeno capital, conseguia sobreviver com a esposa, o menino citado e mais três criancinhas, três meninas. O que aqui vamos contar, pois, trata-se do menino que se tornou...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de nov. de 2022
ISBN9786553551145
Dois amores e um destino

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    Dois amores e um destino - Ozar Rodrigues de Mendonça

    capaExpedienteRostoCréditos

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    DOIS AMORES E UM DESTINO

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Realidade e ficção, essa é a história que aqui será contada, quando desde seus doze anos, uma criança que aqui chamaremos de Luiz do Negro, nascido no recôncavo das Minas Gerais, em um lugar onde não tinha suas terras agricultáveis, morros, cerrados e muitas pedras.

    Pedras estas que na superfície de nada tinha valor, mas, quando era explorado o subsolo, brotavam em forma de grandes pepitas de ouro, diamantes e outras riquezas, sendo descoberta aquela região por senhores de engenhos, com suas fazendas tocadas por mão de obra escrava, independentemente de serem negros, mulatos e até brancos.

    No centro de tudo isso, uma família, uma pequena família, onde o patriarca, homem simples, independente, podia viver com sua família, pois, era um comerciante nato, mesmo com pequeno capital, conseguia sobreviver com a esposa, o menino citado em epígrafe e mais três criancinhas, três meninas, o que aqui vamos contar, pois, trata-se do menino que tornou-se...

    DOIS AMORES E UM DESTINO

    Meu nome é Luiz do Negro, você vai perguntar quem é esse desconhecido, respondo com toda a simplicidade que me é peculiar, desconhecido para você, mas o convido para irmos às Minas Gerais, ao Vale do São Patrício no centro norte de Goiás ou em um lugar aonde tudo é mais que Bonito, o verdadeiro paraíso no Estado de Matogrosso do sul, mas, se você não quer sair do conforto de sua casa, não quiser deixar a poltrona macia de sua sala.

    Façamos o seguinte, deixe-me continuar a falar de mim mesmo, numa história de superação e muita crença de que depende de Deus e de nosso propósito de vida. Se quiser ler minhas simples palavras que conta do início ao fim, de como tudo aconteceu comigo, nascido nas terras áridas em meio aos serrados de Minas Gerais.

    Prometo que vai gostar de tudo que aqui vou contar, com os detalhes que ficaram em minha mente, deste o tempo em que eu era umw menino, sapeca, curioso, com minha mente prodigiosa, que percebia de longe quando algo estava prestes a acontecer.

    Não quero ser presunçoso, pois, desde aquele tempo, me considero um homem comum que humildemente peço licença, para tomar, um pouquinho de seu precioso tempo e, a partir deste instante, por meio destas poucas palavras.

    Vou contar minha própria história, num livro que vai falar de minhas aventuras, percorridas pelos caminhos e estradas, que orgulhosamente, fez com que me tornasse o homem que sou até aqui.

    Que é tão especial, quando posso te garantir que abro as portas de uma caixinha de segredos que até então ainda havia tido coragem de revelar, pois, faço questão, que conheça o que para mim é um verdadeiro testemunho de vida e mais, quando se sonha, corre atrás, fazendo o que muitas vezes parece impossível se tornar realidade o que carrega no peito um sonhador.

    Aqui de um jeito simples prometo contar tudo, sendo fiel em cada detalhe de como tudo aconteceu, em um tempo não tão distante, quando eu era apenas uma criança, ouvindo os causos contado por meus avós e mais tarde, meus pais passaram a contar para me fazer dormir, os exemplos que foram vividos por eles e que serviram de alicerce para a vida que para mim estava apenas começando.

    Venha comigo, vamos juntos, embarcar nesta nave imaginária, com escalas em que seu próprio subconsciente o levará, para onde você quiser, com paradas longas e outras nem tanto, durante o percurso passará por lugares que tenho certeza vai gostar muito. Fique bem à vontade e, por favor, preste atenção, aqui somos livres, que para todos é como se fosse uma bússola de comando com poderes poder construir nosso próprio destino.

    Mesmo que estejamos separados é como se estivéssemos próximos um do outro, juntinhos, peço para que não desça na próxima estação de parada, vamos seguir lado a lado até o fim dessa viagem. Em um mil novecentos e trinta e cinco, mês de dezembro, mais precisamente no dia oito, quando meu pai que tinha apelido de Negro, sendo seu nome próprio Antônio Rodrigues, nasceu em uma pacata e pequena cidade no interior de Minas Gerais, ali viveu toda sua infância, junto a seus familiares, ainda jovem, conheceu uma moça.

