Inglês nas Diversas Áreas da Universidade: Uma Possibilidade Baseada na Argumentação a Partir da Produção de Documentários
De Julia Larré
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Inglês nas Diversas Áreas da Universidade - Julia Larré
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA
APRESENTAÇÃO
UM LIVRO PARA PROFESSORES DE língua inglesa, NAS DIFERENTES ÁREAS DA UNIVERSIDADE, IREM ALÉM DE SI MESMOS
Maria Cristina Damianovic¹
Apresentar Julia Larré é falar de vanguarda, de intervenção humana profunda e de transformações curriculares na universidade.
Larré em Inglês nas diversas áreas da universidade: uma possibilidade baseada na argumentação a partir da produção de documentário apresenta uma pesquisa inovadora e norteadora para professores de Língua Inglesa nas diferentes áreas do ensino universitário.
Como discutido neste livro, ser professor de Inglês nas diferentes áreas da universidade é um grande desafio, pois assim como Larré encontrou uma ementa que privilegiava o ensino da língua inglesa a partir de estratégias de leitura, muitos professores deparam com a mesma situação. Há um enorme conflito sócio-histórico-cultural porque as necessidades dos alunos, no caso da pesquisa aqui relatada, bem possivelmente de muitos outros professores na mesma situação, é encontrar alunos que têm necessidades muito além de estratégias de leitura. Os discentes, como salienta Larré, querem aprender inglês para poderem expandir e compartilhar seus conhecimentos desenvolvidos durante a graduação.
No caso específico de Julia, seus alunos do primeiro período de Jornalismo, em uma universidade federal no Nordeste brasileiro, desejavam a língua inglesa para serem melhores jornalistas, tanto na produção, quanto na compreensão oral e escrita.
A professora-pesquisadora poderia ter feito como muitos professores fazem: deixar de lado os anseios de seus alunos e seguir com a ementa ipsis litteris. Mas Julia Larré encara os limites de frente e propõe uma nova cara para o curso, não deixando de trabalhar com o que pedia a ementa, depois de conversar com seu coordenador de área e ter o apoio dele. Esta é Julia: percebe um problema, pensa, propõe uma alternativa, coloca-a em prática, analisa-a e mais!
Como o leitor verá, Julia Larré convidou três pesquisadores para complementarem sua discussão da análise de seus dados a partir de lacunas que puderam verificar. Qual pesquisador faz isso após já ter seu título de doutor? Julia assim o fez. Dessa forma, além de ter acesso à pesquisa de Julia Larré, o leitor será presenteado com discussões de três brilhantes pesquisadores: Carla Richter, Leandra Dias e Philipe Araújo.
Inglês nas diversas áreas da universidade: uma possibilidade baseada na argumentação a partir da produção de documentários é uma obra exuberante organizada por uma parte escrita por Julia Larré e outra parte composta por três textos que complementam a discussão da autora. Ela organizou seu livro dessa forma, para que professores deInglês nas diferentes áreas da universidade possam beneficiar-se de diferentes olhares e bases teóricas para poderem decidir o caminho a ser seguido quando se depararem com a mesma situação: receber uma ementa baseada em estratégias de leitura. Seguir assim, ou ir além?
Para auxiliar professores a irem muito além de Larré e muito além de si mesmos, a pesquisadora divide seu texto em Cenas vibrantes. Cada uma delas dedicada aos diferentes eixos teóricos de seu trabalho, bem como teórico-metodológico, terminando com uma instigante discussão de seus dados. Em cada cena, o leitor encontrará profundas discussões teóricas sobre diferentes bases norteadoras do trabalho. Entre os muitos discutidos, é preciso sublinhar o arcabouço teórico sobre Linguística Aplicada, Material Didático/fichas didáticas, ensino de Língua Inglesa, Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural, Atividade Social, argumentação, documentário e gênero. Na Cena sobre metodologia de pesquisa, o leitor encontrará um detalhamento sobre a Pesquisa Crítica de Colaboração e sobre as categorias enunciativas, discursivas e linguísticas usadas pela professora-pesquisadora para discutir a análise de seus dados.
