Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Foi Assim
Foi Assim
Foi Assim
E-book91 páginas1 hora

Foi Assim

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

A vida de amigos, especialmente quatro, em paralelo com a política, no período de março de 1985 a dezembro de 2022.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jan. de 2023
ISBN9781526071910
Foi Assim

Relacionado a Foi Assim

Ebooks relacionados

Ficção cristã para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Foi Assim

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Foi Assim - Mauro Morro Branco

    FOI ASSIM........... 

    Olhando pra trás, talvez pudesse dizer que tudo poderia ter sido diferente, que se cada um de nós tivesse feito desse ou daquele modo o resultado poderia ter sido outro e aquilo que agora lembramos com tristeza, pudesse, hoje, ser motivo de alegria. Talvez sim, talvez não. Por outro lado, as coisas boas que aconteceram talvez não tivessem ocorrido nem alegrias teriam sido vividas. Não há por que se lamentar pelos sonhos não concretizados, amores não vividos e objetivos não alcançados. Se tudo poderia ter sido melhor já não importa mais, a não ser relembrar, as vezes com pesar, as vezes com alegria, quase sempre com nostalgia, os momentos vividos no passado. Se foi belo ou feio, justo ou injusto, nobre ou indigno não sei, sei apenas que foi assim........

    TEMPO DE ESPERANÇA

    Ao longo de nossas vidas, fazemos amizades, algumas se desfazem com o passar do tempo, outras permanecem por toda nossa existência. As páginas a seguir relatam amigos que se conheceram desde a infância e outros que se somaram aos já existentes, todos com importância na nossa própria história de vida. As vezes não nos lembramos nem do que aconteceu no mês passado. O que nunca sai da nossa memória são aquelas experiências vividas que ficaram marcadas no tempo e de alguma forma modificaram nossa trajetória e alteraram, as vezes positivamente, as vezes não, o que nos tornamos.

    No presente caso são retratados momentos importantes da vida de quatro amigos, Fred, Giba, Jeferson e Jonas, amigos de infância e outros que se conheceram com o passar dos anos.

    ***

    Era uma manhã ensolarada, de março de 1985. O dia estava bonito e agradável. Itagiba pedalava tranquilamente sua bicicleta de 10 marchas e subia do eixo de baixo em direção à W3 sul. Tudo estava calmo e tranquilo (Brasília àquela época ainda tinha um trânsito sem engarrafamentos). Ao passar em frente ao Hospital de Base lembrou da capa do jornal Correio Brasiliense que vira dias atrás e da foto do futuro presidente do Brasil ao lado de dona Risoleta, sua mulher. Tancredo havia passado mal às vésperas da posse, fora operado e estava restabelecendo a saúde.

    Itagiba acenou em direção ao hospital, desejando muita saúde ao novo presidente. Depois de anos de ditadura teríamos um presidente civil. Ainda que ele não fosse eleito diretamente, havia muita esperança de que logo as eleições fossem livres e diretas, ao invés de eleição via colégio eleitoral. No início daquele ano, o então deputado Ulysses Guimarães havia entregado a Tancredo o documento denominado de Nova República, que previa eleições diretas em todos os níveis, educação gratuita, saúde universalizada, entre outros avanços. 

    Tancredo firmou com os brasileiros, que foram às ruas lutar pelas eleições diretas, o compromisso de virar a página da história do Brasil, colocando fim ao ciclo comandado pelos militares. Tancredo Neves conquistou os brasileiros de Norte a Sul e deu ao país perspectivas de uma pátria livre. Com a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, prometeu banir o chamado entulho autoritário. Com esperança e ânimos redobrados, os brasileiros aguardavam ansiosos a chegada do dia 15 de março de 1985, quando Tancredo Neves assumiria os destinos do Brasil e os militares voltariam para as casernas. 

    A súbita doença (diverticulite) do presidente eleito indiretamente, às vésperas de sua posse, havia deixado a Nação Brasileira apreensiva, mas todos achavam que ele sairia bem daquele contratempo. Itagiba estava feliz com a recuperação do Tancredo, mas, achou que alguma coisa naquela foto estampada no jornal estava fora do lugar. O sorriso do Tancredo parecia forçado, sem vontade. Um sorriso amarelo, como se costuma dizer, quase adivinhando o destino cruel. Devia ser só resultado da convalescença, pensou. 

    Seguiu em frente em direção à 11 sul, onde a turma ia se reunir para bater uma bola. A turma da pelada já estava reunida e o quorum para a peleja era suficiente. Tinha peladeiro o bastante para fazer o time de fora, naquele velho esquema de 10 ou 2 (10 minutos ou dois gols) para entrada do próximo time. Pedrão, Carlinhos, Jonas e a turma antiga da Unb também estavam chegando. O time do Giba ganhou 2 seguidas e depois perdeu. Ao final, todos se cumprimentaram e saíram para tomar uma gelada, como de costume. Outros, tiveram que ir embora pois tinham compromissos. Giba também não ficou porque naquela noite encontraria velhos amigos de faculdade que fazia tempos não se encontravam. Tinha que se guardar para aquela noite porque, com certeza, ia jogar muita conversa fora, se alegrar e tomar umas e outras. 

    ***

    Em outra parte da cidade, Jéferson se acomodava prazerosamente em uma espreguiçadeira. O dia estava excelente para relaxar à beira da piscina, afinal, era necessário espairecer, dar um alívio pra cabeça. Nas últimas semanas a carga de horas de estudo tinha sido exaustiva. A admissão em renomada Universidade dos EUA estava quase certa, faltando apenas fazer o curso obrigatório de proficiência em língua inglesa, antes de ser admitido naquela excelente faculdade norte americana. 

    Em poucas semanas estaria lá. Jéferson até gostaria de encontrar a antiga turma e bater uma bola, mas achou que seria melhor relaxar para mais tarde chegar inteiro para rever os amigos à noite, saber as novidades e com certeza, conversar sobre vários assuntos, e claro, a situação política. Esses debates eram bons e mesmo gerando divergências, fruto da visão ideológica de cada um, também resultavam em consensos, que naquele momento era a certeza de que Tancredo deveria tomar posse para que o processo de redemocratização não fosse interrompido. 

    O jovem médico estava ansioso para viver outra realidade que não a do nosso país. Gostava de ser brasileiro e via ótimas qualidades em nosso povo, acreditando que nosso país teria um futuro melhor, apesar de toda a pobreza, desigualdade e da qualidade de nossos políticos. Quem sabe a nova República que estava nascendo, finalmente concretizasse o sonho de ser uma nação com o nível de civilização das nações do 1º mundo. Tínhamos tudo pra isso: um grande território com riquezas naturais em quantidade maior que qualquer outra na terra, sem terremotos, maremotos, desertos, tufões, etc. Faltava ainda educação para o povo, mas, isso, com uma ação governamental eficiente poderia trazer bons resultados em uma ou duas gerações, pensava. De qualquer maneira, passar alguns anos fora seria de grande aprendizado, não só acadêmico como também, de vida. As perspectivas pessoais eram ótimas e ele estava feliz consigo mesmo por tudo que tinha realizado até aquele momento.

    *** 

    Jonas acordara quase uma da tarde naquele dia ensolarado. A noite passada tinha sido de arromba. Começara com uma festa no setor de mansões do lago norte. Rolou de tudo. Muito som

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1