33 crônicas de um psicanalista

De Ben Franz

"As crônicas de Ben Franz transmitem insights importantes no domínio da psicanálise.
Abordam temas significativos da natureza humana sobre relacionamentos afetivos, inteligência emocional, preconceitos, traumas psicológicos, ciúmes, entre outros.
Seu estilo literário é claro e atraente. O conteúdo, rico e esclarecedor. Ben Franz mostrou comprovada aptidão na arte de escrever. Decerto causará aos leitores um impacto tanto positivo quanto útil, devido à percepção aguçada do autor e ao poder de criatividade e sensibilidade no trato de temas, muitas vezes, delicados". Maria de Lourdes Maia Gonçalves Presidente da Academia Itajubense de Letras

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 20 de fev. de 2023
• ISBN: 9786525440453

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1. Quem sou eu?

Sou uma das 7,92 bilhões de pessoas na Terra em fevereiro de 2022. Como todos os indivíduos da espécie humana, sou um narcisista porque gosto primeiramente de mim mesmo. Eu me adoro e quero que todos saibam que eu sou o cara: sou bom, sou inteligente, sou bonito, sou capaz. Eu tudo posso desde que eu acredite em mim e minha autoestima esteja em alta. Depois de mim, em posições subsequentes na classificação da escala da paixão, aparecem minha consorte, meus filhos, meus netos, meu irmão, demais parentes, meus amigos, meus colegas e todas as pessoas cuja trajetória de vida cruze com a minha. A ordem de preferência emocional das pessoas com quem convivo variou nas diversas etapas de minha vida.

Vivo em busca da felicidade. No plano material, desejo possuir bens que me proporcionem conforto e me deem segurança para enfrentar imprevistos da vida. Não preciso cometer nenhum crime ou me corromper para acumular fortuna à custa da sociedade. Orgulho-me de ter uma ficha limpa. No plano espiritual, busco a paz de espírito. Tenho valores morais e éticos que procuro respeitar. Tento não ofender ou prejudicar quem quer que seja.

Existem pessoas que não sabem o que nos acontece após a morte. Incluo-me em outra categoria: a das pessoas que pensam que sabem, mas não têm certeza. Isso molda minhas crenças, que ditam meu comportamento em relação à Religião.

A experiência de 74 anos de vida me tornou mais tolerante, menos beligerante e intransigente. Exerço uma profissão que visa a ajudar pessoas na busca de sua felicidade, na resolução de sua angústia e ansiedade de viver, na compreensão de seu eu interior e no processo da mudança comportamental que ocorre ao longo de nossa jornada na Terra.

Em conclusão: sou uma nanopartícula subatômica no cosmos, mas tenho, como todos nós, uma dimensão espiritual individual imensurável. O que quero é viver a vida na plenitude possível para alcançar a felicidade que almejo.

2. Psicoterapia

Tradicionalmente, a psicoterapia é realizada no modo presencial. Sigmund Freud, o formulador pioneiro da teoria psicanalítica no século 20, estabeleceu a norma recomendada para o ambiente terapêutico: o paciente terapêutico acomodado em um divã (meio sentado, meio deitado) e o psicanalista em uma poltrona posicionada fora do campo visual do paciente.

Esse layout tem a finalidade de o paciente não ver o analista. Diante dos conteúdos mentais verbalizados pelo paciente, evita-se perceber as reações do corpo do analista (linguagem corporal). A intenção é que o paciente não falsifique esses conteúdos e se intimide diante de sua interpretação das reações do analista. A minha experiência como psicanalista é a de que poucos pacientes se sentem confortáveis quando não veem o analista. Por isso, aboli o divã do meu consultório.

Com o advento da internet e especificamente dos aplicativos de áudio e vídeo, que permitem a realização de encontros virtuais de boa qualidade técnica, iniciou-se uma migração do modelo presencial para essa nova modalidade de interação paciente-analista. A pandemia do Coronavírus acelerou e consolidou esse processo.

A terapia virtual tem duas vantagens principais: ela pode ser realizada