As conclusões de Julia Larré são vibrantes! O material didático elaborado por ela teve grande impacto na vida da linguagem argumentativa, em língua inglesa, em seus discentes e trouxe à tona uma discussão importante sobre o ensino da língua inglesa nas diferentes áreas da universidade.
Logo em seguida, em uma primeira Cena Pós-créditos, Carla Richter apresenta uma discussão belíssima sobre o papel das perguntas nas fichas didáticas elaboradas por Larré. Uma discussão cuidadosa sobre todas as perguntas das fichas didáticas é feita; o que possibilita, a futuros professores, uma reflexão sobre que perguntas escolher quando estes forem elaborar seus materiais didáticos.
Na segunda Cena Pós-créditos, Leandra Dias entra com uma vibrante discussão sobre o papel das fichas didáticas para o desenvolvimento do ensino da língua inglesa com base na argumentação multimodal. Dias analisa, cuidadosamente, como Larré trabalha a multimodalidade em sua proposta.
Para fechar o livro, Philipe Araújo discute como o trabalho de Julia Larré incentivou seus discentes, alunos do primeiro ano de Jornalismo a serem indivíduos sócio-histórico-culturais. Araújo discute, como muita propriedade, o papel da colaboração e dos conflitos durante o trabalho de Larré junto a seus alunos.
Inglês nas diferentes áreas da universidade: uma possibilidade baseada na argumentação a partir da produção de documentários é de leitura rápida, agradável, instrutiva e inspiradora. Assim como Larré acredita, eu também espero que você, leitor, ao terminar de ler esta produção, acredite na necessidade de ir além de estratégias de leitura na disciplina de Inglês nas áreas da universidade. Nossos discentes querem ir além disso. Que você, leitor-professor-pesquisador, também queira ir além de Larré e além de si mesmo! Ótima leitura!
Sumário
ABERTURA: UMA BREVE INTRODUÇÃO
PARTE 1: AÇÃO!
CENA 1
NA BASE DO SCRIPT: A LA COM SEUS CAMINHOS E DESCAMINHOS
CENA 2
PERSPECTIVA: O ENSINO DE INGLÊS EM FOCO
CENA 3
IDEIA NA CABEÇA, CÂMERA NA MÃO!
Material Didático – O Que É?
Produzir documentário em língua inglesa: uma escolha
CENA 4
A TASHC: A PRÁXIS COMO REFLEXÃO PARA TRANSFORMAÇÃO
CENA 5
A PESQUISA CRÍTICO-COLABORATIVA: TEORIA E PRÁTICA EM DIÁLOGO
O conflito como forma de aprendizado e expansão 55
CENA 6
O GÊNERO DOCUMENTÁRIO E ALGUMAS DE SUAS ESPECIFICIDADES
O gênero documentário
CENA 7
ARGUMENTAÇÃO E CRIAÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS EM INGLÊS: UMA RELAÇÃO QUE DÁ CERTO
CENA 8
FICHAS DIDÁTICAS: CAMINHO PARA A PRÁTICA REFLEXIVA
ANALISANDO OS FRAMES
Categorias de análise
Aspectos enunciativos
Aspectos discursivos
Aspectos linguísticos
FRAME 1
ANÁLISE ENUNCIATIVO-DISCURSIVO-LINGUÍSTICA DO DOCUMENTÁRIO SEMIESPONTÂNEO DISORGANIZATION
FRAME 2
ANÁLISE ENUNCIATIVO-DISCURSIVO-LINGUÍSTICA DAS FICHAS DIDÁTICAS PARA A PRODUÇÃO DOS DOCUMENTÁRIOS EM LÍNGUA INGLESA
Aspectos enunciativos nas fichas didáticas
Aspectos discursivos nas fichas didáticas
Ficha didática 0
Ficha didática 1
Ficha didática 2
Ficha didática 3
Ficha didática 4
Ficha didática 5
Aspectos linguísticos nas fichas didáticas
Ficha didática 0
Ficha didática 1
Ficha didática 2
Ficha didática 3
Ficha didática 4
Ficha didática 5
FRAME 3
ANÁLISE DO IMPACTO DAS FICHAS DIDÁTICAS NO DOCUMENTÁRIO "CULTURAL DIVERSITY: WHERE ARE THE ADS?"
