A Fúria Dos Dragões
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A Fúria Dos Dragões - Devair Módolo
Introdução
Houve época, já perdida na nebulosa linha do tempo, num longínquo território onde os limites pareciam não ultrapassar a fronteira do horizonte, em que gigantescos animais habitavam o mundo ao lado dos homens. Eram terras inóspitas ora dominada pelo fogo, ora pelo gelo. Os poderosos homens nórdicos, conhecidos por Jotuns, pois alegavam descender do antigo povo mitológico Jotun, que além de sua grande estatura, possuíam forças sobre-humanas, porém marcados por superstições, crenças em deuses enérgicos a ponto de se tornarem tirânicos, razão pela qual, não raro, faziam oposição a eles. O que realmente predominava naqueles homens não era propriamente seu tamanho físico, mas sim sua determinação e a impetuosidade com que lutavam pela própria sobrevivência.
A vida naquele período em que os principais meios de sobrevivência eram a força bruta e as armas artesanalmente construídas era rústica, violenta e breve. O dia seguinte nunca era uma certeza e o futuro parecia muito longe, improvável ante a precariedade de seus recursos. Batalhas sangrentas aconteciam sem perspectivas de sobrevivência, a menos que se estivesse do lado dos mais fortes.
O intuito não era nada mais além do que preservar o clã familiar. Este era o bem mais precioso e deveria ser preservado a qualquer custo. Razão pela qual, naturalmente, os homens se faziam extremamente agressivos.
Coragem e ousadia se tornavam pré-requisitos imprescindíveis nos confrontos em situações inesperadas e de extrema complexidade. Sobreviver às batalhas, frequentemente impostas, dependia tão somente da capacidade dos homens de se fazerem exímios caçadores e intrépidos guerreiros. Desde muito jovens os varões precisavam aprender a ser parte daquele núcleo de hostilidades infestado por toda sorte de animais selvagens, quer fossem feras aladas, quer fossem rastejantes ou habitantes das águas de profundeza. Cultivar a capacidade de observar os movimentos da terra como as águias, seria muito mais valioso do que se ater as inflexíveis crenças nos deuses que pareciam dormir durante as batalhas. As trilhas abertas ao longo dos tempos eram verdadeiras armadilhas para os caçadores insensatos que se descuidassem de seus próprios passos. Ataques surpresa de ameaçadores inimigos eram certezas presentes em todos os momentos, razão pela qual havia uma boa porção de instinto animal incrustado no seu comportamento e nas maneiras de agir mesmo quanto no usufruto da vida familiar.
Seus rostos eram duros como couraças revestidas de poderes sobrenaturais que preservavam suas vidas intactas, porém os tornavam tão ferozes quanto os mais ferozes dos animais. Valentes desbravadores e ferrenhos lutadores pelas causas de seu povo, flagelados precisavam vencer também as intempéries da natureza e o isolamento de outros povos.
Foi nesse período impreciso da história em que existiram também os gigantes e temidos dragões alados. Essas colossais feras dominavam os céus com suas magníficas asas, muito parecidas com as dos morcegos, porém, muito mais poderosas e de grandes envergaduras. Sua mais devastadora arma consistia na inigualável capacidade de lançar intensas labaredas de fogo pela enorme bocarra. Entretanto, suas poderosíssimas mandíbulas, revestida por dentes afiados, era outro trunfo que os tornavam ainda mais ameaçadores. No seu habitat natural, nas regiões marcadas pelas grandes cordilheiras recobertas de gelo, eram os soberanos. O acesso a tais lugares se tornava difícil, quase impossível ao homem devido os grandes despenhadeiros que os ladeavam e que poderiam ser fatais.
