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Zaranza
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E-book86 páginas1 hora

Zaranza

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Sobre este e-book

"Tem tanta coisa na vida que é um quase". Frase de um dos contos de Zaranza, e que também poderia servir para sintetizar o próprio livro. Nestes contos de amores impossíveis, de solidão e de desencontros, tanto seus personagens quanto as coisas ao seu redor estão em permanente estado de "quase". Os relacionamentos quase dão certo, as coisas são quase dramáticas, quase triviais. Apesar das dores, não há drama nessa linguagem que é, ao mesmo tempo, infantil e ferina, de tão lúcida. O leitor sente vontade de rir de certo desajeito constante, mas também percebe uma lágrima quase caindo, de tanto que as pequenas trivialidades parecem se cercar de melancolia.
Instruções para matar pernilongos se misturam à descrição de um abandono que, se de início soa como uma condenação, talvez possa ter sido uma bênção. O início de um amor pode ser como um chute na porta com o mindinho do pé. Já seu fim se aproxima de uma receita de risoto (com shoyu). Tocar violino para surdos pode ser o retrato da mais pura solidão ou de um afeto ainda não experimentado. O vazio de uma morte se parece com uma praia de biscoito de polvilho sem mar.

A forma como Rita conjuga o mínimo com o máximo, desde o mais banal ao mais profundo, faz com que ambos se transformem em seu oposto, o banal se tornando denso e o dolorido se tornando suportável.

O leitor fica em constante deslocamento de expectativas, ao passo que vai imperceptivelmente caindo de amores por essas mulheres frágeis e fortes, que sabem enfrentar os desarranjos da vida de forma sempre criativa e quase engraçada. São mulheres que, sobretudo, riem de si mesmas, fazendo por isso com que o leitor também aprenda a pensar em suas próprias dores e sorrir.

"Salário, pipoca média, férias, meias brancas, fim de semana, marcadores de livros: muita coisa que parece muita, mas na verdade é pouca". Uma verdade praticamente absoluta que, se fala de detalhes, fala também, e obliquamente, sobre a paixão. Quase uma filosofia calcada na experiência e que, literariamente, provoca o sabor de uma concretude que esconde reflexões fundas.

Zaranza é aquilo que mostra perturbação ou atordoamento, ou então uma pessoa que mostra falta de bom senso, um doidivanas. Que o leitor se prepare para um livro de contos atordoantes e doídos e que, ao final da leitura, se sinta supreendentemente mais esclarecido e leve, com uma luz que vem não se sabe de onde, nem porquê, mas que é quase a vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de nov. de 2022
ISBN9786588091708
Zaranza

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    Zaranza - Rita de Podestá

    Céu de janelas

    "Neste terraço mediocremente confortável

    Bebemos cerveja e olhamos o mar

    Sabemos que nada nos acontecerá"

    (Privilégio do mar, Carlos Drummond de Andrade)

    Todo fim tem um início. Eu achei que o nosso seria brusco, como um chute na porta com o mindinho do pé, que arranca toda a unha, fica roxo e precisa de um mês para crescer. Hoje sei que terminou no dia em que nos mudamos para esse apartamento, a sala ainda vazia, cabe muita coisa dentro de uma sala vazia, mas depois que enche fica apertada, tantos móveis e a gente imóvel, andar por onde? No dia da mudança, quando você apontou para a varanda, que nem era aberta, janela de vidro, você disse aí está a sua varanda, e eu te corrigi, minha não,

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