    Encantou-se imediatamente por ser ela que era dona de incontáveis predicados e uma imensa beleza, se apaixonaram e pouco tempo depois se casaram e daquela união, sete meses depois aconteceu o meu nascimento, em um mil novecentos e cinquenta e seis, no mês de outubro. Num tempo em que predominava nas cidades maiores os famosos barões do café, tendo as grandes propriedades, cercadas por seus distritos populacionais, sobre essas terras, viviam as populações dispersas entre os morros, serras e vales de campos, sendo poucos os que se arriscavam a plantar alguma coisa, exceto os alimentos para a própria subsistência familiar.

    Isolados longe de praticamente tudo, um povo rústico e forte, tendo na pele a pigmentação mestiça quase negra, pois muitos foram gerados tendo as mães negras e os pais na maioria, eram brancos, donos de engenhos que não faziam questão de reconhecer sua descendência, deixando os filhos, que cresciam sendo esquecidos pelos lugares em que nasciam e, assim que podiam trabalhar, dar rendimentos, eram vendidos, por serem bastardos, muitas vezes para o trabalho escravo, já as meninas quando bonitas eram separadas para ser reprodutoras nas mesmas condições que os meninos escravos.

    Isso aconteceu por anos e décadas, com o tempo as coisas começaram a mudar, intervencionistas apareceram e mesmo sem representatividade nos palácios dos governantes ou nos palacetes dos barões do café e coronéis da época, alguns tiveram a sorte de mudar de vida, fugindo, arriscando a vida, embreando pelas matas, atravessando rios e tantos ficavam por encostas de barrancos onde garimpavam o ouro que sempre foi abundante em todos os lugares, inclusive o subsolo escondia imensas fortunas de ouro, diamantes, esmeraldas e tantos outros minérios com valores incalculáveis.

    Muitos viviam sem se preocupar com o futuro, como se do jeito que estava, estava bom, xucros, viviam da mão de obra escassa por fazendas que ao mesmo tempo os donos descobriram que investir nas lavouras de café, seria um excelente negócio, um clima favorável por ser grande parte das terras compostas por serras. Existiam duas classes sociais, os que mandavam e os que obedeciam.

    Sendo a grande maioria sem posses, restando apenas o direito de sonhar e o dever de trabalhar e trabalhar, recebendo praticamente só o alimento em meio as senzalas de seus senhores que se enriqueciam graças a desgraça humana. Mesmo vivendo numa região riquíssima, em que a pecuária leiteira e a plantação de café eram a fonte principal de renda, até que a febre do ouro tomou conta de praticamente tudo, pelas Minas gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

    Entre os séculos dezessete e dezoito, a estrada real, criada para garantir o controle da extração e do recolhimento de tributos e recolhimento de tributos sobre o ouro. Minha família morava em nossa pequena propriedade de trinta e três alqueires por nome de Pedra Azul e ali nasci e fui criado por alguns anos, num lugar onde vivíamos felizes de forma tranquila em harmonia com todos e a própria natureza, cercado por poderosos e cidadãos simples, numa região composta por grandes latifundiários e pequenos fazendeiros.

    Alguns casarões e seus senhores detentores de fortunas conseguidas, em muitos casos por meio de sangue inocentes, escravos vivendo mesmo depois da lei áurea e outros tantos meios que nem sempre eram revelados. Muitos não viviam, vegetavam por necessidade, perdendo suas vidas por causa do precioso minério que era retirado do centro da terra, graças ao suor e lagrimas de homens e mulheres com suas bateias, que de uma hora para a outra, fazia com que plebeus se tornasse barões.

    Uma riqueza que de um instante para outro transformava um simples plebeu sem nome, sem patrimônio, num poderoso que passaria a comandar verdadeiras fortunas, sendo os estados de Goiás, Matogrosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Com suas fazendas de grandes extensões, com suas riquezas que vinham através do ouro e outros minérios preciosos retirados por centenas de garimpos nas nascentes de rios por toda a região.

