Maria Alves: Relatos De Toda Uma Vida

De Maria Alves Da Silva E Rafael Rodrigues Silva

Eu nasci no dia 17 de novembro de 1936, na comunidade da Ilha (Cachoeira), distrito de Marilândia, com a parteira Sinhana do Candinho Alves. Depois mudei para o Mendonça, onde fui criada. Eu sou a primeira filha e tenho 12 irmãos. Mesmo sob a responsabilidade de ser a filha mais velha, eu tive uma infância muito feliz, brinquei muito. Mas, levantava cedo, fazia o café, ajudava a cozinhar, lavar roupa, arrumava a casa, depois ia pra escola. A minha primeira professora chamava Anesia, não aprendi nada nesta escola. Depois, o papai e o Tio Antonio criaram uma escola na Cachoeira. Meu Tio Antonio Alves deu a casa para a escola e o meu pai arrumou a professora, o nome dela era Noemia Dias Cordeiro, e ela ficava em nossa casa. Foi com ela que aprendi a ler. Não me esqueço nunca, descobri que eu sabia ler lendo uma historinha “O Gato de bota”...

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 16 de set. de 2020

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M a r i a A l v e ß

Relatos de toda uma vida

M a r i a A l v e ß

Relatos de toda uma vida

"Quando meus filhos disserem a meus netos o quanto eu os amava e quando meus netos disserem a meus filhos que guardam lembranças minhas e de mim sentem saudade, não terei morrido nunca,

serei eternidade."

(Ronaldo Cunha Lima, poeta paraibano que viveu de 1936 a 2012)

| Dedicatória

Para todas as pessoas que em algum momento da vida cruzaram, aprenderam, riram, viveram ou puderam sentir de alguma forma a grandiosidade da alma de um ser tão evoluído como Maria Alves.

Em especial, à família.

| Um pouco sobre meus Avôs Paternos Na localidade de Cachoeira, distrito de Marilândia, município de Itapecerica, viveu meus avôs paternos: João Alves Vieira e Vitalina Maria do Nascimento. Não conheci meu avô João Alves. Minha avó foi fiel ao meu avô até o fim de sua vida. Era muito religiosa. Ajudava muito a pobreza.

Não gostava que ninguém trabalhasse aos domingos, até o leite que ela tirava aos domingos ela repartia com os pobres.

Fernando.

José Fernando gostava muito de cantar e tocar violão. Vovó Vitalina foi uma boa administradora dos bens deixado pelo vô. Tirava leite, desnatava e vendia o creme, engordava muito porco, vendia o que sobrava, criava muita galinha e colhia muitos ovos. Nunca vi tanta fartura como eu vi na casa de minha avó. Plantava algodão, ela mesma colhia, fiava, mandava tecer, e ela mesma fazia suas roupas: blusas de manga comprida e saias longas cobrindo os pés.

Não havia escola, ela pagou escola só para os filhos homens.

Ela deixou para seus filhos um rico exemplo de fidelidade, amor, fraternidade, amizade, e união dentro da vida familiar.

As irmãs da minha avó paterna que eu conheci: Lourença e Rosa e Antônio Piarra.

Maria Alves, escrito em Março de 2000.

| Um pouco sobre meus Avôs Maternos Na localidade de Cacoco de baixo viveu meus avós maternos: Antônio Juaquim Rodrigues (qui) e Ana Florestina de Jesus.

No tempo de meus avós era muito diferente de hoje.

O pai era autoridade máxima, só ele mandava em tudo. Os filhos homens tinham liberdade