Realgame
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Realgame - Layon Figueirôa
REALGAME
O Jogo Mortal
LAYON FIGUEIRÔA
Agradecimentos
Primeiramente eu gostaria de agradecer a Deus. Aprendi desde cedo a colocar Deus diante de todas as coisas que eu almejasse e a ser agradecido por tudo.
Em segundo lugar, queria agradecer a minha avó Luzinete que não está mais entre nós, mas que sempre acreditou em mim e no meu potencial para realizar qualquer coisa. Voinha, muito obrigado por tudo.
Agradeço à minha mãe, Cláudia, e à minha irmã, Laysa, por estarmos sempre unidos, em todos os momentos, sejam eles de alegria ou de dificuldade.
Gostaria de agradecer a algumas pessoas especiais que acompanharam Tyson e sua turma desde o início.
Agradeço a turma do grupo Café Literário do Facebook, o lugar onde tudo começou. Gostaria de agradecer aos meus amigos Anthony, Rayhonay, Renan, Nathany, Isabela (Bela) e Paloma. Vocês acompanharam Tyson e sua turma do início ao fim e sempre me deram um feedback maravilhoso. Muito obrigado. Vocês moram no meu coração e não pagam aluguel.
Gostaria de agradecer à minha querida amiga Jaillany que me emprestou a si mesma para um dos meus personagens. Jay, obrigado por nossa amizade que nem mesmo a distância consegue separar.
Gostaria de agradecer a Alex e à Mariana, que me deram incentivo para acreditar e prosseguir mesmo diante de tantos NÃO
que recebi.
Agradeço a todos os meus amigos do Facebook que sempre acompanharam meus textos e me deram gás para continuar escrevendo.
E finalmente, gostaria de agradecer a você, querido leitor que está prestes a embarcar nessa aventura. Obrigado por dedicar algum tempo para ler essa história. Espero que goste!
PRÓLOGO
O professor Schafer, um homem alto, magro, com barba e cabelos meio grisalhos e cara de poucos amigos, andava de um lado para o outro em seu escritório. Era mais uma daquelas noites em que ele não iria para casa, mas passaria a noite e a madrugada inteira trabalhando em seu projeto mais ambicioso, o REALGAME.
O que havia de tão especial no RealGame? Bem, os boatos que rolavam era de que o console levava o jogador para dentro do jogo e era exatamente isso que fazia do RealGame um projeto tão ambicioso para o professor Schafer.
O professor parou de repente, como se tivesse acabado de descobrir algo muito importante. Ele correu até o notebook e começou a digitar freneticamente, códigos que só ele mesmo entendia. Segundos depois, clicou na tecla ENTER e códigos apareceram na tela do PC muito rapidamente. As feições do professor mudaram. Ele exibia agora no rosto uma expressão preocupada.
- Droga! – Exclamou o professor Schafer – Não me lembro disso... – Ele disse digitando mais alguns códigos no notebook.
O professor apanhou um dispositivo semelhante a um relógio que estava ao lado do notebook e o prendeu ao pulso. Segundos depois o professor começou a brilhar e num flash sumiu. A tela do PC ficou escura no início, mas segundos depois apareceu a frase: Em Jogo, que piscava insistentemente.
O professor Schafer abriu os olhos e percebeu que estava num espaço cheio de códigos que se moviam de forma rápida e mudavam conforme se deslocavam. Ele tocou em alguns códigos e arrastando-os com as mãos, mudou-os de lugar. Uma espécie de fenda se abriu entre os códigos. Dentro dela dava para ver um imenso salão cheio de estátuas. O professor atravessou a fenda e logo estava dentro do salão.
- Não me lembro de ter criado esse lugar... – Disse o professor abismado, observando o lugar sombrio.
Havia uma pequena bolha furta-cor flutuando sobre um púlpito alguns metros à frente. O professor subiu as escadarias de mármore que levavam ao topo do púlpito e ficou bem próximo da bolha.
- Que coisa interessante... – Ele disse admirado – Mas não fiz nada parecido com isso.
