Compreendendo a língua que você fala: a gramática e o conceito de certo e errado

De Ernani Terra

Conhecer e usar com proficiência a língua é algo que vai muito além de conhecer regras que procuram ditar o que é certo e o que é errado. As pessoas acabam incorporando certas ideias que circulam socialmente, próprias do senso comum, e que não têm nenhum fundamento científico. Entre essas ideias, está a de que a língua não se altera. Associada a essa ideia, estão a de que há uma única maneira correta de se usar a língua e a de que conhecer a língua é conhecer uma infinidade de regras que são estabelecidas pelas gramáticas e por manuais de bom uso. Mas isso não é totalmente verdade. Então como usar a língua de maneira adequada?

Esta obra, fundamentada nos estudos da ciência da linguagem, apresenta conceitos que permitirão ao leitor compreender melhor como funciona a língua que fala, a fim de poder usá-la com proficiência em todas as situações em que se interage socialmente, seja como falante ou ouvinte; seja como produtor de textos ou leitor. Afinal, falar,
ouvir, ler e escrever são habilidades que permitem a socialização e isso se dá por meio da língua.

Aqui serão abordados objetivamente, em linguagem simples, mas sem abrir mão do rigor conceitual, seis temas essenciais: variação linguística, norma linguística, norma culta, o português brasileiro, a gramática e o conceito de certo e errado em língua. Esses temas estão relacionados logicamente, partindo do princípio de que a língua não é homogênea, mas que ela varia em decorrência de diversos fatores, ou seja, a língua é um feixe de variedades.

• Idioma: Português
• Editora: Saraiva Educação
• Data de lançamento: 16 de mar. de 2023
• ISBN: 9786587958347

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Sobre o autor

Ernani Terra é doutor em Língua Portuguesa pela PUC-SP. Desenvolveu pesquisas em nível de pós-doutorado sobre o discurso literário com fundamento na semiótica de linha francesa. É professor de Língua Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesa, Leitura e Produção de Textos. No ensino superior, lecionou ainda as disciplinas Práticas de Leitura e Escrita e Metodologia do Trabalho Científico. Tem mais de trinta livros publicados, capítulos de livros e artigos científicos em revistas indexadas. É filiado à Associação Brasileira de Estudos Semióticos (Abes) e à Association Française de Sémiotique (AFS). Tem participado ativamente de congressos, colóquios e seminários no Brasil e no exterior, apresentando resultados de suas pesquisas.

Apresentação

Conhecer a língua que se fala é essencial para a vida em sociedade, pois é pela língua que interagimos, influenciando pessoas e por elas sendo influenciados. Este e-book é destinado a todos aqueles, estudantes ou não, que desejam conhecer melhor a língua que falam. Pretende-se, com isso, que ele seja um meio eficaz para tornar o leitor mais proficiente no uso da língua.

Em nossos atos de comunicação, quase nunca refletimos sobre o conhecimento que temos sobre a língua, fazendo um uso automático dela. De vez em quando, até acende um sinal vermelho e as pessoas se perguntam: isso é certo ou errado? Essa pergunta, no entanto, não comporta uma resposta objetiva. Não se deve pensar a língua a partir da polarização certo ou errado, pois esses conceitos estão relacionados à situação comunicativa: quem fala, para quem se fala, sobre o que se fala, em que situação se fala. Em síntese: não se pode pensar o que é certo ou errado em língua sem que se pense no contexto efetivo de uso da linguagem.

Em matéria de língua, as pessoas acabam incorporando certas ideias que circulam socialmente, próprias do senso comum, e que não têm nenhum fundamento científico. Entre essas ideias, está a de que a língua não se altera. Associada a essa ideia, estão a de que há uma única maneira correta de se usar a língua e a de que conhecer a língua é conhecer uma infinidade de regras que são estabelecidas pelas gramáticas e por manuais de bom uso.

Esta obra, fundamentada nos estudos da ciência da linguagem, apresenta conceitos que permitirão ao leitor compreender melhor como funciona a língua que fala, a fim de poder usá-la com proficiência em todas as situações em que se interage socialmente, seja como falante ou ouvinte; seja como produtor de textos ou leitor. Afinal, falar, ouvir, ler e escrever são habilidades que permitem a socialização e isso se dá por meio da língua.

Como este e-book foi concebido para um público amplo, ele foi redigido de forma a facilitar a leitura, mesmo para aqueles que não são especialistas em estudos da linguagem. Nele, tratamos objetivamente, em linguagem simples, mas sem abrir mão do rigor conceitual, seis temas essenciais para quem quer fazer uso da língua com proficiência. São os seguintes: variação linguística, norma linguística, norma culta, o português brasileiro, a gramática e o conceito de certo e errado em língua.

Esses temas estão relacionados logicamente. Parte-se do conceito de que a língua não é homogênea, mas que ela varia em decorrência de diversos fatores, ou seja, a língua é um feixe de variedades. Os diversos usos que os falantes fazem da língua não é caótico; pelo contrário, apresenta regularidades, ou seja, seguem uma norma. Dentre as várias normas, há uma que adquiriu prestígio social, a norma culta, que, em determinadas situações, é a adequada. Dentro desse conceito de que a língua é heterogênea e que apresenta regularidades, ou seja, uma norma, é que se vai definir o que é certo ou errado em língua.

Os assuntos apresentados neste e-book levam o leitor à reflexão sobre a língua em uso e isso possibilita que, por si só, ele avalie se está usando a língua de forma adequada. Afinal, conhecer e usar com proficiência a língua é algo que vai muito além de conhecer regras que procuram ditar o que é certo e o que é errado.

O autor.

A língua é um bem pessoal, na medida em que é um bem coletivo.

Tatiana Slama-Cazacu

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Língua: um feixe de variedades

1.1 Variação linguística

Os estudos sobre variação são relativamente novos e coincidem com o surgimento de um ramo da linguística chamado sociolinguística. Como o próprio nome indica, essa disciplina estuda as relações entre língua e sociedade. Embora Saussure já tivesse chamado a atenção para o caráter social da língua, foi somente a partir dos anos 1960, com os estudos do linguista norte-americano William Labov, que as pesquisas que relacionam língua e sociedade ganharam impulso.

O tratamento da variação linguística nos dias atuais não está restrito à universidade.