Aspectos enunciativos do documentário final
Aspectos discursivos do documentário final
Aspectos linguísticos do documentário final
VER A REAÇÃO DO PÚBLICO: CONSIDERAÇÕES GERAIS
PARTE 2: CENAS PÓS-CRÉDITOS
DA TELA PARA A VIDA
: O MATERIAL DIDÁTICO QUE POSSIBILITA O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO E A EXPANSÃO DIALÓGICA DO CONHECIMENTO
Carla Richter
Introdução
Muitas vezes se diz melhor ‘perguntando’ do que falando em demasia
: o papel das perguntas em um material didático para estudantes da graduação de Jornalismo
A importância da colaboração em espaços de aprendizagem que promovem a expansão dialógica
Procurando as palavras certas: a importância de planejar as perguntas em um MD
As perguntas no material didático: princípios norteadores
Categorizando as perguntas no material didático
As perguntas no material didático
Considerações finais
O USO DE DOCUMENTÁRIOS EM SALA DE AULA PARA O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ARGUMENTATIVA: UMA VISÃO DOS MULTILETRAMENTOS
Leandra Dias
Introdução
O ensino de Língua Inglesa no Brasil: motivos e desafios
A pedagogia dos Multiletramentos como resposta às demandas educacionais da Modernidade Recente
O uso de documentários como ferramenta didática de implementação da Pedagogia dos Multiletramentos
Considerações Finais
DO INDIVÍDUO AUTÔNOMO AO SUJEITO HISTÓRICO-SOCIAL: PERCEPÇÕES DOS DISCENTES SOBRE A PRÓPRIA TRANSFORMAÇÃO
Philipe Araújo
Introdução
Que papéis exercem a ciência e a escola na vida contemporânea?
A metanarrativa científica e a legitimidade da ciência para a sociedade contemporânea
As instituições de ensino na sociedade capitalista
Individualismo e Fascismo na sociedade brasileira contemporânea
A construção do individualismo na sociedade moderna
As raízes do fascismo contemporâneo (do fracasso do neoliberalismo à manipulação do ódio)
Outro olhar para nós mesmos: experiências de transformação à luz da TASHC
Trazendo à tona o caráter histórico dos sujeitos
Construindo a si a partir do outro
Crescendo a partir da colaboração e do conflito
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
(MATERIAIS DIDÁTICOS PRODUZIDOS PELA PROFESSORA-PESQUISADORA)
Apêndice 1
Apêndice 2
Apêndice 3
Apêndice 4
Apêndice 5
Apêndice 6
ABERTURA: UMA BREVE INTRODUÇÃO
Este livro surgiu a partir de reflexões sobre o ensino-aprendizagem de língua estrangeira (LE) que tenho realizado ao longo dos anos com os grupos de pesquisa e ação dos quais faço parte como professora, pesquisadora e formadora, e, principalmente, como aprendiz e ouvinte de alunos, colegas e amigos.
Inserida na seara da Linguística Aplicada (LA), o intuito principal desta obra é lançar algumas luzes
sobre uma proposta didática que tem como mote as tecnologias audiovisuais em sala de aula, especialmente quanto ao planejamento e produção de documentários, embasando o ensino-aprendizagem de LE em Atividades Sociais (AS). Veremos ao longo do livro que ideias relacionadas a documentários para a sala de aula englobam aspectos de cidadania e aprendizagem de conteúdos escolares e extraescolares que vão além da produção do vídeo em si, e também será possível ter acesso a todo o planejamento e os materiais didáticos para as aulas de língua aqui relatadas.
Normalmente, a abertura de um filme é a prévia do que está por vir na próxima hora e meia, duas horas. Pretendo aqui fazer uma breve introdução sobre as discussões teóricas e metodológicas e sobre o objeto da experiência didática realizada para que o leitor compreenda melhor minhas visões de ensino-aprendizagem adotadas. Este livro teve como um de seus pilares a tentativa de repensar o ensino de língua inglesa (LI) no ambiente escolar/universitário, com a proposta de um laboratório experimental em sala de aula, para que haja a geração de um currículo diverso do que tem sido feito desde o Projeto de Inglês Instrumental na década de 1960.
