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Beijos Esquecidos: Beijos, #1
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Beijos Esquecidos: Beijos, #1
E-book217 páginas3 horas

Beijos Esquecidos: Beijos, #1

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Sobre este e-book

Quando a vida nos mostra que temos histórias inacabadas para resolver, a única solução é fecharmos os olhos e seguir o coração. Tal é o que Inês aceita fazer quando encontra João, novamente, sem perceber que viver o passado no presente significaria mudar o seu futuro para sempre.

 

Inês sentia-se presa a uma existência sem sentido, tentando entender como a sua vida resultara nisso. Um divórcio, uma criança para cuidar sozinha e um péssimo emprego. A sua vitalidade, a sua força e a sua autoconfiança tinham sido deixadas para trás, perdera-as. Encontrar João, novamente, depois de tantos anos, permitia-lhe reviver todas as sensações dos tempos de faculdade, quando vivia livremente, sem pensar nas consequências das suas ações. Mas havia consequências, a vida já lhe tinha mostrado que sim. E ela, simplesmente, decidiu pensar que não. 

IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de mai. de 2021
ISBN9798201989453
Beijos Esquecidos: Beijos, #1

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    Beijos Esquecidos - Lia Castro

    Volume I: Beijos Esquecidos

    Autora : Lia Castro

    Sinopse

    Quando a vida nos mostra que temos histórias inacabadas para resolver, a única solução é fecharmos os olhos e seguir o coração. Tal é o que Inês aceita fazer quando encontra João, novamente, sem perceber que viver o passado no presente significaria mudar o seu futuro para sempre.

    Inês sentia-se presa a uma existência sem sentido, tentando entender como a sua vida resultara nisso. Um divórcio, uma criança para cuidar sozinha e um péssimo emprego. A sua vitalidade, a sua força e a sua autoconfiança tinham sido deixadas para trás, perdera-as. Encontrar João, novamente, depois de tantos anos, permitia-lhe reviver todas as sensações dos tempos de faculdade, quando vivia livremente, sem pensar nas consequências das suas ações. Mas havia consequências, a vida já lhe tinha mostrado que sim. E ela, simplesmente, decidiu pensar que não. 

    BEIJOS ESQUECIDOS

    Um romance de Lia Castro

    Capítulo 1 

    Ameia-noite chegou , o sono não. Inês deu mais uma volta na cama, olhou para os números vermelhos do relógio digital que brilhavam no escuro. Era dia 28 de Maio. Mais um aniversário! Quem diria?! Fazia 32 anos e não queria celebrar aniversários, essas datas tão especiais. Não queria celebrar pelo menos a sua, porque a de Pedro celebraria sempre. 

    Pedro dormia há umas 3 horas, já. Estava bastante cansado. O andebol drenava-lhe a energia e, a bem da verdade, ainda bem. Dez anos de energia e de vontade de levar tudo à frente eram muito difíceis de aguentar. Mas era bom miúdo, muito bom miúdo. Bom aluno, sem ser brilhante, mas isso não incomodava Inês. Não queria que Pedro fosse excecional em nada, que se destacasse, que fosse muito reconhecido. Ser assim era sinónimo de problemas, pelo menos para ela, sempre foi o que significou. 

    A vida é estranha e é rápida, pensou. Num instante temos 18 anos e estamos a entrar na faculdade e no outro tudo muda. A vida engole-nos como areias movediças e só se pensa no fôlego que precisamos para continuar a lutar, para ficar à tona. 

    Ela levantou-se no escuro. O quarto era pequeno, mas era organizado. A qualidade não era dela. A vida obrigou-a a ser organizada. Vou beber água, decidiu... Devia ter, em casa, comprimidos para dormir., pensou. Ela não queria lembrar-se de que era o seu aniversário. 

    A cabeça dela costumava dar muitas voltas com milhares de pensamentos, mas o mais comum era inquietante e incomodativo... como é que acabei assim?, 32 anos e uma vida que parecia não ter sentido... Duas chapadas mentais e o pensamento avançava para o Pedro. Tenho o Pedro, o Pedro é o meu objetivo

    Sim, aguentar o trabalho que tinha era só por ele. Aguentar a sensação de ser insuficiente era só por ele. Já tinha pensado em emigrar. Toda a gente dizia que se ganhava mais dinheiro lá fora, mas ela não conseguia pensar nisso. E o Pedro?... Ela sentia falta dos pais, mas fazer o quê? Voltar para a vila? Isso seria impossível. Para toda aquela gente, ela era uma «doutora na cidade». Já tinham passado demasiados anos. Era crença generalizada que, apesar da gravidez precoce, o marido tinha conseguido dar-lhe uma boa vida... 

