Dois poemas e o continho, por amor!
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Dois poemas e o continho, por amor! - Carlos Hiran Goes de Souza
Copyright © 2022 by Carlos Hiran Goes de Souza
CAPA E PROJETO GRÁFICO DE MIOLO
Sérgio Campante
FOTO DO AUTOR
Natasha Bretas
DIAGRAMAÇÃO
FA Studio
E-BOOK
Marcelo Morais
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:
1. Contos : Literatura brasileira B869.3
2. Poesia : Literatura brasileira B869.1
Vera Lucia de Jesus Ribeiro - Bibliotecária - CRB 9861/8
Todos os livros da Editora Eldorado estão em conformidade com
o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Todos os direitos desta edição reservados à
EDITORA ELDORADO LTDA.
Rua Santa Clara 50/1111 – Copacabana
Rio de Janeiro – 22041-012
Tel/Fax: (21) 3208-8777
Dedicatória
À
Marília Janott (Lila)
e
Lúcia Leite Pinto
Clones das minhas irmãs Maria de Lourdes e Maria Augusta, que amo tal e qual.
Sumário
Prefácio
A saideira da tertúlia
Nascentes
Na dúvida, dou-te um pássaro
Vaza, Tempo
Axé
Ensaio sobre os sem noção
Na sacada de um torto olhar
Ato de contrição
Chorei bagarai
O feio e o belo na vitrina da vida
Aconteceu
A verdade na mentira
Entrega a Deus
Vida boa de Barra de São João
O cavaquinho falante do Wandinho
Beijar é humano
O balé
Pode ser
A obra e o autor
O beijo da mulher estranha
Magia em noite de lua
Pouco pavio
Perdidos e achados
Cândida poesia
Brota à vista d'olhos
O Sol de Lara
O som de Yuri
Santo e santuário
As cuecas cheirosas da Lila
Aprendiz a cada dia
Mar de óleo
Eu não tu
Rosa do meu riso
Cambono bom
O mágico no Castelo Branco
Não sei o que não é um bom dia
O que está acontecendo?
Infarto agudo
Cabelos brancos
Viaggio a bordo do Curió
Vivo, num casco de tartaruga
O festival gueledé
Andando nas nuvens
Está bom assim
Nuvem cheia é quase o Sol
O meu lugar
Parte um – O Dragão do Mar
Esquece isso
Sinal de pedestre
Devo não nego
Na utopia sem bússola
O meu lugar
Parte dois – O Super-Homem
Viver de você
Cinco gestos de admiração
Mais união
O arco-íris
Onde Judas perdeu as botas
O dia em que eu fiquei surdo
Próxima estação: Felicidade
Apelido
Vidas importam além do achar
O Grimorium Obscurus
Quem tem não pede mais
Não entendo
O sol da meia-noite
Isolamento literal
Só os fracos lamentam
Privilégio dos felizes
Rabisco
Não vingou
Com limites
Quando o mal parece o bem
Calabouço
Vida donzela
Visão dupla
Linda
A velha africana
Cegueira transitória
Gran finale
Nota: Os contos estão assinalados em negrito.
Prefácio
Dois poemas e o continho, por amor!
é mais uma ousadia literária de Carlos Hiran Goes de Souza.
Esse caboclo amazonense, que sempre nos tirou da rede com seus romances, se embrenhou pela composição poética e desenhou essa adorável paisagem onde a poesia flerta entre narrativas de viés cômico e os mais sérios temas, embutidos em 14 contos. E o que nos chama a atenção são as homenagens que o autor, implícita e explicitamente, presta no percurso da leitura, a começar pela coletânea Ebulição da escrivatura – treze poetas impossíveis, publicada, no fim dos anos 70, por treze jovens que brigavam para ter sua arte reconhecida num período marcado pela ditadura militar. Ler as citações a Salgado Maranhão, Gil Sevalho, dentre outros, logo no primeiro conto dialogado entre dois poetas e um garçom erudito, chamado Casimiro (de Abreu), é uma demonstração sublime do quanto esse manauara invadiu o universo lírico que nos rodeia a vida e a nossa própria história vivida com esses personagens.
Carlos Hiran tem também a característica de instigador da memória na sua forma de escrita. Em páginas mais à frente, o autor volta ao tema ditadura com outra roupagem pautada em fatos reais acontecidos no Portugal salazarista. No conto O balé, ele inverte a abordagem inicial subliminar e nos remete à reflexão de uma passagem chocante e triste que abalou a História portuguesa, mostrando sua vivacidade em surpreender o leitor.
Por outras páginas da sua prosa, ele nos faz rir, dissertando sobre a teoria dos mundulunáticos e a explicação genética do povo sem noção e suas mentes criativas durante o congresso da Academia Nacional de Ciências do Absurdo. E repete a dose de sua verve cômica em, pelo menos, três outros contos – O meu lugar (1 e 2) e As cuecas cheirosas da Lila –, onde passeia solenemente nas nuvens e brinca com personagens engraçadíssimos, colocados num campo mágico, bem na fronteira do realismo fantástico.
Por outro lado, cabe destacar os poemas escolhidos para essa coletânea. Grande parte deles tem, na assinatura do autor, uma dedicatória entre os versos, como é o caso de O cavaquinho falante do Wandinho
, em que o músico, maestro e arranjador, Wanderson Martins, é o grande homenageado. E por aí vai esse livro, mesclando prosa e verso e alternando momentos de leitura marcantes.
No final, na mesma linha do autor, louvei Bragi, o deus mitológico da era viking, patrono dos poetas, dos menestréis e dos músicos, e mordi a isca do carinho para escrever esse prefácio. Dessa forma, tornei-me cúmplice dessa ousadia admirável do meu irmão de sangue e letras. Por isso, começo aqui a pedir a saideira com esse caboclo bom, vencedor de demandas, cambono dos seus personagens, crente do santo forte, que, nas horas vagas, doa pássaros, certo de que o sonho infindo precisa de asas.
Mais um, e o continho, por amor!
Lão Goes
Poeta, compositor e irmão
A saideira da
tertúlia
O garçom nascido e criado em Barra de São João, no Rio de Janeiro, diante da irmandade a entrar em ebulição, pediu discretamente uma licença poética e seguiu com seu trabalho. Voltou a circular pelo salão, onde, no centro, um palco redondo de trinta centímetros de altura e dois metros de diâmetro, circundado pelas mesas, servia para o brilho dos recitais daquela quase noite.