O que posso observar é que ainda hoje, há a crença de que para um aprendiz saber bem uma determinada língua, é necessário, antes de tudo, ser apresentado a uma série de regras gramaticais, vocabulário específico, dentre outros fatores mais estruturais dessa língua. Essa crença está também relacionada ao modo como a disciplina de Inglês Instrumental tem sido ministrada, em que os textos apresentados nem sempre possuem uma relação direta com a área de estudo do aluno e geralmente são textos didatizados para facilitar a atividade de leitura. Sobre esse assunto, Celani (2009) fala:
Na tradição do ensino de inglês e, mais particularmente, na tradição de ensino de leitura em língua estrangeira vigente na maioria das instituições, predominava a crença de que fosse necessário atingir um determinado nível de proficiência no que se referia a padrões sintáticos e a vocabulário para ser possível trabalhar com um texto que não fosse especialmente preparado para o ensino de um determinado padrão da língua. Em resumo, o aluno só poderia se defrontar com um texto, se conhecesse todos os padrões sintáticos e o vocabulário, previamente ensinados. Isso praticamente inviabilizava a possibilidade de se lerem textos ‘não-didáticos’ (CELANI, 2009, p. 21).
O que se vê no ensino tradicional de inglês é exatamente o que Celani nos diz: os alunos se tornam capazes de ler textos adaptados para seu nível, mas ao se depararem com textos (orais ou escritos) originários de situações não adaptadas para o contexto de ensino, eles não se mostram capazes de atuar de fato em tais situações ou de compreendê-las.
A contribuição da escola² e do ensino de línguas deve ser mais do que a de uma codificação ou compreensão superficial de textos. Deve ser o aprimoramento da percepção de como ver, sentir e viver o mundo, transformá-lo e possibilitar que o indivíduo tenha, de fato, a chance de atribuir significados para as ações que o cercam. Esses fatores são importantes a serem considerados no ensino-aprendizado de LI, pois este também compreende uma aprendizagem de valores, hábitos, padrões socioculturais, padrões de relacionamento entre as pessoas, modos de agir no mundo diferentes dos nossos. É fundamental o ensino-aprendizado de língua ser integrado ao [...] despertar [d]a percepção de que a língua em si não é o objeto da aprendizagem, mas sim o produto da atuação recíproca entre o aprendiz e o mundo grande e comum.
(CELANI, 2009, p. 25).
Quanto ao uso didático do vídeo em sala de aula, este ainda causa inquietação por parte dos professores, pois é bem sabido no cotidiano escolar que o vídeo serve muitas vezes para tapar buracos
na sala de aula, não havendo na maioria das vezes um uso adequado da ferramenta para expansão de aprendizagens.
É possível verificar a partir de Morán (1995) algumas utilizações inadequadas em aula dos vídeos que terminam por desvalorizar seu uso, fazendo com que o aprendiz associe o vídeo a não ter aula. Cito os cinco tipos elencados pelo autor de uso inadequado do recurso vídeo:
• vídeo-enrolação: quando o professor exibe em sala um vídeo que não tem muita ligação com a matéria;
• vídeo-tapa buraco: no momento em que há um problema inesperado, o vídeo é utilizado com a ausência do professor;
• vídeo-deslumbramento: quando o professor descobre algum vídeo muito bom, passando-o em quase todas as aulas, esquecendo-se de outras atividades mais pertinentes ao assunto;
• vídeo-perfeição: quando o professor questiona todos os vídeos por estes possuírem defeitos de informação ou defeitos estéticos. É importante salientar que os problemas podem ser questionados em conjunto com os alunos, permitindo a reflexão de toda a turma sobre o conceito considerado inapropriado;
• só vídeo: quando o vídeo é utilizado em sala e não há integração alguma com o assunto da aula.