    Com serras e matas densas ainda a serem exploradas, vindo depois que aconteceu uma importante mudança, pelas grandes plantações de café, nas propriedades que os fazendeiros compravam a preços ínfimos e insignificantes, o que pertencia a pequenos proprietários, que sem condições eram obrigados a se desfazer dos bens que possuíam.

    Sendo expulsos pela força imposta a qualquer custo, os que tentavam resistir pagavam com sangue perdendo a própria vida, quando famílias inteiras eram dizimadas e os culpados continuavam a cometer as atrocidades sem serem punidos, onde coniventes, as autoridades da época faziam vistas grossas como se nada estivesse acontecendo. Quando os inquéritos contra os poderosos eram sempre arquivados, aos que ganhavam, mais e mais terras eram incorporadas aos latifúndios, quem perdia só restava deixar tudo para trás, como se estivesse escrito, disputa de terras entre famílias terminam em sangrento tiroteio.

    Foram mortas centenas e até milhares de cidadãos e os sobreviventes partiram para lugar incerto e não sabido, os vencedores tomavam posse das terras como se nada tivesse acontecido. A mão de obra prestada por homens, mulheres e até crianças que por não terem escolaridade o suficiente vivia amontoados em pequenos casebres de madeira e barro à mercê da própria sorte e assim o tempo seguia, o pobre sempre mais pobre e o rico cada vez mais rico.

    Alienados ficavam as famílias humildes por causa de créditos cedidos e anotados em cadernetas e sem ter como pagar as suas dívidas, eram obrigados a continuar em estrema pobreza, abandono e escravidão, sendo negados seus direitos, independentes de serem negros, brancos ou indígenas, nas lavouras de café, garimpos ou de carvoarias, tinham que continuar com seus trabalhos.

    Quanto a nós, sim nós, estou falando de minha família, podíamos nos considerar privilegiados porque tínhamos nosso pedaço de chão de onde tirávamos o provento e o que sobrava era vendido no povoado ou nas cidades maiores das proximidades, não precisávamos fazer conchavo ou negociatas, para termos o livre direito de ir e vir tivemos sorte e respeito por todos que nos conheciam e que tínhamos por vizinhos. Seguíamos nossas vidas sem depender das migalhas que a outros eram oferecidos.

    A minha família considerada pequena, composta por meu pai Antônio do Negro, minha mãe Albertina Maria, minhas irmãs Almerinda Luiza, Maria Clara e Cristina Mara e este seu servo que conta essa história Luiz do Negro, esse apelido ganhei carinhosamente por ser filho de Antônio do Negro que assim era conhecido. Éramos considerados bem-sucedidos isso em se comparando a outros que viviam naquelas bandas e em nada representava risco aos poderosos da vizinhança, enquanto ali vivíamos de forma simples e tranquila.

    Meus pais eram de pouca palavra, não se interessava com o que acontecia próximos a nós ou até nas cidades maiores, que já naquele tempo, não era tão diferente dos dias de hoje, o poder e os políticos, vinham de famílias de barões e coronéis, previamente escolhidos e ao povo humilde só cabia o dever de votar. Assim eram chamados os grandes proprietários, donos de quase tudo que circulava no mundo dos negócios, sendo a principal moeda o ouro e outras pedras preciosas que abundantemente eram encontradas por todas as regiões das minas gerais.

    Com a mão de obra conseguida praticamente de graça, a preço de suor, sangue e lagrimas, a sobrevivência dramática, que somente os fortes conseguiam prosseguir, já os fracos ficavam pouco tempo, eram descartados nas valas rasas ou jogados dos barrancos para que as águas levassem, para ser devorado por peixes e animais selvagens. Mais que escravos eram considerados por aqueles que detinham o poder, senhores de engenhos, coronéis e outros tantos que não se misturavam aos fazendeiros menores. Sendo por estes chamados e conhecidos como café com leite, mas, esses criadores de gado, plantadores de café e escravocratas estavam enganados, silenciosamente formávamos um gigante contingente que também tinha seu poder.

    Já em se falando em separado de minha família, não acreditávamos que a verdadeira riqueza está nos bens que tantos pensam possuir nas grandes fazendas com milhões de pés de café espalhados por quase toda a terra das gerais. Plantados no alto das serras e encostas por aqueles que não viviam da exploração de jazidas do precioso minério, tendo uma força que vinha de lugares inimagináveis, a fé e esperança de o dia de amanhã é sempre melhor que o dia que ora estamos vivendo.