O professor tocou-a e no mesmo instante algo assustador aconteceu. A bolha grudou-se a sua pele e começou a envolver seu corpo. Ele lutava para desgrudar aquilo da pele, mas ela parecia crescer mais à medida que o envolvia. Em poucos segundos, o professor Schafer estava preso dentro do que agora era uma grande bolha.
Alguém surgiu do nada e aproximou-se do professor. Alguém usando vestes negras e uma estranha máscara. Ele tentou pedir socorro, mas sua voz não saía. Fez movimentos bruscos dentro da bolha, mas ela não se rompia. O professor começou a sentir uma estranha sonolência. Sua vista foi escurecendo, a cabeça ficando zonza. Antes que o professor desfalecesse, a pessoa que havia aparecido tirou a máscara e sorriu para ele.
- Não... pode... ser... – Disse o professor com um esforço enorme – Você?!
O sujeito da máscara soltou uma gargalhada maníaca e logo em seguida o professor perdeu a consciência.
PARTE I
CAPÍTULO UM
O Jogo da Conspiração
Tyson não conseguia acreditar. Tudo o que estava acontecendo com ele desde o momento em que havia encontrado aquela carta dourada, era impossível de acreditar. Havia duas semanas o garoto ganhou sua mesada e dirigiu-se à loja de games que ficava próxima a sua casa. Como todo adolescente da era digital, em pleno ano 20XX, aos 16 anos, Tyson queria ter ao alcance de suas mãos tudo o que existisse de mais tecnológico. E isso incluía os games que eram a sua paixão.
A empresa DREAMMING de jogos digitais havia anunciado há alguns meses que lançariam um console tão poderoso que levaria o jogador para dentro do jogo e este teria a mais nova experiência em jogabilidade do mundo. Para isso, a DREAMMING colocou à disposição do mercado milhares de bluerays de seus jogos e anunciou que cem mil deles estariam premiados com uma carta dourada, que daria direito aos cem mil jogadores sortudos de receber um dispositivo de realidade virtual e a participar do famigerado RealGame.
E para a sorte de Tyson seu jogo veio premiado. Dezenas de pessoas ofertaram a ele quantias altíssimas em dinheiro pela carta dourada, mas Tyson não aceitou. Acreditava do fundo do coração que aquela seria uma experiência única em sua vida e que nenhum dinheiro no mundo valeria aquilo.
E Tyson estava ali em seu quarto, esperando que o servidor do jogo fosse liberado. A ansiedade já lhe comia o estomago. Tyson e tantos outros jogadores do mundo inteiro aguardavam em polvorosa para vivenciarem toda uma experiência em realidade virtual.
Assim que o jogo carregou, Tyson conectou-se ao servidor e usando o código de sua carta dourada conseguiu permissão para entrar no game. Ele pôs o CONNECT, um dispositivo que era basicamente uma espécie de relógio inteligente e que era responsável por transformar o corpo material do jogador em dados e enviá-lo para dentro do RealGame, fazendo com que ele entrasse no jogo de verdade. Segundos depois, o CONNECT ganhou um brilho esverdeado e num flash, Tyson desapareceu. Na tela de seu PC apareceu a frase EM JOGO
.
Quando o menino se deu conta, estava dentro do jogo. O mesmo Tyson do mundo real. Um garoto alto para a idade que tinha, com cabelos negros e olhos castanho-escuro. Observou ao redor e percebeu que estava numa espécie de espaço vazio. Não havia nada lá.
- Seja bem vindo ao RealGame! – Disse uma voz masculina muito grave no espaço vazio – Você receberá um tutorial.
Como você sabe, o RealGame é uma revolução em jogos digitais. Ele é um game lançado pela empresa DREAMMING que juntamente com o dispositivo CONNECT, trás o jogador para dentro do jogo, onde um mundo de realidade virtual é apresentado e os jogadores terão uma experiência única e exclusiva que só o RealGame pode oferecer...
.
Tyson parecia vidrado naquela explicação.