    O marido... que anedota! Nem sabia onde o Luís andava. Bendito divórcio! A vida não era fácil, não..., mas muito melhor assim. Para ela e para Pedro. O Luís não mudaria nunca! Ficara preso no passado, nos 21 anos, na guitarra e no haxixe. Tinha sido, claramente, um erro. Nem sabia dele, o seu filho não tinha, sequer, referência do pai... a última vez que ligou, disse-lhe que estava em Amesterdão e tinha feito um bom dinheiro, tinha transferido dinheiro para o filho, 500 euros ... sim, era bom dinheiro..., mas o único que ela tinha visto e isto acontecera já cinco anos após o divórcio... Ela, contudo, preferia assim. A família do Luís era estranha, complicada e nunca lhe tinham facilitado a vida... por isso, era bem melhor assim, reconhecia... todos longe. 

    A estupidez daquele casamento! A memória surgiu-lhe no pensamento, quando abriu o frigorífico para tirar água fresca. Eram colegas de faculdade, mas a poucas aulas iam. O Luís era o tipo mais fixe daquela faculdade e o mundo era grande demais para gastarem tempo... viviam a ilusão de que a juventude durava uma eternidade e que o dinheiro dos pais dava para tudo. Quer dizer... no caso do Luís até dava. Viajaram imenso. O sonho do Luís era ser músico, o dela, ela nem sabia bem qual era. Ela só queria emoção e sentir que viveu a vida. Correram a Europa de comboio, de avião e Portugal de Norte a Sul. 

    A gravidez. Quando a gravidez surgiu ela ficou confusa.... Inicialmente, considerou o aborto, era muito nova, 22 anos, sem ter terminado a faculdade, abortar era uma opção. Ela frequentava o curso de História. Gostaria de ter sido professora, se calhar nunca o teria sido, o mercado não era fácil, mas... ela tinha ficado, sempre, com a sensação ingrata do «E se...». Mas Luís convenceu-a de que deveriam casar, deveriam estar sempre juntos, criar o filho de ambos... afinal, amavam-se tanto, muito... deveriam ficar juntos... para sempre! Depois aconteceu um pedido de casamento de arrebatar... lembrou-se de Budapeste... a ilusão do amor eterno... um vírus para o qual já estava bem vacinada!

    Ora, a noite estava ali e ela tinha de a enfrentar. Facto! Não queria ligar a TV, pegou no telemóvel. Sentou-se no pequeno sofá da sua pequena sala. Talvez nas redes conseguisse distrair-se. Rolou o feed, tudo sem interesse. Viu uns quantos posts, sorriu ao ver uns vídeos de bebés e leu um artigo sobre tendências de moda, ela gostava, mas não conseguia seguir nenhuma, pensou, ironicamente. 

    Quando ia a desistir do telemóvel, o feed do Facebook atualizou e ela viu um post de uma amiga dos tempos de adolescente, dos tempos de Chaves.

    Era a Vitória... nem se lembrava de ser amiga dela no Facebook. Teve curiosidade, leu: Quando a vida te chuta para um canto e esse canto é Nova Iorque, mais vale enfrentares a realidade e conquistar o mundo. Um esgar... as frases legenda, como ela costumava dizer, com certa graça. A foto que acompanhava aquela frase mostrava Vitória numa rua de Nova Iorque, vestida com uma roupa trendy, óculos de sol num rosto bastante maquilhado, segurava um copo de café da Starbucks. Inês levantou uma sobrancelha, desenhando um pouco... Tão clichê!, pensou. Perguntou-se o que ela faria em Nova Iorque. Vitória tinha feito o ensino secundário com ela e, tanto quanto sabia, tinha-se tornado cabeleireira. Nunca tinha demonstrado vontade de avançar para um curso superior, as suas preocupações foram sempre mais ligadas à roupa que vestia, ao corte de cabelo, aos produtos de maquilhagem. 