    Mesmo sendo uma criança era obrigada a testemunhar o que acontecia com outras famílias, abandonadas à própria sorte, aprendi ainda nos meus primeiros anos de vida, ouvindo a meus pais e familiares dizerem que a riqueza está onde menos se espera. Fica escondida, tímida, como se sentisse vergonha de aparecer, em lugares que durante a vida tentamos descobrir, sendo que quando menos se espera, surge linda, majestosa e com algo peculiar, poucos tem o privilégio de descobrir o lugar onde se encontrava escondida.

    Mas na hora certa, estando pronta aparece, andando pelos vales ou banhando nos rios e córregos ao ver a claridade do sol dentro d’água ou pelo brilho nos barrancos. Muitos podem se tornar da noite para o dia, uma pessoa muito rica como se tudo acontecesse como num passe de mágica, seja nas mãos dos garimpeiros de bateia, que foram perdendo espaço para as máquinas das mineradoras que vinham de diversos lugares e, até de outros países, acompanhadas por geólogos com suas tecnologias para arrancar do solo o bem tão precioso, que atravessam fronteiras, chegando até a alguém que nunca tivera nas mãos se quer uma única vez o instrumento chamado bateia.

    Para se conseguir essa riqueza, milhares de vidas foram perdidas e sacrificadas nos calabouços dos casarões ou soterrados nas encostas dos barrancos, sendo levados pelas correntezas das águas e nem eram lembrados, passando despercebidos, principalmente quando se tratava de pessoas simplórias, homens valorosos que morriam tentando a sorte e com o tempo se tornavam fracos e com eles, foram morrendo também os rios e suas nascentes assoreadas.

    Contaminados pelo mercúrio que se tornou o bandido vilão que matava sem piedade as nascentes nas serras e tantas baixadas, que levavam suas águas para os rios gigantes que vinham de lugares desta terra amada Brasil, poluindo até chegar aos oceanos, matando os filhos da natureza, fauna e flora. Lembro-me que naquele tempo muito era comentado que na Fazenda Pedra Azul de meu querido pai, desde quando morava com os meus avôs, existia ouro, diamantes e outras pedras preciosas, mas, não dávamos importância, isso, sem contar que não dispúnhamos de recursos para contratar técnicos geólogos para uma análise que se fazia necessário.

    Mas ele meu pai nunca teve interesse no assunto, sem saber que o destino reservava surpresas para um tempo futuro, tendo dentro dos limites da pequena propriedade, vários rios de grandes e pequenos portes onde havia muito ouro, diamantes e outros minérios preciosos. Sendo que a corrida em busca desta preciosidade parcialmente parou e cresceram as matas de serrados e plantas nativas, em muitos casos tirando dos rios e nascentes do traçado original, que vem desde a criação do maior arquiteto do universo que é Deus.

    Não podemos esquecer os problemas causados com a substituição da mão de obra de famílias inteiras, que se mudou para os povoados e cidades maiores, quando muitos perdiam o que tinham de mais precioso, a própria identidade e dignidade, já com as referências e tradições familiares, chegando a deixar triste o coração deste caboclo, enquanto muitos foram deixando para trás, seus sonhos e histórias de um tempo já vivido, seguiam por outros caminhos, com a esperança de conseguir dias melhores, não importava em que lugar tivesse o que esperavam encontrar.

    Tantos sem oportunidade acabavam por ver seus filhos seguindo por caminhos tortuosos, enquanto isso, em nossa pequena fazenda seguíamos tocando nossas vidas, distante a tudo, procurando ficar fora do que acontecia naquela vasta região e, ao mesmo tempo em tantos outros lugares, éramos considerados por alguns, como se nem existíssemos. Meu pai não fazia questão de que fôssemos notados, creio que por essa razão nunca fomos importunados pelos poderosos que viviam próximos a nós, mas na vida tudo tem o seu tempo para que as coisas aconteçam de uma forma que nunca entendemos, meu pai sempre preocupado com o que poderia ser feito para mudar e melhorar a vida de todo aquele povo!