Para acessar o REALGAME você necessita de um CONNECT. Usando este dispositivo, conectado a um computador de qualquer um que possua o RealGame instalado, se o jogador possuir uma conta no game poderá logar e será transportado para a terra de Grada. Uma terra onde os jogadores embarcarão em aventuras únicas...
.
No espaço vazio surgiu o holograma de um mundo fantástico. Tyson ficou boquiaberto.
O REALGAME e toda a terra de Grada foram idealizados pelo professor Schafer, grande nome no mundo dos jogos digitais e criador do CONNECT e do RealGame...
.
Naquele momento apareceu no ar, o rosto do professor Schafer.
Tyson lembrou-se dos boatos que tinha ouvido. Muitas pessoas estavam dizendo que o professor Schafer havia sumido. Muitos até culpavam a DREAMMING alegando que a empresa havia dado um sumiço no professor para ficar com todos os lucros do RealGame. Tyson não sabia dizer se aquilo era verdade.
A voz fez uma pequena pausa e segundos depois uma voz feminina começou a falar.
Bem game maníaco, você logará pela primeira vez em algum lugar aleatório da terra de Grada. Para iniciar, o gamer deve escolher ser um manipulador de magias ou um manipulador de armas. Primeiramente, qual é o seu nome?
.
Tyson fez cara de espanto, mas respondeu prontamente:
- Me chamo Tyson.
Ah, então você é o Tyson? Confirma isso?
.
Aquilo era engraçado. Tyson sabia que tudo fazia parte do game. Era como fazer um personagem num jogo e criar um Nick. Você precisava confirmar as informações.
- Sim, você está certa. – Respondeu Tyson.
A voz feminina parou. Então a voz masculina lhe perguntou:
E então, Tyson? Você deseja ser um manipulador de armas ou um manipulador de magias?
.
- Manipulador de armas.
Uma pequena caixa dourada se materializou no ar. Nela havia algumas cartas dentro.
A voz masculina continuou a falar:
A maioria, se não todos os objetos do game podem ser encontrados em cartas. As cartas e demais objetos que você adquirir ficarão guardados no seu inventário, no painel de opções do usuário. Para acessá-lo, você só necessita fazer um breve aceno com a mão em frente ao seu rosto
.
Tyson fez um aceno e um painel holográfico surgiu no ar. Havia algumas opções nele, dentre as quais, a opção Inventário. O garoto tocou a opção e um painel cheio de compartimentos se abriu. A cartas dentro da caixa dourada voaram para o painel e se fixaram nele. Em seguida, Tyson fez outro aceno de mão e o painel sumiu.
Você também encontrará em cartas os conhecidos feitiços. Alguns podem ser usados por qualquer pessoa. Outros apenas por manipuladores de magia. Para usar as cartas de objeto e feitiço, você necessita simplesmente segurá-la e dizer seu nome em alto e bom som. Além desses dois tipos ainda existem as cartas prêmio que são colecionáveis e conquistadas quando um jogador ou grupo de jogadores cumpre determinada tarefa no jogo. Ao total são cem cartas prêmio e elas são únicas. Não existem cópias das mesmas dentro do game...
.
A caixa dourada, agora vazia, sumiu e outros hologramas apareceram. Eram imagens de cartas com desenhos de tesouros e outros objetos que pareciam ser bem valiosos.
Existem algumas cartas que podem ser usadas e reutilizadas. Outras só podem ser usadas uma vez. Você recebeu uma quantidade aleatória de cartas para que não comece o jogo sem nada. Algumas podem ser usadas constantemente. Outras apenas uma vez, por isso cuidado no uso de suas cartas, mas não se preocupe. Durante o jogo você saberá que cartas pode reutilizar e que cartas são de uso único
.
Os hologramas sumiram dando lugar ao fac-símile de cinco silhuetas humanas. A voz feminina então falou:
O objetivo do jogo é derrotar os cinco Game Masters que se encontram espalhados por Grada e só podem ser desafiados mediante eventos especiais. O jogador que derrotar os cinco vencerá o game recebendo assim um prêmio de um milhão de zifs!