    Inês acedeu ao perfil dela e percebeu... ela era maquilhadora em Nova Iorque. Por algumas das fotos que espreitou, percebia-se que circulava num ambiente ligado com moda, talvez... Inês suspirou... toda a gente parecia levar uma vida bem mais emocionante do que a dela. 

    Quando ia retornar ao seu mural, notou um comentário numa das fotos e que fez o seu coração palpitar... João Rodrigues dizia: sabes que és linda por dentro e por fora, minha força da natureza. Inês arregalou os olhos um pouco surpresa. A frase era muito brega... Mas João Rodrigues? Olhou a foto associada ao comentário com mais detalhe...e parecia-lhe reconhecê-lo, mas... relacionado com a Vitória? Clicou para aceder ao perfil dele. A foto surgiu no visor do telemóvel dela e ela constatou que era ele, sim! O João Rodrigues. O João de Sociologia ... o Dr. Cromo como ela e as amigas lhe chamavam... Como estava diferente! O João que era moreno e sempre fora muito alto. O João que, na altura da faculdade, usava uns óculos tão ridículos. 

    Inês recostou-se no sofá e deixou o pensamento fluir, embrenhando-se no passado. Quando ela entrou para História, ele era finalista. Ele achou-lhe logo imensa piada, mal a viu, ela sorriu ao lembrar. Tornara-se amigo dela durante os tempos da Praxe. Na altura, ele já teria uns 25 anos... trabalhava e estudava, tinha perdido um ou outro ano... A verdade? A verdade é que ela também sentira algo por ele. Se lhe achara piada? Sim, achara, achara piada, curiosidade, atração..., mas ele era tão cromo naquela altura... usava aqueles óculos estranhos, tinha umas sobrancelhas tão grossas e vestia-se de uma forma tão esquisita. Ela lembrava-se bem como as amigas dela se riam dele, quando ele se aproximava para poderem falar um pouco. 

    E ela adorava falar com ele, era a realidade! Ele era tão inteligente e objetivo, tinha um discurso tão fluído e direto! Ficavam horas a conversar e, muitas das vezes, no quarto onde ele morava. Ela conseguia ver um pouco mais além da imagem estranha que ele tinha. Tinham-se envolvido. Ela sorriu ao lembrar-se. Ele era criativo, oh se era.... Riu-se: a relação que viveram fora muito sexual e discretíssima. 

    Nunca as amigas dela desconfiaram... bom, mais ou menos... ela nunca o confessou a ninguém, a não ser à Carla. Sim, e ela sempre lhe atazanou o juízo por isso. Se na altura tinha vergonha dele? Sim, tinha... A personalidade dela, na altura, era diferente.  Ela gostava de dar nas vistas, ela era bonita e sabia disso, conseguia atrair a atenção da malta mais porreira da faculdade e o João não fazia parte dessa malta, da malta que saía à noite, que tocava em bandas, que conseguia uns charros, ele era diferente, bem mais calmo do que ela, outro pensamento... E depois ela conheceu o Luís. Luís era um menino de bem, mas rebelde, com uma aura engraçada, tinha pinta de artista, "a free soul", ela riu-se. 

    Inês abanou a cabeça e pensou... Já chega... tenho de dormir. Na manhã seguinte, Pedro tinha aulas e ela teria pouco tempo para chegar ao emprego. Call center... pá!... era o que havia... tinha de ser.

    Entrou no quarto, deitou-se, fixou o teto e o pensamento que a invadiu foi um dos muitos momentos com João. Virou-se de lado... que estranho... era algo que, atualmente, ela recordava muito pouco... ele tinha ficado lá atrás. Talvez porque não fora nada agradável quando soube da gravidez dela. A cena da última conversa que tiveram surgiu-lhe na mente, horrível... depois nunca mais, nunca mais o vira... nunca mais se viram.... Suspirou... Mas vê-lo agora, com o cabelo bem aparado, uma sombra de barba, as sobrancelhas controladas, uns óculos bem escolhidos... huuum... estava bem sexy... e como? Como é que ele havia conhecido a Vitória? 

    O relógio continuava a contar o tempo e o pensamento de Inês tentava fazer correspondências hipotéticas para perceber como era possível João conhecer Vitória. Só se... e se?... não!... teria sido?

    E neste jogo de adivinhações adormeceu.