    O senhor Antônio do Negro juntos, éramos bem mais que amigos, ele com a sabedoria de homem rústico que vivia do campo, firme com seus propósitos e eu sempre curioso querendo aprender com a rapidez do som, ele, meu pai, sem fugir em nada com seus compromissos, não se acovardava diante dos desafios ou perigos que viessem a atravessar pelo caminho, tendo em mim seu filho Luiz, com idade prestes a completar doze anos.

    Crescia com a promessa de continuar seu legado de cidadão honesto, que pela honra não se curvava, por mais forte e importante que fosse o adversário, se preciso tirava a vida para defender a vida de qualquer um dos seus, herdei de meu pai o apelido, acrescentou-se em meu nome Luiz que passou a ser chamado de Luiz do Negro, o que só me deixava orgulhoso por ser chamado assim, mas, com o passar do tempo, sendo que em nada se podia mudar e se mudasse era primordial que deixasse uma fórmula para que os que viessem depois pudessem saber que naquele lugar passou uma pessoa mais que importante.

    Junto com minha mãe a única mulher adulta e minhas três irmãs em casa, das quais não se podia esperar muito, por serem meninas com menos idade que eu e ainda mais por serem mulheres e fazem parte do chamado sexo frágil. Já quanto em mim, crescia a esperança de me transformar num homem que faria meu querido pai sentir ainda mais orgulhoso de minha pessoa, sendo seu sonho de caboclo fazer de mim um doutor, queria que estudasse mesmo que em escola da fazenda, depois com o tempo mandaria para a cidade grande, esse era seu maior sonho.

    Esse era um de seus maiores sonhos, fazer de mim um doutor em direito, para que um dia os mais oprimidos pudessem contar em defesa dos direitos a tantos negado. Se bem que eu era apenas um menino que já nos primeiros anos de vida, quando ele meu pai saia a campear, me levava na cabeceira do arreio ou na garupa de seu cavalo treinado para a lida no campo.

    Negro o apelido de meu pai, todos o conheciam por esse nome, que acredito ser pelo seu jeito e a pele que tinha queimada pelo sol, cabelos lisos e pretos mais parecidos aos dos povos indígenas da região. Com seus olhos verdes como se fosse gemas de esmeraldas, um cidadão simples, casado com uma mulher maravilhosa, formavam um casal feliz, com os filhos completava o que se pode chamar de um homem realizado. Com a idade de trinta e três anos, sempre trabalhando e cuidando de sua pequena terra na esperança de que dias melhores viriam, enquanto eu era muito pequeno ainda, já sentia despertar em mim, o amor pelos animais.

    O meu primeiro xodó foi um cavalo manga larga, marchador, que por ter o porte diferenciado, passou a ser o garanhão reprodutor da propriedade, com o tempo sendo escolhido pelos fazendeiros que vinham de lugares distantes com suas matrizes para serem cobertas e ter em suas propriedades um puro sangue. Sendo que seus descendentes eram treinados para passeio e outras atividades no trabalho rural, mesmo na rusticidade era um animal dócil, o preferido por todos que pensavam em ter um plantel de alto nível inclusive comercial.

    O melhor é que aquele garanhão passou a ser quase que o principal recurso e renda para o custeio de nossa pequena família, enquanto isso, seu nome estava cada dia mais adquirindo fama nas festas de exposições e meu pai não perdeu a chance, quando passou a ser convidado para demonstração e com isso a ganhar muito dinheiro, o que permitiu que nossa vida se tornasse mais tranquila, lembro-me como se fosse o dia de hoje, quando viajamos até a cidade de Uberaba, sempre juntos estávamos a trabalho, não me esqueço que nas horas que me encontrava de folga, aproveitava para visitar outros estandes.

    Sem perceber, que era vigiado, sob os olhares atentos de meu pai que me acompanhava sem que eu percebesse e numa noite resolveu fazer-me uma surpresa, quando, aproximando-se de mim perguntou.

    - Antônio do Negro: - Filho, o vejo correndo de um lado para o outro, observando tudo que acontece, mas estes bezerros têm de você uma atenção mais que especial, gostaria de levá-los para nossa fazenda? Tantos animais por aí e você sempre de olho neste casal de novilhos.

    - Luiz do Negro: - Não me daria maior prazer meu pai, quando eu assim disse sem nem mesmo esperar que me fechasse a boca, seria muito bom se pudesse ter na nossa fazenda Pedra Azul alguns animais preciosos como estes, parece algodão de tão brancos e uma

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