.
Tyson ficou muito entusiasmado ao ouvir aquilo. As imagens que pairavam no ar sumiram como poeira ao vento. A voz feminina fez uma pausa. A masculina tornou a falar:
Por enquanto é só. As demais informações você descobrirá no decorrer do jogo. Você tem alguma dúvida?
.
- Não. Nenhuma. – Respondeu Tyson meneando a cabeça.
Ótimo! Seja mais uma vez bem vindo ao RealGame. Aproveite o jogo!
.
O espaço vazio começou a brilhar. Tyson sentiu seu corpo sendo puxado para baixo num turbilhão de cores e fechou os olhos para não enjoar. Alguns segundos depois o garoto sentiu seus pé tocarem o chão.
Quando abriu os olhos. Estava num lugar que nunca tinha visto na vida. Um campo gigantesco com uma torre negra ao norte. Um imenso canavial se erguia a sua esquerda. Ele estava em Grada, estava dentro de um jogo, mas não parecia. O vento soprava deliciosamente. Tyson olhou para o céu, nuvens branquíssimas passeavam na imensidão azul.
Grada era um mundo fantástico. Possuía várias cidades. Algumas com um padrão medieval. Outras muito modernas. Densas florestas e oceanos vastos. Criaturas fantásticas que só se ouvia falar nos livros ou se via nos filmes. Tyson sabia que havia muitos lugares a se explorar, mas naquele momento ele apenas se jogou na grama e respirou fundo.
Tudo estava tranqüilo até que o garoto escutou um grito de socorro. Ele se levantou assustado e olhou ao redor tentando identificar de onde vinha o grito. Dentro do canavial alguém gritou mais uma vez. Tyson correu decidido. Alguns metros depois havia um garoto acuado sendo atacado por um lobo.
- Ei! Por favor, me ajude! – Gritou o garoto aflito.
- Tenha calma! – Respondeu Tyson pensando no que fazer – Vou te ajudar!
Ele fez um aceno e seu inventário apareceu. Havia muitas cartas ali dentro. Ele escolheu uma delas. A carta brilhou ao entrar em contato com a mão de Tyson.
- Espada da Glória do Rei!
A carta se desintegrou e materializou uma espada prata, grande e com um cabo cor de bronze, cravejado de rubis. Tyson segurou-a firmemente e partiu pra cima do lobo, que ainda não havia percebido sua presença. Ele cravou a espada nas costas do lobo que se desmaterializou. Uma pontuação holográfica apareceu acima da cabeça do Tyson indicando que ele havia ganhado pontos de experiência e ouro. Com a pouca experiência adquirida Tyson subiu do nível um para o dois.
- O - obrigado... – Disse o garoto aliviado. Ele era baixinho, alourado. Aparentava ter uns doze anos de idade.
- Por nada. Eu sou o Tyson. Você é...?
- Arlan. – Respondeu o garoto estendendo a mão direita a Tyson.
- Deveria ter mais cuidado ao andar por aí sozinho.
- Eu sei. É que fui pego de surpresa. – Respondeu o garoto sem jeito.
- Tem algum rumo? – Perguntou Tyson.
- Não sei. Conheço pouco o jogo. Mas acho que se pudesse iria a Canale.
- Hum... Entendo.
- Você não tem nenhum teleporte?
- Deixa eu ver... – Disse Tyson vasculhando o inventário. Ele encontrou duas cartas de teleporte lá.
Ele puxou uma carta de teleporte. O card tinha a ilustração de um humano envolto em luz.
- Quanto você pode pagar por ela? – Perguntou Tyson.
- Eu não tenho nada. – Respondeu Arlan desmotivado percebendo que não conseguiria comprar a carta.
- Toma. É sua. – Falou Tyson estendendo a carta a Arlan.
- Não, você não pode fazer isso...
- É claro que posso. A carta é minha...
Arlan olhou para Tyson e para a carta. Estava inseguro de aceitar tal presente. Tyson balançou a carta esperando Arlan pegá-la. O garoto apanhou-a e sorriu.