Além desses inimigos, algumas tribos aborígines compostas por selvagens tão ferozes quanto todos os seres viventes daquele mundo de hostilidades, disputavam espaço com os grandes Dragões, contudo houve época em que chegaram ao ponto de reverenciá-los como verdadeiras entidades divinas. Não seria possível chegar aos Dragões sem transpor os limites das terras desses selvagens que praticavam o canibalismo. Razão pela qual, por muito tempo os fantásticos gigantes alados dominaram os céus até os limites da terra sem serem importunados em seu habitat.
Dividir território com tais animais medonhos não era sinônimo de aventura e muito menos de vida regada às emoções. Era uma verdadeira proeza a ser vencida todos os dias, durante toda uma existência. No desenrolar dos sangrentos confrontos, que não eram raros e na maioria das vezes não planejados, muitos tombavam quer de um lado, quer do outro, sem ao menos se darem conta das verdadeiras razões que justificassem tais combates cruéis. Sendo aquele território extremamente acidentado, com predominância de altas cadeias montanhosas e muitos vales e riachos, prevalecia a lei dos mais fortes e, às vezes, a covardia dos mais fracos.
O fato determinante para tais conflitos transcendia qualquer desejo de paz. A simples suspeita de um possível ataque os colocavam em pé de guerra pois tanto um quanto o outro se sentia exposto às mesmas ameaças. A frequente sujeição aos riscos os faziam sérios candidatos a sucumbirem diante deles e por isso, ao menor sinal de perigo, contra-atacavam.
Por outro lado, o medo sempre fora um sentimento repudiado e inaceitável entre os maiorais dos povoados, e isso estabelecia os princípios que regeriam a vida dos jovens prestes a entrar na fase adulta. O medo demonstrava covardia e a covardia significava repudio, isolamento e às vezes até expulsão do convívio com outros aldeões jovens, para não servirem de exemplo.
Porém, em um dado momento da história em que a caça aos dragões se tornara obsessão dos valorosos caçadores, os mais destemidos e experientes homens, também os mais rudes e insensíveis, saíam em grupos com a única finalidade de encontrar os extraordinários animais alados e dizimá-los. Os dragões, por sua vez, viviam em cavernas nas grandes cadeias montanhosas ou em regiões semiáridas e inóspitas onde poderiam isolar-se do contato com humanos e procriar-se sem serem molestados por aventureiros em busca de fama. Os homens, contudo, se faziam cruéis predadores e os perseguiam com incansável obstinação onde quer que se encontrassem e quando os localizavam produziam verdadeiras carnificinas, destruindo o maior número possível de dragões, todavia também sofriam muitas baixas.
Com o passar dos tempos intensificou-se a perseguição aos fantásticos seres alados, e, consequentemente os homens provocaram revolta entre eles. Deixaram de ser defensivos para se tornarem ofensivos e destruidores. Então, os confiantes e insuperáveis homens valorosos sentiram na pele a Fúria dos Dragões.
Capítulo 1
Encontro de Gerações
Pércles levantou os olhos negros para o alto e contemplou aquilo como se fosse uma visão dos céus. Uma visão que já tivera em tempos passados, porém em tamanho menor. Lá estava ele, admirável e imponente. Na entrada da caverna, o jovem e até garboso Dragão expondo seu poderio. Sim, era o mesmo espécime que vira no dia anterior. Ele se apoiava majestoso na borda do precipício como se a qualquer momento fosse lançar-se num mergulho eterno. Na verdade, estava apenas se aquecendo no tímido calor do sol da tarde. Talvez estivesse fazendo a sesta num cochilo tranquilo e preguiçoso.
