Eu queria entrar no trem que já passou...
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Sobre este e-book
Qual é a melhor estação para descer e conviver com a escolha?
Cada capítulo pode representar uma estação ou todas podem ser uma só, no entanto o que nos marcará não é para onde vamos, mas como vamos.
Em um ciclo de diversas histórias, Alex de França Aleluia nos convida a entrar em um trem invisível e que o único caminho é para o nosso coração.
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Eu queria entrar no trem que já passou... - Alex de França Aleluia
Alex de França Aleluia
Eu queria entrar no trem que já passou...
Título original em Português: Eu queria entrar no trem que já passou...
Copyright © 2022 by Alex de França Aleluia
Todos os direitos reservados: proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo eletrônico, especialmente por sistemas gráficos. A violação dos Direitos do Autor é crime, mediante a Lei dos Direitos Autorais 9.610/98.
Diretor Editorial: Peterson Magalhães
Editora-chefe: Chris Donizete
Publisher: Katarina Ferrer
Projeto Gráfico: Cris Spezzaferro
Revisão: Mariana Rocha
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Elaborado por Odilio Hilario Moreira Junior - CRB-8/9949
Índice para catálogo sistemático:
1. Literatura brasileira: Contos 869.8992301
2. Literatura brasileira: Contos 821.134.3(81)-34
Soul Editora
Rua Conceição da Barra, 67
Jardim São Paulo - Sede própria
CEP: 02039-030
originais@souleditora.com.br
www.souleditora.com.br
Sumário
Carta ao leitor
O espelhinho quebrado
Eu queria entrar no trem que já passou
O caderno do Timão
Uma dessas noites
Turismo na Coreia Central
A invasão das baratas
O interior do Jeca Tatu
Minha casa jamais será vermelha
O menino sem bola
Ela se foi
O homem que sabia falar com Deus
Não faça nada por impulso
Dedico esta obra aos meus afilhados.
Carta ao leitor
Escrever contos não era a minha melhor qualidade. Sempre gostei de romances psicológicos e de livros que contemplassem várias páginas em uma única temática. Este livro foi um desafio e um divisor de águas. Neste ano, dificilmente conseguirei terminar projetos de histórias que precisem de mais páginas para uma reflexão. Foi quando escrevi o primeiro conto — O espelhinho quebrado —, que me deu uma ferramenta inicial para desbravar e extrair de dentro de mim as melhores histórias curtas e com bagagem reflexiva.
Escrever crônicas foi o início para entrar em alguns veículos e, desde 2009, escrevia, para alguns jornais, crônicas do dia a dia, que foram publicadas em diversos meios. Aproveitei e trouxe alguns projetos de contos que tentei escrever, raramente, em anos bem anteriores. Portanto, você perceberá diferenças nas escritas. Desculpem-me por isso.
Falar do dia a dia era preciso, mas filtrar diversos olhares em poucas palavras é um desafio que me rendeu dores de cabeça e nos dedos. Porém, acho que consegui fazer não uma obra-prima, digna de gerações, mas uma reflexão digna da sua vida.
Obrigado,
Alex de França Aleluia
O espelhinho quebrado
- Não quero lhe falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos, quero lhe contar como eu vivi e tudo que aconteceu comigo" — cantava a jovem Marli, que pegava todos os dias o mesmo trajeto para ir ao trabalho.
Fazia tudo o que lhe pediam. Trabalhava em uma casa de família no Jardim Maringá, região nobre de Sinop. Seu trajeto era feito por um ônibus sujo e sem segurança nenhuma, mas isso não a incomodava. Levantava-se sempre às 4h da manhã e dava banho em sua mãe, deixando-a pronta para também passar o dia.
A casa simples, construída em um dos bairros mais afastados do centro da cidade, ruas ainda sem asfalto e iluminação precária que davam o arremate do esquecimento do poder público. Era assim todos os dias na vida de Marli. Acordava cedo, cuidava de sua mãe paraplégica e organizava a casa. Às 6h da manhã, pegava o primeiro ônibus com destino à rodoviária municipal e de lá fazia a transição para o outro lado da cidade.
A música de Elis Regina era seu passatempo. Escutá-la trazia paz e uma angústia profunda em sua real situação, mas tinha em mente que quem canta espanta os pensamentos ruins. Ao entrar no ônibus, sempre se dirige ao mesmo banco, o do lado do motorista, à frente da porta de descida. A música vai abrindo caminho para um olhar distante de uma paisagem comum. O chacoalho do ônibus ajudava em sua dança discreta no banco. Ela acompanhava atentamente os carros que passavam por ela. A cada carro, pessoas diferentes e uma nova história surgia em sua mente, sempre mostrando uma família feliz e sem problemas. Era realmente um conto de fadas.
Marli gostava, particularmente, de um carro que sempre ultrapassava o ônibus no mesmo horário e no mesmo lugar. Era um carro grande, não sabia decifrar qual marca, mas era preto e sempre