- Obrigado.
- Não tem de quê. A propósito, espero que nos encontremos novamente. – Disse Tyson fazendo um gesto amigável com a mão.
- Sim. Não vou esquecer o que fez por mim.
O garoto segurou a carta e disse: Teleporte para Canale!
e instantaneamente começou a brilhar sumindo segundos depois. Tyson ficou sozinho ali. Pouco tempo depois voltou para onde estava inicialmente. Quanto tempo teria passado desde que chegara ali? Uns quinze, vinte minutos? O que importava? Afinal, toda aquela experiência estava sendo fantástica.
Tudo estava perfeito até que...
Tyson escutou o som de uma campainha. Então segundos depois ouviu uma voz. Percebeu que deveria ser um administrador do jogo prestes a dar algum aviso importante aos gamers logados. O garoto sentiu uma espécie de calafrio. Alguma coisa lhe dizia que o que quer que fosse não seria boa coisa.
Atenção jogadores logados no RealGame! Temos um anúncio importante a fazer. Aqui quem fala é o administrador do jogo. Me chamo Ben
.
Todos no jogo estavam escutando essa mensagem.
Por favor, não se assustem com esse aviso, mas recentemente houve um problema no sistema do RealGame e a função
deslogar está bloqueada. Toda a equipe da DREAMMING está trabalhando para consertar a falha, mas por enquanto isso não é motivo para alardes. Por ora, aproveitem o jogo. Logo mais estaremos entrando em contato com vocês para mais detalhes do problema. Aqui quem falou foi o A.D.M. Tenham um bom jogo!
.
Tyson ouviu atentamente a mensagem e ficou preocupado. Sentiu que aquilo não era um bom presságio.
CAPÍTULO DOIS
O Aprendiz de Problemas
Numa grande sala cheia de computadores e pessoas falando ao mesmo tempo, um homem corpulento e grosseiro, vestido como um mafioso com seu terno caro e anéis em quase todos os dedos das mãos, falava ao telefone histericamente.
- Como assim?! É claro que deve existir um meio!
Algumas pessoas que prestavam atenção ao homem olhavam para ele com expectativa.
- Você está sendo pago para isso! É claro que tem que saber uma forma! – Dizia o homem ao telefone e a cada palavra sua voz parecia ficar mais histérica – Quer saber de uma coisa? Você tem até amanhã para conseguir algo que bloqueie esse vírus ou sei lá o quê! Caso contrário, está DEMITIDO!!!
Ele desligou o celular e com fúria o atirou na parede quebrando o aparelho. A maior parte das pessoas que estavam na sala parou o que fazia e olharam assustadas para aquela cena.
- Senhor Souza, eu... – Ia dizendo um rapaz magricelo e cheio de espinhas no rosto.
- O quê?! – Interrompeu o homem que ele chamara de Souza, ainda muito alterado.
- Desculpe senhor, mas eu acho que deveríamos procurar o professor Schafer...
- Você acha que deveríamos?! É claro! É claro que deveríamos, Marcos! Mas onde está aquele idiota?!
Todos os que estavam na sala agora observavam o diálogo com curiosidade.
- Temos que achar um meio de parar esse maldito hacker! – Disse Souza levando as mãos à cabeça como se a estivesse impedindo de explodir – Esse canalha invadiu o nosso servidor e conseguiu bloquear o nosso controle sobre o jogo. Agora, os jogadores não podem sair do jogo e sabe-se lá o que mais ele fará.
- A mídia já sabe disso, senhor?
- Você está louco!! – Gritou Souza enlouquecido agarrando Marcos pelos ombros. Seus olhos pareciam pular das órbitas – Se a mídia souber disso será um grande problema para a DREAMMING! Seremos processados e tudo estará acabado!
- Calma, senhor Souza. – Disse o rapaz assustado tentando amenizar a situação.
O Souza largou o Marcos e lhe deu as costas levando as mãos mais uma vez a cabeça.