─ Magnífico! Pena eu ter de destruí-lo em breve ─ um sorriso triste surgiu nos lábios do jovem Pércles, enquanto fitava admirado as dimensões do seu inimigo. Analisava-o profundamente imaginando uma maneira apropriada de vencê-lo sem colocar em risco a vida de seus homens. Antevia uma verdadeira batalha com perspectivas indefinidas quanto ao resultado final. O inconveniente maior estava no fato de que aquele território não era seu domínio, e sim daquela fera e, portanto, um trunfo valioso que ela possuía e que não podia ser desprezado. Pércles trazia na bagagem uma experiência dolorosa o suficiente para perceber quanto um confronto de tal magnitude naquele tipo de cenário poderia ser desastroso. ─ não importa ─ raciocinou subestimando suas próprias conclusões ─ a força da mente é mais forte do que a dos músculos
. Eu o vencerei e cortarei sua cabeça como troféu em homenagem à minha primeira batalha. ─ Erroneamente Pércles aplicava as palavras da mãe para alimentar um ódio que não era seu e um ardente desejo de vingança nascia na inocência e na falta de perspicácia de um garoto. Esses sentimentos eram suficientes para tornar os sonhos de glória em desastrosa humilhação.
Inexplicavelmente, como se o legendário dragão ouvisse suas últimas palavras, num movimento brusco, despertou de seu aparente cochilo preguiçoso, observou os intrusos que o observavam por alguns instantes e de súbito emitiu um rugido estridente golpeando os tímpanos de seus observadores e com um impulso desengonçado arremessou-se ao espaço num mergulho magistral. Ante os olhares fascinados de sua plateia indesejada, num ato de exibicionismo, improvisou algumas piruetas audaciosas no ar para depois desaparecer rapidamente por detrás da montanha.
Pércles não cabia em si de tanta ansiedade, porém sentiu-se fraco e incapaz diante de um possível ataque naquela posição onde se encontrava. Não havia espaço suficiente para locomover-se em movimentos rápidos de defesa. Seria, com certeza, destruído facilmente antes mesmo de lançar sua primeira flecha. O grupo de guerreiros se posicionaram da melhor forma possível ante a expectativa de luta. Os olhos aflitos procuravam pelos céus algum sinal do inimigo. Perderam-no de vista e isso poderia custar o êxito da incursão naquele território cheio de possibilidades desastrosas. Subitamente a grande fera alada reapareceu pela retaguarda dos guerreiros, planando sobre suas cabeças, provocando-os. Pércles o observava, admirava-o ao tempo em que o odiava fervorosamente. Envolvido em tais sentimentos conflitantes quase não percebera a aproximação do objeto de seus devaneios e foi despertado por grande agitação interna, dentro de sua cabeça ─ "Se eu almejasse isso, já o teria destruído. Não é páreo para mim. Volte para o lugar de onde veio, pequeno filhote de homem". ─ A voz chilrou silenciosa, palavras ressoadas no interior da cabeça de Pércles sem que ele, no entanto, as tivesse pensado.
─ O que é isso? Tenho certeza que não fui eu quem falou essas coisas. É como se ele estivesse falando dentro de minha cabeça! Devo ter ficado esgotado com essa jornada e preciso descansar um pouco. Dragões não falam e muito menos podem ler os pensamentos dos humanos. Não possuem poderes mágicos.
Pércles, nitidamente abalado, passou as mãos pela testa. O suor escorria em abundância, entrando pelos olhos inflados de emoção com aquela estupenda visão. Ergueu a cabeça para olhar o grande dragão e mais uma vez se viu admirando a bela estrela negra esculpida em sua testa. Era de fato magnífica. Num instante, foi arrebatado às antigas histórias que seu pai Pérculo lhe contava sobre a tragédia vivida por seu avô Argus. Um arrepio percorreu seu corpo, porém manteve firme postura ante o inimigo como deveria agir um bravo guerreiro.
Capítulo 2
A História de Argus
Segundo as histórias contadas pelos anciãos mais velhos da aldeia, tudo começou há muitos anos atrás quando ainda eram meras crianças e a vida no povoado transcorria de forma pacífica e numa suave calmaria. Fascinados pela caça, os homens se dedicavam quase que com misticismo à captura de animais selvagens para sustentar povo, contudo dedicavam-se também ao cultivo da terra, principalmente quando escasseava a caça.
Os jovens saudáveis e fortes, ainda na tenra idade se tornavam exímios caçadores