Histórias De Game Designers

De Fabiano Naspolini De Oliveira

Histórias de Game Designers é uma coletânea de contos fictícios que retrata o dia a dia de dez game designers. Cada um deles traz uma situação cotidiana no desenvolvimento de jogos, cujos fragmentos remetem a muitas das experiências que o autor teve ao longo da sua vida como game designer. Com alguma ênfase exagerada, para dar um ar leve e de humor, Fabiano aborda a participação em game jams, o início na área — criando jogos muito grandes, explicando para alguém o que faz um game designer, participando de eventos, apresentando para um possível investidor e diversas outras situações. Cada uma das histórias também cita um autor brasileiro e homenageia personagens de games cuja nacionalidade é brasileira. Aproveite a leitura, identifique-se e conheça os contos. Start!

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 22 de out. de 2022

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Dedicatória

Dedico este livro a toda minha família, pois o suporte deles contribuiu para a relização de sonhos como este.

Os Reflexos dos Game Designers

No tempo em que vivo como game designer, acumulei experiências das mais diversas, desde sentimentos, situações específicas, contextos, e isso construiu quem eu sou na profissão. Compartilho essas experiências com conteúdos educativos, porém tenho um lado mais artístico na literatura e gosto de contar histórias. Foi assim que surgiu a ideia do livro.

Neste livro trago dez personagens que, querendo ou não, trazem reflexos meus de vivências que tive ao longo da minha vida profissional como game designer – ou projetista de jogos – ou ainda fragmentos de fatos que ouvi de outros desenvolvedores e que transformo em histórias, como um quebra-cabeça. Cada uma dessas une-se para formar narrativas ficcionais, algumas exacerbações para deixá-las mais divertidas, pitadas de imaginação e uma vivência única de cada personagem.

Certamente haverá alguns aprendizados ao longo da experiência, e outros que você vai ler e poderá se identificar. Isto seja pela situação que tenha passado igual ou agiu de forma diferente da personagem, ou alguma passagem que te tocou o coração como desenvolvedor de jogos.

Este livro reflete bastante do que já passei, e gostaria de transmitir isso de uma forma leve e divertida. Aproveito para brincar e trazer, a cada história, um autor nacional para que você conheça e tenha contato com ele. Cada citação serve como incentivo para buscar cada um e poder conhecer suas obras das mais diversas.

Também os nomes de cada protagonista são uma homenagem aos personagens de jogos que possuem nacionalidade brasileira. De alguns adaptei o nome, pois era muito estrangeiro, mas a grande maioria está da mesma forma como foram dados nas obras originais.

Espero que o livro te divirta e que fomente discussões sobre vivências suas e sentimentos ao trabalhar nessa área desafiadora aqui no Brasil. Feito para game designers, mas se aplica também a todos os profissionais que fazem jogos.

Boa leitura!

Fabiano Naspolini de Oliveira

O Cara dos Games da Família

Festa de família é uma das coisas de que Carlos definitivamente não gostava. O motivo era que não curtia encontrar seus laços consanguíneos mais próximos? Na verdade, nem tanto. O que o incomodava eram as perguntas sobre sua vida, que iriam rodar mais que roleta nas rodas de fofoca familiares. Sem citar que ele tinha uma novidade da qual evitava falar a leigos na área: era um game designer.

Ia rolar toda aquela explicação que ele já estava cansado de abordar. Não era por mal, afinal era uma boa pessoa, porém sempre vinham as mesmas perguntas e os mesmos comentários. Isso tornava tudo cansativo e desmotivante, como morrer no último chefão. E pior: não ter mais nenhum continue. Fazer tudo de novo? Não hoje.

Precavido, chegou ao recinto com sua família e se sentou na poltrona de apenas um lugar. Afinal, isso reduziria o risco de alguém vir fazer companhia e querer saber sobre todas as etapas do seu jogo da vida. Tentativa em vão.

– Carlos... Como está? – Chegou sua tia, sentando no braço do sofá em que ele estava e tocando no braço do garoto. Quer dizer, agarrando-o. – O que anda fazendo da vida?

Os olhares de sua parenta em direção a ele eram tão profundos e curiosos, que parecia que ela iria abduzir sua alma e mente naquele momento. Para evitar grandes explicações, o desenvolvedor de jogos foi na estratégia de jogar respostas vagas:

– Trabalhando muito... Sabe como é, tia. – Tentava tirar sua mão de perto dela. Não era muito afeito a toques. – Precisamos para crescer na vida.

– E com o que está trabalhando? – Ela segurou firmemente a mão dele, como uma garra mecânica de máquina de ursos. Capturou o sobrinho mesmo. – Você estudava esses negócios com computador, né?

De fato, ele era formado em Tecnologia da Informação, que permite trabalhar com esses tipos de programas de computador. Não foi bem o que escolheu como carreira, mas serviu para continuar a conversa.

– Sim, estou desenvolvendo programas de computador – ele afirmou novamente, sem