Podemos inserir nessa lista de usos inadequados uma forma de utilização que não contribui para a expansão das aprendizagens que é quando o professor somente expõe vídeos que corroborem com sua opinião pessoal sobre determinado assunto. É importante frisar que o confronto de pontos de vista, incentivado em sala de aula (sobre o qual falaremos mais adiante), é fundamental para que o aprendiz elabore concepções críticas do mundo.
Ao observar essas questões muito comuns nas salas de aula afora, um questionamento o qual acredito ser fundamental nos dias de hoje é: nossos alunos veem vídeos na internet a toda hora, no entanto, eles os questionam? Eles trazem novos argumentos que dialoguem com o assunto visto no vídeo ou assistem-no passivamente, sem discussões sobre o ponto de vista do videomaker? Eles podem aprender a argumentar a partir da produção de vídeos que tratem de problemáticas que eles observam na sociedade enquanto aprendem uma LE?
Concordamos com Morán (1995) quando ele nos ensina que os vídeos são poderosas ferramentas de aprendizagem, mesmo que o aprendiz já os tenha visto em casa, pois há um aspecto próprio da sala de aula e do ambiente escolar que é o da possibilidade de debates e de outras produções que possibilitem uma releitura do que foi assistido.
Para compreender melhor as necessidades da nossa geração atual de alunos, é fundamental uma reflexão sobre as diferenças entre a forma como nós aprendemos e a sua forma de aprender. Essa compreensão permite que sejamos um pouco mais abertos às alterações existentes na sala de aula de hoje, em relação àquela na qual estivemos e nos dá a oportunidade de pensar em novas maneiras de motivar nossos alunos a aprender conteúdos de uma forma que eles sintam-se mais acolhidos e participativos.
As gerações humanas hoje em dia são traçadas principalmente por meio das mudanças existentes na tecnologia e nas relações que os indivíduos possuem com ela. Se antigamente uma geração durava cerca de 25 anos, hoje em dia, ela permanece por volta de 10 anos, com a possibilidade de em algum tempo essa duração diminuir mais ainda.
Entre os Baby Boomers (nascidos entre os anos 40 e primeira metade dos anos 60) e a geração Z (de indivíduos que hoje estão no ensino fundamental e médio) existe uma grande alteração na relação que estes possuem com as ferramentas tecnológicas de interação e comunicação; e essa alteração também influencia bastante no modo como essas pessoas se relacionam com sua formação acadêmica e com o trabalho. Enquanto os Baby Boomers possuem uma relação pouco flexível com a tecnologia e valorizam muito a estabilidade no emprego, prezando pela manutenção de hierarquias, as gerações vindouras vão diminuindo a importância atribuída a esses aspectos para dar lugar, por exemplo, à colaboração entre membros de diversas posições numa empresa ou no ambiente escolar, ao compartilhamento de ideias, ao sentimento de que todos podem contribuir para o crescimento da empresa/escola/comunidade/planeta, independente de sua função ou cargo.
Algumas das características da geração Z, que utiliza as possibilidades do mundo virtual com muito mais flexibilidade que as gerações anteriores, como sua sensibilidade às rápidas inovações tecnológicas e novos paradigmas de aprendizagem, trazem consequências impactantes para a educação e para o mundo do trabalho como um todo. Posso aqui, elencar algumas dessas consequências e/ou possibilidades no campo da educação:
a. maior interatividade entre os membros de um determinado campo de estudo, departamento ou sala de aula que pode trazer muitos benefícios como uma crescente colaboração e, portanto, surgimento de novas ideias para essa área de estudo/campo de atuação/comunidade;
b. mais possibilidades de atendimento a diferentes formas de aprendizagem, com diferenciadas técnicas à disposição do professor;
c. necessidade de estímulo à autonomia investigativa para um aprendizado guiado pelos interesses do aluno;
d. necessidade de estímulo à criatividade do professor, pois este passa a ter acesso a uma maior quantidade de materiais didáticos e de conteúdo;
e. menor chance de haver o ensino baseado na tradição da aula expositiva, devido às ferramentas de interatividade que as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) disponibilizam, dentre outras.
O que vejo como grande problemática