- Senhor? – Perguntou uma jovem bonita que estava ali. Ela tinha cabelos curtos e a pele bem branquinha. Usava óculos de aros arredondados – Desculpe perguntar, mas quais os riscos que os jogadores correm?
Souza parou de repente. Virou lentamente e fitou a moça. Seu rosto expressava terror.
- Boa pergunta Kate. O CONNECT transforma matéria em dados e os envia para dentro do jogo. Quando um jogador decide desconectar, o CONNECT faz o trabalho inverso. Se esse hacker entender perfeitamente o sistema ele poderá causar dois graves problemas... – Disse Souza quase sussurrando, aumentando ainda mais a atmosfera de terror dentro daquela sala.
- Quando você está dentro do game, seu corpo é formado por dados. Logo, qualquer dano que você sofrer no jogo não será real. Mas se esse maldito hacker reprogramar o sistema é possível que se você, por exemplo, levar um corte quando estiver jogando, ao sair, terá o mesmo corte em seu corpo real.
Silêncio. Ninguém falou, se moveu ou fez qualquer outra coisa ali naquela sala. Todos sabiam exatamente o que aquilo queria dizer.
- Isso quer dizer que... – Ia falando Kate, mas Souza a interrompeu.
- Uma morte no jogo, significa uma morte na vida real.
Kate engoliu em seco. Aquilo era realmente preocupante. Se isso acontecesse haveria centenas ou até mesmo milhares de mortes.
- E qual o outro grave problema, senhor Souza? – Perguntou Marcos.
- Como eu disse, o CONNECT transforma matéria em dados e vice-versa. Existe um tempo limite de permanência no jogo. Se esse tempo for ultrapassado o RealGame automaticamente dá shutdown nos gamers que ultrapassarem o limite. Mas, se o hacker reprogramar isso, o sistema não dará shutdown e os gamers que estiverem dentro do jogo não poderão mais voltar à vida real.
- Senhor, os jogadores já sabem disso? – Perguntou Kate parecendo muito preocupada.
- Ainda não. Não é hora de causar pânico. – Respondeu Souza tirando um charuto do bolso e levando-o a boca – Precisamos a priori, descobrir um meio de bloquear esse hacker. Mas pelo visto não existe ninguém além do professor Schafer que saiba realmente fazer isso.
Souza acendeu o charuto com um isqueiro.
- Eu só espero que o maldito Schafer não esteja morto. – Disse Souza desolado.
***
Tyson havia andado alguns quilômetros na tentativa de chegar à cidade mais próxima. Ele chegara a uma estrada e já avistava a cidade ao longe, mas precisaria andar mais alguns quilômetros até ela. Por enquanto descansava embaixo de algumas árvores à beira da estrada. Quando ouviu alguém vindo, murmurando alguma coisa. Tyson levantou para ver quem era. Tratava-se de dois garotos.
- Ei! Vocês! – Gritou Tyson chamando a atenção deles.
Ao verem Tyson, os dois garotos correram ao seu encontro.
- Ah! Finalmente achamos alguém! – Disse o garoto mais velho ao se aproximar de Tyson. Ele era um garoto simples, usava óculos, tinha os cabelos pretos desgrenhados.
- Oi, sou o Tyson. – Disse ele apertando a mão do garoto – Pensei que demoraria para encontrar alguém no jogo.
- Sou o Ray e este é Gabriel. – Falou o garoto mais velho apresentando o garoto que estava com ele.
O garoto mais novo era baixinho, gorducho e usava óculos quadrados. Ele apertou a mão de Tyson de maneira breve e meio sem jeito.
- Para onde estavam indo? – Perguntou Tyson.
- Eu vinha da cidade de Andora, quando encontrei o Gabriel no caminho. Ele havia saído de Andora algumas horas antes.
- Eu estava com dúvidas em algumas coisas do jogo. – Disse Gabriel ajeitando os óculos no rosto – Então pedi que o Ray me ajudasse se possível.
- E quais são suas dúvidas? – Indagou Tyson.
- Quero ser um manipulador de magias. Por isso preciso entender as cartas de magia.
- Antes de