    Capítulo 2 

    Odespertador impiedoso tocou às 7h30 da manhã. Inês demorou a acordar... caramba... tinha dormido umas quatro horas se tanto... era injusto. Ela deveria ter tirado o dia de folga, mas, exatamente, por ser o seu aniversário preferiu ir trabalhar.

    Levantou-se, ainda contrariada, e foi para o banho. Deu dois toques na porta do quarto de Pedro. Pedro... são 7h30!, chamou. O ritual era sempre aquele, Pedro tinha de acordar aos poucos, senão ficava muito rabugento. Depois de sair do banho, mais dois toques na porta do quarto do filho. Foi-se vestir. Era fim de maio e o tempo mostrava que em Portugal se caminhava para o Verão. Optou por um macacão de um tecido verde, leve e fresco, mais confortável do que elegante e que permitia calçar umas sapatilhas. Não dava para usar outra coisa para caminhar nas ruas do Porto. Olhou para o espelho e observou-se, o cabelo castanho e escorrido, os olhos verdes um pouco baços, a pele branca... Preciso de sol... estou tão pálida que pareço doente! e depois o mesmo pensamento de sempre... e de perder peso, preciso de perder peso... pegou num casaco preto e na carteira e levou as coisas para o sofá que ficava perto da porta.  

    O apartamento ficava numa zona antiga do Porto, tinha uma casa de banho e dois quartos. A senhoria tinha aberto a parede que separava a cozinha da sala, por serem divisões pequenas, e a porta da rua dava diretamente para a sala. Tinha um terraço espaçoso, embora fosse um primeiro andar. Ela gostava de morar ali. Na verdade, aquele apartamento, tinha tudo para ser um alojamento local perfeito para turistas, mas a senhoria era a própria Carla, a sua melhor amiga. Aquele apartamento, ela tinha-o herdado de uma tia que falecera bem velhinha e de quem a Carla e a mãe cuidaram sempre. Aliás, muitas vezes, Inês tinha ido, ali mesmo, àquele apartamento com ela levar comida e medicamentos à tia, enquanto estudavam.  

    A Carla era do Porto e estudara no Porto, Inês não, Inês era de uma vila perto de Chaves. Tinha vindo estudar para o Porto e acabara por ficar por ali. Só voltou à terra para ter o filho junto dos pais. Preferiu assim, porque o Luís não lhe dava a sensação de segurança de que ela precisava, muito menos a família dele. Quando Inês resolveu morar sozinha com o filho, no Porto, Carla sugeriu aquela casa. Foi uma sorte aquela oportunidade, pois, caso contrário, Inês teria sido forçada a permanecer na casa dos pais e isso, naquela altura, era a última coisa que ela queria fazer. Precisava de independência, ansiava por ela.

    Voltou ao quarto para ir buscar o telemóvel e abriu a porta do quarto de Pedro. Anda, vamos lá, filho. A roupa está aí em cima. Hoje tens Educação Física. Inês sabia que isso o deixava entusiasmado e, sim, ele levantou-se num ápice e correu para a casa de banho. Ela sorriu, enquanto preparava o pequeno-almoço. 

    Rapidamente saíram de casa e ela deixou-o na escola. Ele estava a terminar o 5.º ano. A adaptação ao novo ambiente, mais formal e agitado depois da primária, fora um pouco complicado, mas agora ele estava bem integrado e tudo corria bem. 

    Ela deu-lhe um beijo rápido na bochecha, o beijo possível, porque ele já corria para entrar e ficou a vê-lo desaparecer pelo portão dentro, até entrar no edifício principal da escola. Estava grande ele, crescido... já tinham passado dez anos... longos dez anos... Mesmo imersa naqueles pensamentos, não conseguiu deixar de ouvir a conversa ao telefone de uma outra mãe que se aproximou do portão com o filho. Estava a marcar hora na manicure para arranjar as unhas de gel, porque duas tinham partido e estava aborrecida, tinha um evento da empresa e não podia ir assim... Inês foi-se afastando e olhou para as próprias mãos. Arranjar as unhas... era uma boa prenda de aniversário... se calhar uma indulgência destas era possível e realmente precisava...

    O seu telemóvel tocou. Era Carla. 

    Menina, bom dia e parabéns! a voz rápida e animada disse do outro lado. Logo jantas aqui, já sabes, não já?

    Carla, em primeiro lugar, obrigada e, em segundo, tu sabes que não quero festejar nada. Ela disse com

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